Igreja Paroquial de Valença / Igreja de Santa Maria dos Anjos

IPA.00006437
Portugal, Viana do Castelo, Valença, União das freguesias de Valença, Cristelo Covo e Arão
 
Igreja paroquial construída no séc. 13, com planta retangular composta por nave e capela-mor, mais baixa e estreita, interiormente com tetos de madeira e iluminada pelos vãos laterais e axial, tendo adossada capela lateral quinhentista e no lado oposto, torre sineira do séc. 17 / 18, uma outra capela lateral e sacristia. Construída em românico tardio, conserva, nas fachadas laterais, silhares siglados, o remate em cornija sobre cachorros de diferentes tipos (zoomórficos e antropomórficos), possuindo entre eles decoração com temas florais e geométricos populares, comparáveis aos da Igreja de Orada, em Melgaço, algumas frestas e antigos vãos em arco de volta perfeita, ainda que remodelados talvez nas obras de 1918 / 1919, tendo interiormente arco tribolabo revivalista na lateral direita. O aparelho irregular das fachadas revela alterações posteriores, nomeadamente a abertura de janelas com molduras de capialço, talvez no 17, e a própria construção da capela lateral direita e sacristia, que formam um corpo único. O portal da fachada principal, em arco de volta perfeita, de três arquivoltas, sobre colunelos e capitéis fitomórficos, foi reformado em 1918 / 1919, em revivalismo neoromânico, mas, possivelmente, reconstruído segundo o modelo românico. Destaca-se a capela quinhentista das Carlas, em românico tardio, com memória construtiva inscrita numa das fachadas, que terminam em cornija sobre cachorros antropomórficos e zoomórficos. No seu interior, realçam-se as pinturas murais, do séc. 16, com representação de um tríptico, tendo ao centro a figuração de um Calvário, surgindo inferiormente Nicodemos e José de Arimateia, e, lateralmente, São Gregório e uma outra figura. No interior, cujo coro-alto foi desmembrado, possui batistério, no lado do Evangelho, púlpito de talha, no lado da Epístola, com guarda plena, rococó, com ornamentos volutados e concheados nos ângulos pouco comuns, retábulos laterais neoclássicos conservando apontamentos tardo-barrocos no remate, o do lado do Evangelho reaproveitando painel pintado alusivo às Almas pertencente a antigo retábulo, já referido nas Memórias Paroquiais de 1758, e retábulos colaterais tardo-barrocos, de corpo reto e um eixo, postos de ângulo. O acesso à capela das Carlas e à confrontante foi rasgado nos muros, que, para isso, foi reforçado por meios arcos; o retábulo da capela lateral da Epístola é neoclássico. O retábulo-mor é neoclássico, de corpo reto e três eixos, com corpo côncavo, o que não é comum nos retábulos neoclássicos.
Número IPA Antigo: PT011608150021
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta retangular composta de nave única e capela-mor, mais baixa e estreita, tendo adossado, torre sineira, quadrangular, à fachada lateral direita, e duas capelas laterais, retangulares, confrontantes no topo da nave. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, as das capelas laterais dispostas perpendicularmente, rematadas em beirada simples. Fachadas em cantaria aparente de aparelho regular ou bastante irregular na lateral direita, conservando muitos silhares com siglas (marcas de canteiro), terminadas em cornija e com cruzes latinas, ou grega na posterior da nave, de cantaria, a coroar as empenas, sobre plinto paralelepipédico. Fachada principal virada a poente, terminada em empena, com cornija, rasgada por portal em arco de volta perfeita, com três arquivoltas, a intermédia decorada com florões, assentes em colunelos, sobre plintos, e de capitéis