Igreja de Azurara / Igreja de Santa Maria

IPA.00005240
Portugal, Porto, Vila do Conde, Azurara
 
Arquitetura religiosa, tardo-gótica, manuelina, maneirista e barroca. Igreja paroquial de planta retangular e três naves escalonadas, seguindo, tardiamente, esquemas mendicantes, dividida internamente em cinco tramos, definidos por arcos torais e pilares facetados, com coberturas diferenciadas em tetos de madeira nas naves e em abóbada artesoada na capela-mor, escassamente iluminada por frestas rasgadas nas fachadas laterais. Fachada principal tripartida, revelando a estrutura interna, com o lado esquerdo marcado por torre sineira de dupla ventana, tendo os vãos rasgados em eixo composto por portal de volta perfeita, de decoração manuelina, e por rosácea. Fachadas rematadas em cornija e parapeito com ameias decorativas, as laterais rasgadas por portas travessas. Interior com amplo coro-alto, batistério no lado do Evangelho, capelas laterais de talha barroca. Arco triunfal assente em colunelos manuelinos, ladeado por retábulos colaterais de talha maneirista, de dois registos e três eixos, rematados por tabelas. Capela-mor com supedâneo de degraus centrais, setecentista, com retábulo-mor de talha dourada do estilo barroco nacional, de corpo côncavo e um eixo. Igreja paroquial de construção tardo-gótica, mantendo-se arreigada às estruturas mendicantes, com elementos decorativos manuelinos, visíveis no portal axial, enquadrado por alfiz, ornado por elementos vegetalistas platerescos, encimado por nicho que se liga por elementos fitomórficos à estrutura do pórtico. A porta travessa do Evangelho é, claramente, de construção recente, sendo a oposta em arco abatido, com decoração de friso boleado e colunelos manuelinos. Também no interior a decoração fitomórfica impera nos capitéis, pilares e arcos da nave, estes de arestas biseladas, quinhentistas. A torre sineira é possante, típica de Quinhentos, com três registos, janela de sacada ornada e sineiras duplas em cada face. Na fachada posterior, capela adossada, com mísula e cartela recortada, de feição tardo-seiscentista. Interior com capelas laterais reaproveitando estruturas do estilo barroco nacional, ampliadas no séc. 20, com painéis pintados de inspiração rococó, o do Evangelho mantendo o fundo do nicho estofado, a imitar adamascados. Os retábulos colaterais são maneiristas, de dois pisos, com painéis pintados, os do Evangelho bastante adulterados, possuindo, na base, plintos e painéis de decoração rococó, de talha gorda, típicos do norte do país. Capela-mor com supedâneo ornado nos socos por cartelas e motivos vegetalistas. A cobertura da capela-mor apresenta bocetes decorados com motivos régios manuelinos (escudo, esfera armilar e cruz de Cristo), tendo mísulas profusamente ornadas com motivos vegetalistas. Possui dois painéis de azulejo figurativo joanino e uma porta fingida, sendo percetível, nas fotografias da nave, anteriores ao restauro, a existência de reaproveitamentos azulejares, revelando a existência de maior número de painéis primitivamente. O pavimento da nave, em taburnos e lajeado, possui várias lápides sigladas e sepulcrais, amputadas, sendo visíveis algumas inscrições. Na sacristia, o espaldar do armário reaproveita elementos de talha em branco.
Número IPA Antigo: PT011316040005
