Casa Nobre de Lázaro Leitão Aranha / Universidade Lusíada

IPA.00006221
Portugal, Lisboa, Lisboa, Belém
 
Arquitectura residencial, setecentista. Casa de planta em L, que envolve uma zona ajardinada, e se integrava numa quinta de maiores dimensões. Fachada principal dividida em vários panos simétricos, revelando uma reforma de influência pombalina, com vários panos, o central mais simples e com remate alteado e curvo, possuindo dois corpos torreados laterais, mais elevados, tendo coberturas duplas, a imitar os pagodes, de dois pisos, com varandas nos superiores, protegidas por grades de ferro forjado. No extremo direito, a capela adossada, integrando-se no esquema de simetria da fachada, mas marcada por uma sineira rematada por cornija curva. O interior tem acesso por amplo vestíbulo, com escadas frontais de guardas plenas almofadadas e com arranques volutados, que levam a uma dependência que liga ao jardim e às alas laterais do imóvel. Estas apresentam azulejo figurativo azul e branco, representando, essencialmente cenas galantes, de produção setecentista, possuindo alguns acrescentos do séc. 20, nomeadamente nas sobreportas e janelas. A capela segue os esquemas pombalinos, de planta longitudinal simples, com cobertura em falsa abóbada de berço, com apainelados pintados, com as paredes revestidas a azulejo figurativo, representando a Paixão de Cristo, tendo, na parede testeira, painel com a imagem do orago, rodeado por moldura pintada e dourada; tem altar em forma de urna, encimado por sacrário em forma de templete. Edifício situado numa área de ocupação de cariz eminentemente aristocrática, exteriormente equilibrado, harmonioso mas com certa simplicidade, principalmente no corpo central, com beirados dos telhados salientes e de pontas recurvadas e utilização de mansardas na fachada posterior. Os telhados salientes surgem nos corpos torreados que dinamizam a fachada, ostentando, no segundo piso, os panos recuados, dando origem a varandas com guardas de ferro forjado, uma delas, sobre a capela, de maiores dimensões e possuindo azulejo monocromo, cercado por moldura azul, o mesmo tipo que surge nas antigas zonas de serviço, na cave, e nas floreiras que surgem adossadas às guardas dos pátios da cave. De destacar o vestíbulo, com uma escada de aparato bem lançada, com arranque volutado e decorado por almofadados, tendo, no topo, quatro colunas jónicas que sustentam um enorme arco abatido que marca o final desta dependência. Esta possui uma série de azulejos recortados sobre um silhar de pedra torta, ornado por apainelados de festões e carrancas, que representam, na forma de damas e cavalheiros, as Estações do Ano, desconhecendo-se qual o significado desta sala, uma vez que o vestíbulo original ficava no lado O., possuindo o palácio um eixo longitudinal. As várias dependências possuem azulejo figurativo, em monocromia, de azul cobalto sobre fundo branco, excepto a sala a que acede o vestíbulo, a azul manganês, representando cenas galantes e pastoris, uma delas com alusões musicais, possuindo esta sala um tecto pintado com anjos em glória, rodeados por acantos, carrancas e festões. A biblioteca tem dois andares de armários em talha pintada de branco e dourada. Algumas fachadas mantêm as caixilharias de guilhotina. A capela possui um notável revestimento de azulejos, representando a Paixão de Cristo, tendo o tecto apainelado, onde se distinguem, em estuque, as figuras dos Evangelistas. O que subsiste do jardim revela uma zona formal, com quatro canteiros, que centram caminho crucífero, onde surge um lago com repuxo.
Número IPA Antigo: PT031106320161
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta em L

