Igreja e Colégio de São Lourenço / Igreja e Convento dos Grilos / Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição

IPA.00005476
Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória
 
Arquitectura religiosa educativa, maneirista, barroca e neoclássica. Antigo colégio da Companhia de Jesus, de fundação tardia, composto por igreja e dependências colegiais adossadas lateral e posteriormente. Igreja de planta longitudinal, com nave única, três capelas laterais intercomunicantes, transepto inscrito e capela-mor, com coberturas diferenciadas em abóbadas de berço, com caixotões de pedra, escassamente iluminada pelas janelas termais do topo do transepto e pelas da fachada principal, num esquema semelhante ao do Colégio de Jesus, em Coimbra (v. PT020603250001), ambos filiados na estrutura da Casa-mãe da Companhia, a Igreja do Gesù, em Roma. Também a fachada principal tem afinidades compositivas com a de Coimbra, onde se inspirou, com dois registos marcados por entablamento, e estrutura tripartida, definida por pilastras, desenvolvendo-se, em cada pano, uma composição simétrica de vãos alinhados, compostos por portais, janelões, nichos e janelas fingidas. Apresenta torres sineiras, desenvolvidas a partir de aletas no segundo registo, dando a ilusão de escalonamento da fachada, diferindo da solução coimbrã. Interior com coro-alto, capelas laterais com acesso por arco de volta perfeita e coberturas em abóbada de berço com caixotões, de granito, à excepção de uma em talha dourada, com decoração fitomórfica policroma, albergando retábulos neoclássicos idênticos. Os arcos de acesso apresentam vestígios de pintura mural fitomórfica policroma. Nas paredes das naves encontram-se painéis de estuque trabalhado e nas pilastras rasgam-se nichos com imaginária e, no último pilar e com acesso pelos corredores laterais, púlpitos confrontantes em talha neoclássica. No transepto, surge retábulo relicário barroco, profusamente decorado, a envolver a janela termal que ilumina o espaço, semelhante aos dos topos do transepto da igreja de Coimbra. Arco triunfal com monumental composição retabular de granito de organização serliana, com colunas colossais definindo os eixos, em que se integram as pequenas capelas colaterais, encimadas pelas janelas das tribunas. Na capela-mor, o túmulo do fundador em mármore suportado por elefantes, de composição semelhante aos túmulos régios do Mosteiro dos Jerónimos (v. PT031106320005) e aos da Capela dos Castros, em Benfica (v. PT031106390015). Retábulo-mor neoclássico, de planta convexa e um eixo, de talha policroma. Sacristia nova, barroca, com tecto de caixotões de madeira, silhar de azulejos figurativos joaninos, lavabo de mármore e arcaz encimado por oratório de estilo nacional de talha em branco. Dependências colegiais compostas pela justaposição de diversos corpos, formando dois pátios interiores, com acesso por portaria que ladeia a igreja, no lado esquerdo. Na fachada posterior, varanda alpendrada de três registos, suportados por arcarias e colunelos, com tecto de masseira de madeira, em "saia-camisa". No interior, antiga portaria, com silhar de azulejos seiscentistas de padrão, e acesso a escadaria por arco ladeado por vãos de verga recta. Escadaria percorrida por silhar de azulejos seiscentistas de padrão, a partir da qual se acede a longa galeria rasgada numa das paredes por arcos de acesso a pequenos compartimentos. O corpo em torno do pátio principal é percorrido por corredor de circulação de distribuição para as diversas salas e quartos. O edifício conheceu três usuários distintos, que o marcaram a nível planimétrico e decorativo. Para além dos fundadores, o edifício foi casa dos Eremitas Descalços de Santo Agostinho, também conhecidos por Frades Grilos, a partir do último quartel do séc.18, até ao 2º quartel do séc. 19, altura em que se torna seminário diocesano. No conjunto, as dependências colegiais que habitualmente se desenvolvem lateralmente à igreja, surgem posteriormente, devido à morfologia do terreno, diferindo da planimetria da Ordem, apenas com paralelo no inacabado Colégio de Beja (v. PT040205090073). A monumental fachada principal da igreja cria um espaço cenográfico face ao pequeno largo onde se implanta, ajudando a acentuar a sua verticalidade, também conseguida pelo facto da fachada se desenvolver acima da cobertura, criando vãos rectangulares abertos sem funcionalidade. Possui um esquema único de implantação das sineiras, que se desenvolvem a partir dos panos laterais da fachada principal, ligeiramente recuadas e sobre as aletas que flanqueiam o remate. No interior, destaca-se o órgão neoclássico, com as armas dos Agostinhos Descalços, que o implantaram na parede do Evangelho, como é típico nas igrejas desta Ordem religiosa. As capelas laterais têm arcos de acesso com vestígios de pinturas murais, uma delas com cobertura revestida à talha, com caixotões, possuindo estruturas retabulares da presença dos frades Grilos, neoclássicas, subsistindo, apenas, o de Nossa Senhora da Purificação, composição monumental, a envolver a janela que ilumina o transepto, com talha pouco relevada, onde se destacam as imagens de vulto que o decoram e os apainelados com símbolos das letanias marianas, amovíveis em determinadas épocas litúrgicas, deixando antever os relicários do interior. Nas paredes das naves encontram-se painéis de estuque trabalhado e nas pilastras rasgam-se nichos com imaginária. Frontal à Capela de Nossa Senhora da Purificação, surge capela adossada, com decoração neoclássica, integralmente revestida a estuque trabalhado com policromia, decorada com motivos fitomórficos, e cobertura em abóbada de barrete de clérigo com lanternim. O arco triunfal apresenta uma escala um pouco desproporcionada relativamente ao espaço da igreja, com imponente composição arquitectónica maneirista que envolve a típica janela que aparece sobre o arco, mas resultando no único edifício jesuíta que apresenta esta zona do espaço litúrgico muito decorada. Os arcosólios da capela-mor foram adulterados pela introdução de dois órgãos mudos, em talha tardo-barroca, o do Evangelho obstruindo parte da leitura do túmulo do fundador da igreja. O pátio interior secundário, utilizado para exposição de peças arqueológicas, organiza-se como um espaço romano apresentando uma espécie de implúvio.
Número IPA Antigo: PT011312130050
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Colégio religioso  Colégio religioso  Companhia de Jesus - Jesuítas

