Hospital de Santa Maria / Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

IPA.00005050
Portugal, Lisboa, Lisboa, Alvalade
 
Arquitectura de saúde, modernista. Complexo hospitalar composto por um edifício principal composto por vários corpos rectangulares articulados, rasgados uniformemente por vãos rectilíneos. No interior, surgem amplos vestíbulos, de acesso aos corredores e escadas de circulação. No local funciona a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, destacando-se a sala do Anfiteatro de Anatomia que se reveste de importância por constituir um exemplo de manutenção de um espaço de origem do edifício, que por si só assume relevância por se tratar do primeiro complexo hospitalar de tamanha envergadura construído em Portugal. Permanece idêntico à época de construção, mantendo a função de espaço para aulas teóricas, mesmo tendo-se adaptado às modernas tecnologias de ensino. Constitui um elemento patrimonial digno de realce, que importa preservar, sobretudo devido à utilização praticamente diária. No anfiteatro, existem várias colecções de que importa reter o seu carácter histórico, dada a antiguidade de muitas delas e a proveniência, inclusive, da antecessora Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Por outro lado, refira-se a importância das colecções enquanto instrumentos de estudo e investigação, contribuindo para o avanço da ciência médica em Portugal.
Número IPA Antigo: PT031106090331
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Saúde  Hospital  Hospital universitário  

Descrição

Complexo hospitalar composto por vários corpos, sendo o principal formado pela articulação de dois volumes rectangulares irregulares, pela existência de vários panos salientes, dispostos paralelamente e unidos por cinco braços perpendiculares, três deles, os centrais, mais elevados. Possuem coberturas diferenciadas em terraço. No lado E., o edifício da Morgue, de planta ultrasemicircular e, no lado oposto, dois edifícios da Faculdade de Enfermagem. A fachada principal, virada a N., é composta por três panos, estando destacados os extremos, adossando-se ao central três volumes sensivelmente cúbicos, interligados por um corpo de planta rectangular. A caixa murária apresenta-se ritmada por janelas rectangulares ao longo dos vários pisos, em número de 8 no central e 9 nos panos extremos. Os panos são percorridos por socos de cantaria e são visíveis os remates de vários módulos em entablamento. O corpo principal, com acesso em rampa parabólica delimitada por balaustrada, apresenta no piso térreo, protegido por pala, duas janelas tríforas. A eixo abre-se porta de acesso, encimada por três janelões rectangulares. Associado a este corpo, existe um piso parcialmente enterrado, apenas com acesso visível, servido por escadaria descendente. Apresenta uma galeria definida por pilares de secção quadrangular e uma estrutura de dois pisos envidraçada, com porta a eixo. As demais fachadas apresentam módulos semelhantes, sendo regularmente rasgadas por janelas rectilíneas. O INTERIOR do corpo principal apresenta dois amplos átrios sucessivos, o primeiro com acesso nos extremos com escadaria de lanços rectos e um segundo átrio também rectangular, mas de orientação transversal em relação ao primeiro. Consiste num espaço ritmado por pilares de secção circular guarnecidos a mármore, com janelas laterais, derivando nua zona de circulação segmentada por guarda-ventos. A compartimentação interior organiza-se segundo grandes eixos de circulação e distribuição, formando amplos corredores, com escadas em determinados pontos. No interior do Hospital Escolar, existem quatro anfiteatros, dos quais se destaca o Anfiteatro de Anatomia Professor José António Serrano *1, originalmente designado como "Espectatório", e que mantém a sua estrutura praticamente inalterada, com lotação para 200 pessoas. Tem um pé direito elevado e constitui-se como anfiteatro bastante inclinado, rodeado por bancos de madeira para os alunos e, ao centro, a mesa do professor assente sobre um estrado de madeira. Na escadaria que dá acesso à Faculdade de Medicina, encontra-se uma escultura de vulto em bronze (375 cm alt.), sobre um elevado plinto, representando o galardoado especialista em Neurologia Egas Moniz. Trata-se de uma figura hierática em escala aumentada, marcada pela idade, apresentando o rosto um olhar vago. Egas Moniz enverga o traje de professor catedrático, beca e capelo, segurando na mão direita a barretina com borla; merecem destaque os pormenores de tratamento do vestuário e as texturas conferidas.

Acessos

Avenida Professor Egas Moniz; Avenida Dr. Gama Pinto. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,748153, long.: -9,160750

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado na zona mais elevada da Cidade Universitária de Lisboa (v. PT031106090726), ocupando uma ampla zona do topo O. da mesma, rodeado por três amplas vias rodoviárias, a Avenida Professor Egas Moniz, para onde abre a fachada principal, a Avenida dos Combatentes, a Avenida das Forças Armadas e a Avenida Professor Gama Pinto. Fronteiro à fachada principal, surge o Estádio Universitário de Lisboa (v. PT031106090730) e, à fachada lateral esquerda, a Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (v. PT031106091716). O edifício encontra-se rodeado por um pequeno parque arborizado, rodeado por murete de cantaria e grades metálicas, rasgado em vários pontos por portões de acesso.