Descrição

Conjunto de edifício que ocupa parte de uma antiga Quinta, composta pela casa nobre, cuja fachada posterior abre para jardim de planta rectangular, circunscrito por dois corpos de execução recente, um rectangular, no eixo de um dos braços do L, com cobertura metálica plana e executado em metal e vidro, e um, de maiores dimensões, de planta rectangular irregular, constituído por vários corpos que se foram adossando, executados em madeira e betão, com coberturas metálicas diferenciadas em telhados planos, de duas e quatro águas. No lado direito deste, o acesso a esta zona de aulas, composto por portão rectilíneo e amplo espaço para estacionamento. Adossados, dois edifício de três pisos, com coberturas diferenciadas a duas águas, com trapeiras, que também faz parte do complexo da Universidade. O EDIFÍCIO PRINCIPAL é de planta em L, composta por um corpo virado à via pública, com dois corpos torreados laterais, e um perpendicular a este no extremo direito, ambos de plantas rectangulares simples, com coberturas diferenciadas em telhado de quatro águas neste último e de duas águas no principal, marcado, na fachada posterior, por seis trapeiras, possuindo, sobre os corpos torreados, cobertura a quatro águas, em dois níveis, imitando a estrutura dos pagodes. Fachadas rebocadas e pintadas de rosa, percorridas por embasamento de cantaria e rematadas em friso, cornija e beirada simples, que se alteia de forma curva na zona central da fachada principal. Fachada principal, virada a S., dividida em sete panos por pilastras toscanas colossais, algumas com gárgulas e encimadas por urnas do tipo Médicis; os três centrais são protegidos por grade de perfil semielíptico, intercalada por acrotérios de cantaria, com remate em ponta de diamante; estes evoluem em dois pisos, correspondendo à cave, de que se visualizam sete janelas jacentes com molduras de cantaria, protegidas por grades metálicas, e o piso superior, com sete janelas de peitoril rectilíneas e com molduras de cantaria, assentes em pequenas mísulas e recortadas na zona superior; as centrais são mais elaboradas, surgindo duas com remates em cornija e uma com friso côncavo e pedra de fecho, encimada por frontão triangular. Todas elas estão protegidas por estores brancos. Os corpos torreados são semelhantes, com dois pisos, o inferior com portões em arco abatido com fechos salientes, que se prolongam até ao segundo piso, tendo molduras recortadas de cantaria; encontram-se protegidos por portas de madeira almofadadas, a do lado esquerdo com bandeira envidraçada possuindo grade metálica vazada, e são ladeados por óculos ovalados, com molduras de cantaria e protegidos por grades metálicas. O segundo piso é recuado, dando origem a uma pequena varanda com guarda em ferro forjado pintada de verde, formando elementos enrolados e possuindo acrotérios, de onde partem dois mastros, para onde abrem três portas janelas com molduras recortadas, as laterais rectilíneas e a central formando um alteamento e uma curvatura, que interfere no remate da fachada, que acompanha esta forma. Os panos exteriores são estreitos e com dois pisos, o do lado esquerdo com porta de verga recta e moldura simples de cantaria, encimado por varanda semelhante à anterior e dividida por elemento de cantaria curvo, para onde se abre porta janela rectilínea com moldura recortada. O pano do lado direito, corresponde à Capela, com porta de verga recta e dupla moldura recortada, com pingentes laterais, encimado por óculo ovalado, com dupla moldura, a exterior formando volutas, rematando em cornia onde assenta sineira em arco de volta perfeita, tendo aletas volutadas e sobrepujada por cornija curvilínea; esta interrompe a guarda balaustrada da varanda do piso superior, mais profunda que as anteriores, para onde abre porta rectilínea, tendo os paramentos laterais revestidos a painéis de azulejo monocromo branco, com cercadura azul e remate em cornija de cantaria. Fachada posterior com três pisos e três panos, os laterais formando os corpos torreados. O piso inferior abre por portas e janelas de verga recta para dois pátios abertos, protegidos, ao nível do segundo piso por guardas metálicas, a que se adossam floreiras revestidas a azulejo monocromo. O piso intermédio possui porta central em arco de volta perfeita com fecho saliente e moldura recortada, rematando em cornija angular, flanqueado por quatro janelas de peitoril com moldura recortada e ampla. O piso superior tem duas janelas de peitoril em arco abatido com molduras recortadas em cantaria e com caixilharias de guilhotina. Cada corpo torreado tem três janelas rectilíneas no piso inferior e duas em arco abatido no superior, todas com molduras simples. O outro braço do L tem, na face E., o piso inferior