Descrição

Planta irregular composta por igreja a que se adossam, lateralmente a NE. e posteriormente a SE., as dependências do seminário. IGREJA de planta longitudinal, de nave única de 4 tramos, para onde abrem capelas intercomunicantes, 3 de cada lado, 2 torres sineiras integradas na fachada principal, transepto inscrito e capela-mor mais estreita. Adossado ao topo do braço SO. do transepto, corpo rectangular que integra capela quadrangular. Volumes escalonados de dominante horizontal quebrada pela verticalidade da fachada principal, que se desenvolve acima da cobertura, com capelas laterais e capela-mor mais baixas que a nave, com coberturas diferenciadas em telhados de 1, 2 e 4 águas, com lanternim octogonal na capela do transepto e cúpulas coroadas por pináculos nas torres sineiras. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, excepto a principal em aparelho regular de granito e rematadas por cornija de cantaria e beiral. Fachada principal, a NO., simétrica, de 2 registos, separados por entablamento, suportado por pilastras colossais toscanas, duplas nos extremos, assentes em plintos, que dividem o 1º registo em 5 eixos estreitos; o segundo, também de 5 eixos, tem os centrais marcados por pilastras colossais, assentes em plintos, com capitéis jónicos, e os extremos limitados por par de pináculos com bola, sobre plintos, e aletas que se ligam aos eixos centrais, marcando o arranque das torres sineiras, com panos limitados por pilastras. Remates em frontões nos eixos centrais, o central recortado encimado por cruz latina tribolada e os intermédios interrompidos por pináculos piramidais com bola assentes em urnas estilizadas, e em cornija encimada por pináculos nos ângulos nas torres sineiras. No 1º registo, eixos extremos, com falso embasamento formado pela união dos plintos das pilastras através de cornija, de 2 sub-registos separados por estreita cornija. Eixo central com portal de verga recta, com frontão curvo, enquadrado por colunas com fuste marcado no terço inferior, com capitéis coríntios, sobre pedestais chanfrados, suportando entablamento com friso decorado com losangos e óvulos, e frontão interrompido por cartela recortada, com o símbolo dos jesuítas "IHS", coroada por frontão triangular. Eixos intermédios com porta de verga recta com frontão triangular, encimada por janelão rectangular gradeado com frontão curvo. Eixos extremos com almofada rectangular saliente e nicho em arco de volta perfeita encimado por cornija decorada. No 2º registo, no eixo central, janelão rectangular gradeado com cornija sobrepujada por motivo concheado e frontão triangular, encimado pela pedra de armas do fundador *2, inserida em cartela recortada. Eixos intermédios de 2 sub-registos separados por cornija, com nicho de volta perfeita encimado por vão rectangular com cornija superior, abrindo acima da cobertura. Nos eixos dos extremos, falso embasamento semelhante ao do 1º registo, de onde arrancam as torres sineiras de 2 registos separados por cornija, o 1º com janela rectangular e o 2º com 4 ventanas de volta perfeita, assentes em impostas salientes. Fachada lateral esquerda, virada a NE., com corpo adossado à nave e braço do transepto rasgado janela em meia-lua tripartida sobre janelas de verga recta. Fachada lateral direita virada a SO., volume adossado à nave, correspondente a corredor de circulação, rasgado por janelas rectangulares em capialço com moldura de cantaria e junto ao transepto arco de volta perfeita, também com moldura em cantaria, onde se abre porta; a este corpo adossa-se alpendre com varanda superior, com acesso por escadas. Braço do transepto, enquadrado por grandes contrafortes encimados por pináculos, rasgado superiormente por janela semelhante à da fachada oposta, enquadrando o lanternim da capela, com remate em empena encimada por cruz latina sobre plinto e pano enquadrado por pilastras de cantaria encimadas por pináculos. É ladeada por 2 estreitos corpos, rasgados por janela e óculo. Fachada posterior, rasgada ao nível do cruzeiro por janelões em capialço. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco e cobertura em abóbada de berço em granito, com caixotões, assente em cornija, na nave e braços do transepto, com marcação dos arcos torais na nave e em abóbada de arestas, com medalhão central com o símbolo "IHS", no cruzeiro. Pavimento em taburnos de madeira com guias de granito na nave e transepto, e em laje de granito no sub-coro, formando corredor central na nave, nos braços do transepto, o do Evangelho com pedra tumular. Coro-alto no 1º tramo, assente em três arcos, o central abatido e os laterais, de menores dimensões, de volta perfeita, sustentados por colunas com o terço inferior marcado por friso e por modilhões; tem guarda balaustrada e painel central, decorado com motivos fitomórficos, assente em cornija suportada por modilhões. Na parede fundeira, cadeiral com espaldar rectangular decorado com festões e motivos fitomórficos. Sub-coro com paredes em granito aparente e cobertura de madeira, em caixotões, com o portal protegido por guarda-vento à face, de ferro e vidro, ladeado por 2 grandes pias de água benta, de mármore branco e rosa, de taça circular, inferiormente gomada, assente em coluna galbada decorada com acantos, sobre base quadrilobada. Nave ritmada por pilastras de granito, rasgadas por nichos de volta perfeita, em semi-cúpula concheada, contendo imaginária. Lateralmente, as capelas laterais, com acesso por arcos de volta perfeita, com pavimento em laje de granito e coberturas em abóbada de berço, em caixotões, com retábulos de talha, dedicadas a Santa Rita de Cássia, Senhora das Dores *3 e Nossa Senhora da Conceição no lado do Evangelho e a Santa Ana, Santa Quitéria e São José no lado da Epístola. Sobre os arcos das capelas, painéis de estuque branco trabalhado com motivos fitomórficos, o do 1º do lado do Evangelho tapado por órgão de talha policroma a branco e dourado. Nos últimos pilares, púlpitos confrontantes, rectangulares, assentes em mísulas, com guarda de talha policroma a branco e dourado, protegidos por baldaquino de talha idêntica e acesso por porta de verga recta, protegida por duas folhas de madeira pintada, a partir dos corredores laterais. Braço do transepto com portas de acesso às sacristias, encimadas por tribunas de verga recta com guarda de madeira, surgindo, no topo do Evangelho, retábulo de talha dourada, dedicado a Nossa Senhora da Purificação, com a talha a envolver as janelas termais que o encimam; no topo oposto, a capela do Santíssimo Sacramento, com acesso por arco de volta perfeita assente em pilastras toscanas e flanqueado por pilastras dóricas, que sustentam entablamento e frontão semicircular, encimado por dois anjos e duas figuras femininas deitadas, protegido por teia balaustrada; o acesso está rodeado por painéis de estuque policromo, com fundo verde e decoração a branco, idênticos aos da nave, e, sobre estes, separados por friso marmoreado, que se estende para as paredes laterais, painéis em forma de mandorla e janelas com moldura idêntica ao friso e medalhão ao centro. Arco triunfal e retábulos colaterais marcados por composição arquitectónica de granito, composta por quatro colunas colossais, com fuste liso marcado no terço inferior e capitel jónico, assentes em altos plintos e suportando entablamento; rodeiam capelas pouco profundas marcadas por arcos de volta perfeita, dedicadas ao Senhor Preso à Coluna do lado do Evangelho e ao Sagrado Coração de Jesus, no oposto, encimados por nichos em arco de volta perfeita, com imaginária. Ao centro, arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, enquadrado superiormente por estípides com capitéis coríntios, suportando entablamento, com friso ritmado por mísulas, ladeado por janelas rectangulares e rematado por frontão curvo interrompido por duas janelas, também rectangulares e tabela enquadrada por estípides e rematada por frontão recortado, com nicho central, contendo imaginária. São Lourenço. No 2º registo, nichos, idêntica à da nave, tendo no lado do Evangelho São Pedro e do lado da Epístola São Paulo. É decorado com acantos, óvulos, cabeças de pregos, molduras volutadas, decoração geométrica e enrolamentos. Capela-mor com pavimento em laje de granito e cobertura em abóbada de berço de granito, com caixotões decorados com cartelas ovais com enrolamentos, assente em entablamento, suportado por pilastras toscanas com capitéis de inspiração jónica, sobre altos plintos, que dividem as paredes laterais em 3 panos. Capela-mor de dois tramos definidos por pilastras toscanas, o primeiro com painel de estuque e, no segundo *3, levemente reentrante, tribunas com órgãos mudos, de talha policroma a branco e dourado, e, no lado do Evangelho, túmulo de mármore do fundador. Sobre supedâneo com degraus centrais, retábulo-mor de talha policroma a branco e dourado, de planta contracurvada, de 1 eixo, definido por 6 colunas, a central avançada, com fuste decorado com espira fitómorfica e marcação do terço inferior onde se desenvolve festão, e capitel compósitos, assentes em dupla ordem de plintos paralelepipédicos, os superiores das colunas centrais substituídos por consolas, e encimadas por urnas e estátuas de vulto, representando do lado do Evangelho a Religião e do lado oposto a Esperança; na base das colunas laterais, mísulas com imaginária. Ao centro, tribuna de perfil curvo, com cobertura em semicúpula, com trono eucarístico, coroado por baldaquino, coberto por tela representando "Jesus Cristo a inflamar o coração de Santo Agostinho"; na base desta, sacrário embutido. Remate em duplo espaldar, separado por cornija recta, com decoração fitomórfica e festões, o 2º recortado e ladeado por aletas e putti, tendo, ao centro, águia bicéfala com o brasão dos Agostinhos Descalços. Altar paralelepipédico com frontal em mármore rosa, branco e preto. Junto ao cruzeiro, mesa de altar paralelepipédica, de talha dourada, profusamente decorada. SEMINÁRIO de planta irregular composta pela articulação de diversos corpos, formando 2 alas, uma lateral à igreja e outra posterior, a lateral constituída pela articulação de 3 corpos, 2 quadrangulares adossados em eixo, correspondentes a antiga portaria e escadaria principal e outro, de maiores dimensões, em L invertido que forma junto à fachada lateral da igreja estreito pátio secundário. A este corpo, já na ala posterior, adossa-se a SE., corpo rectangular, que forma pátio principal com o corpo em U que se adossa à fachada posterior da igreja. O corpo rectangular liga-se a outro também rectangular, disposto obliquamente no sentido O.-E., por outro mais pequeno de planta irregular. Volumes escalonados de dominante horizontal com coberturas diferenciadas em telhados de 1, 2, 3 e 4 águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, rematadas por cornija sob beiral e rasgadas por vãos rectangulares com molduras de granito, excepto no corpo oblíquo em arco abatido. Fachada principal, a NO., de 2 panos, o da direita, junto à igreja, correspondente à antiga portaria, com remate em meia empena, com galilé marcada por arco de volta perfeita, com cobertura em abóbada de granito e portal de verga recta com frontão curvo e tímpano vazado por janela, ladeado por janelas rectangulares; superiormente, janelão rectangular com bandeira e óculo. O pano da esquerda encontra-se em cota superior, junto à escadaria de acesso ao Largo do Colégio, recuado, com empena escalonada, rasgado por janela geminada, de varandim e moldura simples, encimada por óculo. Fachada lateral NE., do corpo em L, com remate em empena escalonada no topo de um dos braços, de 2 registos, o 1º rasgado por janelões cruzetados e portas e o 2º por janelas de varandim com guarda de ferro, a maioria geminadas; no topo do braço, porta com acesso por passadiço de granito, encimada por óculo. Fachada lateral SO. de 3 registos, o 1º em granito aparente com arcaria plena formando galeria, e os superiores com janelões com bandeira, frestas e janelas de peito. Fachada posterior, a SE., de 2, 3 e 4 registos, no corpo oblíquo separados por friso de cantaria, rasgados por portas, janelas de peito, algumas com bandeira, e de varandim. No extremo do pano SO., 2 varandas alpendradas, formando, no piso inferior, alpendre com acesso por arcaria abatida, a primeira com arcaria de volta perfeita e a segunda com colunelos sobre plintos, tendo guardas em ferro. Último registo com tecto de masseira de madeira, em "saia-camisa". O pano NE. tem um registo superior, resultante de um acrescento, separado por cornija sobre beiral, surgindo, no 1º, portal de verga recta enquadrado por pilastras toscanas, com aletas e rendilhado, e entablamento encimado por frontão de volutas interrompido por plinto decorado com motivos fitomórficos, e ladeado por pináculos. INTERIOR de 2, 3 e 4 pisos, consoante os corpos e a sua implantação no terreno, comunicando por escadarias. Na ala lateral, encontram-se os dois pisos das dependências do museu, e, nos superiores, as dependências do seminário. A antiga portaria, actual acesso ao museu, tem pavimento em laje de granito e cobertura em abóbada de berço, com paredes percorridas por rodapé de granito e, na parede lateral esquerda, azulejos seiscentistas de padrão, formando silhar, tendo o acesso protegido por guarda-vento. Na parede testeira, arco em asa de cesto, de acesso à escadaria principal, ladeado por vãos de verga recta; a escadaria tem 6 lanços com o 1º e 4º braços comuns, com paredes percorridas por silhar de azulejos seiscentistas de padrão, tendo, no 1º patamar, porta para o pátio secundário e, no último, 2 salas de exposição, uma que liga ao coro-alto através de estreito corredor e outra corresponde a longa galeria que comunica com outras 2 pequenas salas; apresentam pavimento de soalho e cobertura em abóbada de berço de granito, a da galeria em tijolo num dos extremos. A galeria é rasgada na parede lateral por arcos plenos de acesso a pequenos compartimentos com pavimento cerâmico e abóbada de berço. Nos 2 pisos superiores, localizam-se a actual portaria, a biblioteca, cujo pé-direito ocupa 2 pisos, e salas de aulas. A Biblioteca é percorrida por galeria de madeira com guarda em balaustrada, suportada por colunas de granito e acesso por escada helicoidal de granito. Na ala posterior, em redor do pátio principal, nos 2 pisos, desenvolvem-se corredores de distribuição, com pavimentos em soalho e cobertura em tecto plano no primeiro e abóbada de berço rebocada suportada por cornija, no segundo. Molduras das portas e janelas em granito, as últimas com conversadeiras. No 1º piso, comunicante com as sacristias e pátio principal, localizam-se quartos, salas de trabalho, de restauro, reservas e a antiga adega, transformada em capela, com pavimento em tijoleira e cobertura em abóbada de berço de granito. No 2º, que comunica com a varanda alpendrada, a galeria do museu e tribunas da igreja, vários quartos, duas capelas privadas e refeitório. A capela principal tem acesso nos topos, através de corredores, com portais flanqueados por pilastras e encimado por vão rectilíneo com moldura recortada, rematado por frontão interrompido por esfera sobre acrotério; um dos portais tem as iniciais "AM" e o oposto as insígnias dos jesuítas. Apresenta tecto de madeira e na parede testeira órgão.

