Palácio de Freixo

IPA.00005458
Portugal, Porto, Porto, Campanhã
 
Arquitectura civil privada, barroca. Palácio barroco de planta quadrada com torreões sensivelmemte salientes e mais altos nos cantos, numa concepção fechada e muito complexa, com todos os alçados de desenho diferente rica e cenograficamemte esculpidos. Na fachada E., a mais movimentada, o corpo central recorda a traça das Igrejas dos Clérigos ou da Misericórdia. Um dos mais significativos edifícios do barroco português e marco fundamental da arquitectura nasoniana. Nasoni consegue aqui tirar o maior partido do movimento barroco, o qual se traduz numa complexa articulação das fachadas, escadarias e passagens, jogando com planos diferentes que avançam e recuam e rematando todo o edifício com uma decoração em que os pináculos e as balaustradas, e sobretudo os frontões recortados e ondulados, as molduras das janelas e outros pormenores, movimentam todo o edifício, por vezes, de um modo palpitante. As pinturas murais do interior da autoria de Nasoni.
Número IPA Antigo: PT011312030008
 
Registo visualizado 3494 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  

Descrição

Palácio de planta quadrangular com torreões ligeiramente salientes nos cantos cobertos por telhados piramidais e rodeados de coruchéus menores. A unir os torreões, com alguns jarrões decorativos, uma platibanda. Decoram o palácio escadarias de lanços opostos, terraços em planos diferentes, de frontões invertidos e quebrados. Cada fachada apresenta um traçado diferente, em três níveis distintos. A fachada S. tem dois andares e meio; a de O. revela dois pisos enquanto a de E. parece possuir três. Na fachada O. figuram nichos chanfrados nas janelas superiores, sendo o central encimado por festões e volutas, semelhantes aos que sobrepujam o pórtico do palácio. A fachada S., voltada para o rio, ostenta no andar nobre três balcões de balaústres e é ritmada pela reentrância da janela central e pela projecção da escadaria. A fachada E. a mais imponente, com grande escada em plano destacado e a zona central mais recuada, cingida pelas torres, apresenta uma balaustrada com os patamares ornados (festões envolutados e golfinhos). Os portais do corpo central são cingidos por cunhais, terminando em frontões interrompidos, e sobrepujados pela pedra de armas do Barão do Freixo. Interior: pinturas murais em tons de azuis, castanhos, ocres, vermelhos e rosas em alçados e vergas de vãos; o interior encontra-se totalmente adulterado e descaracterizado, face às sucessivas alterações a esmo. No jardim O. existe um belvedere, típico dos jardins italianos da época que pelo andar térreo dá acesso ao Terreiro E. Este, em forma de hemiciclo, é flanqueado por dois pequenos pavilhões e ornamentado com tambores, elmos, escudos e bandeiras, canhões, bolas, etc.

Acessos

EN 108

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 / ZEP, Portaria, DG, 2ª série, n.º 79 de 06 abril 1949

Enquadramento

Urbano, destacado, isolado, borda d'água, separado por jardins (v. IPA.00005558). Edificado em terreno de acentuado declive encontrando-se actualmente asfixiado pelas construções fabris que o foram rodeando.

Descrição Complementar

O terreno com declive acentuado, serviu a Nasoni para mostrar a sua mestria com o notável aproveitamento na criação de terraços em diferentes planos, rodeando a casa.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Comercial e turística: hotel

Propriedade

Pública: Municipal

Afectação

Época Construção

Séc. 18 / 21

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS David Sinclair (2009); Jaime Morais (2009); Nicolau Nasoni (séc. 18).

