Edifício e Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Miranda do Douro

IPA.00006865
Portugal, Bragança, Miranda do Douro, Miranda do Douro
 
Igreja de Misericórdia construída no séc. 16 e reformada no 17, com planta retangular composta de nave única e capela-mor, com sala do despacho adossada à fachada lateral esquerda, aberta para a nave através de tribuna. Tem a fachada principal em cantaria, executada por Belchior Fernandes, definida por pilastras coroadas por pináculos, terminada em empena truncada por uma sineira, ainda que o projeto de 1687 tenha definido tripla sineira, que seria abandonada pelos mesários por não ser "decente" nem comum nas Misericórdias da região. É rasgada por portal maneirista, em arco de volta perfeita entre colunas suportando entablamento, encimado por nicho, concheados e pináculos, e duas janelas laterais, já de recorte barroco. O portal substituiu o primitivo que não era central ao templo. Interior com coro-alto, construído em 1766, tribuna no lado do Evangelho, de vão abatido sobre pilastras, tendo no piso térreo a Casa da Tulha e sala de arrumos, púlpito confrontante, com bacia de cantaria e guarda em balaustrada de madeira, duas capelas laterais profundas e duas à face no topo da nave, com retábulos de talha dourada e policroma, barrocos e neoclássico. A capela de Nossa Senhora da Boa Morte tem retábulo em talha policroma, neoclássico, de grande riqueza decorativa e inscrição no intradorso do arco. O retábulo da capela de Nossa Senhora da Misericórdia é barroco, de estilo nacional, mas ostenta ainda, elementos maneiristas, mormente as figurações presentes no painel. O retábulo das Almas, em talha dourada, é barroco e tem interessante composição das almas sendo resgatadas do da boca do Diabo, retratado como monstro negro; ostenta ainda inscrição no arco da capela. O retábulo-mor é também barroco, de estilo nacional, sendo ricamente lavrado ostentando interessante imagem do Santo Cristo da Misericórdia, revelando ainda um excelente trabalho de talha e simultaneamente invulgar remate superior com integração de telas pintadas.
Número IPA Antigo: PT010406080029
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Edifício de Confraria / Irmandade  Edifício, igreja e hospital  Misericórdia