Acessos

São Nicolau, Largo do Colégio; Largo Dr. Pedro Vitorino

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 28/82, DR, 1ª série, n.º 47 de 26 fevereiro 1982 *1 / incluído no Centro Histórico da Cidade do Porto (v. PT011312140163) e na Zona Histórica da Cidade do Porto (v. PT011312070086)

Enquadramento

Urbano, em encosta, voltada ao rio Douro, de acentuado declive, implantado em socalcos, destacando-se na paisagem. A fachada principal da igreja e a antiga portaria, actual acesso ao museu, voltadas ao Largo do Colégio, são precedidas por estreito patamar limitado por gradeamento de ferro com portões entre colunas de cantaria encimadas por pináculo e acesso por larga escadaria que se desenvolve a toda a sua largura. O Largo do Colégio comunica com o Largo Dr. Pedro Vitorino, por escadaria de granito, de quatro lanços com patamares intermédios que se desenvolvem na encosta, a partir do qual se faz o acesso ao seminário, através de portal de cantaria de granito aparente limitado por pilastras emolduradas. Ao centro, sobreposto a pilastras, vão rectangular com moldura recortada, rematado por frontão de volutas, interrompido por nicho com a imagem da padroeira. No interior, lateralmente ao portal, localiza-se a casa do guarda e do lado oposto escada de acesso a pátio, em cota inferior, que comunica com o seminário, onde se implanta, sobre muro, estátua de mármore de Nossa Senhora da Conceição. O conjunto edificado apresenta-se envolvido lateralmente e posteriormente por diversos pátios e espaços ajardinados, desenvolvidos em patamares comunicantes por escadarias. Os que se desenvolvem lateralmente a SO. e posteriormente a SE., apresentam o primeiro patamar, semicircular, junto à fachada posterior, no ângulo dos corpos do seminário, e que forma no patamar inferior galeria suportada por pilares. Neste último a SO. implanta-se campo de jogos. Na proximidade da Fonte de São Sebastião (v. PT011312140023), da Torre de D. Pedro Pitões (v. PT011312140249), do Paço Episcopal do Porto (v. PT011312140228) e da Sé do Porto (v. PT011312140001).

