Castelo de Marialva / Castelo e cerca urbana de Marialva

IPA.00005931
Portugal, Guarda, Mêda, Marialva
 
Castelo e cerca urbana muralhada, medievais, de defesa passiva, de traçado irregular ovalado, envolvendo recinto da cidadela de traçado também irregular. Torre de menagem isolada e de planta trapezoidal. Torres de planta quadrada e rectangular. Portas em arco pleno e em arco quebrado. Ameias pentagonais. Medidas - padrão integradas na Porta do Anjo da Guarda.
Número IPA Antigo: PT020909080011
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Castelo e cerca urbana    

Descrição

Recinto urbano muralhado com traçado irregular ovalado, descrevendo numerosas inflexões e desprovido de merlões, subsiste todo o perímetro, ainda que desmoronado em alguns troços nos lados N. e S.. Apresenta quatro portas: Porta do Anjo da Guarda, orientada a SE., em arco quebrado, coberta com abóbada de berço quebrado e encimada no exterior por nicho, observando-se ainda as medidas - padrão da vara, côvado e palmo; Porta do Monte ou da Forca, orientada a N., em arco pleno no lado exterior e em arco quebrado no lado interior, coberta com abóbada de berço quebrado; Porta de Santa Maria, orientada a E., em arco pleno, coberta com abóbada de berço e encimada por nicho no lado exterior; Postigo, orientado a S., em arco plenbo, coberto com abóbada de berço. Possui três torres no lado N., o mais exposto. Torre do Relógio, situada a O., de planta rectangular, com 1º registo cego, 2º registo com porta de lintel recto entaipada a S., porta de lintel recto biselado a N. e janela idêntica a O., 3º registo cego e remate com ameias pentagonais. Torre do Monte ou dos Namorados, situada a N., de planta quadrada, com o coroamento e o cunhal S. desmoronado, conservando algumas ameias pentagonais. Torre da Relação, situada a N., de planta quadrada e parcialmente desmoronada. Integra poço - cisterna, de planta circular, assente em quatro degraus octogonais e com cortina formada por duas peças de secção octogonal. Cidadela: localizada no ponto mais elevado em grande afloramento rochoso, pólo exclusivamente militar, traçado muito irregular, adaptado à topografia, integra torre de menagem e comunica com a vila por duas portas, a Porta da Cidadela, orientada a S. e em arco quebrado e o Postigo, orientado a E., de lintel recto. A torre de menagem apresenta planta trapezoidal. Na área urbana intra-muros conserva-se o pelourinho, ruínas da antiga Casa da Câmara, bem como a Igreja de Santiago e a Capela do Senhor dos Passos. Tem duas cisternas fora de portas.

Acessos

Rua da Corredoura

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto nº 95/78, DR, 1ª série, n.º 210 de 12 setembro 1978 *1

Enquadramento

Urbano, isolado e destacado, situado num cabeço a cerca de 595 m. de altitude, sobranceiro à Ribeira de Massueime e Ribeira da Teja e ao núcleo populacional da Devesa na zona baixa, com acesso através do núcleo populacional extramuros, zona de topografia acidentada. Para E., avista-se um vasto planalto até ao Rio Côa. Situado sobre o antigo Castro de São Justo.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: castelo e cerca urbana

Utilização Actual

Cultural e recreativa: monumento

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

DRCCentro, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009

Época Construção

Séc. 12 / 14

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

Idade do Ferro - existência de castro dos Aravos, tribo lusitana; séc. 2 / 4 d.C. - reconstrução da cidade de Aravor pelos Imperadores Adriano e Trajano na zona baixa da Devesa; séc. 4 / 5 - construção de fortaleza no local do castro; 960 - surge referido no testamento de D. Flâmula, tendo sido doado ao mosteiro de Guimarães; 997 - foi tomado por Almançor; 1063 - reconquista por Fernando Magno de Leão; 1179 - concessão de foral por D. Afonso Henriques; 1200 - reedificação do castelo por D. Sancho I; 1217, Novembro - confirmação do foral por D. Afonso II; 1286 - criação da feira por D. Dinis, que teria reedificado o castelo; 1422 - no Rol dos Besteiros, existe a referência a 2982 habitantes; 1440 - concessão do título de Conde de Marialva a D. Vasco Fernandes Coutinho, pelo regente D. Pedro; 1496 - na Inquirição, existe a referência a 276 habitantes; 1512, 15 Dezembro - concessão de foral por D. Manuel, que teria mandado fazer obras na fortaleza; 1527 - no Numeramento, existe a referência a 548 habitantes; 1559 - obras de reparação no castelo durante a Regência de D. Catarina, conforme inscrição na muralha; séc. 17 - construção de um baluarte; 1663 - concessão do título de Marquês de Marialva a D. António Luís de Menezes, por D. Afonso VI; 1758 - ainda se conservava intacta a cintura muralhada, era alcaide-mor o Marquês de Távora *2; séc. 18, 2ª metade - o castelo teria começado a cair em ruínas e ter-se-ia iniciado o progressivo abandono do espaço habitado, facto atribuível á condenação dos Távoras em 1759; 1855, 24 Outubro - extinção do estatuto concelhio e integração no município de Vila Nova de Foz Côa; 1872 - integração no município de Mêda; 2001, 27 de Janeiro - parte da muralha que envolvia a torre de menagem ruíu, devido às fortes chuvadas; 2006 - parte de uma das muralhas ruíu; 2007, 20 dezembro - o imóvel é afeto à Direção Regional da Cultura do Centro, pela Portaria n.º 1130/2007, DR, 2.ª série, n.º 245.