com janelas de peitoril rectilíneas, encimadas por janelas em arco abatido, todas com molduras simples. INTERIOR com acesso por vestíbulo rectangular, com as paredes parcialmente rebocadas e pintadas de branco, percorridas por silhar de azulejo de pedra torta, com 7 azulejos de altura, formando apainelados recortados, onde surgem carrancas e festões de flores, encimados por doze figuras sobre plintos profusamente decorados, em azulejo recortado, em monocromia, azul de cobalto sobre fundo branco, representando os doze meses do ano, identificados por cartela inferior; tem cobertura em abóbada de aresta, rebocada e pintada de branco e pavimento em lajeado de calcário. No topo, surgem duas portas de acesso às dependências do piso inferior, correspondentes às antigas zonas de serviço, com as paredes totalmente revestidas de azulejo branco, liso, limitado por cercadura com motivos geométricos, de linhas curvas, azul em fundo branco. No centro do vestíbulo, escadaria de aparato em cantaria de calcário, com guardas plenas do mesmo material, formando almofadados e com colunas de arranque volutadas. O patamar tem, sobre a guarda, quatro colunas jónicas, que sustentam um arco abatido que marca o topo do vestíbulo; acede a porta em arco abatido, ladeada por janelas com o mesmo perfil e moldura recortada, que acedem a uma ampla sala, com pavimento em parquet e tecto plano, rebocado e pintado de branco, percorrida por silhar de azulejos, em monocromia de azul cobalto sobre fundo branco, com rodapé esponjado, sobre o qual surgem seis painéis de composição figurativa, com 10 azulejos de alto, representando cenas galantes, envolvidas por molduras de enrolamentos de folhagem, possuindo cartelas ornadas por "ferronerie"; as sobrejanelas possuem azulejos recortados, com cenas galantes. Esta sala dá acesso directo ao jardim, às alas laterais e, através de escada, ao piso inferior. Do conjunto de dependências, destacam-se três salas, com pavimentos em cantaria branca e vermelha, formando axadrezado, ornadas por silhares de azulejo, em monocromia, azul cobalto sobre fundo branco, com rodapé esponjado, de roxo manganês, com um azulejo de altura. Uma das salas (6) possui dois painéis com cenas de música, com 10 azulejos de altura, envolvidos por molduras de motivos geométricos, carrancas e quadraturas, que se repetem nos painéis de enchimento; por cima das cinco portas, painéis recortados com figuras infantis com grinaldas, cesto, ramos de flores e instrumentos musicais. A sala tem tecto plano pintado, com painel circular central, contendo uma glória de anjos, rodeada por acantos e friso de entrelaçados, possuindo sanca curva, também pintada com carrancas, festões e enrolamentos. Possui fogão de sala em cantaria de calcário, flanqueada por pilastras e rematando em cornija. Uma outra sala (7) possui dois painéis com 10 azulejos de altura, representando cenas campestres e a hora do chá, envolvidos por cercaduras e painéis de enchimento semelhantes aos anteriores. No extremo O., surge a biblioteca, no local da antiga entrada do edifício, organizada em dois andares, com os armários de madeira pintada de branco e dourado. No lado oposto, a capela, de planta longitudinal simples, com paredes revestidas a azulejo monocromo, azul cobalto sobre fundo branco, representando nos painéis que ladeiam o portal João de Arimateia e a "Prisão de Cristo", surgindo, nas paredes da nave o "Caminho do Calvário" (Evangelho) e a "Crucificação" (Epístola); tem pavimento em lajeado de calcário e cobertura em falsa abóbada de berço abatido, assente em cornija de cantaria, possuindo vários apainelados pintados a imitar calcário rosa e amarelo, onde surgem quatro medalhões com as figuras em estuque dos quatro Evangelistas. Na parede testeira, altar-mor em forma de urna, encimado por banqueta dourada com sacrário em forma de templete, e painel com pintura do orago, envolvido por moldura de talha dourada, recortada e volutada, rematando em querubim e cornija angular. É ladeado por duas portas de verga recta, com moldura dourada e folha pintada de verde e dourado, almofadada, encimadas por painel rectilíneo sustentado por mísulas, contendo dois anjos que sustentam cartela com símbolos da Paixão. No lado direito, surgem dois edifícios de três pisos, rematados por platibanda balaustrada, rasgados uniformemente por vãos em arco de volta perfeita, com fecho saliente e moldura simples de cantaria, tendo ao centro, sacadas de perfil curvo, com guardas de ferro forjado. O jardim é rectangular, formado por quatro canteiros rectilíneos, que delimitam duas alas crucíferas, pavimentadas a terra batida, tendo, no centro, um pequeno lago com murete de cantaria, tendo, ao centro, repuxo; no fundo do jardim, um tanque rectangular.