Descrição Complementar

No lado do Evangelho, ÓRGÃO de talha policroma, branca e dourada, de planta trapezoidal com corpo formado por três castelos, o central mais elevado em meia cana e os laterais em ângulo, intercalados por nichos sobrepostos separados por cornija, e dois outros formando as ilhargas; na base dos castelos e dos nichos das ilhargas, surgem palhetas, as dos primeiros dispostas em leque; é rematado por cornija e anjos músicos, surgindo, ao centro, a águia bicéfala, símbolo dos Agostinhos. A consola forma apainelados e desenvolve-se, ao centro, em janela, ladeada pelos botões dos registos. Assenta em coreto com o mesmo tipo de planta e guarda balaustrada. As CAPELAS laterais possuem azulejos de padrão policromo, azul e amarelo, surgindo, nas de Santa Rita de Cássia, Santa Ana e Santa Quitéria, nos arcos de acesso, vestígios de pinturas murais policromas, sobre a pedra, a primeira com cobertura de talha dourada, com decoração fitomórfica policroma, diferindo das demais, com coberturas de caixotões decorados com óvulos e cabeças de prego. As seis capelas apresentam, nos topos, nichos côncavos, com apainelados fitomórficos entrelaçados e remate em semicúpula, também seccionada e ornada por motivos a dourado, integrando retábulos de talha policroma a branco, azul e dourado, todos semelhantes, com planta côncava e um eixo enquadrado por colunas coríntias, sustentadas por duas ordens de plintos paralelepipédicos, ornados por elementos vegetalistas; ao centro, nicho em arco de volta perfeita com o fundo pintado, contendo imaginário; remata em entablamento com friso decorado e cornija com dentículos inferiores, encimados por semicúpula encimada por "putti", resplendor e ladeada por estátuas de vulto, no enfiamento das colunas. No banco, decorado por elementos vegetalistas, rasga-se, ao centro, nicho oval albergando imaginária. Altar em forma de urna, com frontal decorado por motivos fitomórficos, seguindo a temática decorativa de todo o retábulo. CAPELA DE NOSSA SENHORA DA PURIFICAÇÃO composta por retábulo de talha dourada e planta recta, de três andares divididos por friso e cornija, o superior separado do intermédio apenas por cornija, e três eixos, definidos por quatro ordens de quarteirões, os inferiores a flanquear o sotobanco e duas portas de verga recta. O eixo central é côncavo no primeiro registo, delimitado por quatro colunas torsas percorridas por espira fitomórfica e terço inferior com ornato fitomórfico, assentes em consolas, surgindo nos intercolúnios mísulas atlantes com imaginária protegida por baldaquino. Ao centro, nicho semicircular com arco de volta perfeita e cobertura em semicúpula, assente em quarteirões, flanqueado e encimado por nichos relicários com apainelados amovíveis com simbologia das litanias marianas, apresentando o central as letras AM e sendo encimado por coroa fechada sustentada por dois anjos. É rematado por cornija semicircular, extravasando para o andar intermédio e ligando ao superior, composto por painel policromo com a representação em relevo da "Apresentação de Jesus no Templo", inferiormente com volutas encimadas por "putti", ladeado por dois grandes janelões rectangulares com lamberquim. Na base do eixo, sacrário ladeado por putti e encimado por lamberquim e falsos drapeados a abrirem em boca de cena e querubim. Os eixos laterais apresentam, no primeiro registo, nichos relicários semelhantes aos do eixo central, surgindo, no andar intermédio, decoração de concheados, fitomórfica, festões, querubins e putti, e, no superior, dois grandes anjos de vulto policromos sobre mísulas, na base das quais surgem querubins que se unem aos quarteirões por festões. Este conjunto é rematado por cornija percorrido inferiormente por lamberquim, formando falso baldaquino, e superiormente composição de concheados, volutas e anjos, apresentando ao centro cartela com o monograma "AM" e coroa, encimada por anjo com policromia, sobre acrotério. Altar paralelepipédico, apresentando, no frontal, nicho, ladeado por plintos escalonados de granito com vestígios de policromia. CAPELA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO é integralmente revestida a estuque policromo com decoração de motivos fitomórficos, com cobertura em abóbada de barrete de clérigo com lanternim protegido por balaustrada de talha a branco e dourado; em cada um dos panos da abóbada, pinturas inseridas em mandorla, representando a Prudência, a Injustiça, a Fortaleza e a Temperança. As paredes são percorridas por lambril com apainelados marmoreados sendo superiormente ritmadas por pilastras caneladas, assentes em plintos, com capitéis compósitos, que se unem ao entablamento com friso decorado com motivos fitomórficos e cornija com denticulo. Nas paredes laterais, entre pilastras, estuque com representação de instrumentos musicais. Na paredes testeira, sobre supedâneo de granito, retábulo de talha dourada, de planta recta e um eixo enquadrado por colunas coríntias, assentes em plintos, e suportando fragmento de entablamento sobre as quais se elevam duas figuras masculinas de vulto; ao centro, tribuna em arco de volta perfeita e seguintes ornados por motivos vegetalistas, sendo rematado por friso fitomórfico e frontão triangular com glória de anjos inserida em resplendor e em que repousam duas figuras femininas de vulto. Banco integrando ao centro grande sacrário em forma de templete, de três faces com cobertura em cúpula; altar em forma de urna com frontal decorado com motivos fitomórficos. Os RETÁBULOS COLATERAIS são semelhantes, de talha policroma, de branco e dourado, de planta recta e um eixo definido por duas pilastras, que centram nicho em arco de volta perfeita, rematado por frontão triangular com glória de anjos e resplendor, tendo altar em forma de urna, ornado por cartela central e motivos fitomórficos. Na CAPELA-MOR, sob o túmulo, silhar de azulejos seiscentistas de padrão, 4x4, monocromos a azul, de módulo P-440, surgindo dois órgãos mudos confrontantes e semelhantes, de talha dourada e pintada de branco, com esculturas de vulto pintadas e encarnadas, de planta rectangular, com o corpo formado por três castelos em meia cana, o central mais elevado, com nichos intermédios, todos protegidos por gelosias vazadas, sendo rematados por cornija e anjos músicos. Consola de perfil curvo, com guarda balaustrada. O túmulo do fundador é formado por arca assente em dois elefantes de lavor esquemático e é encimada por uma estrutura de perfil piramidal sobre a qual se sobrepõe o seu brasão; na lastra, uma inscrição com tipo de letra capital quadrada: "AQUI JAZ FREI LUÍS ÁLVARES DE [TÁVORA] BAILIO DE LAN[GO] E LEÇA COMENDADOR DE POIARES E DA MAGISTRAL DE VILA COVA. FUNDOU ESTE COLÉGIO DOTOU DUAS MISSAS CADA DIA E DUAS ESMOLAS PARA CASAMENTO DE DUAS ORFÃS CADA ANO FALECEU NO DE MDCXLV EM XXIII DE OUTUBRO". A SACRISTIA NOVA apresenta cobertura em tecto de madeira apainelado, de talha ricamente decorada com motivos fitomórficos e pavimento em madeira, com paredes rebocadas e pintadas de branco, inferiormente com painéis de azulejos figurativos e ornamentais. Comunica através de portas com a igreja e seminário, possuindo junto a estas armários de madeira embutidos. Nas ombreiras da porta de acesso à igreja, pequenas pias de água benta em mármore rosa. Parede lateral esquerda percorrida por arcaz de madeira, com ferragens de latão, encimado, ao centro, por oratório de talha em branco, de planta recta e um eixo definido por duas pilastras e duas colunas torças ornadas por pâmpanos, assentes em consolas, que se prolongam em duas arquivoltas unidas no sentido do raio e cartela no fecho, rematadas por estreita cornija, que se sobrepõe à sanca da cobertura, formando o ático. A parede oposta é rasgada por duas amplas janelas em capialço com moldura de granito, a ladear superiormente lavabo de mármore branco, rosa e negro, com espaldar rectangular entre estípides, suportando entablamento e frontão de lanços, coroado por mascarão com concha, ao centro, e por urnas lateralmente. Apresenta duas bicas do tipo carranca e tanque rectangular sobre mísula. Possui painéis de azulejo figurativo, com doze azulejos de altura e diferentes larguras; a ladear a porta de acesso ao colégio encontra-se pequeno painel com representação de uma árvore e uma cena campestre, e a ladear o lavabo uma cena galante e uma batalha naval que representará a "Batalha do Cabo Matapan"; as cenas são emolduradas por quarteirões definidos por volutas e putti, sustentando entablamento decorado com acantos, apresentando, excepto no mais pequeno, no centro do entablamento e a delimitar inferiormente a moldura, cartelas emolduradas por volutas, que se ligam aos quarteirões através de festões. Nos dois painéis que ladeiam o lavabo, a cartela é sustentada por dois putti *5. Sob o lavabo, painel ornamental, que mantém a mesma temática decorativa com volutas e festões. A flanquear a porta de acesso à igreja, painéis de albarradas. Na PORTARIA, azulejo de padrão seiscentista, formando silhar, composto por 1125 azulejos policromos a azul e amarelo, de módulos de 12x12 amputados para 10x10, semelhante ao módulo P-999 *6. Na ESCADARIA de acesso ao museu, silhar de azulejos seiscentistas de padrão, 4x4, policromos a azul e amarelo, de módulo P-439, e friso F-10, talvez fabricados no Porto ou em Vila Nova de Gaia. PÁTIO central com fachadas de 2 registos, rasgadas por vãos de verga recta, surgindo, na ala SO., 2 painéis de azulejos figurativos, monocromos a azul, com representação de Nossa Senhora da Conceição e do Sagrado Coração de Jesus, com molduras de volutas e motivos fitomórficos. Ao centro, rodeada por canteiros ajardinados, chafariz com tanque de planta quadrangular, apresentado, em cada uma das faces, ao centro, segmento de círculo. Pátio secundário parcialmente coberto por alpendre suportado por colunas pétreas com estacaria. Corpo do seminário e da igreja unidos por 2 grandes arcobotantes. A todo o comprimento do pátio espelho de água com bicas zoomórficas de ferro e ponte de pedra.