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta retangular irregular, composta por três naves escalonadas, capela-mor, com capela adossada à fachada posterior, sacristia e torre sineira adossados ao lado esquerdo. Fachadas em cantaria de granito aparente, em aparelho isódomo, exceto na capela posterior, rebocadas e pintadas de branco, percorridas por socos de alvenaria e rematadas em cornija, sendo encimada, nos corpos da nave central e capela-mor, em ameias decorativas, tendo, na base, várias gárgulas de canhão e zoomórficas, em cantaria; a capela-mor possui contrafortes escalonados na fachada posterior. Fachada principal virada a O., com corpo central em empena truncada por pequeno frontão semicircular, parcialmente revestido com placas cerâmicas, assente em cornija, ladeada por consolas e esferas armilares sobre bases troncocónicas. Está dividido em dois registos por friso em toro, o inferior rasgado por portal em arco de volta perfeita, assente em fino colunelo, sobre bases de toros e escócias, com arquivolta boleada, envolvido por arquivolta côncava, ornada por motivos fitomórficos, envolvido por alfiz, flanqueado por pilares torsos, com anel central, encimado por friso fitomórfico, interrompido por acantos. Sobre o friso, pilares retilíneos, encimados por pináculos, de onde evolui friso recortado, que centra nicho, flanqueado por colunas e sobrepujado por baldaquino, ornado por folhagem e, na zona inferior, falsos arcos lobulados. No segundo registo, um óculo circular com molduras múltiplas e pontuado por rosetas. No lado direito, o corpo da nave lateral, em meia-empena e cego. No lado esquerdo e levemente saliente, a torre sineira, com quatro registos separados por cornija, o inferior marcado por pequena fresta, surgindo no segundo, um balcão assente em três mísulas, para onde abre porta de verga reta e moldura simples, encimado por frontão interrompido por volutas e dois escudos, o superior régio e com coroa aberta; no imediato, janela jacente, em capialço, tendo, na face posterior, duas frestas e mostrador do relógio, e, no topo, duas ventanas em cada face, em arcos de volta perfeita. Nos ângulos, pináculos em barrete de clérigo, sobre plintos paralelepipédicos; interior com escadas de caracol, em cantaria de granito. Fachada lateral esquerda com o remate em cornija percorrido por florões, sendo rasgada por três janelas de volta perfeita e porta travessa com o mesmo perfil e moldura escavada; sobre esta, a nave central com quatro janelas de volta perfeita. O corpo da capela-mor possui duas frestas de volta perfeita e corpo da sacristia, adossado e com soco alto e saliente. Fachada lateral direita com quatro janelas na nave colateral e quatro na central, a primeira com porta travessa central, escavada e composta por dupla arquivolta de perfil abatido, assente em dois colunelos, assentes em bases de toros e escócias. O corpo da capela-mor possui dois panos definidos por um contraforte semelhante aos dos ângulos, cada um deles com janela de volta perfeita, a do lado esquerdo de maiores dimensões. A capela posterior está flanqueada por cunhais apilastrados, firmados por pináculos piramidais, com face posterior em empena, rematada por cruz latina sobre esfera, rasgada por janela em arco de volta perfeita, flanqueado por pilastras e orelhas, encimado por coroa envolvido por anjos, e por volutas que centram cruz latina; a estrutura assenta em mísula de acantos. Na base da janela, o escudo português, encimado por coroa aberta e ladeado por silhares de perfil curvo. As faces laterais possuem duas janelas retilíneas sobrepostas. INTERIOR com as naves divididas em cinco tramos definidos por arcos formeiros de arestas biseladas e ornados por aduelas de folhagem, assentes em pilares facetados com capitéis cordiformes e decorados por motivos fitomórficos, com anel central com o mesmo tipo de decoração. As paredes da nave são em cantaria de granito aparente, tendo coberturas de madeira, em masseira e reforçadas por tirantes metálicos na nave central, e de um pano nas laterais; o pavimento é de taburnos na nave central, com réguas de cantaria, e em lajeado nas laterais, pontuadas por fragmentos de sepultura e silhares com inscrições, siglas de vário teor, como