Acessos

Rua da Junqueira, n.º 190 - 198; Rua Pinto Ferreira

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 45/93, DR, 1.ª série, n.º 280 de 30 novembro 1993 / ZEP, Portaria n.º 39/96, DR, 1.ª série-B, n.º 37, de 13 fevereiro 1996 *1 / Parcialmente incluído na Zona de Proteção da Cordoaria Nacional (v. IPA.00003181)

Enquadramento

Urbano, adossado por edifícios de habitação e de serviços, integrado num quarteirão que ocupa sensívelmente o perímetro da antiga Quinta de Lázaro Leitão, já desaparecida, situado nas proximidades do Chafariz da Junqueira (v. PT031106320373), do edifício da Cordoaria Nacional (v. PT031106320175), do Prédio da Rua da Junqueira, n.º 225 (v. PT031106320233) e do Palácio da Rua da Junqueira n.º218 - 222 (v. PT031106320657). Acompanha o alinhamento da via pública sendo limitado a S. pela rua da Junqueira, a E. pela Rua Pinto Ferreira, enquadrando-se ao nível urbano no contexto do quarteirão em que se insere. A fachada principal abre para a via pública, separando-se dela por um estreito passeio público, pavimentado a calçada de calcário.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Educativa: universidade

Propriedade

Privada: cooperativa

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Carlos Mardel (1734-1739); Ernesto Korrodi (1908); Francisco Vilaça (1902); Nicola Bigaglia (1902-1908). CARPINTEIRO: José Rodrigues (1744). DESENHADOR: Raúl Lino (1902). FERREIRO: João Rodrigues (1744). LADRILHADOR: José da Costa (1744-1746). MESTRE de OBRAS: Belchior dos Reis Antunes (1758). MINEIRO: José Fragoso (1758-1760). PEDREIRO: António Domingues (1738-1739); Domingos Franco (1744); Manuel Moreira (1738); Sebastião Bernardes (1742-1744). PINTOR: Ordoñes (1902). SERRALHEIRO: António Lopes (1744).