Descrição

Planta rectangular composta por nave única e capela-mor, com sacristia e anexo, trapezoidais, e capela, retangular, adossados a norte e capela, retangular, adossada a sul. Volumes escalonados, com coberturas indiferenciadas na nave e capela-mor, e restantes escalonados, em telhados de uma, duas e três águas. Fachadas, rebocadas e caiadas, percorridas por cornija saliente, com pilastras nos cunhais sobrepujadas por fogaréus nas fachadas anterior e posterior, e cruz sobre acrotério nas empenas. Fachada principal, de cantaria, virada a oeste, rematada em empena truncada por sineira, em arco de volta perfeita, encimada por cornija saliente, onde assenta pináculos e cruz sobre acrotério, ao centro; a sineira é ladeada por pináculos e moldura com volutas. É rasgada por portal em arco de volta perfeita sobre pilastras molduradas, e ladeado por medalhões decorados com motivos vegetalistas, apresentando sobre a pedra de fecho mísula decorada com volutas. O conjunto é enquadrado por colunas de secção circular, sobre plintos, encimadas por capitéis dóricos, sobrepujados por arquitrave metopada e com gotas, decorada com motivos vegetalistas, encimada, na projeção das colunas, por pináculos e, centralmente, nicho, desnudo, de arco em volta perfeita, concheado, assente em pilastras dóricas, molduradas, encimado por arquitrave e frontão triangular, com medalhão decorado com motivo vegetalista no tímpano. Ladeia-o janelas de moldura recortada. As capelas laterais são rasgadas por janelas retilíneas, tal como as fachadas norte e sul da capela-mor. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimentos em lajes de granito, e cobertura em falsa abóbada de berço, de estuque, sobre friso e cornija de cantaria. A nave é marcada a meio por pilastras e arco diafragma, tendo duas janelas retangulares, confrontantes, sendo a do lado da Epístola falsa, e a do lado do Evangelho com iluminação indireta pela casa do despacho. Coro-alto de madeira assente em quarto mísulas, com guarda em balaústres torneados de madeira, tendo a zona central de perfil curvo e sendo acedido pelo lado da Espístola; no sub-coro, ladeando a porta, surgem duas pias de água benta, de remate superior concheado e com pia circular estriada. Lateralmente possui duas capelas profundas, a do lado do Evangelho dedicada Nossa Senhora da Boa Morte, com retábulo em talha pintada a marmoreados fingidos e dourada, com imagem da padroeira, e, no lado da Epístola, dedicada a Nossa Senhora da Misericórdia, com retábulo em talha dourada e policroma. No lado do Evangelho sucede-se porta de verga reta, de acesso aos arrumos da casa do despacho, que se abre para a nave pela tribuna dos mesários, de arco abatido, almofadado, sobre pilastras dóricas almofadadas, com balaustrada em madeira e acrotérios em talha dourada sobre friso e cornija. Confrontante à tribuna fica, do lado da Epístola, púlpito de bacia retangular, decorada de acantos, sobre mísula escalonada igualmente decorada com acantos, e balaustrada de madeira, acedido por porta de verga abatida, almofadada e com fecho vegetalista, a partir do Hospital Velho, encimada por vieira. No topo da nave surgm duas capelas laterais à face, a do lado do Evangelho das Almas, com retábulo em talha dourada, de planta reta e um eixo, e no lado da Epístola, dedicada a Nossa Senhora da Soledade, com retábulo em talha dourada. Arco triunfal de volta perfeita, moldurado, assente em pilastras dóricas, cerrado por teia. A capela-mor possui lateralmente portas de verga reta de acesso à sacristia, do lado do Evangelho, e ao Hospital Velho, do lado da Epístola. Sobre supedâneo sobrelevado e com acesso por dois degraus, surge o retábulo-mor em talha dourada, de planta reta e três eixos, definidos por quatro pilastras exteriores, ornadas de acantos e querubins, e oito colunas torsas, decoradas de acantos e anjos, assentes em plintos paralelepipédicos com acantos, e de capitéis coríntios; as seis colunas centrais prolongam-se em igual número de aquivoltas, decoradas com acantos e com florões em aduelas no sentido do raio. No eixo central possui nicho em arco de volta perfeita, com moldura de acantos, interiormente com painel dourado liso, tendo frontalmente imagem do Crucificado sobre sacrário com um Agnus Dei na porta. Os eixos laterais possuem apainelados retilíneos, decorados com losangos, tendo frontalmente imaginária. A estrutura remata em espaldar adaptado ao perfil da cobertura, integrando lateralmente dois painéis pintados, sobre os eixos laterais, e sendo a restante estrutura ornada de acantos enrolados e vários frisos curvos. Sotobanco ornado com apainelados de acantos. Altar em madeira, destacado. A sacristia tem lavabo com espaldar retilíneo, definido por pilastras, rematado em cornija, ornado com bica antropomórfica, vertendo para bacia hemisférica gomeada; o espaldar é enquadrado por aletas, elementos vegetalistas e volutados, tendo ao centro Vieira e cruz latina sobre base inscrita.

Acessos

Largo da Misericórdia

Protecção

Enquadramento

Urbano, no núcleo central do Castelo de Miranda do Douro, flanqueado, num largo lajeado, ladeando o Hospital Velho da Santa Casa da Misericórdia e as novas instalações do Lar desta instituição, com linhas arquitectónicas contemporâneas contrastando com o ambiente geral do restante enquadramento.