estrelas, picão, pontas de diamante. Coro-alto amplo, percorrendo as três naves, assente em arco em asa de cesto central e, nas laterais, em arcos de volta perfeita, todos com arestas boleadas; tem guarda balaustrada de madeira e acesso pela sineira. Nos pilares do coro, surgem pias de água benta concheadas e, a ladear as portas travessas, pias compostas por colunas de fustes lisos e taça hemisférica, estriada e de bordos boleados. No sub-coro, o batistério com acesso por arco de volta perfeita, protegido por teia de madeira torneado, encimada por aro, que envolve o arco e forma como um frontão vazado, ornado por elementos recortados. No interior, a pia batismal, sobre um degrau de pedra e protegida; é em cantaria de granito aparente, composta por fragmento de coluna canelada e torsa, cingida por anel, onde assenta a taça hemisférica, com caneluras em viés, corrida, superiormente, por friso saliente, e tendo escudo com duas chaves em haspa. No lado do Evangelho, nicho de alfaias quadrangular, embutido no muro e protegido por porta de madeira. Adossado ao terceiro pilar do Evangelho, o púlpito quadrangular, de bacia retangular e assente em plinto em balaústre, com guarda plena de talha em branco, com as faces ornadas por cartela de concheados, tendo acesso por escadas em torno do pilar, formando caracol, com guarda metálica em falsos balaústres e coluna de arranque volutada; tem guarda-voz de talha em branco, formando frontão de lanços, ornado por asas de morcego, acantos e, sobre os remates anjos de vulto, os centrais sustentando coroa fechada; possui lambrequins ornados por encanastrados e folha de acanto perlada. Confrontantes, duas capelas retabulares laterais, dedicados a Nossa Senhora da Boa Viagem (Evangelho) e a Santo António (Epístola) *1. Arco triunfal de volta perfeita, com vestígios de assentamento, assente em feixes de colunelos, que se prolongam criando falsas arquivoltas, assentes em altas bases de côncavos e convexos. Está ladeado por capelas retabulares colaterais, dedicadas à Virgem e ao Sagrado Coração de Jesus. Capela-mor com silhares de azulejo figurativo, em bicromia a azul e branco, e cobertura em abóbada polinervada, com bocetes policromados, decorados com escudo, cruz de Cristo e esferas armilares, assentes em mísulas decoradas por elementos fitomórficos. Tem supedâneo em cantaria de granito com degraus centrais e os socos ornados por cartelas, encimado por teia de madeira, em falsos balaústres, encimados por anjos tocheiros. Retábulo-mor de talha dourada, com corpo de planta côncava e de um eixo definido por quatro colunas torsas, duas pilastras e dois quarteirões,que formam mísulas, assentes em consolas e em plintos paralelepipédicos, as quais se prolongam em quatro arquivoltas, duas torsas e ornadas por acantos e querubins, percorridas por aduelas no sentido do raio, a central com cartela e as iniciais "AM", ladeadas por anjos de vulto encarnados. Ao centro, tribuna com trono expositivo, protegida por painel representando a Virgem com o Menino. Altar paralelepipédico decorado por acantos, encimado por banqueta ornada por entrelaçados, onde assenta o sacrário em forma de templete, com colunas torsas, cobertura em falso domo campaniforme e porta ornada por símbolos eucarísticos. No lado do Evangelho, porta de verga reta, de acesso à sacristia, com paredes em cantaria de granito aparente, em aparelho isódomo, pavimento em tijoleira e teto de madeira, assente em mísulas de cantaria. Tem armário de madeira, encimado por falso espaldar de talha em branco, formada por colunas com os fustes ornados por folhagem e o terço inferior marcado, rematando em friso de acantos e pequeno frontão semicircular. Ao centro, moldura ultrasemicircular, decorada por acantos, tendo duas mísulas com imaginária.