Utilização Inicial

Educativa: colégio religioso

Utilização Actual

Religiosa: igreja / Educativa: seminário / Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Silvestre Jorge (1571); Baltazar Álvares e Afonso Álvares (1577), Luís Cunha (projecto de instalação e posterior remodelação do Museu) e Bernardo Abrunhosa de Brito (colaborador na remodelação do Museu). AUTOR DE RISCO: Frei Pedro de São Silvestre (1794), António Vital Rifarto (1729). CARPINTEIROS: Gonçalo António; DOURADORES: Pedro da Silva (1733), José Ferreira (1748). ENTALHADOR: Manuel Nunes (1642), Miguel Coelho (1718), Francisco Correia (1729-1737), Manuel Moreira da Silva (1794), António Pereira (1729), António de Araújo (séc. 18); Luís Vieira da Cruz (1704). ESCULTORES: Manuel Carneiro (1727), Isaque (2005). ORGANEIROS: António José dos Santos (1860); Manuel Benito Gomes (séc. 18); Pedro Guimarães (1998). OURIVES: Bernardo Correia (1730-35), Domingos Álvares Ferreira e Eusébio de Sousa (1752). PEDREIROS: Manuel Luís (1588-89), António João (1602), Francisco Dias e Francisco Gonçalves. PINTORES: João Baptista Ribeiro (séc. 19), Marques de Oliveira (1882). PINTORES-DOURADORES: José Pereira da Costa (1664), José Ferreira (1748); Manuel Moura e Joaquim Rafael (1917). Prof. Maria Antónia Silva e Eduarda Moreira da Silva (reordenamento da zona de exposição arqueológica do Museu).

