Praça da Ribeira e Área envolvente

IPA.00006145
Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória
 
Componente urbano. Espaço urbano de confluência. Praça da ribeira setecentista com origem em rossio medieval. Ao longo do Rio Douro, desde cedo se fixaram populações que se dedicariam a actividades com ele relacionadas, estruturando as suas construções segundo um eixo paralelo ao Douro. A existência do Rio da Vila cortou esse eixo dividindo-o em duas secções que viriam a dar origem à R. da Fonte Taurina e à R. da Lada. Por outro lado, o vale do Rio da Vila foi aproveitado para através dele se fazer o acesso da Ribeira, área de funções urbanas relacionadas com as actividades piscatórias e comerciais, para o morro da Sé, zona de funções administrativas e religiosas, o que daria origem à R. dos Mercadores. Este eixo constituía o acesso, não só à parte alta da cidade, mas também a ligação do Douro com as estradas que partiam em direcção a N. e a E. É na confluência destes dois eixos que se vai desenvolver um espaço não edificado que os relaciona entre si e os põe em contacto com o Rio Douro: a Pç da Ribeira. A actual R. Infante D. Henrique, anteriormente R. Nova, R. Formosa e R. dos Ingleses, constitui um 2º eixo, mais recuado, paralelo ao rio Douro, cuja abertura decorre dos propósitos reorganizadores do urbanismo ribeirinho pelo rei D. João I. A partir da 2ª metade do séc. 18, passa a ser interceptada perpendicularmente na zona E. do seu traçado pela R. de S. João. Esta rua foi aberta para facilitar o acesso à Pç. da Ribeira a quem se lhe dirigia desde o Lg. de S. Domingos e a R. de S. Catarina das Flores, um dos mais importantes eixos da cidade desde o séc. 16. A abertura da R. de S. João integra-se numa profundamente reforma da Pç. da Ribeira que lhe conferiu um aspecto muito semelhante ao actual.
Número IPA Antigo: PT011312130034
 
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Registo

 
Conjunto urbano  Elemento urbano  Espaço de confluência  Praça    

Descrição

ESTRUTURA URBANÍSTICA: a Pç. da Ribeira apresenta planta rectangular aberta a S. para o rio Douro e com um ligeiro pendor naquela direcção. Constitui o espaço de confluência de diversos eixos de sentido E. - O., ao longo do rio, e N. - S., permitindo o acesso da zona ribeirinha à parte alta da cidade. Entre os primeiros, são de referir o Cais da Ribeira que tem continuidade pelo Cais da Estiva, imediatamente sobre o rio; as ruas que se estruturaram à cota alta sobre os troços conservados da antiga muralha fernandina, a R. de Cima do Muro e a do Muro dos Bacalhoeiros; paralelas à antiga muralha, já no espaço intramuros, a R. dos Canastreiros, em grande parte do seu trajecto transformada em galeria, tendo continuidade para o lado O. da Pç. pela R. da Fonte Taurina. Com início no topo N. da Pç. da Ribeira, existe a R. dos Mercadores, de traçado estreito, rodeando o Morro da Sé, e a R. de S. João, de traçado mais amplo, aberta no séc. 18, para facilitar o acesso para NO. Transversal à R. de S. João, a R. do Infante D. Henrique é um eixo também paralelo ao rio mas mais recuado, de traçado largo. ESPAÇO CONSTRUÍDO: a Pç. da Ribeira tem o lado oposto ao rio rematado por uma fonte monumental entre o início das ruas de S. João e a dos Mercadores. A estrutura arquitectónica envolvente ocupa o espaço correspondente a um edifício de três andares, ostentando o escudo das armas de Portugal, sob as quais está um nicho destinado a receber uma imagem. Inserindo-se no mesmo projecto de reforma da Pç., as fachadas a O. apresentavam uma distribuição original em três registos. Posteriormente e por diversas vezes, estas fachadas foram ampliadas chegando a atingir actualmente sete pavimentos. Ao nível do r/c, existem arcadas formando galeria, hoje completamente fechada e constituindo espaço interior. O andar principal, é formado por altas aberturas com varandas, seguindo-se-lhe o 3º andar com janelas de peitoril de reduzidas dimensões. As fachadas a E., constituem um interessante conjunto de casas do tipo estreito e alto do Porto, recentemente restauradas. Apresentam portas largas ao nível do r/c e fachada de tabique com andares em ressalto, algumas, enquanto outras tem a fachada lisa de pedra. No centro da Pç. existe um fontanário reconstruído durante os recentes trabalhos de restauro o qual integra uma escultura de José Rodrigues. Na R. do Infante D. Henrique, tem destaque a casa da Feitoria Inglesa. A fachada principal de feição classizante organiza-se em 4 registos sendo o r/c formado por arcadas. O 3º andar possui altas aberturas, com varandas e frontões, enquanto o 2º e o 4º, concebidos sob a forma de mezzanini, possuem janelas de menores dimensões, de peitorial. A frontaria remata com uma platibanda, decorada por balaústres e festões. No interior é de salientar a escadaria com clarabóia, a sala de baile e, no último andar, a cozinha que conserva todo o equipamento original e a baixela primitiva. No extremo O. da mesma rua, localizam-se a Casa do Despacho da Venerável Ordem Terceira de São Francisco (v. PT011312130040) e a Igreja de São Francisco (v. PT011312130005).