Descrição Complementar

O acesso à capela de Nossa Senhora da Boa Morte faz-se por arco de volta perfeita, almofadado, sobre pilastras almofadadas, com dois degraus, cerrado por falsos balaústres planose de madeira. No intradorso do arco tem a inscrição: "DOURADO NO ANNO DE / 1824 SENDO PROUEDOR / JUSTINIANO FERREIRA". No interior é rebocada e pintada de branco, com cobertura em cúpula assente em trompas e laternim em forma de tambor. O retábulo é de talha pintada a marmoreados fingidos, a azul, vermelho, verde e dourado, de planta convexa e um eixo definido por duas colunas decoradas com anel fitomórfico inferior e elementos vegetalistas superiors, assentes em plintos galbados, também com motives vegetalistas, e de capitéis coríntios. Ao centro possui tribuna, em arco abatido, interiormente pintado com motives florais e drapeados a abrir em boca de cena e albergando urna envidraçada com a imagem do orago. Ladeiam as colunas exteriormente apainelados pintados com flores, sobrepostas com mísulas sustentando imaginária, e baldaquinos curvos com fecho vegetalista. A estrutura remata por espaldar recortado, rematado em cornija sobreposta por acantos, decorado com concheados, dois anjos de vulto laterais e cartelas. Altar tipo urna, com frontal decorado por flores, concheados, cartelas e outros motivos. Do lado do Evangelho, a janela tem sanefa em talho pintada a marmoreados fingidos, com decoração semelhante. A capela de Nossa Senhora da Misericórdia tem acesso por arco de volta perfeita, almofadado, sobre pilastras dóricas também almofadadas e cobertura em falsa abóbada de berço, de estuque, assente em friso e cornija. Sobre um degrau possui retábulo em talha dourada e policroma, de plantar eta e três eixos, definidos porquatro colunas torsas, decoradas d anjos e pompanos, sobrepostos por anjos de vulto. No eixo central surge a imagem do orago, sobre mísula, e nos eixos laterais, enquadrado pelo drapeado do manto da Virgem, seguro por dois anjos, surgem dois grupos escultóricos, o da classe eclesiástica, à sua esquerda, e da classe nobre, à sua direita. A estrutura remata em espaldar curvo, decorado por anjos segurando uma coroa e elementos vegetalistas, sobreposto por mísula e estrutura curva com o monograma IHS e um coração inflamado. Encostada à fachada oeste, existe escada de um lanço de acesso ao coro-alto. A capela lateral das Almas tem arco de volta perfeita, com a inscrição "CAPELA DAS ALMAS D(O) F(O)GO D(O) PORGATORIO FEITA NA ERA D(E) 1677 A CVSTA D(A) MESMA CONFRARIA", sobre pilastras almofadadas. Possui retábulo em talha dourada, de planta reta e um eixo, definido por duas pilastras, ornadas de acantos enrolados, sobre plintos com o mesmo motivo, prolongando-se num arco de volta perfeita, com friso vegetalista e um outro liso. Ao centro possui a representação relevada das almas sendo resgatadas da boca do diabo, uma figura monstruosa, por anjos sob uma glória, sobre a qual surge o Cristo Redontor, sobre globlo, dois anjos de vulto e querubins. A capela é ladeada por pia de água benta com bacia hemisférica gomeada, encimada por nicho concheado. A capela de Nossa Senhora da Soledade, com arco de volta perfeita sobre pilastras, ambas almofadadas, alberga retábulo de talha dourada, de planta concave e um eixo definido por duas pilastras ornadas de acantos enrolados, sobre plintos paralelepipédicos de acantos capitéis coríntios, que se prolongam numa arquivolta, ornada de acantos. A estrutura possui a representação da cidade de Jerusalém, relevada, tendo frontalmente, uma cruz com drapeados e a imagem de roca de Nossa Senhora da Soledade sobre mísula. Sotobanco de apainelados de acantos. No pavimento da nave, junto ao arco triunfal, encontram-se algumas tampas sepulcrais, estando uma inscrita com a data 1614.

Utilização Inicial

Religiosa: edifício de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: edifício de confraria / irmandade

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

CANTEIROS: André Francisco (1672); António Rodrigues (séc. 16); Belchior da Rosa (1578); Jacome Fernandes (1578). CARPINTEIROS: Domingos Martins (1594); Francisco Cº Navajo (1594); Luís Róis (1594); Pedro Rodrigues (1594); Pº Roiz (1594). CARRETEIROS: Amaro Esteves (1686); Manuel Preto (1686); Marcos Martins (1686); Pero Esteves (1686). ENTALHADOR: António de Oliveira (1680); Francisco Álvares (1683); Gonçalves (1594); Lourenço Baptista (1691-1693). FERREIROS: Bastão Pires (1594); Martinho Gonçalves (1594). MESTRES: António Fernandes (1578); Domingues Nunes (1594); Francisco Pires (1611); Francisco Pires da Pena (1594); Gonçalo de Sá (1680, 1681); João Fernandes (1686); João Martins (1594); João Preto (1686); José Gonçalves (1762, 1763); Miguel Alvanhil (1594); Miguel Alvares (1611); Pero Veloso (1578). PEDREIRO: Belchior Fernandez (1580, 1587-1588); Francisco Trovisco (1594); Gaspar Dias (1672, 1676, 1681); Manuel Alvares (1594); Mateus Fernandes (1685, 1686). PINTOR: Manuel Caetano Fortuna (1756, 1757). SERVENTE: António Anes (1681). SINEIRO: Fernando Cabrito (1591).