Cronologia

1546 - primeira notícia da Companhia de Jesus na cidade do Porto, através da actividade apostólica do Padre Francisco Estrada; 1560, Junho - esteve no Porto o Padre Francisco de Borja, 3º Comissário Geral da Companhia de Jesus para Castela e Portugal, tendo recebido o Bispo D. Rodrigo Pinheiro e responsáveis da cidade; terão pedido, segundo alguns autores, que deixasse na cidade alguns padres e segundo outros a fundação de um colégio; posterior a - Henrique Nunes de Gouveia oferece as suas casas localizadas na Rua da Lada *7, para a instalação dos padres jesuítas e custeia as obras de adaptação; 10 Agosto - no dia de São Lourenço, o Padre Francisco Borja inaugura o "Colégio Velho", nas casas da Rua da Lada, sendo formada a primeira comunidade de jesuítas na cidade, composta por oito padres *8; colocação do Santíssimo Sacramento em capela improvisada e realização da primeira missa; posterior a - obras e ampliação do "Colégio Velho", com a compra de uma nova casa, fruto da oferta dos benfeitores Joana Serrão e João Dias, Estribeiro-mor das Infantas de Castela; 1560 - Bartolomé de Bustamonte dá um parecer sobre a localização do colégio; 1561 - fundação de um primeiro Colégio da Companhia de Jesus no Porto, segundo o Livro da Fazenda do Colégio; 18 Julho - provisão de D. Sebastião; 1563, 30 Agosto - segundo alguns autores, foi neste ano que se iniciou a construção do novo colégio, junto à Sé; 1564, 12 Dezembro - é feita apostila para tomar sítio para instalação do colégio; 1566, 19 Junho - informa-se que a igreja do "Colégio Velho" é de reduzidas dimensões mas que serve suficientemente a prática e serviço religioso; 1568 - após a Congregação Provincial de Almeirim, aprovou-se por unanimidade a fundação de um novo colégio no Porto; 1570 - anexação da Igreja e Abadia do Convento de Vandoma; 10 Agosto - segundo alguns autores, neste ano dá-se o abandono do "Colégio Velho"; 1571, 26 Julho - é pedido ao arquitecto jesuíta Silvestre Jorge para se informar sobre o local do novo colégio e traçar o edifício; 1572 / 1585 - por decreto do Papa Gregório XIII, os Gerais da Companhia de Jesus podiam fundar confrarias ou irmandades nas igrejas que lhes pertenciam; 1572 - o Cabido da Sé do Porto dá parecer favorável à fundação do novo colégio; 1573 - venda de casas para o colégio por Gaspar Monteiro e António Dias; Agosto - lançamento da primeira pedra do novo colégio, junto ao Paço Episcopal; 1574, 31 Janeiro - início da construção dos alicerces; 1575 - interrupção das obras; 1577 - início da construção da igreja, sendo as obras dirigidas por Baltazar Álvares, que fez alterações ao risco inicial da autoria de Afonso Álvares; 10 Agosto - os jesuítas transferiram-se do "Colégio Velho" para o novo; transladação da Eucaristia para uma igreja provisória; 1579 - recomeço das obras com a construção de parte dos dormitórios e da varanda alpendrada; 1584, 28 Julho - venda de uma casa forno a Maria Paez, situada acima da Praça da Ribeira, na entrada da Rua do Colégio Velho; 1585 / 1590 - por decreto do Sisto V, os Gerais da Companhia de Jesus podiam fundar confrarias ou irmandades nas igrejas que lhes pertenciam; 1588 / 1589 - Manuel Luís contrata a obra do cano que conduzia a água desde as Fontaínhas até ao colégio; 1595 - abertura de um caminho e construção de uma escadaria, a fim de facilitar o acesso à futura igreja e portaria; 1597, 28 Junho - a vereação da câmara embarga as obras das aulas dos jesuítas; séc. 17, início - as obras registaram um avanço significativo com a construção de oito cubículos que formavam a ala do corredor, situado no lado SO.; 1602, 7 Janeiro - contrato com António João, mestre de pedraria, para construir parte do novo dormitório; 1602 - fundação da Irmandade de Nossa Senhora da Purificação, também designada por Congregação dos Mercadores, pelo Padre Cláudio Aquaviva, 5º Geral da Companhia; 1604, 4 Maio - Baltazar de Melo, Cónego da Sé de Viseu, doou as casas que possuía junto à igreja, com a obrigação de lhe rezarem missas por sua alma, no altar onde está o retábulo do Espírito Santo, doado por este; 1614 - segundo alguns autores, é nesta data que se dá o início da construção da igreja; 1614, 24 Maio - data do contrato em que Frei Luís Álvares de Távora, Cavaleiro da Ordem de Malta, Bailio de Leça e Lango e Comendador de Poiares se ofereceu para o lugar de fundador do colégio, mediante a construção de um carneiro, no meio da capela-mor, e a colocação do seu brasão na fachada principal da igreja; 1614 / 1616 - Frei Luís Álvares de Távora dá aos jesuítas 30 mil cruzados, sendo as obras do colégio incrementadas, nomeadamente com a construção do pátio principal e da actual igreja; construção do túmulo do fundador, na capela-mor; 1618, cerca de - edificação da capela de Nossa Senhora da Conceição, a mando de João Álvares Caramujo para sua sepultura e de seus pais; 1622 - sagração da igreja, apesar de inacabada; 1625 - construção de um trono eucarístico e de um santuário para as relíquias; colocação do Santíssimo Sacramento, na celebração da canonização de Santo Inácio de Loyola; 1626, 18 Janeiro - morte do Padre António Duarte, benfeitor do colégio, sendo sepultado no cruzeiro, no lado de fora das grades de comunhão, junto a um dos retábulos colaterais, à data dedicado a São Francisco de Borja; 1627 - transladação das ossadas dos confrades e benfeitores do "Colégio Velho" para o novo; 1630 - abertura das aulas gratuitas; 1642, 22 Setembro - contrato com o entalhador Manuel Nunes para execução do primitivo retábulo-mor; 1645 - trabalhos de decoração da sacristia, que incluíam algumas peças de pintura e talha; morte do fundador; 1648 - criação da Confraria da Imaculada Conceição; 1664, 23 Fevereiro - contrato com José Pereira da Costa para o douramento e pintura de dois painéis do primitivo retábulo-mor; 1669 - já existia a aula de filosofia; 25 Agosto - a administração da capela de Nossa Senhora da Conceição passa para os padres da Companhia, por João Álvares Caramujo não ter descendentes; 1675 - início das obras na zona da portaria, visando a substituição da antiga entrada, considerada demasiado estreita e imprópria para as funções de um colégio jesuíta, tendo-se alargado a área inicial e aberto um corredor, com arcos, proporcionando a criação de um local apto para os locutórios e, ainda, para a colocação de bancos, utilizados como confessionários, nos dias de grande afluência de público à igreja; 1686 - referência documental mais antiga da Irmandade de Nossa Senhora da Purificação; o colégio recebia da câmara, por alvará régio, a esmola de 600.000 réis para as suas obras; 1686 / 1687 - obra de talha e douramento do primitivo retábulo de Nossa Senhora da Purificação; 1690 - início da construção da actual fachada principal da igreja; posterior a - construção de cinco salas de aula e oficinas domésticas; 1691 - obras na igreja com construção do portal principal, coro-alto, janelas termais e colocação de pavimento; 1696, 20 Setembro - o Padre Manuel Delgado é nomeado capelão da capela de Nossa Senhora da Conceição; séc. 17, final - execução da imagem de Nossa Senhora da Purificação; 1704, 8 Maio - apresentação dos novos estatutos da Irmandade de Nossa Senhora da Purificação, fazendo alusão aos originais *9; 16 Maio - contrato com Luís Vieira da Cruz para a execução do retábulo da Capela de Sâo Francisco Xavier; 1707 - aprovação dos estatutos da Irmandade de Nossa Senhora da Purificação; 1708 - criação da Confraria de Santa Quitéria; 1709 - criação da Confraria ou Congregação de São Cosme e São Damião, na capela de Nossa Senhora da Conceição; é instituída ou reinstituída a Confraria de Santa Ana, passando a capela a ser administrada pela Casa da Moeda do Porto; conclusão da fachada principal da igreja; data das pias de água benta; 1714 / 1720 - trabalhos na zona da biblioteca dotando-a de estantes, oratório e outros adereços; colocação de azulejos e de um retábulo de talha barroca na capela do colégio, dedicada a São Estalinau de Kostka; lajeamento do patamar exterior da igreja e portaria e obra de pedraria do Largo do Colégio; 1715 - conclusão da obra de talha do primitivo retábulo da capela de Santa Quitéria; 1717 - ornamentação do primitivo retábulo da capela de Santa Quitéria; 1718, 5 Setembro - a Confraria de Santa Ana determina a reforma da sua capela, dotando-a de um retábulo, executado pelo mestre Miguel Coelho, seguindo o modelo do de Santa Quitéria, do mesmo templo; séc. 18, 2º quartel - execução dos azulejos da sacristia; 1727 - pagamento a Manuel Carneiro de quatro anjos de madeira estofados, para colocar no primitivo retábulo de Santa Quitéria; 1728 - o antigo retábulo de Nossa Senhora da Purificação encontrava-se em mau estado de conservação, ameaçando ruína; 1729 - foram pagos "de feitio e de estofar outros quatro anjos de madeira, que alumiavam santuários e relíquias, dez castiçais em metal do norte, sobre dourados e doze relicários em folha-de-flandres para os santuários"; 28 Setembro - é decidido fazer um novo retábulo de Nossa Senhora da Purificação, por não ter conserto o antigo; 1729 / 1730 - execução do actual retábulo de Nossa Senhora da Purificação; 1730 - o ourives Bernardo Correia fez o risco e executou castiçais de prata para a capela de Santa Quitéria; 1730, 21 Dezembro - a imagem de Nossa Senhora da Purificação foi colocada solenemente no novo retábulo; 1730 / 1759 - obras de talha barroca e douramento dos retábulos e respectiva imaginária *10; execução do presépio; 1733 - douramento do retábulo de Nossa Senhora da Purificação, por Pedro da Silva, de Lisboa; 1734 - criação da Confraria de Nossa Senhora da Boa Morte; 1734 / 1735 - o ourives Bernardo Correia executa uma taça de tartaruga, para a capela de Santa Quitéria; 1737, 25 Março - renovação da capela de Nossa Senhora da Conceição, pela Confraria de São Cosme e São Damião, sendo edificado novo retábulo pelo entalhador Francisco Correia; o retábulo retirado é vendido para o convento de São Bento de Avé-Maria; 1748 - douramento do antigo retábulo da capela de Nossa Senhora da Conceição, pelo pintor José Ferreira; 1752 - conclusão de bustos e peanhas, estas últimas iniciadas por Domingos Álvares Ferreira e terminadas pelo ourives Eusébio de Sousa, para a Capela de Santa Quitéria; 1759 - expulsão da Companhia de Jesus de Portugal; 23 Junho - alvará extinguindo as classes e as escolas jesuíticas; 1770, 17 Janeiro - Inventário da prata do Colégio *11; 1770, 3 Fevereiro - data até à qual se cumpriram as obrigações do fundador; 1774, 4 Julho - por carta régia de D. José o colégio é doado à Universidade de Coimbra, com todos os seus bens; 1774, 29 Novembro - a Universidade de Coimbra toma posse do colégio; 1779 / 1780 - os Eremitas Descalços de Santo Agostinho, vulgarmente designados frades grilos, adquirem as instalações do colégio, com todos os seus bens, tornando-se os segundos usuários do edifício; 1784, 1 Março - celebração de acordo entre a vereação e os frades grilos, para que se transferisse o senado para uma parte do antigo colégio; 1787 - D. Maria I ordena a reforma dos estatutos da Irmandade de Nossa Senhora da Purificação; 1789 - aprovação dos novos estatutos da Irmandade; 1794, 1 Setembro - contrato com o entalhador Manuel Moreira da Silva para execução do actual retábulo-mor, com risco de Frei Pedro de São Silvestre, ficando o entalhador com a liberdade de desenhar o remate; 1795 - conclusão do retábulo-mor; 1799 - o Papa Pio VI, concede Carta de Privilégios de Indulgências pela Bula In Ecclesia Matrici Nunct; séc. 18, final - reforma da capela-mor, apenas subsistindo da decoração primitiva o túmulo do fundador; execução dos órgãos, por Manuel Benito Gomes, e dos estuques; séc. 18, final / séc. 19, início - construção de novos retábulos neoclássicos; os laterais são colocados à face das capelas devido às novas necessidades litúrgicas decorrentes da reforma pombalina; substituição da imagem da capela de Santa Quitéria; séc. 19 - construção da Capela do Santíssimo Sacramento; execução do painel da tribuna do retábulo-mor, por João Baptista Ribeiro; 1832 / 1833 - o Cerco do Porto leva os frades grilos a abandonarem o colégio; o edifício alberga o Batalhão Académico, a que pertencia Almeida Garrett; o colégio ficou arruinado, sendo a igreja a mais poupada; 1834, 2 Abril - D. Pedro IV cede o colégio para instalação do Seminário Diocesano do Porto, tornando-se o terceiro usuário do edifício; 1860 - feitura do órgão; 1862 - instalação do seminário, sendo feitos alguns acrescentos; 1866 - o bispo D. João de França Castro e Moura abriu as aulas do seminário e admitiu alunos internos; 1871 - o bispo cardeal D. Américo Ferreira dos Santos Silva pretende instalar uma capela interna no seminário, para maior recolhimento dos seminaristas e destinada aos actos menos solenes; 1872, 27 Agosto - a superiora do Convento de Corpus Christi oferece um altar para instalação na capela interna; 1873 / 1876 - o bispo cardeal D. Américo, foi autorizado, em sucessivas portarias de 18 Março 1873, 19 Novembro 1874, 21 Janeiro e 16 de Dezembro 1876, a gastar a quantia de 16: 642$000 réis em obras no seminário; 1874, Junho / Setembro - obras de ampliação do coro da igreja; 1879 - colocação de sacrário na capela interna, que posteriormente foi aumentada; 1881 / 1882 - o seminário adquiriu paramentos, despendendo a verba de 975$865 réis; até esta data a paramentaria e alfaias litúrgicas eram emprestadas pela Sé; 1882 - data da tela que cobria a boca do retábulo colateral do Sagrado Coração de Jesus, da autoria de Marques de Oliveira; 1899 - morte do bispo cardeal D. Américo, terminando o período de grandes obras de ampliação do seminário, que compreenderam o aumento de quartos, a construção de um refeitório, cozinha, casa de banho e outras dependências; 1906 / 1908 - o bispo D. António José de Sousa Barroso empreendeu a construção da actual biblioteca e algumas aulas, que modificaram a entrada do seminário; 1913 - última reforma conhecida dos estatutos da Irmandade de Nossa Senhora da Purificação; 1914 - aprovação dos estatutos da Irmandade de Nossa Senhora da Purificação, pelo Governo Civil do Porto; 1917 - execução do painel que cobria a boca do retábulo colateral do Senhor Preso à Coluna, da autoria de Manuel Moura, que foi posteriormente substituída por outra da autoria de Joaquim Rafael; anos 40 - construção de túnel rodoviário e de túnel ferroviário sob a escarpa, vindo a agravarem-se os problemas das fundações do edifício; 1952 - data do painel de azulejos de Nossa Senhora da Conceição do pátio principal; 1958, 9 Março - inauguração do Museu de Arte Sacra e Arqueologia, iniciativa de D. Domingos de Pinho Brandão; 1986 - estavam instalados no edifício o Seminário Maior da Diocese, o Museu de Arte Sacra e a Biblioteca do Paço Episcopal; o edifício encontrava-se em mau estado de conservação, tendo sido iniciadas as obras de recuperação; 1988 - interrupção das obras; no terreiro a SO., encontrava-se instalado o Centro Social de Santana; 1990 / 1991 - verifica-se a ocorrência de fendas em algumas paredes da igreja (paredes e capela do transepto, sacristia, cúpula e num contraforte exterior), em algumas paredes do seminário e o desacerto de alguns arcos interiores, marcas visíveis do desnível provocado no assentamento das fundações do edifício e agravado pela construção de túneis sob a escarpa; um dos pontos mais frágeis do desequilíbrio arquitectónico foi detectado no acesso à sacristia, observando-se também fendas nas cornijas e colunas e brechas nos tectos; 1991, 8 Fevereiro - plano de intervenção para a estabilização do edifício proposto pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC); 1993, Dezembro - protocolo realizado entre a DGEMN e o LNEC, tendo em vista a colaboração na estabilização do edifício; 1997 - reabertura da igreja ao culto após as obras de restauro; data do painel de azulejos do Sagrado Coração de Jesus, do pátio principal; 1998, Dezembro - conclusão das obras de restauro e remodelação do Museu, passando o acesso a este a ser feito a partir do Largo do Colégio; 1998, 21 Dezembro - cerimónia de inauguração e reabertura oficial ao público do Museu *12, que ocupa a zona da antiga portaria comum, do corredor das confissões e do coro-alto da igreja; 2005, 10 Julho - inauguração da escultura de Nossa Senhora da Conceição, do patamar junto à actual portaria, da autoria do escultor Isaque.