fitomórficos, com o tímpano, inscrito com as datas "1276 - 1919" em carateres modernos, assente em impostas decoradas; o portal é encimado por janela retangular, com capialço suave, e, à direita, é ladeado por cruzes páteas. Torre sineira colocada no alinhamento da fachada principal, rebocada e pintada de branco, com pilastras toscanas nos cunhais, coroados por pináculos sobre plintos, e de dois registos escalonados separados por friso e cornija, sendo rasgada na lateral por fresta e na posterior por porta de verga reta, precedida por três degraus; no segundo registo, abre-se, em cada uma das faces, ventana em arco de volta perfeita, assente em pilastras, albergando sino; sobre dupla cornija, a inferior convexa, assenta a cobertura em coruchéu piramidal sobrepujado por bola, catavento e cruz em ferro. Fachadas laterais terminadas em cornija, a da capela-mor com motivos em dente de serra, assente em cachorros decorados com motivos antropomórficos, zoomórficos, geométricos e fitomórficos, tendo na da capela-mor virada a sul entre os cachorros silhares decorados com temas florais e geométricos. As naves são rasgadas por fresta e portal em arco de volta perfeita, de aduelas marcadas, assentes em impostas e com pés direitos com chanfro, o da fachada virada a norte entaipado e encimado por três mísulas de suporte de antiga estrutura, possivelmente um alpendre, e o virado a sul integrando inferiormente um arco trilobado; a capela-mor é rasgada de ambos os lados por uma janela de capialço. A capela lateral adossada a norte, designada das Carlas, tem as fachadas nascente e poente terminadas em cachorros decorados com figuras antropomórficas e zoomórficas, suportando cornija bosantada e o beirado simples, abrindo-se na virada a poente porta de verga reta, com moldura, e duas janelas sobrepostas, gradeadas, a inferior quadrada, com moldura, e a superior retangular jacente com capialço; sobre os vãos corre inscrição em caracteres góticos com menção ao ano da sua construção. A sua fachada virada a norte termina em empena truncada, sobrelevada e com moldura de perfil curvo. A capela lateral adossada a sul, tem a fachada virada a poente, em cantaria aparente e a oposta e a posterior rebocada e pintada de branco, esta última terminada em empena com friso e cornija, coroada por cruz latina sobre plinto, e com pilastras toscanas nos cunhais, sobrepujados por pináculos piramidais; na fachada virada a nascente rasga-se portal de verga reta ladeada por duas janelas de capialço e, superiormente, janela quadrada, moldurada. A fachada posterior da nave é rasgada por óculo circular e a da capela-mor, terminadas em empena, com aparelho possuindo vários gatos de ferro, tendo nicho de madeira, pintado de preto, em arco de volta perfeita, ladeado por pilastras, albergando imaginária e protegido por porta envidraçada; o cunhal nordeste possui entrecorte. INTERIOR com as paredes em cantaria de granito aparente, de aparelho irregular, pavimento em taburnos de madeira, alguns numerados, com guias de granito e teto de madeira, de perfil curvo, formando caixotões com florões nos encontros. Parede fundeira da nave com marcação do antigo coro-alto, atualmente inexistente, mas que se apoiava na diferença da espessura do muro, onde agora se depositam sanefas de talha, e em duas mísulas laterais, sendo acedido por porta de verga reta disposta no lado da Epístola. No lado do Evangelho, abre-se o batistério, com arco de volta perfeita sobre o pé-direito, com chanfro, albergando pia batismal de bacia helicoidal assente em pé com várias molduras e igualmente helicoidal e com tampa de madeira. No lado da Epístola