Acessos

Azurara, Rua Padre Serafim das Neves; Rua Nossa Senhora de Fátima

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado em amplo largo, com plataforma artificial de acesso central, através de escadas em cantaria, no topo de uma calçada, bordejada por canteiros ajardinados, candeeiros de iluminação pública e bancos de jardim, em madeira. No largo, um adro frontal, definido por murete, em alvenaria rebocada e pintada de branco, interrompido por acrotérios de cantaria, encimados por fogaréus, formando um vão central. Em torno da igreja, várias casas de habitação unifamiliares. No lado esquerdo, monumento escultórico composto por plinto cilíndrico em cantaria e busto em bronze. Junto ao muro do adro, no exterior, cruzeiro em cantaria de granito, composto por plataforma de quatro degraus, onde assenta coluna cilíndrica com uma coroa, e a cruz com o Crucificado esculpido. Adossada à fachada lateral esquerda, cruzeiro composto por plinto galbado e cruz latina.

Descrição Complementar

Na sacristia, lápide metálica com a inscrição relevada: HOMENAGEM DA FREGUESIA / AO SEU PÁROCO REVERENDO PADRE / SERAFIM DAS NEVES / PELO SEUS 100. ANIVERSÁRIO / 16-2-1968". Na capela-mor, sepultura armoriada com inscrição: "DO CAPITAM / AMADOR ALVAREZ / VARZIM MOÇO / DA CAMARA DE / SVA MAGESTADE CIDA / DAO DO PORTO / E DE SVA MOLHER (...) 1661". Os retábulos laterais são semelhantes, de talha pintada e dourada inserido em pequeno nicho rasgado na espessura do muro, enquadrado por moldura de madeira pintada com concheados e motivos florais, formada por duas ordens de pilastras, assentes em dois plintos paralelepipédicos, pintados de branco e negro, fingindo almofadas, encimados por sanefa de acantos e querubins. A estrutura retabular é de planta côncava e três eixos definidos por duas colunas torsas, prolongando-se em arquivolta torsa com cartela central e as iniciais "AM"; no exterior, uma ordem de duas pilastras e uma de dois quarteirões, ornados por acantos, assentes em consolas. Ao centro, nicho de volta perfeita, enquadrado por pilastras e arquivolta de acantos, com mísula central, a do Evangelho, ornada pelo escudo real, com o fundo estofado, a imitar brocados. Os eixos laterais formam dois apainelados retilíneos com os fundos pintados, os inferiores formados por mísulas. A estrutura remata em friso, cornija, acantos, querubins e, ao centro, anjos atlantes; no topo, três apainelados de acantos e concheados. Altar em forma de urna, ornado por cartela central e elementos fitomórficos entrelaçados. Os retábulos colaterais são semelhantes, de talha pintada de branco e dourado, de planta reta com dois registos definidos por frisos de acantos e querubins, e três eixos formados por quatro colunas torsas, assentes em plintos paralelepipédicos decorados por acantos, e por quatro quarteirões, firmados por urnas. O retábulo do Evangelho tem, ao centro, nicho de volta perfeita com moldura saliente e seguintes estriados, com o fundo pintado de azul, contendo a imagem do orago. Está ladeado por painéis pintados, a representar a "Prisão de Cristo" e "Caminho do Calvário"; no segundo registo, três painéis pintados com "Cristo encontra as mulheres de Jerusalém", "Cena do Encontro", e a "Queda de Cristo". A estrutura remata em frisos de acantos e querubins, cornijas e tabela retangular horizontal, flanqueada por quarteirões e rematada em frontão interrompido, ladeada por aletas recortadas e ornadas por acantos, com pintura delida. O retábulo da Epístola tem nicho de volta perfeita assente em pilastras de acantos e seguintes de querubins, tendo o fundo pintado com frisos geométricos. Os eixos laterais têm painéis pintados a representar a "Ceia de Emaús" e Maria Madalena. No registo superior, três painéis, a representar a "Aparição de Cristo", "Senhor do Leite", envolvida por rosário e "Ressurreição de Cristo" A estrutura remata em frisos de acantos e querubins, cornijas e tabela retangular vertical formada por quarteirões e colunas torsas que centram painel pintado com Cristo Salvador do Mundo, encimado por frontão de lanços, ladeado por aletas recortadas e vazadas. Os altares são em forma de urna, ornado por cartela e elementos vegetalistas entrelaçados, ladeado por plinto galbado e painel ornados por rocalhas, que sustentam a estrutura. Na capela-mor, dois painéis de azulejo em bicromia, a azul e branco, truncados na zona superior e flanqueados por falsos pilares de acantos, tendo, ao centro, a representação do "Pelicano a alimentar os filhotes" e, no lado oposto, "Fénix renascida". No lado do Evangelho, azulejo de preenchimento, composto por plintos, concheados e acantos e, fronteiro à porta da sacristia, painel representando uma porta falsa, almofadada, ornada por rosetões e falsas ferragens.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 16 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Domingos Lopes (1677). EMPREITEIRO: Altino Coelho & C.ª Lda. (1979); Augusto de Oliveira Ferreira & C.ª , Lda (1995); Ferreira dos Santos & Rodrigues, Lda (1974, 1992-1993); Francisco Luís, Pais & Fernando, Lda (1985-1987); Júlio Gonçalves Santos (1930, 1936-1937, 1943-1946); NORASIL - Sociedade de Construção Civil, Lda. (1993); Oliveira, Pereira & Valente (1980); Saúl de Oliveira Esteves (1967); Sociedade de Construções Âncora, Lda. (1996). ENTALHADOR: Domingos Lopes (1677); Francisco Machado (1722-1723). PEDREIRO: Gonçalo Lopes (1552). FORNECEDOR CERÂMICA: Fábrica de Cerâmica da Pampilhosa (1936-1937). FORNECEDOR MADEIRA: Rodrigo Ferreira e Filhos (1938). PINTOR: Francisco Correia (1573-1574). PINTOR DE AZULEJO: António Vital Rifarto (1737). RESTAURO AZULEJO: AZULARTE (1996). SERRALHEIRO: Noé Pereira (1945).