Dados Técnicos

Estrutura mista.

Materiais

Estrutura de cantaria de granito aparente e rebocada e pintada de branco; granito na cobertura das torres sineiras, cornijas de remate das fachadas, molduras dos vãos, nas coberturas interiores, guias dos taburnos, pavimentos interiores da igreja e seminário, pedra tumular, arcaria do coro-alto, pilastras e arcos de acesso às capelas da nave, nas abóbadas das capelas da nave, no arco cruzeiro, granito na base do retábulo de Nossa Senhora da Purificação, escadarias do seminário, na chafariz do pátio principal, coberturas interiores do seminário, escada helicoidal da biblioteca; calcário no túmulo; mármore pias de água benta e lavabo da sacristia; ferro no guarda-vento, guarda de ferro da varanda; madeira nas tampas dos taburnos, pavimentos interiores da igreja e seminário, cobertura do sub-coro, guarda do coro-alto, nas abóbadas das capelas da nave, órgãos, púlpitos, retábulos, tribunas, sanefas, portas, grade de comunhão, arcaz, armários, pavimento e cobertura da sacristia, tectos da varanda e no interior do seminário, escadarias no seminário, nos armários e varanda da biblioteca; estuque trabalhado em painéis decorativos interiores; azulejos decorativos na igreja, sacristia nova e dependências do seminário; terracota em grande imaginária da igreja; telha cerâmica na cobertura.

Bibliografia

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Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DREMN/DM

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN, SIPA

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Intervenção Realizada

Séc. 19 - Execução de novos puxadores para os registos dos órgãos; Seminário: 1853, Junho / Novembro - primeira obra de reparação do seminário, compreendendo a armação e telha, importando a obra em 900$000 réis; 1854, Julho - apresentação de um orçamento para diversas obras no valor de 5:610$000 réis; 1854 / 1859 - o bispo D. António Bernardo da Fonseca Moniz empreende pequenas obras de reparação no edifício; 1898 / 1899 - são mandados construir 30 quartos; 1907 - a capela interna do seminário foi soalhada a madeira de riga e foi dourado o altar; 1908 / 1909 - restauro do painel do retábulo-mor, tendo custado 260$000 reis; 1909 / 1910 - foi dourada toda a capela-mor, incluindo imagens e castiçais, trono e altar, tendo custado 1300$000 reis; 1910 / 1911 - douramento das sanefas de talha que encimavam o arco cruzeiro, os retábulos colaterais e as janelas sobre o arco e as cadeiras do coro, no valor de 500$000 reis; séc. 20, anos 40 - Obras de precaução a nível das fundações; DGEMN: 1986 - visita à igreja e antigo colégio para análise da situação de conservação e confirmação dos orçamentos, anteriormente apresentados, para a realização de obras; o monumento estava carecido de profundos melhoramentos, tendo sido necessário apreciar em separado a Igreja e o edifício conventual. Na Igreja eram urgentes trabalhos de consolidação e beneficiações diversas em todas as paredes, telhados, vãos e reforços na estrutura e o antigo colégio encontrava-se em melhores condições de conservação; 1986 / 1987 - trabalhos urgentes de conservação; 1987 / 1988 - obras de reparação das coberturas, sendo que o original travejamento em madeira foi substituído por vigas de betão; 1989 / 1990 - continuação das obras e vedação da cobertura da laje da escada; 1990 / 1991- obras de consolidação das fundações, rebocos exteriores e interiores; substituição da instalação eléctrica; DGEMN / Diocese do Porto: 1990 - obras nas coberturas e rebocos exteriores da igreja; obras no colégio; DGEMN / LNEC: 1991 - plano de intervenção para a estabilização do edifício, sendo que a obra consistirá na consolidação da escarpa onde assentam as fundações; 1992 - trabalhos de detecção da causa das fissuras e marcas visíveis de desnível da igreja e antigo colégio; 1993 - continuação dos trabalhos referentes ao ano anterior; consolidação das fundações, compreendendo trabalhos de prospecção e reconhecimento geotécnico; 1994 - estudos para a estabilização do edifício; DGEMN / CMP: 1995 - conservação, restauro e reordenação dos revestimentos azulejares da igreja e antigo colégio (sob o túmulo da capela-mor, sacristia, portaria e escada de acesso ao museu), com coordenação do Museu Nacional do Azulejo; sobre o túmulo da capela-mor, encontrava-se uma amálgama de vários padrões (confirmando que houve alterações no revestimento azulejar de origem), sendo removidos e substituídos por outros que estavam guardados nas dependências do colégio; 1995 / 1996 / 1997 - obras de beneficiação geral do interior da igreja: remoção do soalho, ficando à vista as guias dos taburnos; redefinição e execução de novos pavimentos no sub-coro, nave, transepto, capela-mor e sacristia (colocação de novo pavimento de madeira); melhoramento da instalação eléctrica com iluminação das naves laterais; tratamento, conservação e restauro do retábulo de Nossa Senhora da Purificação; 1996 / 1997 - restauro do lavabo da sacristia nova que apresentava uma situação grave de deterioração da pedra; reparação dos estuques; 1997 - obras de beneficiação dos paramentos exteriores, substituindo-se as largas juntas de cimento escuro, por uma argamassa mimétrica da pedra de construção do edifício, nomeadamente nos locais onde existe alvenaria de granito aparente, como na fachada principal e posterior e empenas laterais; projecto de arranjo dos espaços exteriores, voltados a O., prevendo-se a demolição de anexos e a abertura, nessa zona, de um miradouro, na continuação do Largo do Colégio; encontram-se em conclusão as obras de beneficiação geral do interior da igreja, que inclui o deslocamento dos retábulos da nave, para o topo das capelas (primitiva localização), incluindo-se a execução de pequenos remates; 1998 - restauro do órgão pelo Mestre Pedro Guimarães, da Oficina e Escola de Organaria (Opus n.º 24); acções de beneficiação no museu; 2000 / 2001 - conservação e restauro da pintura policromada sobre granito, nos arcos laterais da capela lateral do lado do Evangelho da nave e na base do altar de Nossa Senhora da Purificação; 2001 - investigação das patologias estruturais do edifício.