abre-se vão, entaipado, em arco abatido e com chanfro. Sensivelmente a meio da nave, dispõem-se, confrontantes, dois retábulos laterais, de talha policroma a branco e dourado, de estrutura semelhante, de corpo reto e um eixo, seguidos de portas travessas, em arco de volta perfeita, de uma arquivolta de aduelas largas, a do lado do Evangelho atualmente entaipada. No lado da Epístola surge de imediato, o púlpito, de bacia retangular, assente em mísula volutada, com guarda plena em talha policroma a branco e azul, com cartela recortada de concheados, e elementos ornados de concheados nos ângulos, acedido por porta de verga reta, moldurada, através de escada desenvolvida no interior da caixa murária, e que arranca da capela lateral, sendo encimado por baldaquino igualmente em talha e decorado com lambrequins, concheado e pináculo vegetalista no topo. Seguem-se as capelas laterais, profundas, com arco de volta perfeita rasgado atrás de meio arco alteado, assente em pilastras toscanas. A do lado do Evangelho, é fechada por gradeamento de ferro, assente em silhares de cantaria, decorados com motivos geométricos; interiormente, possui pavimento em ladrilho de motivos geométricos, abóbada de berço, estucada, e a parede do lado da Epístola é rasgada com porta de acesso exterior, de verga reta e duas janelas retilíneas sobrepostas; as paredes laterais são estucadas, a imitar marmoreado, e na parede testeira apresenta vestígios de pinturas murais, a que se encosta altar paralelepipédico, envidraçado, albergando imaginária. A capela lateral da Epístola, atualmente com o arco entaipado, tem paredes revestidas a azulejos de padrão fitomórfico, cobertura em abóbada de berço, de estuque, sobre cornija de cantaria e alberga retábulo de talha policroma, de planta convexa e um eixo, sobre supedâneo de três degraus. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras toscanas, encimado por óculo circular e ladeado por dois retábulos de talha policroma, de corpo reto e um eixo, dispostos de ângulo. Na capela-mor, com teto de madeira, de perfil curvo, formando alguns apainelados, rasga-se, de ambos os lados, janela retilínea de capialço. Sobre supedâneo de granito com três degraus centrais, surge o retábulo-mor, de talha policroma a branco e dourado, de corpo reto e três eixos, o central de corpo convexo, definidos, exteriormente por duas pilastras estreitas, de fuste liso, assentes em dupla ordem de plintos, de face frontal almofadada, e interiormente por quatro colunas de fuste estriado, assente em duas ordens de plintos, os superiores com florão e os inferiores, mais altos, ornados de grinaldas e elementos fitomórficos, com capitéis coríntios e sobrepujados por urnas; ao centro, abre-se tribuna, de perfil curvo, envolvido por moldura, interiormente pintado de azul e albergando trono expositivo, de cinco degraus, decorados lateralmente com estriados e na face frontal por grinaldas e elementos fitomórficos; nos eixos laterais surgem apainelados, adaptados ao perfil da cobertura, sobrepostos por duas mísulas, decoradas com motivos vegetalistas; ático em espaldar recortado, ornado de elementos vegetalistas, os inferiores enrolados, florão na chave da tribuna e cartela com o monograma AM, terminando em frontão curvo sobreposto por folhas de acanto vazadas; sotobanco com apainelados decorados com açafates de flores, integrando ao centro sacrário tipo templete com porta decorada com espigas e parras, e friso ornado com motivos fitomórficos enrolados. Altar tipo urna com frontal decorado com folhas de acanto, friso superior com motivos lanceolados, e açafate de flores e motivos vegetalistas.