Cronologia

1472 - Fernão Coutinho pede a autoridade sobre a igreja; 1475 - até esta data, Azurara e Árvore formavam a paróquia de Pindelo; séc. 15, final - as rendas de ambas as freguesias foram dadas ao Cabido da Sé do Porto; início de construção da igreja; 1492, 12 fevereiro - a doação das rendas é confirmada pelo Papa Alexandre VI; 1502 - auxílio régio de D. Manuel para a construção da igreja; 1517, 10 janeiro - carta de Gomes Pais ao secretário de Estado, informando-o que tinha executado a ordem do rei relativamente à obra da igreja; 28 outubro - carta sobre o contrato com os empreiteiro a quem se entregou a obra de pedraria do corpo da igreja, a ser feita de acordo com as "mostras" enviadas; 1519 - já é referida a freguesia de Árvore, tendo Azurara como anexa; 1552 - conclusão da abóbada artesoada pelo mestre de pedraria Gonçalo Lopes, conforme se vê na inscrição; termina a construção da Igreja num local onde existia a Capela de Nossa Senhora da Apresentação, colocada no nicho da fachada principal; 1564 - a igreja de Azurara recebe o dízimo do pescado; 1566 - o visitador manda pintar o sacrário; 1567 - existem as três confrarias do Santíssimo, Jesus e Nossa Senhora do Rosário e as Capelas do Espírito Santo, São Sebastião, Santa Ana e Santo António; 1570 - o visitador ordena a pintura dos retábulos de Jesus e de Nossa Senhora; 1571 - 1573 - em três visitações sucessivas, o visitador manda pintar o retábulo de Nossa Senhora do Rosário; 1573 - 1574 - Francisco Correia terá pintado os painéis do retábulo de Nossa Senhora do Rosário; 1574 - o visitador ordena a feitura das cortinas para o retábulo, que acabara de ser pintado; 1595 - a sede passa para Azurara e a freguesia de Árvore torna-se anexa; séc. 17 - construção da torre sineira que ladeia a fachada O.; 1661 - data na sepultura de Amador Alvarez Varizm; 1677, 03 fevereiro - obra de talha na igreja por Domingos Lopes; 1720 - construção da Capela de Nossa Senhora da Graça no exterior; 1722-1723 - feitura do retábulo-mor por Francisco Machado, semelhante à Capela dos Terceiros do Porto, por 470$000; 1737, 08 novembro - encomenda de azulejos para a capela-mor a António Vital Rifarto, com a representação de um Lava-pés e uma Última Ceia, importando em 46$000 cada milheiro de azulejos; 1758, 19 abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Tomé Lopes Negrão, é referido que a Igreja tem por orago Nossa Senhora da Conceição, com festa a 8 de Dezembro, tendo igreja de três naves e sete altares, o maior com o Santíssimo, surgindo o do Ecce Homo, Cristo Crucificado, com a Confraria dos Estudantes, Senhora da Boa Viagem, Santo António, Almas, com Irmandade, e Nossa Senhora do Rosário; o pároco é vigário apresentado pelo Cabido da Sé do Porto e tem de renda 100$000; 1944 - estudo para a ligação da EN ao largo da igreja; a Comissão de Culto de Azurara solicita que substituam