Quinta das Maduras / Quinta das Tinhozeiras

IPA.00006809
Portugal, Lisboa, Loures, União das freguesias de Santo Antão e São Julião do Tojal
 
Arquitetura agrícola e arquitetura residencial, barroca e rococó. Quinta com casa, jardim de recreio e campos agrícolas. A casa tem acesso por pequeno pátio, para onde abrem as antigas cavalariças e o edifício residencial com capela. Interessante exemplar de arquitetura residencial sazonal e de produção, construída na segunda metade do séc. 18 e ampliada em um piso, ligeiramente recuado no início do séc. 20. No interior mantém interessantes rrevestimentos cerâmicos, alguns atribuídos a Battistini.
Número IPA Antigo: PT031107160232
 
Registo visualizado 1935 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Agrícola e florestal  Quinta    

Descrição

A propriedade é totalmente rodeada por muro alto em alvenaria de pedra, rasgado por duas grandes janelas emolduradas a cantaria de calcário, enquadradas por pilastras e rematadas superiormente por cornija coroada de frontão muito recortado, com volutas e pináculos nas extremidades. A estrutura do espaço exterior da quinta é ortogonal e dividida em duas partes pela ribeira da Fonte Santa, no sentido N/S. A casa, o jardim, o olival a N. da casa, o pomar de citrinos fronteiro ao jardim e uma das folhas de cultivo de hortícolas, situam-se no concelho de Loures. No concelho de Vila Franca de Xira situam-se: um segundo olival com um grande tanque de rega; uma parcela retangular com um troço de aqueduto, um poço e uma grande nora, ladeada por uma palmeira-das-canárias, de porte notável e um engenho de elevar água para rega (moinho americano), junto a um tanque de pedra quadrangular, e uma grande folha de cultivo com algumas laranjeiras dispersas. Todas as áreas exteriores são delimitadas por caminhos (em terra batida), ladeados por muretes em alvenaria de pedra, sendo o principal, o que une o jardim ao conjunto formado pelo tanque quadrangular, poço e nora, marcado por apoios de pérgula em pedra, desde a casa até ao tanque. Existe ainda um outro tanque quadrangular no olival que se situa a N. da casa. O muro que delimita a propriedade é marginado por alinhamento denso de oliveiras na fronteira com a rua do Movimento das Forças Armadas, limite S. da quinta. O conjunto habitacional compõe-se de dois edifícios que formam pátio de entrada a que se acede a partir de portal de lintel abatido, ladeado por pilastras com vasos e encimado por frontão de aletas de lanços contracurvos, exibindo no tímpano trabalhos de estuque que enquadram um painel de azulejos alusivo a Nossa Senhora do Rosário e, na cartela inferior, a data de 1767. Um destes edifícios, de planta retangular, é recuado em relação à rua e corresponderia na origem a cavalariças ou apoio agrícola. A CASA é de planta quadrada e volume único, com cobertura homogénea em telhado de quatro águas, rematadas em beiradas simples, integrando a casa de habitação, de dois pisos, e a capela. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com os dois pisos separados por cornija, percorridas por socos pintados de bege e com cunhais salientes com a mesma tonalidade, sendo rematadas por cornijas. Fachada principal rasgada regularmente por janelas de peitoril com emolduramento simples de cantaria, que no piso térreo surgem guarnecidas por avental de azulejos de padrão a azul, branco e amarelo. Tem porta para a casa e à esquerda desta, porta para a capela. A fachada lateral direita confina com a via pública e é seccionada por pilastras em três panos, o primeiro com um nicho de volta perfeita a ocupar a totalidade do pano murário, com uma cruz no interior; o segundo aberto por uma janela retangular com avental de azulejos, e o terceiro igualmente aberto por quatro janelas idênticas à anterior. Sobre a cornija e apenas na correspondência deste último pano, ergue-se um outro piso, mais recuado, com três janelas e cornija a formar um frontão triangular sobre o vão central. A fachada posterior possui grande varanda voltada ao jardim de recreio, com bancos de estar e decoração azulejar setecentista na parede exterior da casa, rasgada por duas portas emolduradas a cantaria e com cornijas retas salientes. INTERIOR com a capela dedicada a Nossa Senhora do Rosário, profusamente decorada por estuques ao nível do segundo registo das paredes, enquadrando uma janela central e possui quatro painéis de azulejo figurativo, policromo e alusivos ao orago. O teto é em "trompe l'oeil", com arquiteturas fingidas, revestido por tela pintada com composição igualmente alusiva ao orago. No altar, retábulo com uma tela alusiva à entrega do Rosário a São Domingos de Gusmão. O vestíbulo da casa possui azulejos figurativos.

