Mosteiro do Varatojo / Convento de Santo António

IPA.00006353
Portugal, Lisboa, Torres Vedras, União das freguesias de Torres Vedras (São Pedro, Santiago, Santa Maria do Castelo e São Miguel) e Matacães
 
Arquitectura religiosa, maneirista e barroca. Igreja conventual de planimetria maneirista - planta longitudinal, com capelas colaterais encimadas por tribuna num dos lados e sem transepto. Conserva elementos de diversos estilos: gótico - o portal integrado em gablete, os baixos relevos com representação heráldica que o ladeiam (já de um gótico flamejante), e o claustro; no manuelino - tecto mudéjar da portaria, alguns painéis pintados e os portais do claustro e o da capela do S. Jesus; maneirista - o púlpito e os azulejos ponta de diamante; barroco - os azulejos de albarradas, padrão ou figurativo, sendo os da capela-mor joaninos; os da sacristia são atribuídos a Policarpo de Oliveira Bernardes; a talha dos retábulos, sendo o mor do estilo nacional; a da capela de Nossa Senhora das Dores é já rocaille. A tela da capela-mor é do italiano Bacarelli.
Número IPA Antigo: PT031113150002
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Francisco - Franciscanos (Província de Portugal)

Descrição

Convento rodeado por cerca (v. PT031113150042), sendo a área construído por planta rectangular irregular constituído por vários corpos e integrando igreja, de planta longitudinal e nave única. Átrio com capela de Nossa Senhora do Sobreiro à esquerda. Escada forrada de azulejos conduz à portaria, com lambril de azulejos de padrão, tecto mudéjar, portal de 3 arquivoltas em gablete; ladeia-o pedras esculpidas com armas de Portugal e empresa de D. Afonso V. Nave com lambril recortado de azulejos, 5 capelas colaterais, com retábulos de talha, sendo 2 do lado da Epístola mais profundas; púlpito de mármore no lado do Evangelho, coro-alto com cadeiral e crucifixo sobre teia. Cobertura em abóbada de berço. Na capela-mor lambril de azulejos com cenas da vida de Santo António encimadas por 4 pinturas sobre tábua; retábulo de mármores embutidos, talha branca e dourada e tela representando "Entrega do Menino a Santo António". Abóbada de berço com caixotões. Sacristia forrada a azulejos legendados em espanhol. Claustro de 2 pisos, o 1º com arcos quebrados sobre colunas chanfradas e tecto pintado com divisa de D. Afonso V; na ala N., portal de arco trilobado decorado dá acesso à capela do Senhor Jesus, forrada de azulejos ponta de diamante. 2º piso em arquitraves. Casa do Capítulo, aberta para a galeria nascente do claustro, com lambril de albarradas, tendo por cima representação de professos notáveis. O vestíbulo apresenta um tecto de laçaria, atribuído ao reinado de D. Afonso V. É bastante simples, plano e com entrelaçado geométrico de ripas finas.

Acessos

Transversal (de difícil percurso) da Estrada que liga Torres Vedras - Varatojo. WGS84 (graus decimais) lat.: 39,090842; long.: -9,279903

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG, 1.ª série, n.º 136 de 23 junho 1910

Enquadramento

Rural. Ergue-se nos arredores de Torres Vedras, numa zona rural, tendo fronteiro e num plano mais elevado um pequeno jardim.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Religiosa: colégio religioso

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Auto de cedência à Corporação Missionária Província Portuguesa da Ordem Franciscana, Dec. nº 16 036 de 15 Outubro 1928

Época Construção

Séc. 15 / 16 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: João Antunes (séc. 18). ENTALHADOR: Martins Calheiros (séc. 18). ESCULTOR: Manuel Dias (séc. 18). PINTOR: Vincenzo Baccherelli (1719). PINTOR de AZULEJOS: Policarpo de Oliveira Bernardes (atr., séc. 18).

