Mosteiro de Nossa Senhora dos Mártires e da Conceição / Igreja Paroquial de Sacavém / Igreja de Nossa Senhora da Purificação

IPA.00006805
Portugal, Lisboa, Loures, União das freguesias de Sacavém e Prior Velho
 
Arquitectura religiosa, maneirista. Mosteiro de Clarissas Xabreganas, constituindo um exemplar notável de uma corrente reconhecível na arquitectura maneirista portuguesa, caracterizada pela austeridade contra-reformista e pela erudição do vocabulário arquitectónico utilizado.
Número IPA Antigo: PT031107120007
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro feminino  Ordem de Santa Clara - Clarissas (Província dos Algarves - Xabreganas)

Descrição

De planta longitudinal composta pela justaposição de 2 rectângulos (nave e capela-mor), volumetria escalonada, cobertura diferenciada efectuada por telhados a 2 águas e em coruchéu. Em reboco pintado, alçado principal coincidente com alçado lateral ( O.) composto por 2 corpos correspondentes às duas entidades espaciais que definem o interior. O corpo a N., (nave) apresenta pano de muro ritmado por duplas pilastras de cantaria, assinaladas superiormente por pináculos piramidais, que definem assim 3 módulos animados no extremo N., por portal de verga recta de acesso ao templo - encimado por entablamento suportado por pilastras animadas por consolas e sobrepujado por frontão triangular interrompido por cruz ao centro, ladeado por pináculos. O portal é encimado ao nível do remate da fachada, por janelas iluminantes com capialço acentuado para o lado exterior, também presentes nos outros módulos. Recuado, o corpo a S. é delimitado por pilastra análoga às descritas, ostentando apenas uma janela iluminante também idêntica às mencionadas. O edifício é superiormente rematado por cornija continuada. Destaca-se a cabeceira do templo, pela incorporação no alçado, de uma torre em cantaria ao centro, com 4 ventanas sineiras, - definida por pilastras no mesmo material ostenta nicho a albergar figuração escultórica de Nossa Senhora sobrepujado por entablamento a terminar em frontão angular; precedida de relógio a torre é rematada por coruchéu piramidal hexagonal e por pináculos. INTERIOR: nave única com cobertura em abóbada de nervuras, muros revestidos por lambril azulejar historiado e a presença de cada lado, de altares inscritos em arcos de volta de perfeita em cantaria, delimitados superiormente por verga recta destacada suportada por pilastras ornadas com sugestões de capitéis jónicos. Precede a capela-mor, arco triunfal de volta perfeita em cantaria, articulado com 2 vãos de volta perfeita no mesmo material os quais definem altares colaterais com peanhas: Com cobertura em abóbada de aresta a capela-mor ostenta crucifixo no muro de topo.

Acessos

Praça da República, Rua Professor José Duarte Morais. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,796869; long.: -9,105625

Protecção

Em vias de classificação

Enquadramento

Urbano, destacado, isolado, em posição altimétrica dominante, sobre morro sobranceiro ao rio Trancão, na zona normalmente designada por Sacavém de Baixo. Nas Proximidades do Reduto do Monte Sintra (v. PT031107120046)

Descrição Complementar

Coro alto com guarda contracurvada de balaústres. No que resta do antigo complexo arquitectónico conventual reconhece-se o claustro, de 2 pisos, o térreo em arcaria de volta perfeita assente em colunas toscanas, e o superior em vãos de verga recta. As paredes encontram-se revestidas a azulejos padronados da segunda metade do séc. 17.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro feminino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial / Devoluto

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Lisboa) (igreja) / Pública: municipal (convento)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