o repinte a branco do oratório da fachada posterior por uma patine cinza, da cor do granito, e pede a reconstituição de duas esferas armilares, desaparecidas durante as Invasões Francesas; 1946, 13 novembro - o pároco, Serafim Gonçalves Vaz Neves, pede a construção de uma sacristia no lado S., para substituir os espaços de arrumação existentes na casa da tribuna; a DGEMN não concorda com a construção; 1949 - a ligação do adro à EN ainda não se encontrava feita; 1954 - estudo de ligação do adro à EN; 1957, 17 abril - demolição de edifícios no adro da igreja; 1958 - pedido da DGEMN à Junta de Freguesia para a remoção de um caixilho informativo colocado junto à entrada N.; 1959, 03 novembro - a Câmara Municipal de Vila do Conde inicia as obras de ligação do adro à EN; 1961 - inauguração da obra de ligação do adro à EN; 1966 - autorização para a colocação de uma placa a homenagear o Padre Serafim das Neves; 2018 - assinatura de protocolo entre a Direção Regional da Cultura do Norte (DRCN), a Direção-Geral de Tesouro e Finanças e a Câmara de Vila do Conde, para proceder ao restauro da Igreja Paroquial de Azurara, um investimento de cerca de 200 mil euros, sendo que 140 mil euros serão assegurados pelo Estado e os restante 60 mil pela Câmara Municipal de Vila do Conde.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria de granito de grão relativamente fino; mísulas, modinaturas, ameias, frisos, cornijas, bacias, sacada, escadas em cantaria de granito; pavimento em lajeado e madeira, sendo em tijoleira na sacristia; coberturas interiores de madeira na nave e sacristia, sendo em cantaria na capela-mor; teias e guardas do púlpito e coro-alto de madeira; armários de madeira; retábulos e espaldar da sacristia em talha; cobertura exterior em telha cerâmica; janelas em vidro simples.

Bibliografia

ALVES, Natália Marinho Ferreira, Dicionário de Artistas e Artífices do Norte de Portugal, Porto, Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade, 2008; BRANDÃO, Domingos de Pinho, Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na Diocese do Porto - Documentação, Porto, Diocese do Porto, 1985, vol. II; CAPELA, José Viriato, MATOS, Henrique e BORRALHEIRO, Rogério, As freguesias do Distrito do Porto nas Memórias Paroquiais de 1758 - Memórias, História e Património, Braga, Universidade do Minho, 2000; FERREIRA, Monsº J. Augusto, Vila do Conde e seu Alfoz. Origens e Monumentos, Porto, 1923; FREITAS, Eugénio de Andrêa da Cunha e, Talha e azulejos da primeira metade do século XVIII em Azurara (Vila do Conde), Braga, Separata da Revista Bracara Augusta, vol. XXVII, fasc. 63 (75), 1973; NEVES, Serafim das, Azurara Vila do Conde - Breve notícia histórica e etnográfica, Vila do Conde, Gráfica Santa Clara, 1964; VIEIRA, José Augusto, O MInho Pitoresco, tomo II, Lisboa, 1887.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DREMN