Acessos

Rua do Movimento das Forças Armadas, n.º 4, no Lugar de Quintanilho

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 67/97, DR, 1.ª série-B, n.º 301 de 31 dezembro 1997 *1

Enquadramento

Periurbano, isolado, no extremo E. da freguesia de São Julião do Tojal. A casa implanta-se paralelamente à Rua dos Movimento das Forças Armadas, alinhando com os muros da quinta, e ladeando com estes o arruamento a S.. A quinta confronta a N. com terrenos rurais em abandono de exploração, onde predominam matos rasteiros; a S. com a povoação de Quintanilho, a E. com área de armazenagem, e a O. com o Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL). A propriedade implanta-se na base de encosta de declive suave, entre os 30 e os 40m de altitude, geologicamente sobre a Formação de Benfica, composta por conglomerados, areias e arenitos e na unidade de paisagem designada por Terra Saloia (v. IPA.00033160). Os solos são férteis pertencendo aos coluviossolos, ou solos de baixas de natureza calcária. Integra-se na bacia hidrográfica do rio Trancão e é atravessada pela ribeira da Fonte Santa, que efetua o limite entre os concelhos de Loures e Vila Franca de Xira, sendo afluente da ribeira de Alpriate.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Agrícola e florestal: quinta

Utilização Actual

Agrícola e florestal: quinta

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

PINTOR DE AZULEJO: Leopoldo Luigi Battistini (atr., séc. 20).

Cronologia

Séc. 18 - provável fundação da quinta e construção da casa; 1767 - data do registo azulejar sobre o portal; 1924 - ampliação da casa, com a criação do piso superior pelo proprietário, Aníbal Coelho de Montalvão; data provável da pintura dos azulejos atribuíveis a Leopoldo Luigi Battistini (1865-1936); 1996, 12 agosto - Despacho do Ministro da Cultura a determinar a classificação do imóvel.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria mista, rebocada e pintada; modinaturas e cornijas em cantaria de calcário; capela com as paredes em estuque; painéis, silhares e registo em azulejo; grades e guardas em ferro forjado; tetos e pavimentos de madeira; Material vegetal: cipreste (Cupressus sempervirens), laranjeira (Citrus sinensis), oliveira (Olea europaea var. Europaea), nespereira (Eriobotrya japónica), palmeira das canárias (Phoenix canariensis), pinheiro-manso (Pinus pinea); prado natural.

Bibliografia

CARVALHO, Rosário - Quinta das Maduras. IGESPAR IP, http://www.igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/72849/ [consultado em 19 dezembro 2012]); PARREIRA, Rui - Inventário do Património Arqueológico e Construído do Concelho de Vila Franca de Xira - Notícia da Parcela 403 - 8 in Boletim Cultural. Vila Franca de Xira: Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, 1985, n.º 1.

Documentação Gráfica

CMLoures: arquivo Divisão de Planeamento Municipal e Ordenamento do Território

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, SIPA; CMLoures: arquivo Divisão de Planeamento Municipal e Ordenamento do Território

Documentação Administrativa

DGPC: IPPAR processo n.º 94/3(9)

Intervenção Realizada

Observações

=*1 - DOF: Quinta das Maduras incluindo casa, capela e terreno respectivo. A casa encontra-se implantada na freguesia de São Julião do Tojal, em Loures, estando parte do terreno da Quinta implantado em Loures e outra parte na freguesia de Vialonga, em Vila Franca de Xira.

Autor e Data

Fernanda Ferreira, Frederico Pinto, Madalena Neves e Manuel Villaverde (CMLoures) 2013 (no âmbito da parceria IHRU / CMLoures)

Actualização

 
 
 
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