Acessos

Valença, Largo Santa Maria dos Anjos

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção das Fortificações da Praça de Valença do Minho (v. IPA.00003527)

Enquadramento

Urbano, isolado, com integração harmónica no interior da fortaleza de Valença e no núcleo medieval da vila envolvida pela muralha, num largo lajeado, sobranceiro a arruamento que o define frontalmente, com acesso por escadaria. No ângulo sudeste da capela-mor, existe escada de pedra, com patamar, protegido por guarda plena em lajes de cantaria, de acesso à capela lateral, à qual se adossa um dos Passos da Via Sacra de Valença (v. IPA.00006232). A norte ergue-se a Igreja da Santa Casa da Misericórdia (v. IPA.00006231), existindo portão de ferro vedando o estreito espaço de logradouro entre as duas igrejas e, na proximidade erguem-se outros imóveis de interesse, como a Casa do Poço (v. IPA.00016739) a nascente, e a Pousada de São Teotónio (v. IPA.00006217), cerca de 30 m a norte.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: 1. (CEMP n.º 389) Inscrição comemorativa da fundação da igreja gravada num silhar, de granito com 43x72,5x37, na sexta fiada do ângulo sudeste da parede exterior da capela-mor. Apresenta fratura no canto inferior esquerdo e um sinal de canteiro na terceira linha, entre as palavras "FVI" e "FVNDA". Tem letra tipo inicial carolino-gótica de má qualidade gráfica. Leitura modernizada: VIII DIAS ANDADOS(=8) DO MÊS DE JULHO FUI FUNDADA ERA Mª CCC XIIII(=ano de 1276) XIIII. 2. Inscrição comemorativa de construção de capela gravada em sete silhares, na nona fiada, da fachada poente, com letra de tipo inicial carolino-gótica e gótica minúscula de forma. Leitura modernizada: esta capela mandou fazer afonso pires e sua mulher maria rodrigues na era de mil bc xx (=1520). PINTURAS MURAIS na parede fundeira da capela das Carlas, com representação de um tríptico, de eixos definidos por colunas torsas sobre bases e de capitéis coríntios; no eixo central surge um Calvário, com as figuras dos malfeitores dispostas no topo superior, e as de Nicodemos e José de Arimateia num plano inferior, devidamente identificadas por inscrições em filacteras; a zona central encontra-se sem camada cromática; nos eixos laterais surge São Gregório (Evangelho) e uma outra figura (Epístola). Sob o tríptico, surgem frisos fitomórficos e de enxaquetado. TALHA: Retábulos laterais de estrutura semelhante, de corpo reto e um eixo definido por duas colunas de terço inferior canelado, assentes em dupla ordem de plintos, os superiores muito baixos e canelados e os inferiores decorados com elemento fitomórfico inserido numa almofada, e de capitéis coríntios, e por duas pilastras de fuste ornado com filete e terço superior marcado, que se prolongam em duas arquivoltas, a interior festonada, decoradas com elementos vegetalistas e com fecho saliente; ao centro, abre-se nicho de perfil curvo e moldura pintada a dourado, albergando, no do lado do Evangelho, painel dedicado às Almas e peanha e, o do lado da Epístola, com o interior pintado de azul e desnudo. As estruturas rematam em espaldar, ornado de voluta e grinalda, terminado em cornija contracurva sobreposta por elementos fitomórficos vazados e amplo acanto no fecho, sendo ladeado por urnas sobre plintos canelados, no alinhamento das colunas. O banco tem ao centro, interrompendo a moldura do nicho, no do lado do Evangelho, cartela oval encimada por acanto vazado e, o do lado da Epístola, sacrário, de porta lisa e remate superior igual. Altar tipo urna com frontal delineado por filete dourado, ornado por cartela central de onde partem elementos vegetalistas e grinaldas. O retábulo da capela lateral da Epístola é em talha policroma, de corpo convexo e um eixo, definido por duas pilastras e duas colunas, estas com o terço inferior marcado e canelado, assentes em duas ordens de plintos paralelepipédicos, os inferiores mais altos, e de capitéis coríntios; ao centro, abre-se nicho em arco de volta perfeita, com moldura dourada, interiormente albergando sacrário tipo templete, com concheados laterais e terminado em cornija; ático em espaldar decorado por espigas e filetes dourados, terminado em cornija curva sobrepujada por acanto vazado, sendo ladeado por urnas dispostas no alinhamento das colunas. Altar tipo urna de frontal decorado por elementos fitomórficos relevados enrolados. Retábulos colaterais semelhantes, mas o do Evangelho, em talha pintada a branco e dourado, e o da Epístola a marmoreados fingidos, a azul, rosa, bege e dourado, com o eixo definido por duas colunas de terço inferior marcado, assentes em plintos com elementos vegetalistas e de capitéis coríntios, coroadas por fragmentos de volutas; ao centro, abre-se nicho de perfil curvo, com moldura dourada que se prolonga inferiormente pelo sotobanco, interiormente pintado de azul e albergando mísula; ático em espaldar recortado, ornado de elementos vegetalistas e falso fecho prolongado desde o do arco, terminado em cornija contracurvada encimada por elementos vegetalistas vazados; sotobanco integrando sacrário, definido por concheados, terminado em cornija contracurvada com acanto vazado. Altar tipo urna de frontal decorado com cartela central, sobreposta por colchete, de onde partem motivos fitomórficos.