Descrição Complementar

Nas unidades estruturais da Faculdade de Medicina existem várias colecções: gessos, peças de mobiliário, medalhões em mármore, colecção de ceras anatómicas, colecção de modelos anatómicos, colecção de preparações humanas, cérebros fetais, colecções osteológicas, colecções de desenhos, fotografias, painéis didácticos, instrumentos científicos e colecção de livros *2.

Utilização Inicial

Saúde: hospital universitário

Utilização Actual

Saúde: hospital universitário

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Hermann Diestel (1941). ESCULTOR: Euclides Vaz (1974).

Cronologia

1934, 27 Março - Decreto-Lei de criação da Comissão Administrativa dos Novos Edifícios Universitários, que ficou responsável pelas obras dos Hospitais Escolares de Lisboa e Porto; 1938 - projecto de construção do edifício da autoria do arquitecto alemão Hermann Diestel; 1940 - início da construção do edifício; 1947 - 1949 - trabalhos de construção, terminando-se o tosco da construção e os trabalhos complementares, e construíram-se as estruturas metálicas para as coberturas envidraçadas e o grande auditório; 1950 - elaboração de estudos e projectos, respectivas adjudicações e início das empreitadas, tendo em vista as obras de instalações especiais (redes de esgotos, de águas frias e quentes, de serviço de incêndios e de energia eléctrica, a qual incluiu iluminação, sinalização, telefones, força motriz, aquecimento, ventilação e ar condicionado) e acabamentos, pela Comissão Administrativa dos Novos Edifícios Universitários; foram concluídas as empreitadas de revestimento das fachadas e das 1ª e 2ª fases de terraplanagens dos terrenos adjacentes ao hospital e prosseguiu o assentamento de cantarias em divisórias, lambris e escadas; 1951 - a Comissão Administrativa dos Novos Edifícios Universitários, iniciou a execução da rede de energia eléctrica, e desenvolveu os trabalhos relativos às redes de esgotos e águas quentes e frias; ultimaram-se os projectos de arranjo da zona circundante do hospital, abrangendo todos os trabalhos exteriores de vedação, ajardinamento, arborização, arruamentos, esgotos de águas pluviais, redes de rega, etc.; projectaram-se as instalações da cozinha e da lavandaria; foram desenvolvidos estudos para o apetrechamento do Hospital e organizadas bases para aquisição de equipamento; 1952 - conclusão das novas instalações da faculdade de Medicina de Lisboa, pela Comissão dos Novos Edifícios Universitários; 1953, 27 Abril - inauguração solene do edifício destinado ao Hospital Escolar e Faculdade de Medicina de Lisboa; foi completado, na sua quase totalidade, o equipamento geral do hospital; 1 Outubro - abertura do ano escolar da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, nas novas instalações do Hospital Escolar; 1954, 31 de Agosto - o edifício e todo o seu equipamento geral foram entregues pelo Ministério à Comissão Instaladora e Administrativa do Hospital Escolar; 1956 - conclusão da execução do Busto do Professor Egas Moniz, com orientação e fiscalização dos trabalhos pelos Serviços dos Monumentos Nacionais; 1968 - início da construção dos edifícios da Escola de Enfermagem; 1970 - terraplanagens do terreno onde vai ser construída a cantina; 1972 - transferência da Escola de Enfermagem para o local, designada como Escola de Enfermagem Calouste Gulbenkian; 1974, 27 Outubro - inauguração da escultura de Egas Moniz, executada por Euclides Vaz, para comemorar o centenário da morte do médico; 1975, 27 Novembro - o Decreto-lei 674/75 extingue os Hospitais Escolares e os serviços são integrados na Secretaria do Estado da Saúde; 2004 - inauguração do edifício da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, que alberga o Instituto de Medicina Molecular; 19 Agosto - o Decreto-lei 206/2004 restitui a designação de Hospital Universitário; 2006, 24 agosto - o edifício está em vias de classificação, nos termos do Regime Transitório previsto no n.º 1 do Artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 173/2006, DR, 1.ª série, n.º 16, tendo esta caducado, visto o procedimento não ter sido concluído no prazo fixado pelo Artigo 24.º da Lei n.º 107/2001, DR, 1.º série A, n.º 209 de 08 setembro 2001; 2007, Janeiro - o Hospital foi transformado numa Entidade Pública Empresarial, visando a requalificação do Hospital; 2009, 14 Abril - abertura da Farmácia Santa Maria.

Dados Técnicos

Sistema estrutural autónomo.

Materiais

Estrutura em betão armado e alvenaria mista e de tijolo, rebocada e pintada; socos, pilares, modianturas e remates em cantaria de calcário; pavimentos em mármore; guardas e portões em ferro fundido; revestimentos a azulejo industrial.