Cronologia

1550, década - fundação da Santa Casa da Misericórdia de Miranda do Douro; 1578 - início da construção da igreja; os canteiros Belchior da Rosa e Jacome Fernandes recebem à conta do arco 4$000; setembro - Belchior da Rosa, da cidade de Miranda, recebe 4$000 de António Barroso por conta do arco, mais 2$500 do que se lhe deve, $750 por trazer a cantaria e $144 da cal para o arco; vários pagamentos de obras, nomeadamente a Francisco Róis por trazer a cantaria, a Gonçalo Róis por trazer pedra e barro, a Martinho Gonçalves de pedra de alvenaria, cantaria e barro, a Afonso Pena e Domingos Monteiro de carros de cantaria, a António Fernandes de um dia que serviu no telhado da capela-mor, a Veloso de 1,5 dia que trabalhou na capela-mor; 1579, 13 julho - é provedor Gonçalo de Faria de Andrade; 1580, 01 outubro - contratação de Belchior Fernandez, mestre da obra da Sé, para fazer uma porta de cantaria e soleira com dois degraus, por 3$500, atá 8 de novembro do mesmo ano; 1583, 11 setembro - acórdão para mandar a Lisboa um homem requerer e arrecadar os 20 cruzados que o bispo D. Antonio Pinheiro deixara à Misericórdia; 1584, 07 outubro - provedor Fernão Sanchez e demais irmãos acordam construir uma sacristia, por não existir, na casa que corre ao longo da igreja, que é da misericórdia, decidindo-se chamar um pedreiro para abrir a porta; 1584, 30 novembro - tendo-se acordado abrir uma sacristia para a misericórdia, junto ao altar-mor e diante do hospital, que é da cozinha, estando a pedra lavrada à custa das esmolas dos fiéis, Afonso Pires, da cidade, e o genro João Lopes, que este ano serve de irmão da mesa, vão à câmara pedir aos vereadores para impedir a construção da sacristia; tal causou grande escândalo, pelo que se acorda que Afonso Pires deixasse de ser irmão da mesa, sobretudo porque fora ingrato, e, em seu lugar, se elegesse outro para acabar o ano, nomeando-se o Pe. F.es tecelão genro de Carvalhaes m.or; 02 dezembro - irmãos decidem que para o feitio da sacristia e outras obras que se fazem, se vendessem 100 alqueires de trigo; 1586, 10 março - irmãos decidem que, dada a falta de dinheiro para se comprar cera e azeite e pagar aos oficiais que trabalham na casa, acorda-se vender do que fosse necessário e algum centeio, para os gastos, o qual logo foi vendido aos almocreves a $075 50 alqueires; 1587, 26 julho - sendo a porta principal da igreja muito pequena e não estar no meio da casa e ser necessário o campanário, acorda-se fazer a dita obra; manda-se fazer a traça e pô-la a pregão, tendo aparecido Gaspar da Fonseca, mestre da Sé, que diz fazê-la por 80$000, mas fica mais uns dias em pregão, por não haver quem a fizesse mais barata; 12 dezembro - acorda-se dar a Belchior Fernandes a conta a obra da casa, por 4$400; 1588, 18 junho - os irmãos acordam fazer a porta da frontaria da casa e acabar, conforme o contrato feito em poder do tabelião Álvaro Gomes, por Belchior Fernandez; 10 julho - provedor Francisco Soares e irmãos com o canteiro Belchior Fernandez, disseram que, segundo a traça, havia-se de fazer no remate um campanário de três janelas para três sinos, mas isso era muita obra e não era decente para a casa porque nas misericórdias destes termos se não via mais de um sino; assim, acordam todos que o remate da dita portada fosse por agora somente um capitel no meio, com uma só janela no meio, e no seu remate um só sino, no meio e no cimo da