Fábrica de Pólvora de Barcarena / Universidade Atlântica / Museu da Pólvora Negra

IPA.00006621
Portugal, Lisboa, Oeiras, Barcarena
 
Fábrica de pólvora.
Número IPA Antigo: PT031110020015
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Extração, produção e transformação  Fábrica    

Descrição

A denominada FÁBRICA DE BAIXO é constituída por diversos edifícios (aos quais corresponde diferente equipamento) destacando-se 4, nomeadamente, a Caldeira dos Engenhos, o Edifício das Galgas, as Oficinas a Vapor e o último a ser edificado, a Central Hidroeléctrica. Confina a S. com as casas de residência dos oficiais, a E. com uma fachada sem aberturas, e a O. com um muro com remate em cantaria. CALDEIRA DOS ENGENHOS: edifício localizado na margem esquerda da ribeira, corresponde à zona primitiva de produção e consta de um amplo reservatório de água, alimentado pelo aqueduto de baixo com saída pela gárgula de calcário em forma de peixe (delimitado por muro com conversadeiras e aproveitado como espaço de lazer) que assegurava o fornecimento de água às azenhas, situadas numa galeria com cobertura em abóbada de berço, e que a conduzia depois aos engenhos de galgas; destinados ao encasque da pólvora (uma das principais etapas do processo de fabrico da mesma). EDIFÍCIO DAS GALGAS: compreendido por um pequeno edifício central, com funções de apoio, e 2 edifícios simétricos, cada um deles dividido em 3 compartimentos; o compartimrnto do meio aloja um motor eléctrico e cada um dos laterais um sistema de galgas sobre prato. Reconhecem-se 2 engenhos de 2 galgas suspensas em ferro fundido cada um - inicialmente compunham-se de 2 mós de pedra que rolavam verticalmente sobre um prato também de pedra, - accionadas por corrente eléctrica através de tambores e correias instaladas no piso subterrâneo. Com a introdução da máquina a vapor aparece o EDIFÍCIO DAS OFICINAS A VAPOR (hoje em ruínas) de planta rectangular volumetria paralelepipédica e compartimentado em espaços de planimetria rectangular. A nova tecnologia accionava os trituradores das misturas binárias, o encasque e a compressão da pólvora através da prensa hidráulica, lustração, peneiração e granisação. CENTRAL HIDROELÉCTRICA: localizada no limite jusante da fábrica, composta por um único compartimento de planta rectangular. Reconhecem-se ainda os principais elementos como as 2 turbinas, os dínamos e o quadro eléctrico, já muito incompleto. Fornecia energia aos motores que accionavam os 4 engenhos de galgas. O funcionamento das turbinas que por sua vez accionavam geradores de corrente contínua de 40 KW era assegurado por água fornecida por um aqueduto que provinha do canal de alimentação das azenhas da Fábrica de Cima; em períodos de escassez de água o equipamento era apoiado por 2 centrais eléctricas Diesel. Páteos de acesso às duas fábricas são revestidos de tijoleiras, a cutelo na zona adjacente aos edifícios com a finalidade de evitar o desenvolvimento de faíscas. e de calçada de pedra nas restantes zonas. Os referidos páteos são ainda providos de amplos sumidouros de forma a evitar a acumulação de águas pluviais e a sua consequente entrada nos edifícios.

Acessos

Rua das Fontaínhas. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,740979; long.: -9,284578

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, destacado, em terreno murado, junto à ribeira de Barcarena

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Extração, produção e transformação: fábrica

Utilização Actual

Educativa: universidade / Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

António Cremer (Intendente e Administrador das Fábricas de Pólvora do Reino); Pedreiro: Brás Rodrigues.