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID; Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSMN-0296/03, DGEMN:DSARH-010/281-0060, DGEMN:DSARH-010/281-0057, DGEMN:DSARH-010/281-0053; DGEMN:DSARH010/281-0051, DGEMN:DSARH-010/281-0056, DGEMN:DSARH-010/281-0055, DGEMN:DSARH-010/281-0059, DGEMN:DSARH-010/281-0054, DGEMN:DSARH-010/281-0049; DGLAB/TT: Corpo cronológico (Parte I, maço 21, doc. 10), Gaveta 19 (maço 11, doc. 38, publ. por VITERBO)

Intervenção Realizada

DGEMN: 1930 - demolição das ameias de tijolo que rematavam a torre e construção de novas em granito; colocação de placa no terraço da torre; remoção das sanefas de madeira da rosácea; as obras são executadas pelo tarefeiro Júlio Gonçalves dos Santos; 1936 / 1937 - substituição da telha por telha nacional dupla e reparação da armação do telhado, feita por Júlio Gonçalves dos Santos; a telha é fornecida pela Fábrica de Cerâmica da Pampilhosa; 1937 - reconstrução da armação dos telhados, em madeira de castanho, coberta a talha nacional na nave central; colocação de caleira de grés vidrado e limpeza das cantarias; 1938 - início da obra de remodelação das coberturas da nave lateral S., com fornecimento de madeiras pela firma Rodrigo Ferreira e Filhos; 1942 - obras na cobertura da nave lateral; 1943 - restauro de uma janela primitiva e da porta da capela-mor, escondida pelo retábulo, com a reconstituição de colunelos, frisos e mísula; limpeza das cantarias das paredes da capela-mor; feitura da armação do telhado, em madeira de castanho, reaproveitando o material existente, e colocação de telha exterior; remodelação do retábulo-mor de talha, reduzindo a sua profundidade, permitindo a visualização da abóbada; construção da armação da cobertura da capela-mor e consolidação do remate em ameias, regularização da caleira e execução de duas gárgulas em cantaria; colocação de canos de grés no interior das paredes e revestimento do conjunto com telha; rebaixamento do pavimento da sacristia, com construção de novo pavimento em soalho de pinho, e demolição do segundo piso, para desobstruir a capela-mor, tendo sobrado muita cantaria; tratamento das paredes; consolidação do arcaz e talhas da sacristia; as obras são realizadas por Júlio Gonçalves dos Santos; 1944 - desobstrução e restauro de duas janelas das naves laterais e da fresta encoberta pelo coro, com substituição de cantaria; apeamento de dois altares de madeira e as respetivas pilastras e frontões em cantaria, obra feita por Júlio Gonçalves dos Santos; 1945 - assentamento de caixilhos de ferro nas 12 janelas, por Noé Pereira; reconstrução de um fresta na fachada principal para iluminação da torre; modificação da armação do arcaz, com revisão das madeiras dos gavetões c construção de dois novos, com assentamento de novas ferragens; reconstrução parcial do pavimento de madeira do coro e na entrada da torre; as obras são realizadas por Júlio Gonçalves dos Santos; 1946 - construção do lajeado do adro e limpeza das paredes exteriores da torre e igreja; construção de pavimento em cimento na torre; remodelação da vedação do adro e colocação de uma nova pirâmide em cantaria; colocação de portas de madeira de castanho e pinho; beneficiação do guarda-vento; obra de Júlio Gonçalves dos Santos; 1948 - reparação dos telhados da nave, arruinados por um temporal; 1953 - arranjo e pintura das portas; 1967 - substituição das telhas partidas e limpeza da vegetação; refechamento das juntas da