porta e nos cabos do remate duas meias colunas e dois capitéis da maneira que está traçada na parede da casa; 1589, 29 janeiro - Belchior Fernandes diz à mesa que gastara muito e tivera muito trabalho na obra do campanário, por isso pede que lhe deem o que lhes parecesse bem; concordando que a obra está bem feita e acabada sem embargo, acorda-se dar 6$000; 1591, 04 fevereiro - estando a casa sem sino e a servir-se de um emprestado, os irmãos acordam comprar um sino com 100 arráteis e se desse o sino velho a peso, encarregando o irmão Diogo Anriques a trazê-lo de Zamora pera a feira do "botigeiro" para o que lhe dão 8$000; 11 abril - manda-se o irmão Diogo Anriques entregar 13$000 para se dar ao sineiro Fernando Cabrito, morador no lugar da Junqueira, para fazer o sino; 1592, 20 janeiro - dada a necessidade de um púlpito de pedra para os sermões da Quaresma, a mesa acorda fazer-se umo púlpito na parede e para se pagar ao mestre devia-se vender 50 alqueires de trigo; do roupão que Maria Mendes, mulher de Manuel de Escobar, deixara à Misericórdia, devia-se fazer um frontal, visto não haver quem o comprasse; 1594, 24 fevereiro - dado que as portas da casa não tinham sido assentes, estando a empenar-se e a perder-se, a mesa decide por a pregão a sua colocação para a Quaresma, devendo o gasto ser coberto pela venda do pão das tulhas, ficando nelas apenas 50 alqueires de pão meados para as esmolas da Páscoa, e pela cobrança das dívidas das terras aforadas; pagamento de $960 de três aniversários que a Misericórdia tem de obrigação dizer pelas almas dos bispos D. Rodrigo de Carvalho e D. António Pinheiro e Ana Gonçalves; pagamento de $560 ao carpinteiro castelhano de quatro escabelos que fez para a casa; 1672 - pagamento ao canteiro André Francisco de fazer o arco de cantaria da capela colateral de Nossa Senhora da Soledade; 1677 - construção da capela de Nossa Senhora da Soledade, pelo valor de 29$600, e da capela das Almas; 1680 - feitura da imagem do Santo Cristo da Misericórdia pelo entalhador António de Oliveira, por 17$000; 1683 - conclusão do retábulo de Nossa Senhora da Misericórdia, pelo entalhador Francisco Álvares; 1691 - 1693 - construção do retábulo-mor, pelo entalhador Lourenço Baptista, por 168$020; 1691, agosto - acórdão para se dar 210 alqueires da renda da quinta ao imaginário por conta do retábulo-mor; 1715, 10 maio - acórdão para se pedir esmola na cidade e seu termo para conclusão da obra da capela-mor; séc. 18 - construção da capela de Nossa Senhora da Misericórdia; 1724 - douramento do retábulo-mor; 1756 - 1757 - pintura dos quadros da sacristia, destacando-se o grande painel do Calvário, que se colocava, na sexta-feira Santa, na frente do camarim do retábulo-mor, pelo pintor Manuel Caetano Fortuna; 1759 - construção de cobertura em abóbada de berço e abertura de janelas na fachada; 1766 - construção do coro-alto, pelo valor de 37$320; 1824 - douramento do retábulo da Senhora da Boa Morte; 1877 - doação pelo barão de Castelo de Paiva ao Hospital de Miranda do Douro de uma inscrição nominal de 1000$000.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria, com paramentos rebocados e pintados com vãos e cunhais em cantaria, sineira em cantaria, coro-alto em madeira, púlpito de pedra com balaustrada em madeira, altares em madeira, cobertura em madeira telhada, pavimentos em lajes graníticas, portas de madeira, janelas gradeadas e envidraçadas.