Cronologia

Séc. 18, meados - mandado construir sob o risco de Nicolau Nasoni, pelo cónego Jerónimo de Távora, senhor de grandes riquezas, da família nobre dos Cernaches; séc. 18, finais - passa para os Viscondes de Azurara que, posteriormente o vendem a um comerciante António Afonso que ao lado estabeleceu uma fábrica de sabão; 1850 - venda do palácio e quinta ao negociante António Afonso Velado; 1866 - recebe o título de barão do Freixo; 1870 - recebe o título de visconde do Freixo, manda substituir no palácio o brasão dos távores pelo seu e realiza grandes obras no interior; pinturas murais do interior cobertas por argamassas; séc. 20 - um industrial adquiriu o edifício, instalando nos jardins uma fábrica de moagem, tendo acrescentado mais tarde um silo de 45 metros de altura, funcionando no Palácio a gerência da Fábrica (fábrica situada a E. e a O. uma outra fábrica de briquetes); 1870 - revestimento a lousa, solução provisória para esconder os estragos; 1909 - a grande cheia, que então se regista, desmantela gravemente o varandim; 1947 - obras de recuperação a cargo da firma proprietária do Palácio, Companhia de Moagens Harmonia, da União Fabril; 1951 - Construção de um silo; 1983 - Decreto Lei nº 344-A/83, determinando que a SEOP deveria iniciar o processo de aquisição do imóvel; 1984, 30 Nov. - Palácio adquirido pelo Estado, Ministério do Trabalho; 1985 - abertura de concurso limitado para arrematação das obras de emergência no Palácio; 1986, 6 Jun. - incêndio; 1987 - obras de emergência; 1986 - retirado o revestimento da ardósia; 2005, Novembro - é aprovada a instalação de uma pousada no palácio e no edifício das antigas Moagens Harmonia (v. PT011312030370) pelo executivo autárquico; este empreendimento ficará a cargo do Grupo Pestana, que detêm a exploração da rede de Pousadas de Portugal; 2006, Março - foi assinado o protocolo entre o grupo Pestana Pousadas e a Câmara Municipal do Porto, para a instalação de uma unidade no palácio (Pousada Histórica ou Pousada Histórica Design), com projecto de David Sinclair, estando prevista a ligação do palácio às instalações da Fábrica de Moagens Harmonia, ficando no primeiro as áreas comuns e no segundo a zona de quartos; 2006, Dezembro - o IPPAR aprova o projecto de reconversão do palácio e do edifício das antigas moagens Harmonia, em pousada da ENATUR; 2009, outubro - inauguração do Freixo Palace Hotel, cujas obras de adaptação são da responsabilidade do arquitecto David Sinclair e a decoração do arquiteto Jaime Morais.

Dados Técnicos

Estrutura mista.

Materiais

Granito aparente, granito rebocado, cal, cobertura de telhas, madeira.

Bibliografia

PASSOS, Carlos, Guia Histórico e Artístico do Porto, 1935; Revista Panorama, nº 5 / 6, 1941; Palácios e Solares Portugueses, Encyclopédia pela Imagem, 2; SANTOS, Reynaldo dos, Historia de Arte em Portugal, III Vol.; SILVA, António Lambert Pereira da, Nobres Casas de Portugal, Vol. I; ARAÚJO, Elísio de, A Arte Paisagista e Arte dos Jardins, Lisboa, 1962; AZEVEDO, Carlos de, Solares Portugueses, Lisboa, 1969; BORGES, Nelson Correia, História da Arte em Portugal. Do Barroco ao Rococó, vol. 9, Lisboa, 1986; QUARESMA, Maria Clementina de Carvalho, Inventário Artístico de Portugal. Cidade do Porto, Lisboa, 1995; LUZ, Carla Sofia, Porto - IPPAR dá aval à pousada no Palácio do Freixo in Jornal de Noticias, 24 Dezembro 2006.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DREMN

Intervenção Realizada

1870 - Revestimento exterior a ardósia; 1947 / 1948 - pequenas obras de conservação; 1986 - recuperação de telhados, fachadas e caixilharias, limpeza dos jardins e entaipamento de todos os vãos; 1987 / 1988 - 2ª fase das obras de emergência, remoção do revestimento a ardósia.

Observações

*1 - O Palácio foi recuperado no âmbito do projecto Metropólis, no qual o governo participa com 10 milhões de contos. O projecto, confiado ao Arqº Fernando Távora, é polémico, visto que previa a transferência das antigas instalações da Fábrica Harmonia para jusante do palácio, onde seriam reconstruídas. Tal foi, no entanto, recusado pela autarquia em Janeiro de 1998, instruindo-se o arquitecto que deveria reformular o projecto neste aspecto. Os demais, como sejam a criação de uma pequena marina, o desvio da estrada marginal junto ao Freixo e a construção de um novo edifício, que será utilizado para as comemorações da viagem de Vasco da Gama ao Brasil e para o encerramento das celebrações dos Descobrimentos, devendo depois albergar o Museu da Imprensa e outros locatários, manter-se-ão. *2 - As armas dos Távora ostentavam-se em diversas partes do edifício, mais tarde destruídas pela alçada do Marquês de Pombal. Os jardins, de inspiração nasoniana, encontravam-se repartidos por arquitectónicas alamedas de balaústres e povoados de esculturas alegóricas. Ao longo do rio corria um varandim. No interior sobressaiam luxuosas decorações em estuque, frescos, espelhos e lustres.

Autor e Data

Isabel Sereno 1994

Actualização

Paula Noé 1998
 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login