Cronologia

1600 - todo o sítio da Junqueira pertencera a António de Saldanha; 24 Março - um dos seus filhos, Aires de Saldanha, cria um vínculo no local, com palácio; 1701, 15 Janeiro - D. Pedro II autoriza João de Saldanha a aforar parte das terras da Junqueira, o que seria confirmado por D. José I, em 22 Agosto 1774, dando origem a que vários nobres se instalassem no local e construíssem os seus palácios; os morgados construíram algumas casas que alugavam; séc. 18, década de 20 - uma dessas casas foi alugada por D. Maria Leonor, esposa de Aires de Saldanha, então governador do Rio de Janeiro, a um francês de apelido Baraduc, apoiado pela rainha, onde ele fez obras, confiando que podia aforar as casas, desconhecendo que D. Maria Leonor não tinha procuração para tal; a casa era ampla, com um pátio, para onde abriam quatro janelas e um portal, confinando a E. com as casas de José de Torres e Almeida e, a O., com as casas de Aires de Saldanha; o caso foi a tribunal, ficando provado que as casas não poderiam ser aforadas, mas o francês poderia permanecer no local até a sua renda perfazer o valor das benfeitorias que tinha executado no edifício; 1729, Maio - Lázaro Leitão Aranha, que desejava aforar uma casa no local, propôs o pagamento do que Aires de Saldanha devia ao Senhor Pedro Baraduc e aforar as casas; 1734, 19 Junho - o negócio foi concluído, tendo a indemnização sido paga a Francisca Leonor Teresa de Baraduc, pelo esposo já ter falecido; 5 Agosto - Lázaro Leitão Aranha afora as casas a Aires de Saldanha por 36$000 anuais e um pedaço de terra para jardim, por mais 4$000 anuais; 26 Agosto - para poder ampliar as casas, comprou as de José de Torres e Almeida, cinco casas térrea, onde viria a instalar a cocheira; 22 Setembro - aquisição, com anuência de Aires de Saldanha, de um pedaço de terra a N., ocupado pelo marchante Manuel Rodrigues, por 50$000, com foro de $600, onde viria a construir o seu jardim; mandou, então derrubar as casas existentes e edificar uma nova casa, conforme projecto de Carlos Mardel, que acompanhou as obras; 1738 - trabalha na obra o pedreiro António Domingues, o qual fez um poço com 3 braças; 31 Maio - são chamados os pedreiros Francisco Xavier Botelho e Manuel Antunes Feio, para medirem a obra da fonte, executada por Manuel Moreira, avaliada em 53$000 réis; 1739 - várias aquisições de chumbo para forrar o telhado e para canos; 28 Junho - paga 8 moedas de ouro, por conta das grades, a Carlos Mardel; 4 Agosto - pagamento de 63$250 por 550 lajes da Suécia; 30 Agosto - paga 38$400 para a bomba; 1740, 17 Junho - aquisição de casas térreas com quintal a José Rodrigues, para poder fazer uma varanda e a capela, pela quantia de 96$000 e foro de 18$000 1742, 19 Maio - a E., ficava um curral, tendo receio o proprietário que resolvessem fazer casas altas e pelo mau cheiro que proporcionava, resolveu comprar também aqueles espaços, por 4 mil cruzados; 21 Julho - feitura do portal da capela por Sebastião Bernardes, por 25$600 réis; 1742-1744 - construção da Capela, dedicada a Nossa Senhora dos Aflitos e Santo Cristo; encomenda de ladrilho para as varandas, por 72$000; feitura de azulejos de grotesco para os jasmineiros e simples para as varandas, por 44$640; compra de laranjeiras da China, a $150 a unidade e limoeiros azedos a $160 a unidade; 1743-1744 - construção de um segundo poço, com 6 braças, para o que se compraram chaves do tanque, e uma nora, importando em 658$310; 1744 - execução de 12 estátuas por 505$600; compra de uma fechadura para a porta da ermida, por 20$000 a João Rodrigues; compra de ferragens a António Lopes, serralheiro na Pampulha; Domingos Franco desmancha a fonte do jardim, desentope-a e monta-a no Salão principal do palácio; arranjo das parreiras, com ripas de castanho e frechais de carvalho, pelo carpinteiro José Rodrigues, por 84$370; 1744, 23 Abril - aforamento de mais um terreno para ampliação do jardim, a Aires de Saldanha, por 9$000; 22 Agosto - colocação de azulejo branco na tribuna e sacristia da capela, colocado por José da Costa; 19 Dezembro - obras nas varandas, por Sebastião