Bibliografia

MOURINHO (JÚNIOR), António Rodrigues - A talha nos concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso nos séculos XVII e XVIII. s/l: 1984, pp. 66-72; MOURINHO (JÚNIOR), António Rodrigues - Arquitectura Religiosa da Diocese de Miranda do Douro - Bragança. Sendim: 1995, pp. 87-91; MOURINHO, António Rodrigues - "o Retábulo do altar mor da Catedral de Miranda do Douro". In Brigantia. Bragança: Assembleia Distrital, 2006, vol. XXVI, n.º 1/2/3/4, pp. 245-266.

Documentação Gráfica

SIPA: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

SIPA: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1594 - obras na casa e sacristia; caiação e reboco das paredes; compra de madeira para a sacristia; trabalha na cobertura João Martins e o carpinteiro Pedro Rodrigues no madeiramento da capela; 31 julho - porque as tulhas no hospital não estavam seguras, mudam-se para onde estão as "andas e os tabardos"; pagamento de 28$500 aos carpinteiros Pº Roiz e Fr. Cº Navajo, na obra do madeiramento da casa; despesa com o carpinteiro Domingos Martins; pagamento de 1$670 ao canteiro Agostinho Roiz na obra que fez na capela, de uns letreiros e se apagaram das sepulturas da casa e de se fazer uma janela na sacristia; pagamento de $900 ao pedreiro Francisco Trovisco, $670 a Miguel Alvanhil, 2$350 ao pedreiro Manuel Alvares, $800 a Francisco Pires da Pena, 2$400 a Domingues Nunes, $900 aos ferreiros Martinho Gonçalves e Bastão Pires da dragagem para a casa dos tabiques, $670 ao carpinteiro Luís Róis, dos dias que gastou em fazer os paus da armação da casa, $150 ao carpinteiro Domingos Martins de um dia na armação dos paus; conserto de um retábulo pelo entalhador Gonçalves; conserto da capela de São José; 1604 - restauro da capela e retábulo de São José; 1611 - conserto da casa e do telhado; pagamento de jeiras a Francisco Pires e Miguel Alvares; 1660 - conserto da capela do Santo Cristo; 1671 - 1672 - pagamento de 1$800 de trazer a pedra da janela e 1$360 de 272 tijolos para a chaminé; 1672 - obras de reparação da sacristia, sendo o pedreiro Gaspar Dias; pagamento 3$840 aos carpinteiros, mais 25$000 de fazerem o teto da sacristia, 4$320 aos pedreiros, 1$200 ao hospitaleiro que andou nas obras; 4$550 das telhas que vieram para a obra e 1$200 de telharem a casa; 1676 - obras na cobertura, pagando-se 1$500 de telhas, 5$830 a Gaspar Dias e seus companheiros de renovar o telhado; 1680 / 1681 - obras de reparação da capela-mor, ao nível dos rebocos, teto e cobertura, por 42$750; trabalha na obra Gonçalo de Sá, Gaspar Dias, o carpinteiro Afonso Fernandes e o servente António Anes; 1684 / 1685 - pagamento de 3$720 de jeiras aos pedreiros de telhar a Misericórdia, 3$540 em telha e 2$450 de despesas; 1685 / 1686 - pagamento ao pedreiro Mateus Fernandes de cortar pedra da pedreira; pagamento de 19$285 de jeiras na obra, pedreiros, cal e saibro; 1686 / 1687 - 45$335 aos pedreiros na obra da casa e de cortar cantaria e pedra miúda, cal, trabalho dos homens, telha e barro; 1686 - pagamento de 1$380 a João Fernandes, de Aldeia Nova e seus colegas, $780 ao ferreiro de Malhadas de carretos, $650 a João Preto, de Fonte de Aldeia, de telhar, 1$000 a Marcos Martins de trabalhar com seus companheiros de carretos, $300 a Pero Esteves e Amaro Esteves de carretos, $650 a Manuel Preto, de Fonte de Aldeia de carretos; 1688 - pagamento de 13$500 de madeiras para as obras, 12$410 de carretos de madeira e 15$120 de jeiras dos carpinteiros a cortar as madeiras; 1689 - trabalhos na tulha; 1691 - pagamento de 3$500 aos pedreiros, 22$890 aos carreteiros de cantaria e $100 de trazer um portal; despesa de 16$300 com jeiras aos pedreiros; 1692 - reparação da igreja, pelo valor de 130$000; 1693 - pagamento de 103$700 de jeiras a pedreiros, carpinteiros, ladrilhos, pregos, tabuas, cal e outros materiais; 1715 - reparação da capela-mor; 1759 / 1760 - despesa de 9$710 com os carpinteiros e mais trabalhadores que se ocupam em desfazer a igreja e mudar a madeira e trastes, 4$000 de compor a parede do pátio e 9$350 dos gastos com os carreiros que vieram carregar pedra e barro para a igreja; 1760 / 1761 - reparação da sacristia, pelo valor de 59$170; 1762 / 1763 - dá-se ao mestre José Gonçalves 39$440 para ajustar a conta da Santa Casa; 1766 - 1765 - obras no hospital no valor de 270$000.

Observações

A Capela da Senhora do Boa Morte deve ser a antiga capela de São José, cuja imagem ainda se venera nesta igreja. A Os arrumos da Casa do Despacho funciona actualmente como capela mortuária. O balcão da nave, compartimento da Casa do Despacho, contíguo à sacristia, servia para os Mesários assistirem às cerimónias, tendo no piso térreo a Casa da Tulha e sala de arrumos.

Autor e Data

Alexandra Lima e Paulo Amaral 1999

Actualização

Paula Noé 2015
 
 
 
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