Forte de São Vicente / Obra Grande de São Vicente

IPA.00006346
Portugal, Lisboa, Torres Vedras, União das freguesias de Torres Vedras (São Pedro, Santiago, Santa Maria do Castelo e São Miguel) e Matacães
 
Arquitetura militar, oitocentista e arquitetura religiosa, medieval. Forte (obra militar nº 20, 21 e 22) inserido na 1ª Linha do sistema defensivo das Linhas de Torres Vedras (v. IPA.00034579), construído no cimo de um monte, com planta em Y, e formado por 3 redutos abaluartados, assimétricos, separados por profundos fossos, o que exigia pontes levadiças para a sua ligação. Integra capela de antecedentes medievais, de planta retangular e, a avaliar pelos vestígios, inicialmente coberta por abóbada. Juntamente com o forte do Sobral (v. IPA.00034492) é a fortaleza mais importante das Linhas de Torres, construídas no início do séc. 19 para deter o avanço dos franceses durante a sua 3ª invasão a Portugal. Este forte estava equipado com um posto de sinais / telégrafo.
Número IPA Antigo: PT031113150016
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Forte    

Descrição

Fortaleza de planta sensivelmente em Y, rodeada por fosso, constituída por 3 redutos abaluartados, com muros em talude, rasgados por canhoeiras, separadas por profundos fossos, utilizando-se pontes levadiças para comunicação entre si. Praça de armas, entre reduto mais a N. e a S. Construído a 118 m de altitude é composto pelos bastiões SE., SO., e NO. e pelas cortinas S., O. e NE. tendo na sua totalidade, capacidade para uma guarnição de 1720 soldados. CAPELA: a nascente, no ponto mais alto, de planta retangular, ábside circular e tendo adossado algumas dependências. A capela-mor, com arco triunfal em cantaria, tem cúpula semiesférica. Conservam-se ainda 3 paióis, de planta circular e outras construções defensivas.

Acessos

Transversal da Estrada de Torres Vedras - Santa Cruz, para o Bairro na encosta de São Vicente - Monte de São Vicente, a 3 Km de Torres Vedras.

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 47 508, DG, 1.ª série, n.º 20 de 24 janeiro 1967 / ZEP, Portaria n.º 715/77, DR, 1.ª série, n.º 268 de 19 novembro 1977 *1

Enquadramento

Urbano. Implanta-se no topo do monte de S. Vicente dominando a vila de Torres Vedras, a cerca de 3 Km.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: lápide com mapa / lápide com inscrição, leitura " A 19 de Outubro de 1992, por ocasião das comemorações / da defesa das Linhas de Torres Vedras visitou este Forte e a cidade / de Torres Vedras, Sir ARTHUR VALERIAN DUQUE de WELLINGTON, / Marquês de Torres Vedras"

Utilização Inicial

Militar: forte

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Câmara Municipal de Torres Vedras, auto de cessão de 5 janeiro 1993