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Viana do Castelo - Arciprestado de Valença) (Igreja) / privada: pessoa singular (Capela das Carlas)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 13 / 16 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1258 - na lista das igrejas situadas no território de entre Lima e Minho, elaborado por ocasião das Inquirições de D. Afonso III, a igreja pertence ao bispado de Tui, sendo denominada de Igreja de "Contarasta de Couto"; 1276 - data inscrita, com caracteres modernos, na cabeceira; 1320 - no Catálogo das igrejas mandado elaborar por D. Dinis para o pagamento de taxa, a igreja é taxada em 70 libras, sendo então designada Sancte Marie de Valência; 1444 - o território onde se integrava passa a pertencer ao bispado de Ceuta; 1512 - o Arcebispo de Braga, D. Diogo de Sousa, dá a D. Henrique, bispo de Ceuta, a comarca eclesiástica de Olivença, recebendo em troca a de Valença do Minho; 1513 - aprovação da permuta pelo Papa Leão X; 1514 - 1532 - a igreja rende $078; 1520 - data da construção de capela funerária da família dos Abreus Bacelares, designada de Capela das Carlas, por Afonso Peres e sua mulher Maria Rodrigues; séc. 16 - uma capela na Igreja é administrada por Simão Correia, moço da Câmara, e uma outra, instituída por Diogo Boldez, é administrada por Afonso Eanes, de alcunha ouilheiro, morador em Valença; 1546 - no registo da avaliação das igrejas, efetuado durante o arcebispado de D. Manuel de Sousa, refere-se que "uma terça" de Santa Maria dos Anjos pertence ao mestre-escola de Santo Estêvão de Valença e as restantes "duas terças" do concelho e arcebispo, rendendo 10$000; 1580 - na cópia do censual de D. Frei Baltasar Limpo, a igreja está anexa perpetuamente à Colegiada de Valença, sendo da apresentação do mestre-escola; 1623 - data do registo de batismo e de óbito mais antigo; 1624 - data do registo de casamento mais antigo; 1671 - instituição da Irmandade das Almas de Santa Maria; 1755, 01 novembro - segundo o relato do Pe. António Lourenço Lajes nas Memórias Paroquiais, não houve casa, templo ou edifício que não tenha padecido ruína com o terramoto; 1758, 13 março - segundo o relato do Pe. Manuel da Costa e Silva nas Memórias Paroquiais, a igreja é de uma nave e tem seis altares: o do Santíssimo Sacramento na capela-mor, o de Nossa Senhora do Rosário, o de Sano António, ambos colaterais, o das Santas Almas no corpo da nave, o do Senhor Crucificado retirado a um lado da nave, mas comunicável por um arco com a mesma, e do lado oposto o de Nossa Senhora do Pranto com o Santíssimo filho nos braços; na igreja existem duas Irmandades, a de Santo António e a das Almas nos respetivos retábulos; o orago, de Nossa Senhora da Assunção, é festejado com missa cantada, sermão e procissão ao redor da igreja no dia 15 do mês de agosto; o pároco é cura anual, apresentado pelo mestre escola da Colegiada de Santo Estêvão da vila, tendo de renda anual os rendimentos provindos dos funerais, 60$000 de pé de altar e ainda do rendimento do mestre escola e Colegiada; 1834 - anexação da freguesia de Santo Estêvão à de Santa Maria dos Anjos, a qual passa a reitoria; 1859 - a igreja passa a abadia; 1864, maio - Joaquim José Ferreira, sobrinho do Visconde de Guaratiba (igualmente de nome Joaquim António Ferreira, nascido em Valença em 1777 e emigrado para o Brasil em 1796), envia a partir do Brasil 250$000 para o Santíssimo Sacramento da Matriz; 1913, maio - a Comissão Paroquial da vila não aceita a oferta que a Comissão Municipal Administrativa lhe fez do antigo relógio da torre de Santo Estêvão, com a condição de lhe comprar os sinos, principalmente por não ter rendimentos para as suas despesas mais urgentes; 1918, março - Comissão Administrativa da Junta de Freguesia da vila solicita autorização para contrair empréstimo para proceder à conservação da fachada da Igreja de Santa Maria dos Anjos, que ameaçava ruir; junho - início do apeamento da frontaria da igreja devido às obras de reconstrução; reparações em pinturas várias; 1919 - data inscrita no tímpano do portal principal; junho - festa de reabertura da Igreja; 1920, junho - integração do arquivo da Vigairaria Geral de Valença no Arquivo Distrital de Braga; 1973 - fotografia documenta a Capela das Carlas ainda com o retábulo de talha dourada *1; 1977, 03 novembro - a paróquia Santa Maria dos Anjos de Valença é integrada na Diocese de Viana do Castelo, criada nesse mesmo dia pelo Papa Paulo VI; 2018 - o culto na paróquia realiza-se na Igreja de Santo Estêvão (v. IPA.00006230) e na Capela do Senhor dos Esquecidos (v. IPA.00015530).