Cronologia

1470, Fevereiro - D. Afonso V lança 1ª pedra, na pessoa de seu filho D.Duarte, em cumprimento do voto que fizera a Santo António e São Francisco de Assis se o auxiliasse nas conquistas do N. de África, Diogo Gonçalves Lobo fica responsável pelo andamento da obra; 1474, 4 Outubro - inauguração, tendo 14 religiosos vindo do Convento de S. Francisco de Alenquer, o monarca ausente em guerra, delega em Diogo Gonçalves Lobo, a entrega do convento ao Provincial Franciscano Fr. João da Póvoa; 1531 - terramoto destrói a igreja, outra é edificada no mesmo local; séc. 16 - D. João III manda fazer o corredor grande e dormitórios e D. Catarina ergue actual capela-mor; 1532 - passa à Província dos Algarves; 1680, Março - por indicação do Padre Frei António das Chagas o convento foi destinado para colégio dos missionários apostólicos, sujeitos directamente ao Ministro Geral Franciscano, da Ordem dos frades Menores, recebendo a designação de Seminário de Varatojo; desvincula-se da província franciscana dos Algarves, pelo Breve Apostólico do Papa Inocêncio XI; séc. 18 - feitura da nova capela-mor da igreja, da autoria de João Antunes; execução do retábulo-mor, atribuível ao entalhador Martins Calheiros; escultura de um Cristo por Manuel Dias (f. 1754); 1ª metade - revestimento azulejar sacristia atribuído a Policarpo de Oliveira Bernardes; 1719 - pintura de uma tela para a boca da tribuna por Vincenzo Baccherelli (1672-1745); 1739 - 1743 - construção de nova dependência conventual para funcionamento do noviciado do seminário; 1732 - aprovação da celebração da missa na capela da sacristia; 1740 - data sobre a capela Nossa Senhora das Dores, cujo altar e relevo foi dado por Filipe de Vilhena; Séc. 18 - pavimento da capela-mor e colocação da teia de mármore; 1807 - sacristia saqueada pelas tropas francesas; quartel improvisado durante as invasões; 1833, 23 Julho - religiosos (21 sacerdotes, 6 irmãos leigos e 6 irmãos donatos) fogem e dispersam-se temendo violências políticas; arrolamento do recheio do convento; 1837 - maior parte dos livros da biblioteca são transportados em 50 caixas para a biblioteca pública de Lisboa; 1834 - extinção das ordens religiosas, ficando abandonado; 1845 - convento e cerca comprados em hasta pública por Barão da Torre de Moncorvo; 1860 - comprado pelo padre Joaquim Espírito Santo; 1861 - o convento é restituído aos Franciscanos, depois de adquirido pelo Pe. Fr. Joaquim do Espírito Santo ao Conde Barão de Moncorvo, por três contos e quatrocentos mil reis; numa das salas do claustro funcionou uma escola primária (talvez a primeira do concelho); 1883 - visitado por Ministro Geral da Ordem; 1902 - reunida Comunidade de Varatojo; 1903-1906 - levantou-se o 2º andar sobre o corredor, mandado erguer por D.João III, ficando arquitectónicamente, o convento defenido; construção das escadas de acesso à hospedaria; 1910, 05 Outubro - com a implamtação da República, a comunidade dispersou-se, ficando o convento abandonado e sujeito a espoliação e depois convertido no "Asilo Latino Coelho"; 1928 - Governo cede o convento e cerca ao Ministério das Colónias para este o entregar posteriormente às Missões Franciscanas Portuguesas; 2003-2004 - obras de remodelação conforme projecto dos arquitectos Francisco Martorell, Júlio Teles Grilo e Ângelo Silveira, estando os projectos de engenharia a cargo de Carlos Silva, Manuel Passos de Almeida e António Rodrigues da Costa; a construção está a cargo de Mateus e Irmãos, Lda..

Dados Técnicos

Estrutura mista

Materiais

Alvenaria rebocada e cantaria, calcária, azulejos, talha, madeira, pinturas, paineis, mármore, mármores embutidos. Cobertura de telha.