Bernardes; 29 Dezembro - pagamento de 6$400 a António Domingos por 150 lajes da Holanda, para a capela; 1746 - execução do azulejo por mestre desconhecido, o qual fora obrigado a adquirir gravuras para fazer os painéis, o que encarecera a obra, colocados por José da Costa; 1755, 1 Novembro - o terramoto não causa grandes abalos no edifício, levando a que o proprietário se instale no local e nele acolha várias pessoas, fazendo uma barraca para albergar Maria de São Nicolau; 1756 - aluguer do torreão sobre a porta de entrada, no lado O., ao Senhor Pury, por 300$000 anuais, depois de ter feito, no local, dependências e chaminés, que importaram em 344$655; 1757 - cedência de um terreno a Lázaro Leitão Aranha, pelo rei D. José, para onde o jardim passou a abrir por um pequeno arco, pagando à Coroa 1$000 de foro; execução de portal de ligação e muros, num total de 231$325; D. Lázaro pede autorização ao Patriarca para expor o Santíssimo na Capela, pois nas imediações não existiam igrejas, o que foi concedido; 27 Junho - arrendamento da casa ao embaixador de França, Louis de Beaumont, por 600$000 por semestre *2; 1758 - para o efeito, fizeram-se madeiramentos novos para as parreiras e grades para as janelas do jardim, importando em 502$178; feitura de uma cocheira nas novas terras, por 312$180; execução de uma porta para a cocheira do jardim em pinho da Holanda e ornada com cruzes em haspa, importando em 73$600; obras nas canalizações por José Fragoso, que fez, no piso térreo, um poço e abóbada, à revelia do proprietário, que não se encontrava no local; 15 Setembro - execução de duas noras para os poços, por 52$340, feitas por Belchior dos Reis Antunes; 1759 - o embaixador abandonou as casas; 1760 - a casa é arrendada a D. João da Bemposta, filho bastardo do infante D. Francisco, irmão de D. João V, tendo-se feito obras nas cocheiras, cavalariças e substituição de vidraças, importando em 609$425; execução de canalizações de escoamento para a praia por José Fragoso, por 180$000; 1761 - a casa é arrendada ao príncipe Carlos Frederico de Maklemburgo, tendo sido executadas várias obras de adaptação; execução de novas manjedouras na cavalariça; colocação de uma rótula na janela da casa do caseiro; feitura de novos canos de rega na Quinta, uns de chumbo e outros de barro; 1762 - a casa foi alugada ao Cardeal da Cunha, com 22 criados, pagando 1:200$000 de renda, que baixaria para 800$000; 1764 - no local adquirido mais tardiamente, construiu três armazéns que alugou, depois transformados em quatro casas, com dois pisos; 1766 - Lázaro Leitão pretendeu colocar um anúncio na Gazeta de Lisboa, anunciando que desejava vender a casa; 27 Julho - doa a casa ao seu parente António Rodrigues de Macedo; 1767 2 Agosto - morte de Lázaro Leitão; 1772 - o Cardeal abandona a casa; nas casas pequenas, habitava D. João da Costa; 1774 - este alugou a casa grande e as restantes por 400$000; 1779, final - D. João da Costa abandona a casa; 1781, 2.ª metade - a casa foi alugada a Gaspar da Costa Posser, oficial da Secretaria de Estado dos Negócios do Reino; 1783, final - o locatário deixa o edifício, passando a habitar a casa de D. Luísa Clara Rosa de Madureira, nas imediações, passando esta para o edifício, pagando os mesmos 330$000 de renda; 1786 - a casa foi alugada ao capitão-mor Aires Carneiro Homem; 1789 - ocupa a casa Luís Pinto de Sousa; 1792 - ocupa a casa Luís António de Araújo, almoxarife da Casa do Infantado; 1800, 27 Maio - morte de António Rodrigues de Macedo, sem deixar herdeiros nem testamento, passando a Casa à Fazenda Pública, apesar das recolhidas de Nossa Senhora dos Anjos (Recolhimento fundado por Lázaro Leitão), desejarem assumir o direito à mesma; 1802, 13 Fevereiro - considerando as alegações de Ana Maxima, que encabeçou o pedido, receberia a administração dos rendimentos do morgado até à sua morte, passando, depois para a Coroa; contudo, D. Rodrigo José de Menezes, desejando possuir a casa, coloca um pleito para a obter por subrogação, ficando Ana Maxima com os juros pagos por D. Rodrigo, que a libertava dos encargos com as obras da casa, que