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria aparente ou rebocada e caiada; molduras dos vãos, frisos, pilastras e cornijas, pia batismal, guias, supedâneo e pavimento da capela-mor em cantaria de granito; pavimento da nave em madeira; retábulos e guarda do púlpito em talha policroma; pinturas murais; gradeamento de ferro; portas de madeira; janelas gradeadas e envidraçadas; nicho em madeira; cobertura de telha; catavento e cruz de ferro.

Bibliografia

ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - Arquitectura Românica da Entre-Douro-e-Minho. Porto: 1978, vol. 3, p. 58; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - História de Arte em Portugal. O românico. Lisboa: 1986, p. 58; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - Alto Minho. Lisboa: 1987, p. 165; ALVES, Lourenço - Arquitectura religiosa do Alto Minho. Igrejas e capelas do Alto Minho do séc. XII ao séc. XVIII. Viana do Castelo: 1987; BARROCA, Mário Jorge - Epigrafia Medieval Portuguesa (862-1422). Corpus Epigráfico Medieval Português. Porto: 2000, vol. 2, Tomo 1, pp. 990-994; CAPELA, José Viriato - Valença nas Memórias Paroquiais de 1758. Valença: 2003; LEAL, Pinho - Portugal Antigo e Moderno. Lisboa: 1882, vol. 10, p. 115; NEVES, Augusto Pinto - Valença. Das origens aos nossos dias. Valença: 1997; NEVES, Augusto Pinto - Valença entre a História e o Sonho. Valença: 2003; ROCHA, J. Marques - Valença. Porto: 1991, pp. 32-33; VIEIRA, José Augusto - O Minho Pittoresco. Lisboa: 1886, vol. 1, p. 97.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA

Documentação Administrativa

Arquivo Distrital de Braga (datas extremas: 1623 - 1888)

Intervenção Realizada

Comissão Fabriqueira: 1977 - obras de reparação de coberturas e pavimentos.

Observações

*1 - O retábulo da Capela das Carlas tinha corpo reta e um eixo definido por quatro colunas, de terço inferior marcado, as exteriores de fuste espiralado e as interiores decoradas com motivos vegetalistas, assentes em plintos decorados com composições figurativas; ao centro, abria-se nicho em arco de volta perfeita, albergando Pietá; ladeava e encimava o nicho painéis; ático em tabela.

Autor e Data

Alexandra Lima e Paulo Amaral 1998 / Paula Noé 2007

Actualização

João Almeida (Contribuinte externo) 2018
 
 
 
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