Gare Marítima de Alcântara / Salão e Auditório Almada Negreiros

IPA.00005061
Portugal, Lisboa, Lisboa, Estrela
 
Arquitectura de transportes, modernista. Estação marítima de embarque e desembarque de passageiros. Empreendimento nascido no âmbito da política de obras públicas do Estado Novo, integrando-se em particular nos planos de obras da I Secção do Porto de Lisboa, dos quais faziam parte dotar a capital com uma grande estação marítima no Cais do Sodré. A Gare Marítima de Alcântara, a par da Gare Marítima da Rocha de Conde de Óbidos, foi projectada como uma estrutura complementar, por isso de menor dimensão e capacidade. Até aos anos 50 do século 20 - período que vê surgir as primeiras intenções de ampliação no edifício de Alcântara - a ideia de construir a Gare Marítima do Cais do Sodré não é abandonada, pois ela surge no desenvolvimento dos Planos de Faria da Costa para aquela zona.
Número IPA Antigo: PT031106260244
 
Registo visualizado 3744 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Transportes  Apeadeiro / Estação  Estação fluvial  

Descrição

De planta longitudinal, o edifício apresenta volumetria paralelepipédica escalonada, sendo a cobertura efectuada em terraço e em estrutura metálica em canhão. O alçado principal (N.) organizado em 4 corpos, desenvolve-se em 2 pisos sendo os corpos intermédios ritmados por portas ao nível do piso térreo e por janelas no primeiro andar, destacando-se em planta o do extremo (E.) e o corpo principal. Desenvolvendo-se contíguamente ao alçado tardoz, para E. e O. observam-se dois terraços que terminam em escadaria, e se apoiam em colunas, guarnecidos com guarda metálica. O corpo principal compartimentado em 3, apresenta na parte central, definida por pano de muro côncavo, vazado ao nível do piso térreo (com placagem de cantaria), por 3 portas rectangulares envidraçadas, protegidas por pala e encimadas até ao remate do alçado por 3 janelões rectangulares. O corpo principal é superiormente rematado por um volume recuado em planta, vazado por 7 óculos circulares. O interior apresenta duas entidades espaciais no piso térreo: o átrio de forma sensivelmente elíptica, com acesso ao 1º andar efectuado por escada em lanços rectos com patamares; um segundo espaço de planta rectangular, separado do átrio por porta de acesso directo ao cais de embarque. A área, iluminada por janelões abertos no muro S., é ritmada por pilares de secção quadrangular. No piso superior, a Sala de Espera com duplo pé direito, exibe frescos de José de Almada Negreiros (1893 - 1970).

Acessos

Largo de Alcântara-Mar, Doca de Alcântara. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,699285, long.: -9,174199

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 740 - FC/2012, DR, 2.ª série, n.º 252 de 31 dezembro 2012 *1

Enquadramento

Urbano, autónomo, destacado, implantado em plataforma ribeirinha. Integra, junto com a Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos, extremo E. (v. PT031106370517 ) e outras construções portuárias (a N.), na sua maioria antigos armazéns adaptados a novos usos, o espaço edificado da Doca de Alcântara. Está localizado no extremo poente, próximo da Ponte 25 de Abril.

Descrição Complementar

Sala decorada com oito pinturas murais figurativas (organizadas em dois trípticos e duas composições individuais) alusivas a aspectos da vida quotidiana de Lisboa. ou reinterpretando temas do imaginário nacional, de inspiração historicista, como a Lenda de D. Fuas Roupinho ou a Nau Catrineta.

Utilização Inicial

Transportes: estação fluvial

Utilização Actual

Comercial: espaço de eventos

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Administração do Porto de Lisboa

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Porfírio Pardal Monteiro (arq.1897 - 1957) / Pedro Pardal Monteiro (eng.) / Eduardo Rodrigues de Carvalho (eng. chefe da Delegação das Obras de Construções das Gares Marítimas) e outros técnicos da DGEMN (estudos de betão) / José de Almada Negreiros (pintor, 1893-1970)