chegariam à Coroa em bom estado de conservação; 17 Maio - é concedido a D. Rodrigo o que pedia *3, mas Ana Maxima conseguiu que se elevasse o valor da avaliação, feita em 8:153$440; D. Rodrigo não habitou a casa, ficando no local seu filho, D. Gregório, que partiu com a Família Real para o Brasil em 1807; 1817 - as Recolhidas pediram ao monarca que reconhecesse os seus direitos ao morgado; 1839 - a casa foi colocada em hasta pública e adquirida por Caetana Maria Rosa, que se ajustou com Ana Maxima, passando a pagar-lhe uma pensão vitalícia de 38$400; a casa encontrava-se arruinada por não ser habitada; 1843, 16 Setembro - Caetana Maria Rosa vendeu toda a Quinta a Manuel Joaquim da Costa e Silva, por 4:000$000; mandou demolir as casas existentes a E. e construir uns prédios no local; 1869 - o proprietário contraiu um empréstimo de 8:000$000, hipotecando as casas; 1871, 6 Dezembro - perante o incumprimento do pagamento da dívida, a casa passou para o credor, José António da Cunha Ataíde; 1874, 20 Maio - este nunca habitou as casas e vendeu-as ao brasileiro António Joaquim Ferreira, que anteriormente arrendara o local; 1880, 8 Setembro - tendo o proprietário partido para o Brasil, colocou a Quinta à venda, tendo sido adquirida por Manuel Joaquim de Oliveira, que alugava a casa a vários locatários, destacando-se António Alves Pereira da Fonseca, uma família brasileira, cujo chefe era António Raimundo dos Santos, o Conde de Castro, João Pinheiro de Aragão, capitão de artilharia, o tabelião Scola, Carlos Kruss; no local funcionou a Administração do 4.º Bairro e uma esquadra; a capela foi transformada em cocheira; 1902, 15 Maio - o visconde do Marco, Carlos Alberto Soares Cardoso (1863 - 1936), comprou a casa a Amélia Carolina da Conceição Oliveira Gonçalves, herdeira do proprietário anterior; 1902-1910 - de imediato, executou obras de remodelação do edifício, mandando executar, num armazém que ficava atrás da capela, um corpo de dois pisos, com vários quartos; colocação de um sistema de drenagem na cave, que se alagava frequentemente; mudou a entrada do lado O. para S., tendo executado uma escada no vestíbulo e forrado a mesma com azulejos antigos a representar os 12 meses do ano, adquiridos em Belém, conforme projecto de Francisco Vilaça; na antiga entrada, construiu uma Biblioteca e, no torreão poente fez uma biblioteca e no nascente quartos, tendo alteado os mesmos, conforme projecto do arquitecto Nicola Bigaglia; com o falecimento deste, Ernesto Korrodi completou o projecto da biblioteca; na capela, picou o reboco, aparecendo os azulejos e no pavimento um xadrez de pedras cinzas e roxas; nas salas, pintou os tectos, da autoria de Ordoñes, e forrou as paredes a damasco, ampliando a casa de jantar, suprimindo o quarto que lhe ficava a nível superior; execução de ferragens conforme desenho de Raúl Lino; aquisição de azulejos para as sobreportas; 1904, 9 Março - D. José III, autorizou a abertura da capela, dedicada a Nossa Senhora da Conceição, onde o proprietário colocou um altar; informado do antigo orago, alterou-o para Nossa Senhora dos Aflitos e Santo Cristo; 1913, 23 Fevereiro - autorização para conservar o Santíssimo na Capela; 1923 - havia, todos os Domingos, missa na Capela, celebrada pelo capelão da mesma, Francisco Baptista Leitão; 1940 - o palácio é comprado pelo antiquário João Nascimento que aí habitou até cerca de 1950; 1951 - num leilão organizado por Leiria e Nascimento é vendido grande parte do recheio da casa; 1980 - o Estado pensa adquirir o imóvel para instalar os serviços da Direcção-geral de Cooperação do Ministério dos Negócios Estramgeiro; 1983 - o palácio era propriedade de Fidelidade - Grupo Segurador, passando ainda nessa mesma década para a posse da Cooperativa de Ensino Universidade Lusíada.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de calcário rebocada e pintada; pilastras, modinaturas, cunhais, pavimentos, escadarias, colunas, cornijas, sineira em cantaria de calcário; silhares de azulejo monocromo tradicional; janelas com caixilharias de madeira e vidro simples; estuque; coberturas em telha.