Bibliografia

15 Anos de Obras Públicas (1932 - 1947), Lisboa, 1949; CASTRO-CALDAS, A., "O Centro de Estudos Egas Moniz", Egas Moniz em livre exame, MinervaCoimbra, Coimbra, 2000, pp. 315-320; FERREIRA, António Gonçalves, "O Instituto de Anatomia - Breve História com quase um Século", Circulação/Circulation, Faculdade de Medicina, Lisboa, 2004, pp. 100-109; FERREIRA, Rafael Laborde, VIEIRA, Victor Manuel Lopes, Estatuária de Lisboa, Lisboa, Amigos do Livro, Lda., 1985; FRADA, João, "Os doze medalhões da Faculdade de Medicina de Lisboa", Cadernos da FML, nº 2, Lisboa, FML, 1996; FRANÇA, José-Augusto, A Arte em Portugal no Século XX, Lisboa, 1984; Hospital de Santa Maria, Lisboa, 1955; FREITAS, M. Helena de, "A escola médica de Columbano: quatro retratos", in ALVES, M. Valente (dir.) 1911-1999. O Ensino Médico em Lisboa no início do século. Sete artistas contemporâneos evocam a geração de 1911, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1999, pp. 167-169; "Hospital Escolar", in Binário, nº 49, 1962, pp. 683-685; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Triénio de 1947 a 1949, Lisboa, 1950; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1950, Lisboa, 1951; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1951, Lisboa, 1952; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952, Lisboa, 1953; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1953, Lisboa, 1954; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1954, Lisboa, 1955; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956, Lisboa, 1957; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos anos de 1957 e 1958, 1.º vol., Lisboa, 1959; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos Anos de 1959, 1.º vol., Lisboa, 1960; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1961, 1.º vol., Lisboa, 1962; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1961, 2.º vol, Lisboa, 1962; MOREIRA, Maria Assunção Júdice, (dir. de), Evocar Duarte Pacheco no Cinquentenário da Sua Morte: 1943 - 1993, Lisboa, 1993; "Novo Hospital..." in A Arquitectura Portuguesa n.º 110, Maio 1944; Obras Públicas Concluídas em 1970 - Anexo n.º21 ao Boletim do Comissariado do Desemprego, Lisboa, Ministério das Obras Públicas, 1971, p.76; OLIVEIRA, J. C. de, "Na inauguração do monumento a Egas Moniz", Centenário de Egas Moniz, vol. II, Lisboa, 1978, pp. 261-263; PAWLIK, P. R., Von Bergedorf nach Germania. Hermann Distel 1875-1945. Ein Architektenleben in bewegter Zeit, Verlag Murken-Altrogge, Herzogenrath, 2009; Revista Municipal, Lisboa, nº Especial, Janeiro 1944; SACADURA, S. da. Costa, MACHADO, J. T. Montalvão, Andanças do Ensino Médico na capital. Do Hospital Real de Todos-os-Santos ao Hospital de Santa Maria, Separata de O Médico, nº 697, Tipografia Sequeira, Porto, 1965; SERRANO, J. A., O Professor Arantes: discurso lido em 19 de Janeiro de 1898 na sessão inaugural do busto de bronze erecto a expensas, Lisboa, Tipografia de Libânio da Silva, 1898; VILHENA, Henrique de, Em Memória, Lisboa, Livraria Nacional, 1940; VILHENA, Henrique de, "Trinta e três anos no ensino da Anatomia Artística", Arquivos de Anatomia e Antropologia, vol. XXIV, 1946/1947, pp. 525-589.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, Universidade Lisboa

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

DGEMN: 1957 - obra de impermeabilização dos terraços do hospital, pelos Serviços de Construção e Conservação; 1959 - diversos trabalhos de conservação pelos Serviços de Construção e Conservação; 1961 - obras de modificação dos laternins da cobertura da cozinha, lavandaria e central eléctrica, bem como obras de ventilação da cozinha e isolamento da 1ª infância, pelos Serviços de Construção e de Conservação; Laboratório Nacional de Engenharia Civil: 1961 - foram realizados estudos do sistema de aquecimento do hospital, pelo Serviço de Materias de Construção, Divisão de Química.

Observações

EM ESTUDO *1 - tem correspondência à ficha de inventário da Universidade de Lisboa (UL): UL_FM_IM001. *2 - tem correspondência às fichas de inventário da Universidade de Lisboa (UL): UL_FM_OBJ001 a UL_FM_OBJ008 e UL_FM_COL001 a UL_FM_COL029.

Autor e Data

Teresa Vale, Carlos Gomes e João Ferreira 1996 / Ana Pascoal e Catarina Teixeira (Universidade de Lisboa - UL) 2011

Actualização

 
 
 
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