Observações

*1 - DOF: "Igreja e Convento dos Grilos, incluindo o seu recheio, no Largo do Colégio". *2 - decorrente da lei de banimento dos Távoras, o escudo da fachada principal terá sido oculto com reboco e o nome Távora inscrito no túmulo do fundador apagado.*3 - A capela de Nossa Senhora das Dores era a antiga capela do Santo Cristo, instituída em virtude de uma doação que ao colégio fez Miguel Melo, Abade de Tendais. *4 - A colocação das tribunas, neste pano, implicou a destruição dos arcos que aí existiam e de que subsistem vestígios, sendo que a do lado do Evangelho impede a leitura da totalidade do túmulo. *5 - segundo Santo Simões, os dois painéis que ladeiam o lavabo são de oficinas diferentes ou foram executados por diversos artífices; a totalidade dos azulejos da sacristia fariam parte de um conjunto de pelo menos 17 painéis, que estariam dispersos pelo edifício e justificam a disparidade temática. *6 - Segundo Manuela Malhoa, J. Pedro Monteiro e Alexandre Pais, estes azulejos poderão ter sido deslocados da nave da igreja, para este sítio, entre 1780 e 1832, durante as obras dos frades grilos, por ser um tipo de revestimento pensado para grandes superfícies. *7 - O Padre Bartolomeu de Bustamante elaborou um relatório justificando a escolha destas casas: "por estar na parte mais frequentada de gente", perto das ruas onde habitam as mais importantes pessoas da cidade, "por ser mais distante de todos os mosteiros de freis e monjas e de obras iglesias", ser local calmo e aprazível, perto do rio e de boa situação geográfica. *8 - esta instalação foi polémica, pois a Câmara não aceitava a presença dos padres jesuítas na cidade, tendo pedido a intervenção da rainha D. Catarina, que lhes respondeu negativamente. *9 - A Irmandade de Nossa Senhora da Purificação era dotada de estatutos próprios, provavelmente desde a sua fundação; os estatutos originais perderam-se, sendo que eram compostos por 25 capítulos onde se regulava toda a vida orgânico-funcional da Irmandade, assim como as obrigações e privilégios dos Irmãos; a estrutura orgânica obedecia a uma hierarquia, em que a chefia era composta por 12 pessoas: um Padre Perfeito (nomeado pelo Colégio), um Capelão-mor, um Juiz, um Escrivão, dois Procuradores e seis Mordomos; a Irmandade possuía ainda numerosos membros, tendo aumentado o seu prestígio até à expulsão dos jesuítas, após o que entrou em declínio, a que não é alheio o facto dos Agostinhos Descalços passarem a ocupar o Colégio; relativamente à sua designação, a maioria da documentação, bem como a bibliografia, que a refere, designa-a por Congregação e a partir de 1787 por Confraria, sendo que no documento mais antigo é denominada Irmandade. *10 - Invocações primitivas dos retábulos da igreja: na capela-mor, São Lourenço, nas capelas do lado do Evangelho, São João Baptista, São Francisco Xavier e Nossa Senhora da Natividade, e no topo do transepto, Nossa Senhora da Purificação; no lado da Epístola, a capela de Santa Ana, de Santa Quitéria, de Nossa Senhora da Conceição e, no topo do transepto, Nossa Senhora da Boa Morte. *11 - Do Inventário das alfaias de prata constavam: um lampadário grande de feitio antigo, com 6 balaústres, que estava na capela-mor; seis castiçais com lavores antigos e outros seis mais pequenos da moda antiga, que tinham inscritos nos pés "Estes castiçais são do Colégio", dois vasos de lavatório, um gomil e respectivo prato, um purificador liso com pires, dois castiçais pequenos de "garra de galinha", uma sacra antiga toda lavrada, dois Evangelhos, duas galhetas com prato, lisas, dois turíbulos lavrados com colher, uma naveta lavrada com colher, quatro ramos grandes lavrados, com várias flores e quatro pedras vermelhas fingindo rubis, um prato redondo antigo, uma custódia em que se expõem o Santíssimo Sacramento, de prata dourada, de feitio antigo, um vaso de dar a Sagrada Comunhão muito grande e outro mais pequeno, lavrado, e de feitio mais moderno, dourado por fora e por dentro, que estava no Sacrário, outro vaso do mesmo tamanho, liso, e também dourado por dentro e por fora, uma cruz da comunidade, de feitio antigo, toda lavrada com Imagem de Cristo encarnada, e a "panela" tendo esculpidos à volta os martírios de Cristo, uma casula antiga e toda lavrada, uma custódia de prata dourada, tendo encastrada a relíquia de São Lourenço Mártir, com a imagem do santo em cima, com 4 pedras falsas por banda, 2 vermelhas e 2 verdes, com 2 campainhas e 2 pendentes, uma custódia tendo encastrada a letra de Santo Inácio de Loyola, venerada como relíquia, rematada por cruz, um Missal de veludo carmesim impresso em Antuérpia, chapeado a prata, uma estante para o missal, seis varas de palio, lisas, quatro castiçais lavrados com pé em triângulo, dois do altar do Santo Borja e os outros do de São Luíz Gonzaga, uma caldeira de água benta antiga com seu hissope, sete cálices com as patenas em prata dourada e colheres, um vaso pequeno e um cálice com colher e patena em prata dourada que estavam na capela interior, um purificador com tampa também da capela interior, uma luneta que servia de custódia, em prata dourada, um lampadário da Capela do Senhor Jesus, de feitio antigo, com cinco balaústres, dois lampadários do cruzeiro, um fronteiro do altar ou Nicho de São Luíz Gonzaga e outro do Nicho do Santo Borja, de feitio antigo e de balaústres cada, um lampadário da Capela da Senhora da Conceição, de feitio antigo e de seis esses lisos e outro da Capela de Santa Quitéria, de seis esses lavrado, uma cruz da banqueta grande toda lavrada e feita à moderna, dois castiçais com pés em triângulo lavrados de meio relevo com algumas partes douradas, outros dois, lisos, pequenos e antigos da Capela do Santo Xavier, quatro ramos de chapa lavrados a meio relevo, com os emblemas de Santa Quitéria dourados, e as jarras também de prata, com algumas guarnições de tartaruga, seis meios corpos da banqueta do altar, com algumas partes douradas, com as peanhas de bronze também dourados, três deles com resplendores e duas com mitras em bronze dourados; seis castiçais pequenos redondos, lavrados no meio do pé e no meio da vasa e duas serpentinas com partes lavradas; dois Evangelhos de prata pregados em pau, com as letras em bronze, uma estante guarnecida de prata, um arco que se costumava por à volta de Santa Quitéria, dez pratos e uma salva pequena que eram para fazer um frontal de prata para o altar da Capela de Santa Quitéria, uma estante guarnecida de prata e assente em tartaruga e encravada em pau, da Capela de São Luís Gonzaga e uma outra do Santo Borja, uma lâmpada lavrada de feitio moderno da Capela de Santa Quitéria e outra com cinco esses da Capela de São Cosme e São Damião, uma cruz com uma pedra vermelha falsa, que pertencia a São João Baptista, duas colheres que pertenciam ao Santo Borja, uma âmbula com patena, que servia os Santos óleos, três remates de diferentes tamanhos que talvez fossem de lâmpadas e outros pequenos elementos; a prata do Inventário pesava 1249 marcos, 4 onças e 2 oitavas (incluindo a tara). *12 - As obras inauguradas em 1998, resultaram da assinatura dum protocolo entre o Seminário Maior da Sé do Porto e a Câmara Municipal, que lidera o Projecto Piloto Urbano do Bairro da Sé, desenvolvido através do serviço de Renovação do Centro Histórico, CRUARB/CH, no qual se integrava a recuperação parcial do Colégio de São Lourenço.

Autor e Data

Isabel Sereno / João Santos 1994 / Paula Noé 1999 / Patrícia Costa 2005

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