torre com argamassa de cimento e areia; reconstrução de vitrais e caixilhos da igreja e sacristia; remodelação das portas e respetivas ferragens; as obras são realizadas por Saúl de Oliveira Esteves; 1972 - recuperação dos telhados da igreja; 1974 - reparação das pinturas das portas; colocação de vidros em falta; revisão dos telhados; repregamento do soalho em várias zonas da nave; obras feitas por Ferreira dos Santos & Rodrigues, Lda.; 1976 - refechamento das juntas do soco e reconstrução parcial das caixilharias; 1977 - tratamento de caixilhos e portas; reparação dos cabeçotes dos sinos; reconstrução da porta principal; 1979 - limpeza e revisão dos telhados; reparação dos soalhos e dos algerozes; obras feitas por Altino Coelho & C.ª, Lda.; 1980 - construção de telhado e reconstrução da armação, obra feita por Oliveira, Pereira & Valente, Lda.; 1981 - reconstrução do teto atual, com introdução de vigas de ferro; colocação de vidraças na capela-mor; substituição das vigas de madeira do coro por ferro; colocação de soalho de madeira de pinho; reparação da porta da sacristia; construção de portas interiores da torre e do coro; lavagem e caiação de paramentos; reparação da soleira da torre sineira e do escoamento das águas pluviais; 1982 / 1983 - substituição das vigas de madeira por vigas de ferro; 1984 / 1985 - execução de uma caixa de betonilha no transepto e capela-mor; 1985 / 1986 / 1987 - reparação da instalação elétrica e colocação de projetores de iluminação, executada por Francisco Luís, Pais & Fernando, Lda.; revisão dos telhados; 1992 / 1993 - arranjo do pavimento das naves, com o arejamento do pavimento e substituição das tampas dos taburnos, executada por Ferreira dos Santos Rodrigues, Lda.; 1993 - arranjo do presbitério e colocação do altar-mor neste local; recuperação do sacrário original; reparação da porta da capela-mor e da porta S. da nave; as obras são efetuadas pela empresa NORASIL - Sociedade de Construção Civil, Lda.; 1995 - revisão das caixilharias e colocação de novas vidraças em substituição das danificadas; revisão das redes elétricas e sonora na área do cruzeiro; colocação de rodapés em madeira exótica nos altares; colocação de ferragens em falta nas portas; demolição das paredes de tijolo nos vãos da torre sineira; limpeza das cantarias; levantamento e reposição do lajeado existente na área do presbitério, com criação de caixa de ar; as obras são executadas por Augusto de Oliveira Ferreira & C.ª , Lda.; 1996 - restauro do azulejo, com limpeza, reintegração e preenchimento de lacunas, acompanhada por técnicos do Museu Nacional do Azulejo e feita pela AZULARTE; levantamento dos taburnos e desmonte da porta da nave colateral esquerda; execução de maciços de betão para fixação das guias de granito; abertura de canais de ventilação; colocação de novas tampas para as sepulturas; obra executada pela Sociedade de Construções Âncora, Lda.

Observações

*1 - nas naves laterais, revestidas a azulejo figurativo reaproveitado, existiam, até à intervenção da DGEMN, capelas retabulares, dedicadas ao Calvário e a Nossa Senhora do Rosário (Evangelho) e Nossa Senhora da Piedade (Epístola), a primeira de talha barroca nacional, envolvido por estrutura oitocentista, sendo a oposta oitocentista.

Autor e Data

Isabel Sereno 1994 / Paula Noé 1996 / Paula Figueiredo 2012 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese do Porto)

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