Celeiro do Convento de São Francisco / Torre da Horta dos Cães

IPA.00005691
Portugal, Faro, Faro, União das freguesias de Faro (Sé e São Pedro)
 
Arquitectura recreativa e agrícola, barroca, rococó. Edifício de planta central octogonal, com cobertura interior em abóboda de aresta de 8 panos, com tratamento compositivo e decorativo dos alçados de características barrocas convivendo com motivos rocócó. Trabalhos de massa nos alçados exteriores, representando figuras mitológicas (Adamastor e Hércules), com paralelos nos da Casa das Figuras (v. PT050805040015), pertencente ao mesmo mecenas e mestre. Terá sido provavelmente de origem uma Casa de Fresco mandada construir por uma família da nobreza local (LAMEIRA). Integra um conjunto de obras encomendadas pelo Desembargador Veríssimo de Mendonça Manuel ao mestre pedreiro algarvio Diogo Tavares e Ataíde, onde o trabalho de massa encontra-se bem presente. É o único imóvel de arquitectura civil com planta octogonal no Algarve.
Número IPA Antigo: PT050805050005
 
Registo visualizado 1146 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Armazenamento e logística  Celeiro  Celeiro conventual  

Descrição

Planta simples, centralizada, octogonal. Massa simples, disposta na vertical, em dois pisos, com cobertura homogénea em telhado de 8 águas. Alçados de alvenaria rebocada e caiada dispostos em dois registos definidos por friso simples; embasamento envolvente de massa e remate em cornija saliente, em popa de rola, e beirado. Oito alçados delimitados por pilastras angulares, de massa, munidas de bases e capitéis de voluta. No piso térreo, cada pano é rasgado por óculo elíptico, alguns entaipados; superiormente, rasga-se em cada pano, janela rectangular. No alçado principal, a O., rasga-se a porta de entrada, em arco de volta-perfeita sobreposta por composição em massa de concheados e volutas, com as armas dos Mascarenhas Figueiredo, ocultando o óculo, nas quais são perceptíveis vestígios de pigmentação branca e vermelha; no alçado E., ao nível do 2º registo, rasga-se porta de verga recta. Os vãos das janelas e óculos possuem molduras em massa. Os dois panos que ladeiam o alçado principal, são decorados com trabalhos de massa representando duas figuras mitológicas, Hércules e Adamastor, de grandes proporções, assentes sobre plintos duplos sobrepostos ao embasamento: a SO., a figura de Hércules, porta os seus atributos: veste pele de leão, enrolada nas pernas a hidra de Lerna e na mão direita a maça com o javali de Erimanto; possui uma legenda pouco perceptível; a figura do Adamastor, a NO., é personificada por um índio: traja vestuário e turbante de penas e luta com um crocodiloa; na legenda "CABO DE BOA ESPERANSA ADAMASTOR". Envolvendo os alçados E., SE. e S. escada de ferro de acesso à porta E. *1. INTERIOR: não há coincidência entre interior e exterior *2; piso térreo com cobertura em abóbada estrelada de oito panos, pintada de vermelho; pavimento em ladrilho cerâmico; compartimentação interior muito recente *3.

Acessos

Rua Manuel Penteado, Rua da Cordoaria, Campo de São Francisco e Rua Teresa Ramalho Ortigão

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 129/77, DR, 1.ª sére, n.º 226 de 29 setembro 1977

Enquadramento

Urbano, planície, flanqueado, destacado, em ligeira elevação, inserido na extremidade de malha urbana de princípios do séc. 20; a E. situa-se largo usado como parque de estacionamento dos blocos de apartamentos próximos; integra logradouro de propriedade particular, cercado por um muro; adossado a NE. a edifícios de habitação arruinados. Perto da antiga Horta do Convento de São Francisco (v. PT050805050076), em terreno antigamente designado por Horta dos Cães e próximo de um troço da Cerca Seiscentista (v. PT050805040040).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Armazenamento e logística: celeiro

Utilização Actual

Residencial

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Diogo Tavares de Ataíde, mestre pedreiro (atr.)