Cronologia

1487 - Carta régia de D. João II, dando privilégios às oficinas de ferrarias de Barcarena, para fabrico de armas, chamadas de Ferrarias d'El Rei; Séc. 16, 1º quartel - D. Manuel instala neste local uma oficina com moinho para fazer pólvora; 1517, 25 Outubro - ordem de D. Manuel para Afonso Monteiro dar de empreitada a obra da Casa da Armaria; 1519, 1 Fevereiro - medição feita por Pedro Luís de uma obra de pedreiro, realizada nas ferrarias; 1520, 29 Maio - certidão de Pedro Luís, medidor das Obras de Lisboa, em que declara ter ido medir e avaliar umas paredes feitas por Brás Rodrigues, as quais tinham 37 braças e 25 palmos, importando a quantia de 18$325 réis; 1526, 2 Junho - mandado de D. António da Silveira, Contador-mor, para Vasco Fernandes, do almoxarifado da casa dos armazéns da Guiné e Índias, entregar a Diogo Luís, recebedor da Casa da Armaria, 8 reís para corregimento dos engenhos de Barcarena; 1537 - carta régia de doação a Aires do Quental, provedor-mor dos metais, do quinto nas ferrarias de Barcarena; 1539, 1 Dezembro - carta régia de alvará a João de Aguilar, armeiro da Casa Real, em Barcarena, através da qual recebe tença e mercê, paga pelo armazém da Guiné e Índias, na quantia de 15 mil réis, cada ano; 1546, 21 Outubro - carta régia a João de Aguilar, armeiro das ferrarias de Barcarena, dando o necessário para manter as ferrarias; 1618, 16 Janeiro - carta de Filipe II, dirigida ao Vice-rei da Índia, solicitando o envio de salitre da Índia, para o fabrico de pólvora em Bracarena; 1621 / 1622 - o engenheiro Leonardo Turriano propõe para Barcarena um esquema de moinho de galgas para o encasque da pólvora, cuja força motriz era a água que caía na azenha situada numa galeria semelhante à ainda hoje existente e datada do séc. 18; 1627, 24 Fevereiro - carta de Jerónimo da Fonseca, mestre de anu capitana, a Filipe III, mencionando o envio, pelo Vedor da Fazenda, um engenho para fazer pólvora, para ser colocado em Barcarena; 1645, 12 Janeiro - contrato de arrendamento. do moinho da Fábrica de Barcarena, ao polvorista Afonso Matheus; 1659, 1 Junho - carta de D. Afonso VI, de Superintendente das ferrarias a Vicente Gonçalves Rebelo; 16 Dezembro - ordem de D. Luisa de Gusmão ao Monteiro-mor do reino para que se retire da Serra de sintra o carvão necessário para a laboração das ferrarias, devido à necessidade de armamento que o país carecia; 1668, 5 Março - alvará régio para o Superintendente da Fábrica de Barcarena, Vicente Gonçalves, renunciar no seu sobrinho Vicente Gonçalves Rebelo; 1695, 29 Julho - lei de D. Pedro II proibindo o lançamento de foguetes ou outros gastos de pólvora, castigando com o degredo quem desobedecesse; 22 Agosto - alvará de régio a Carlos de Sousa Azevedo obrigando-o a construir nas ferrarias dois moinhos para fazer pólvora e a reparar a levada e o açude; 1725 - o holandês António Cremer ganha por concurso a arrematação das fábricas de pólvora do reino; 1729 - inauguração da chamada Fábrica de Baixo; 1752 - D. Catarina Sofia Cremer Vanzeler era administradora das fábricas da pólvora; 20 Setembro - referência à necessidade de conserto das ruínas da levada da fábrica; 1753 - a administração da fábrica é entregue à Junta dos Três Estados; 1755 - incêndios e vários desabamentos causados pelo terramoto; 1763 - trabalhavam na fábrica 39 operários; 1760, 6 Setembro - ofício de nomeação pelo engenheiro-mor do reino, Manuel da Maia, de dois engenheiros, chamados Filipe Rodrigues de Oliveira e José Matias de Oliveira Rego, para fazerem o orçamento da conclusão das obras das fábricas; 1766 - ofícios do Conde de Rezende sobre a importação da Holanda de galgas e pratos para engenhos da fábrica; 1774 - incêndio que destrói parcialmente a fábrica, procedendo-se seguidamente à sua reedificação; 1775 - data da planta da fábrica, mandada fazer por Martinho de Mello; 1785 - Bartolomeu da Costa já era Director Técnico da fábrica; 1791 - a fábrica passa para a dependência do Arsenal do Exército; 1793 - Bartolomeu da Costa é nomeado Director da fábrica; 1805 - duas explosões que provocaram sérios estragos no edifício; morreram 31 trabalhadores e o director; foi necessário fazer diversas obras nos telhados e proceder ao desentulho das oficinas; 1805 / 1817 - construção da denominada Fábrica de Cima; Quinta da Caida, adjacente à Fábrica foi expropriada, de forma que ai fosse construída a oficina de graniso; 1811, 24 Outubro - alvará de D. João VI, fazendo mercê de Meirinho das águas da fábrica a José Joaquim Lopes; 1815 - incêndios em dois engenhos na Fábrica de Baixo; arranjo da estrada que vai desde a fábrica até ao Forte de Nossa Senhora do Vale; reparação da estrada que fazia ligação entre a fábrica e os armazéns de pólvora, em Caxias; 1816 - incêndio num engenho da fábrica; 16 Junho - memória sobre o estado de conservação da fábrica, constantando a necessidade de obras, desde os telhados até aos muros de suporte das terras; 1817 - data da planta aguarelada da Real Fábrica da Pólvora de Barcarena; 1819, 28 Maio - apreciação da Junta da Fazenda dos Arsenais do Exército sobre o requerimento do Padre Carlos de Souza Azevedo que solicita uma mesada no valor de 18 a 20 mil réis, para dar missa na fábrica; 1825, 5 Outubro - minuta a pedir autorização para mandar consertar a casa da balança da fábrica, feita pela Real Junta da Fazenda dos Arsenais do Exército; 1834 / 1849 - a pólvora produzida na fábrica é vendida por conta do Contrato do Tabaco; 20 Dezembro - decreto da Secretaria de Estado dos Negócios de Guerra, determinando que a fábrica fosse anexada ao Arsenal do Exército e passasse a ser considerada uma repartição do Arsenal; 1854, 8 Março - decreto de D. Pedro V, nomeando uma comissão para o desenvolvimento técnico e administrativo da produção de pólvora em Barcarena, devido ao aumento da entrada de pólvora estrangeira no país; 1855, 18 Junho - dissolução da comissão; 1862 - nova explusão na Fábrica; empregava 80 trabalhadores e produzia a pólvora necessária para o exército; 1863, 16 Dezembro - expropriação de uns terrenos junto à fábrica, pertencentes a Maria Augusta de Oliveira, António da Silva, José dos Santos e José Maria de Almeida, devido ao perigo que constituía o fogo lançado no restolho do trigo ou da cevada, semeados nos terrenos; 1869 - a extinção do Arsenal do Exército, faz com que a mesma passe a ter uma gestão autónoma; 1879 - instalação da primeira máquina a vapor em Barcarena; 1880, 1 Setembro - incêndio na oficina de granizo e peneiro; 1882, 12 Maio - explosão na fábrico; 1889, 26 Fevereiro - contrato do Comando Geral de Artilharia realizado para a aquisição de um aparelho de carbonização de cilindros móveis; 1883 - existiam 2 máquinas a vapor em funcionamento na fábrica; 1888 - trabalhavam na fábrica 150 operários; 1892, 20 Setembro - decreto referente à segurança da fábrica, proibindo a construção de fábricas e depósitos de substâncias explosivas, em volta da fábrica de Barcarena, obrigando à limpeza das matas em redor e proibindo fazer lume nas estradas que passavam junto à fábrica; 1893 - 1895 - o Arsenal do Exército é restaurado e passa a integrar novamente a fábrica até 1927; 1911 - 15 Abril - expropriação de uma levada nos terrenos da fábrica e de uma propriedade adjacente pertencente a Maria dos Anjos Amaral Buttler; 1925 - construção da central hidroeléctrica; 1927 - explosão que vitimou 1 operário; 1929 - instalou-se em edifício já existente a 2ª central eléctrica a diesel, de apoio à central hidroeléctrica de 1925; 1930 - nova explosão matando 7 dos trabalhadores; 1940 - é introduzida em Barcarena uma linha de fabrico de pólvora química, para a qual se construiram instalações na margem direita da ribeira; 1972 - violenta explosão no edifício das oficinas a vapor, termina nesta data o fabrico de pólvora negra na fábrica; 1988 - encerramento da fábrica, então designada Fábrica de Pólvora e Explosivos de Barcarena; 1993 - aquisição do imóvel pela Câmara Municipal de Oeiras; 1995 / 1998 - transformação do edifício e recheio industrial sobrevivente segundo um projecto museográfico; 1996 - inauguração da Universidade Atlântica, uma parte do Complexo do Parque de Ciência e Tecnologia; 1998 - inauguração do Museu da Pólvora Negra; 2001, Dezembro - Concurso público, D. R., IIIª Série, nº 283 de 7 de Dezembro de 2001 para recuperação do edifício 14 na Fábrica da Pólvora de Barcarena; 2002, 27 setembro - Despacho de encerramento do processo de classificação pelo vice-presidente do IPPAR.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira.

Bibliografia

QUINTELA, António de Carvalho e OUTROS, A Fábrica da Pólvora de Barcarena e os seus Sistemas Hidráulicos, Oeiras, 1995; Fábrica da Pólvora de Barcarena: projecto de musealização da Fábrica de Baixo. 1ª fase, Oeiras Municipal, nº 53, Oeiras, 1997; Câmara Municipal de Oeiras, Fábrica da Pólvora de Barcarena, Subsídio para um Roteiro de Fontes Arquivisticas e Bibliográficas, Oeiras, 1998; Fábrica da Pólvora, in Oeiras. Parque das Tecnologias, Nº 1, Jun. 1999.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMO

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMO

Documentação Administrativa

CMO

Intervenção Realizada

CMO: 1995 / 1998 - obras de conservação geral e limpeza para adaptação ao novo uso, tratamento da envolvência.

Observações

As centrais eléctricas diesel estavam envolvidas por uma estrutura de ferro e vidro que foi adquirida por um particular.

Autor e Data

Cecília Matias 1998 / Teresa Vale e Maria Ferreira 1999

Actualização

 
 
 
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