Acessos

Porto, Praça da Ribeira, Rua de São João e Rua Infante D. Henrique

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 516/71, DG 1ª série, n.º 274 de 22 novembro 1971* / Incluído no Núcleo urbano da cidade do Porto (v. PT011312140163)

Enquadramento

Urbano. Localiza-se em pleno Centro Histórico, na zona ribeirinha, abrindo do lado S. para o rio Douro. Ocupa a parte terminal do antigo vale do rio da Vila, hoje completamente subterrâneo. É dominada a NE pelo Morro da Penaventosa onde se localiza a Sé do Porto. Actualmente vedada ao trânsito automóvel, dispõe, sobretudo do lado E. de um grande número de esplanadas. A R. Infante D. Henrique, ao dar acesso ao túnel sob o Morro da Sé e à Av. Marginal, constitui uma das mais procuradas saídas da cidade pelo trânsito automóvel que se dirige para E. ao longo do rio Douro.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Não aplicável

Afectação

Não aplicável

Época Construção

Séc. 14 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: John Whitehead (séc. 18).

Cronologia

1395 - são iniciadas as obras de construção da R. Nova, actual Infante D. Henrique; séc 15, finais / séc. 16, inícios - incêndio consumiu toda a envolvência da Praça da Ribeira levando à reconstrução da mesma;1763 - sob o governo de João de Almada, são elaborados planos de alteração da Praça tendo sido decidido reconstrui-la de acordo com um plano monumental que incluia arcadas: para a fachada ocidental da Praça surge um primeiro projecto, da autoria de Francisco Pinheiro da Cunha, depois abandonado, mas que chegou a ser iniciado, como se pode ver na esquina com a R. da Fonte Taurina, onde ainda se observam vestígios do maciço de pedra que constituiria o cunhal desse edifício; 1776 / 1782 - desenrolam-se obras segundo um novo projecto, da autoria de John Whitehead, que conferiu à fachada O. da Praça um aspecto muito semelhante ao actual; 1784, a partir - foi construído um novo cais, desde os Guindais até aos ancoradouros tradicionais; 1785 / 1790 - construção da casa da Feitoria Inglesa, situada na esquina das ruas Infante D. Henrique e S. João, cujo projecto é atribuído a John Whitehead; 1822 - demolida a Porta da Ribeira e o troço de muralha em que se inseria abrindo a Praça para o rio.

Dados Técnicos

Não aplicável

Materiais

Não aplicável

Bibliografia

MANDROUX-FRANÇA, Marie-Thérèse, Quatre phases de l'urbanisation de Porto au XVIIIe Siècle, Colóquio Artes, 2ª Série, 14º ano, nº 8, Julho 1972. p. 35 - 46; Porto a Património Mundial, Porto, 1993, p. 165, 166 - 167 e 178; Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, Inventário, Lisboa, 1993, vol. II, Distrito do Porto, p. 59.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DREMN

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1981 - Obras de renovação do quarteirão com frente para o lado E. da Pç. pelo Projecto Municipal CRUARB.

Observações

* DOF: Conjunto urbano constituído pela Praça da Ribeira e suas naturais extensões, ou sejam, a Rua de São João e respectiva transversal, a Rua do Infante D. Henrique.

Autor e Data

Isabel Sereno / Paulo Dordio 1995

Actualização

 
 
 
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