1577, 14 Junho - bula do Papa Gregório XIII autorizando D. Miguel de Moura (escrivão da puridade de D. Sebastião) e de sua esposa, D. Brites da Costa a fundarem um mosteiro de freiras da regra de Santa Clara (ordem franciscana) sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição dos Milagres; 1578, 26 Junho - provisão de D. Sebastião, para que D. Miguel de Moura fundasse o Mosteiro de Sacavém, com os mesmos bens do Mosteiro da Madre de Deus, constando de 500 mil reais, 3 arrobas de cera, uma pipa de vinho, uma pipa de vinagre, uma pipa de azeite, 4 arrobas de arroz de Valença, 2 quintais de amêndoas, 6 peças de figo, 6 arrobas de passas e 150 varas de pano; 1580, 27 Janeiro - carta do cardeal rei D. Henrique autoriza aos padroeiros a execução do breve pontifício; 1581, 13 Outubro - entrada das monjas no edifício, provenientes da Madre de Deus de Lisboa; 1582, 03 Março - a provisão é confirmada por D. Filipe I; 15 Julho - D. Filipe ordena que a Igreja de Veiros, anexa ao Mosteiro, doasse anualmente 9 mil reais ao prior e beneficiados da igreja; 1584 - doação de Miguel de Moura, do padroado e casas de residência ao convento de Sacavém; 1577, 25 Junho - a Ordem de S. Francisco autoriza que o mosteiro se edifique; 1581, 11 Outubro - oito religiosas foram transferidas do Mosteiro da Madre de Deus, para este mosteiro; 1584, 16 Novembro - carta régia de Filipe I confirma a doação de Miguel de Moura; 1587, 11 Outubro - o Arcebispo de Lisboa, D. Jorge de Almeida, confirma a doação, no entanto foi o cardeal D. Henrique, a 27 de 1580, que ordenou que se cumprisse o que fora ordenado pelo Papa Gregório XIII em Junho de 1577, e que fossem " destacadas " religiosas para o mosteiro; 1596 - lançamento da primeira pedra da igreja conventual, também pela mão de Miguel de Moura; 1599, 30 Dezembro - morre Miguel de Moura sem ver concluída a Igreja ; 1852 - o edifício encontrava-se em muito mau estado; 1863, 11 Abril - a igreja conventual torna-se sede da paróquia de Sacavém, por concessão do cardeal patriarca de Lisboa D. Manuel Bento Rodrigues; 1877 - o primitivo complexo conventual é entregue ao Ministério da Guerra; 1885 - profunda campanha de obras de restauro, à custa do legado de Teodoro José Inácio (m. 12.06.1884) e sob a direcção do seu testamentário Sebastião José Pedroso e do pároco Padre José Adriano Borges; 1886 - a campanha de obras estava concluída; 1942 - o Padre Filinto Elisio de Sousa Ramalho torna-se pároco (m. 1992) e desenvolve uma significativa actividade na paróquia; 2007 - o quartel foi abandonado e alienado pelo Estado Português, prevendo-se a construção de uma urbanização no local, com prédios, zona comercial e zona de lazer, instalando-se, no antigo convento, um centro cívico e a Junta de Freguesia, estando a igreja aberta ao público; 2022, 02 dezembro - publicação da abertura do procedimento de classificação do antigo Convento de Nossa Senhora dos Mártires e da Conceição, como Monumento de Interesse Municipal, em Aviso n.º 22997/2022, DR, 2.ª série, n.º 232.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes e estrutura autónoma

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira pintada e dourada, azulejos (séc. 20)

Bibliografia

AAVV, Rotas de Loures. História e Património, Loures, 1998; AFONSO, A. Monteiro, Sacavém. O Espaço, as Gentes, a História. Estudo Sociológico, Sacavém, s.d. (texto policopiado); COSTA, Américo, Dicionário Corográfico de Portugal, Vol. 10, Vila do Conde, 1948; Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Vol. 26, Lisboa - Rio de Janeiro, 1935 - 1985; PEREIRA, Esteves, RODRIGUES, Guilherme, Portugal. Diccionário Histórico, Chorographico, Biographico, Bibliographico, Heráldico, Numismático e Artístico, Vol. VI, Lisboa, 1912; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vol. II.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO (igreja): c. 1950 / 1960 - campanha de obras de beneficiação e restauro; colocação de placa de betão armado no coro-alto; aplicação de lambril azulejar monócromo industrial.

Observações

Autor e Data

Teresa Vale e Maria Ferreira 1999

Actualização

 
 
 
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