Bibliografia

AZEVEDO, Carlos de, FERRÃO, Julieta, GUSMÃO, Adriano de, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Lisboa, 1963; BARTOLOMEU, Ribeiro, O. F. M., Convento de Santo António de Varatojo, Braga, 1971; DIAS, Pedro, A Arquitectura do Gótico Final e a Decoração Manuelina in História da Arte em Portugal, vol. 5, Lisboa, 1986, p. 9 - 92; DIAS, Pedro, Arquitectura Mudéjar Portuguesa: Tentativa de sistematização, Mare Liberum, nº 8, Dezembro de 1994; Torres Vedras, Passado e Presente, vol. I, Torres Vedras, 1996; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos anos de 1957 e 1958, 1º Volume, Lisboa, 1959; Monumentos, n.º 9 e n.º 12, n.º 19 e n.º 22, Lisboa, DGEMN, 1998 e 2000, 2003, 2005; SERRÃO, Vítor, História da Arte em Portugal - o Barroco, Barcarena, Editorial Presença, 2003; SIMÕES, J. M. dos Santos, A Azulejaria em Portugal no Século XVIII, Lisboa, 1979; TEIXEIRA, Vitor, "Os Franciscanos e o Varatojo" in Turrres Veteras II - Actas de História Moderna, CMTorres Vedras, sector de Cultura e Instituto de Estudos Regionais e Municipalismo Alexandre Herculano, Torres Vedras, 1999; TORRES, Manuel Agostinho Madeira, Descripção Histórica e Económica da Villa e Termo de Torres Vedras, Coimbra, 1881; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vol. II.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRML

Intervenção Realizada

DGEMN: 1932 / 1933 - conservação da talha; 1948 - reparação dos telhados; 1949 - diversos trabalhos de restauro; 1951 / 1952 - reparação e beneficiação do claustro; 1952 - pintura artística no tecto do claustro; instalação eléctrica; 1954 - reparação do telhado; 1955 - conservação no claustro; 1957 - conservação e instalação eléctrica, reparação e instalação eléctrica no refeitório, cozinha e anexos; 1958 - substituição de telhados e tectos e reparações no refeitório, cozinha e anexos; 1968 - obras de reparação; 1970 - instalação eléctrica; 1971 - instalação eléctrica, reparação de telhados; 1972 - reparação interior e exterior, instalação eléctrica; 1973 - prosseguimento da execução de tubagens de instalação eléctrica - reparação exterior e interior (soalho da igreja, telhados na biblioteca); 1974 - conservação da instalação eléctrica dos telhados, pavimento, obras urgentes de conservação; 1975 - prosseguimento dos trabalhos de conservação na zona conventual; instalação eléctrica; diversos trabalhos; 1976 - obras de conservação; instalação eléctrica; 1977 - instalação eléctrica; 1979 - reparação de telhados; 1980 - obras de conservação; reparação da instalação eléctrica; 1981 - beneficiação das coberturas; 1982 - trabalhos complementares, ramal de alimentação; 1983 - obras diversas; reparação da instalação eléctrica; 1986 - beneficiação dos azulejos; 1987 - beneficiação das coberturas; 1993 - reparação das coberturas, reassentamento dos paineis de azulejos na capela-mor, fixação de talhas; 1994 - reparações diversas; 1997 - reparação das paredes dos claustros e fachada poente; 1998 - limpeza e reparação dos telhados na ala N. correspondente à Portaria e Igreja; caiação de paredes exteriores e picagem; rebocos e caiação dos muros da cerca N. e Poente; 1999 / 2000 - beneficiações várias; 2002 / 2003 - colocação de sub-telha e revisão da estrutura de todos os telhados à excepção dos da igreja e capelas contíguas e colocação de sub-telha e recuperação do forro dos telhados do claustro; 2003 /2004 - Pisos 3 e 4 - remodelação para dotar as celas de instalações sanitárias privativas e colectivas; instalação de elevador, de aquecimento central; renovação das redes de águas, de esgotos e electricidade; obra suportada pela Província Portuguesa da Ordem Franciscana, pela DGEMN e Direcção-Geral do Património; remodelação das coberturas.

Observações

D. Afonso V sempre dedicou grande afeição ao Mosteiro do Varatojo, onde se recolhia frequentemente. Segundo a tradição, a janela de canto à entrada do Mosteiro, pertencia aos seus aposentos e de onde falava aos pobres das redondezas. Contudo, as suas características fazem-nos pensar tratar-se de uma obra mais tardia, já do período quinhentista.

Autor e Data

Paula Noé 1991

Actualização

Ângelo Silveira 2003
 
 
 
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