Cronologia

1933 - Dentro dos planos de obras da I secção do Porto de Lisboa, é tomada a decisão ministerial de mandar edificar uma gare marítima de modesta dimensão em Alcântara, sem prejuízo da planeada grande estação marítima a levantar no Cais do Sodré, junto à estação ferroviária, obra mais demorada pois encontrava-se dependente da construção prévia do cais entre Santos e o Terreiro do Paço; 1934, Janeiro - é acordada com Porfírio Pardal Monteiro a execução do projecto, incluindo mobiliário e decoração; 1934, Junho - apresentação do ante-projecto, aprovado por Despacho ministerial; 1935 - Pardal Monteiro representa Portugal no 13º Congresso Internacional dos Arquitetos em Roma, aqui terá recolhido imagens das gares marítimas de Génova, Nápoles, Triste e Rochelle Pallicem; 1936, Outubro - conclusão do projecto, entretanto estendido à construção de duas gares (Alcântara e Rocha do Conde de Óbidos), trabalho realizado em estreita colaboração com a AGPL e a DGEMN, através da Delegação das Obras de Construção das Gares Marítimas, cujos técnicos são responsáveis pelos extensos estudos exigidos pela amplitude e novidade da obra em betão; 1936 - o projecto das duas estações, depois de submetido à apreciação do Conselho Superior das Obras Públicas, sofre um parecer desfavorável, nomeadamente por exceder em muito as verbas disponibilizadas (2.500 contos para cada uma, rondando o projecto apresentado os 10 000 contos); 1938 - retoma-se o assunto da construção das gares, após a sua suspensão, com o regresso à pasta das Obras Públicas do ministro Duarte Pacheco, sofrendo então os projectos revisões e adaptações; 1940 - dão-se ínicio aos trabalhos preparatórios (demolições, terraplanagens, etc.); 1942 / 1943 - construção do edifício; 1943, Julho - inauguração da gare, embora nem todas as obras estejam concluídas; 1944 - Almada Negreiros finaliza a decoração mural da ampla Sala do 2.º piso; 1956 - estudo de adaptação e ampliação das instalações da Gare, pelos Serviços de Construção e Conservação da DGEMN; 1998 - proposta de classificação dos frescos existentes na Gare; 2002, 14 fevereiro - Despacho de abertura do processo de classificação pelo vice-presidente do IPPAR; 2005, 02 setembro - proposta de classificação como Imóvel de Interesse Público pela DRLisboa; 2006, 11 dezembro - proposta de fixação da Zona Especial de Proteção conjunto com a Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos pela DRLisboa; 2007, 19 março - parecer favorável do Conselho Consultivo do IPPAR; 22 maio - reclamação da Administração do Porto de Lisboa; 2011, 15 maio - parecer do Conselho Nacional de Cultura para que se mantenha a Zona Especial de Proteção anteriormente propostas; 2012, 08 fevereiro - proposta de fixação de nova Zona Especial de Proteção pela DRCLVTejo.

Dados Técnicos

Estrutura autónoma

Materiais

Betão armado, alvenaria mista e de tijolo, reboco pintado, cantaria de calcário, mármore, madeira ferro fundido

Bibliografia

Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956, Lisboa, 1957; AAVV, Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa, Lisboa, 1987; FERNANDES, José Manuel, JANEIRO, Mª de Lurdes, Arquitectura Modernista em Lisboa, 1925-1940, Lisboa, 1991; FRANÇA, José Augusto, A Arte em Portugal no Século XX, Lisboa, 1991 (3ª ed.); FERNANDES, José Manuel, A Arquitectura Modernista em Portugal, Lisboa, 1993; Almada, a Cena do Corpo, Lisboa, 1993; Almada Negreiros, um Percurso Possível, Lisboa, 1993; MARTINS, João Paulo, Arquitetura Moderna em Portugal: a Difícil Internacionalização. Cronologia, in Arquitetura Moderna Portuguesa 1920-1970, IPPAR, 2004, p. 159; PEREIRA, Nuno Teotónio, Estação Marítima de Alcântara, in Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994, pp.354-355; CALDAS, João Vieira, Pardal Monteiro - Arquitecto, Lisboa, 1997; Portugal. Arquitectura do Século XX, Lisboa, 1998; Caminhos do Património, 1929-1999 DGEMN, Lisboa, 1999.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSEP/DNISP, DGEMN/DSARH, DGEMN/DRELisboa/DRC/DEM, DGEMN/Arquivo Pessoal de Porfíirio Pardal Monteiro (PPM NT5 UAC84; NT8 UAC84)

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSEP, DGEMN/DSARH; IGESPAR: IPPAR: PºNº 80/3 (084);

Intervenção Realizada

DGEMN: 1950 - ampliação da instalação eléctrica; 1952 - reparação das fachadas; 1953 - instalação da sala restaurante; 1954 - vários trabalhos de reparação; 1972 - obras de beneficiação no restaurante-bar e anexos; 1973 - intervenção no 1º piso, com demolição de paredes, substituição de pavimentos e tectos, colocação de esgostos; 1979 - restauro dos painéis de Almada Negreiros realizado pelo Instituto José de Figueiredo; 1990 (década de) - obras de adaptação a novos espaços funcionais; 2000 - restauro dos painéis de Almada Negreiros;

Observações

*1 - Classificação e Zona Especial de Proteção conjunta da Gare Marítima de Alcântara (v. PT031106260244) e da Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos (v. PT031106370517).

Autor e Data

Teresa Vale, Carlos Gomes e Maria Ferreira 1996 / Filomena Bandeira 2000

Actualização

 
 
 
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