Cronologia

1669 - nasce Veríssimo de Mendonça Manuel, futuro desembargador de Faro; 1686 - casamento de Veríssimo de Mendonça Manuel com Maria Rafaela de Sequeira; 1700 - nascimento de Teresa Francisca de Mendonça Manuel, filha de Veríssimo de Mendonça Manuel e de Maria Rafaela de Sequeira; 1711 - na devassa feita a mando do Bispo D. António Pereira da Silva, surge a designação de Horta dos Cães; 1727 - casamento de Teresa Francisca de Mendonça Manuel com Diogo Mascarenhas de Figueiredo, sargento-mor de Faro; 1730 - nasce Manuel Mascarenhas de Figueiredo Manuel, neto do desembargador; 1747 - morre Veríssimo de Mendonça Manuel; 1761 - morre Diogo Mascarenhas de Figueiredo; 1789 - morre Manuel Mascarenhas de Figueiredo Manuel; Séc. 18 - construção do imóvel no espaço então denominado Horta dos Cães, compreendido entre a Cerca seiscentista (v. PT050805040040), a Cerca do Convento de São Francisco (v. PT050805050076), a R. da Cordoaria e o Campo de São Francisco; a obra foi encomendada pelo Desembargador Veríssimo de Mendonça Manuel ao mestre pedreiro Diogo Tavares de Ataíde; 1746 - testamento de Francisco Ribeiro, irmão Terceiro do Carmo, "hortelão da horta chamada dos cães intramuros desta cidade"; 1780 - os frades marianos adquirem ao Capitão Manuel de Figueiredo Mascarenhas, um terreno denominado por Ferragial, situado junto aos baldios e trincheiras antigas da cidade, para edificação do seu convento; o capitão Manuel de Figueiredo Mascarenhas surge na qualidade de "administrador do vínculo de sua casa que instituiu o Dezembargador Veríssimo de Mendonça Manuel (CORREIA, 2006) *3; 1869 - 1872 - na planta da cidade levantada por B.M.F. de Andrade o terreno até aí designado por Horta dos Cães surge com a designação de Horta de São Francisco; 1879 - numa escritura de hipoteca de casas sitas no campo de São Francisco mantem-se a topomínia de Horta de São Francisco para designar a antiga Horta dos Cães; 1919 - a família Ramalho Ortigão, então proprietária da Horta de São Francisco, propõe a urbanização do terreno; 1924 - urbanização do terreno da Horta de São Francisco; posteriormente transformado em habitação, em cada um dos pisos; 1989 - ruína da escada exterior que servia o 2º piso; 2005, Dezembro - elaboração de alçados fotográficos do exterior pela DGEMN.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Estrutura de alvenaria, cobertura em telha de canudo, pavimento em ladrilho cerâmico, madeira em portas e caixilhos.

Bibliografia

CORREIA, José Eduardo Horta, A Torre da Horta dos Cães, Revista Monumentos, n.º 24, Março, DGEMN, 2006; LAMEIRA, Francisco, Faro Câmara Municipal, Cultura, Faro, s.d. (brochura); IDEM, Faro - A Arte na História da Cidade, Faro, 1999; PAULA, Rui M. e PAULA, Frederico, Faro - Evolução Urbana e Património, Faro, 1993; ROSA, José António Pinheiro e, Monumentos e Edifícios Notáveis do Concelho de Faro, Faro, 1984.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/Carta de Risco, DGEMN/DREMSul; CMF

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/Carta de Risco,

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

*1 - a escada substitui uma primitiva de alvenaria entretanto caída e ainda visível em fotografias; *2 - o octógono exterior encontra-se ligeiramente rodado em relação ao octógono interior; *3 - o terreno, até há poucos anos designado por Horta do Ferragial, é referido no documento de aquisição como partindo "pelo norte e nascente com o Campo da Trindade e estrada que vai para o moinho do mestre de Campo Fernando José de Seabra Neto e pelo sul com o mar e caldeira do moinho chamado de São Francisco até topar na Vala Real com a qual e a trincheira nas valas que dividem a Cerca do convento de São Francisco e da Horta dos Cães pela parte do Poente" (CORREIA, 2006).

Autor e Data

João Neto 1991 / Daniel Giebels e Rosário Gordalina 2005

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login