Dados Técnicos

Elementos dominantes: paredes autoportantes.

Materiais

Granito; cantaria e alvenaria, revestimento inexistente.

Bibliografia

TAVARES, J. A. Abrunhosa, História e Arqueologia por Terras da Mêda, in Altitude, Guarda, 1942; ALMEIDA, João de, Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, Lisboa, 1945; RODRIGUES, Adriano Vasco, Necrópole de Civitas Aravorum, Porto, 1961; PERES, Damião, A Gloriosa História dos Mais Belos Castelos de Portugal, Lisboa, 1969; RODRIGUES, Adriano Vasco, Terras da Mêda, Mêda, 1983; GIL, Júlio e CABRITA, Augusto, Os Mais Belos Castelos de Portugal, Lisboa, 1986; NEVES, Vítor M.L. Pereira, Três jóias esquecidas - Marialva, Linhares e Castelo Mendo, Castelo Branco, 1993; GONÇALVES, Luís Jorge Rodrigues, Os castelos da Beira interior na defesa de Portugal (séc. XII - XVI), [dissertação de mestrado], Lisboa, Faculdade de Letras de Lisboa, 1995; GOMES, Rita Costa, Castelos da Raia. Beira, vol. I, Lisboa, 1997; Muralha do Castelo de Marialva ruiu - IPPAR desleixado, in Nova Guarda, 01 Fevereiro 2006.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

DGEMN: 1942 - plano geral das obras de reparação e beneficiação do Castelo de Marialva: reconstituição total da torre de menagem segundo os elementos existentes, incluindo reconstrução dos respectivos pavimentos, comunicações e vedação; apeamento e reconstrução dos troços de muralha que ameaçam ruir; assentamento de cantaria segundo o existente para melhor definir a estrutura do castelo; regularização dos adarves e parapeitos; limpeza da cisterna; assentamento de portas; escavações em terra compacta; limpeza de cantarias. 1943 / 1944 - diversas obras no Castelo de Marialva: consolidação das muralhas com cintagem de betão armado; apeamento e reconstrução de muralhas; construção e assentamento de ameias. 1945 - restauro do Castelo e obras na Igreja de Santiago: escavação em terra compacta para regularização de piso; remoção de pedra das muralhas derrocadas; limpeza da cantaria e tomada das juntas nas muralhas; construção da armação da cobertura e telhado; consolidação com cintagem de betão armado de soalho. 1973 - obras de limpeza e sondagem no castelo, no contexto do plano de consolidação e beneficiação geral; escavações para sondagem; limpeza e arranque de vegetação parasitária; consolidação de troço de muralhada. 1974 - obras de consolidação no castelo: continuação do trabalho de consolidação de troços de muralha (junto à Torre do Monte); outras consolidações em edifícios intra-muros; arranque de silvados no recinto intra-muros. 1976 - obras diversas de consolidação no interior do castelo: obras nas construções centrais da praça principal intra-muros; prospecção geral ao perímetro muralhado; consolidação do pelourinho: ajustamento da cantaria e recalçamento; consolidação do poço junto ao pelourinho; consolidação de paredes na antiga casa da câmara, incluindo escoramento, tomada de juntas, reposição de alvenaria e silharia na posição original, preenchimento dos vãos com argamassa, reconstrução de cunhal derrocado e colocação do escudo; outras consolidações de paredes para evitar derrocadas de edifícios e muralha; limpeza e consolidação de adarves e muralhas nos sectores mais carenciados. 1986 - obras de conservação nas capelas do castelo: reconstrução da cobertura da Capela do Senhor dos Passos; limpeza da cal existente nas cantarias dos alçados exteriores e refechamento de juntas na Capela de Santa Bárbara. 1987 - obras de recuperação e beneficiação no castelo: colocação de elementos de ferro em falta na grimpa do pelourinho; consolidação de dois paramentos de parede da ruína de uma casa de judeu, existente junto do edifício da antiga câmara; reconstrução da cobertura da Capela do Senhor dos Passos; reconstrução de uma parte da muralha (junto à Porta do Anjo da Guarda). 1990 - obras de recuperação no castelo: intervenção na Torre do Monte com colocação de silhares em falta *3; IPPAR: 2003, Fevereiro - concurso público para adjudicação da obra de recuperação e reconstrução dos troços das muralhas do castelo.

Observações

*1 DOF: Castelo de Marialva, incluindo não só a torre de menagem, como todas as muralhas, portas e demais vestígios existentes. *2 - "Tem uma cinta de muralha antiga de pedra grande de cantaria, de largura de oito palmos e de altura em partes de trinta, pelo cimo com suas ameias, e por dentro à roda com muitas escadas de pedra do mesmo muro para se subir a ele, e tem tres torres que conservam os nomes, huã do Relogio outra da Relação e outra dos Namorados. No meio do terraplano em cima de um penhasco está o castelo, tambem com sua muralha À roda (...) Porem uma contra muralha se acha em varias partes arruinada, e com suas aberturas, e dentro da principal está a Paroquia da freguesia, Casa da Câmara, Cadeia e Pelourinho, e moram ainda oito vizinhos, porque os mais se tem extinguido (...)" (GOMES, Rita Costa, p. 123); *3 - projecto de renovação da área intra-muros elaborado pelo Gabinete Técnico Local, através de protocolo entre o IPPC e a Câmara Municipal da Meda.

Autor e Data

Margarida Conceição 1992

Actualização

 
 
 
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