Bibliografia

VITERBO, Francisco M. de Sousa, Dicionário Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses, Lisboa, 1922; LAMAS, Arthur, A Casa Nobre de Lázaro Leitão no Sítio da Junqueira, Lisboa, 1925; ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Vol. IX, Lisboa, s.d.; ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, Fasc. 8, Lisboa, 1950; ATAÍDE, M. Maia, (coord. de), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Lisboa - Tomo III, Lisboa, 1988; FREITAS, Eduardo de, CALADO, Maria, FERREIRA, Vitor Matias, Lisboa. Freguesia de Belém, Lisboa, 1993.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSMN-0599/03; Arquivo de Obras da C. M. L., Pº Nº 8187; IPPAR, Pº Nº 81/3 (123)

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1761 - restauro do forro da câmara de D. João da Bemposta; 1905 - restauro do edifício; 1943 - restauro da capela; 1988 / 1992 - obras de conservação e restauro; 1994 - restauro da capela (a cargo do atelier "Junqueira 220").

Observações

*1 - DOF: Casa Nobre de Lázaro Leitão Aranha, incluindo os seus jardins; Zona Especial de Proteção conjunta da Capela de Santo Amaro, da Casa Nobre de Lázaro Leitão Aranha, do Palácio Burnay e da Sala designada Salão Pompeia no antigo Palácio da Ega. *2 - a casa tinha uma sala vaga, certamente o vestíbulo, para onde abriam três portas, com panos azuis bordados, iluminado por duas lâmpadas; a Casa Grande tinha as paredes cobertas a seda azul, formando 14 apainelados grandes e 22 pequenos, com molduras douradas, tendo cortinas de pano branco da Índia; a sala vaga era ladeada por duas dependências semelhantes, com 6 painéis grandes da China, emoldurados a ouro e cortinas semelhantes à anterior; a Câmara tinha as paredes pintadas de azul, com 22 quadros em seda da China, com molduras estreitas e, na alcova, 6 painéis grandes, com molduras azuis e brancas; o Camarim tinha quatro painéis grandes da China, em seda, com molduras azuis e brancas e seis portas com cortinas; é ladeado por duas dependências semelhanres, cada uma com 12 painéis, com molduras azuis e brancas; os Mezzaninos da parte de Lisboa tinham sete quadros da China e figuras bronzeadas, assentes em peanhas douradas; Casa sobre a estrada com decoração semelhante à anterior; Casa sobre o jardim com 7 painéis e 22 lâminas redondas com molduras douradas; a 2.ª casa tinha 8 painéis da China; os Mezzaninos da parte de Belém com 7 portas com cortinas, no toucador 3 portas e as paredes revestidas a chita, como na alcova; duas casas sobre o jardim, com portas protegidas por cortinas; as janelas e sobreportas tinham vidraças inglesas; na cave, uma bomba, uma banca de cozinha, duas arcas para cevada e trigo e um cepo para cortar; as fontes tinham água perene; na Quinta, dois pombais com muitos pombos (LAMAS, pp. 146-147). *3 - nestes autos, surge uma descrição do Palácio, com entrada pelo lado O., através de vestíbulo abobadado e com pavimento em calçada à portuguesa, havendo outra no lado oposto, que serve de cocheira, tendo escada de pedraria, que leva ao Salão nobre e a oito dependências, tendo capela, com tribuna e porta pública; do salão, sai, de cada um dos lados, escadaria que liga a quatro dependências altas, uma delas com uma varanda grande, com águas-furtadas e uma cave com abóbadas, onde se situam sete dependências,incluindo a cozinha, despensa e oficinas; do Salão Nobre liga-se ao jardim, com lago e 10 estátuas de pedra, surgindo um largo com mais seis estátuas e, no fim da Quinta, dois poços, um deles com nora e tanque, estando, junto dele, a casa do caseiro e pombal; pela quinta, surgiam outras construções (LAMAS, pp. 172-173).

Autor e Data

Teresa Vale e Carlos Gomes 1993 / Paula Correia 2001 / Paula Figueiredo 2008

Actualização

 
 
 
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