Época Construção

Séc. 12 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 12 - segundo Júlio Vieira, construção da capela por D. Afonso Henriques; 1267 - a capela é referida documentalmente; 1799 - ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder em França; 1807, outubro - França e Espanha assinam o Tratado de Fontainbleau, prevendo a invasão e subsequente divisão do território português em três reinos; novembro - tropas francesas comandadas pelo General Junot entram em Portugal; a diplomacia portuguesa solicita o apoio da Inglaterra; 29 novembro - a família real portuguesa abandona o país partindo para o Brasil; 1808, julho - as tropas luso-britânicas comandadas pelo general inglês Wellesley vencem os franceses nas Batalhas da Roliça e do Vimeiro, forçando a rendição de Junot; 1809, março - as tropas francesas, comandadas pelo marechal Soult, procedem a uma segunda invasão, sendo de novo obrigadas a retirar; é decidida a construção de uma linha de defesa de Lisboa, edificadas por ordem do general Wellesley, caso se verifiquem novas invasões das tropas francesas; 1810 - início da construção das Linhas de Torres - onde se insere o forte de São Vicente - por Wellington para suster o avanço das tropas francesas sobre Lisboa; as obras e indemnizações aos donos de terrenos custaram 400 mil reis e duraram 1 ano; Major Brandão de Sousa dá a designação de Forte de São Vicente de Torres Vedras a esta obra militar; Napoleão envia o general Massena para conquistar Portugal mas é vencido por Wellesley no Buçaco; 1814 - Napoleão abdica do poder; 1829 - o Capitão J. T. Jones refere que a guarnição do reduto nº 20 seria de 470 soldados e teria 5 peças de artilharia de calibre 12, 2 de calibre 6 e 1 obus 5 ½, a guarnição do reduto nº 21 seria de 270 soldados e teria 2 peças de artilharia de calibre 9, 2 de calibre 6 e 1 obus 5 ½, o reduto nº 22 teria 380 soldados e 5 peças de artilharia de calibre 12, 3 de calibre 6 e 1 obus 5 ½, a cortina sul teria 150 homens, a cortina oeste 90 homens e a cortina nordeste 360 homens; 1846 - combate entre as tropas do Marechal Saldanha e do Conde de Bonfim arruinaram capela, sendo a imagem do orago transferida para a Igreja do Ameal; 1895 - mapa militar refere a designação de São Vicente; 1957- obras apoiadas pela CM Torres Vedras, que garantiu o fornecimento de água e luz e foi construída extensa canalização até ao cume do monte de S. Vicente e cento e vinte soldados do Regº de Engenharia instalaram-se no forte, para procederem à desobstrução do fosso e canhoneiras e à reconstrução de muros e paióis; 1961, 4 dezembro - por auto de concessão, o Exército entregou à Legião portuguesa a vigilância e manutenção da fortaleza, por sua vez, o Comando Distrital da Legião Portuguesa entregou a guarda e conservação do forte a um funcionário da Câmara, passando aí a residir (Casa do Guarda, que foi ampliada e criados novos anexos), situação que se transferiu para os familiares após a sua morte; 1980, maio - R. W. Bremner visita o forte que se encontra restaurado e bem conservado; séc. 20, década de 80 - crescimento desmesurado de arbustos e árvores e desmoronamento geral dos travezes; 1983 / 1988 - Escola Prática de Infantaria (EPI) dando apoio à Câmara, envia recrutas para o Forte, para procederem a trabalhos de limpeza e reconstituição de taludes e travezes (Pº 8 f; of. 1835 / 9.5.86 - CMTV); 1984 - proposta da Câmara ao Estado-maior do Exército para transferência da responsabilidade do Forte para a EPI; 1987 - é assinado o protocolo de Conservação, Segurança e Valorização do Forte de São Vicente de que foram signatários o IPPC, o Estado-maior do Exército e a CMTV; 1988 / 1991 - obras de restauro da capela; antes do restauro da capela, a Câmara solicita ao Instituto Geográfico e Cadastral a remoção do marco geodésico que se encontrava colocado sobre a cúpula da capela; 1989 / 1990 - assume os custos do processo de transferência do marco geodésico, para outro local; Câmara elabora conjunto de normas provisórias de proteção ao Forte de São Vicente, com vista a conter, cercear e disciplinar o crescimento urbano na ZEP do imóvel; 2005, 15 setembro - despacho de abertura de classificação das Obras Militares sitas nos concelhos de Loures, Mafra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira, no distrito de Lisboa (46 obras militares); 2006, janeiro - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN; 2010, 30 dezembro - procedimento de classificação prorrogado pelo despacho nº 19338/2010, DR, 2ª série, nº 252; 2011, 5 dezembro - procedimento de classificação prorrogado até 31 de dezembro de 2012 pelo Decreto-Lei nº 115/2011, DR, 1ª serie, nº 232; 2012, 22 outubro - parecer da SPAA do Conselho Nacional de Cultura, propondo o arquivamento da classificação; 2012, 20 dezembro - despacho de arquivamento da Diretora da DGPC; 2013, 14 janeiro - abertura do procedimento de classificação das 1ª e 2ª Linhas de Defesa a Norte de Lisboa durante a Guerra Peninsular, também conhecidas como Linhas de Torres, nos concelhos de Arruda dos Vinhos, Loures, Mafra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira, no distrito de Lisboa, pelo anúncio nº 12/2013, DR, 2ª série, nº 9 (128 obras militares).

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Alvenaria de pedra e argamassa de cimento. Cantaria, alvenaria de pedra rebocada e telha na Capela.

Bibliografia

AZEVEDO, Carlos de, FERRÃO, Julieta, GUSMÃO, Adriano de - Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa. Lisboa: s.n., 1963; CARNEIRO, Eduardo Guerra, CARVALHO, Luís - «O Forte de São Vicente entregue aos bichos e às ervas». Primeiro de Janeiro. Porto: abril 1982; «Cidade de Torres Vedras. Forte de S. Vicente - Alto polo de problemas que esperam urgentes soluções». Badaladas. Torres Vedras: 23 maio 1980; Guia da Rota Histórica das Linhas de Torres. Plataforma Intermunicipal para as Linhas de Torres, novembro 2011, ; LEMOS, Maximiano - «Linhas de Torres Vedras». Encyclopedia Portugueza ilustrada. Porto: s.d., p. 674; NORRIS, A. H., BREMNER, R. W. - As Linhas de Torres Vedras, as três primeiras linhas e as fortificações ao sul do Tejo. Torres Vedras: Câmara Municipal de Torres Vedras, Museu Municipal Leonel Trindade, British Historical Society de Portugal, outubro 2001; Torres Vedras, Passado e Presente. Torres Vedras: 1996, vol. I; VIEIRA, Júlio - Torres Vedras Antiga e Moderna. Torres Vedras: 1926.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco

Intervenção Realizada

CM Torres Vedras: 1957 - desobstrução do fosso que circunda os redutos e das canhoeiras maiores que os guarnecem; 1991 / 1992 - obras de recuperação da capela e construção de espaço museológico e de exposições, orçado em 13.000 contos; 2001 - EPI, Escola Prática de Infantaria de Mafra realizou limpeza e manutenção, que é levada a cabo todos os anos, de acordo com protocolo existente entre o Estado-maior do Exército e a Autarquia; 2011, junho - conclusão das obras de restauro que incluíram a demolição das construções recentes (casa do guarda) e seus anexos, consolidação estrutural, refechamento de juntas, reconstrução pontual dos muros, desobstrução do fosso e das canhoeiras, reconstituição dos travezes, reparos gerais e limpeza, tratamento da envolvência e abate de árvores de grande porte.

Observações

*1 - DOF: Forte e Capela de São Vicente. A Zona Especial de Proteção é conjunta da Capela e Forte de São Vicente e da Ermida de Nossa Senhora do Ameal.

Autor e Data

Paula Noé 1991 / Helena Rodrigues 2006

Actualização

Ana Gonçalo 2006 / Teresa Ferreira 2013
 
 
 
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