Santuário de Nossa Senhora do Castelo

IPA.00007273
Portugal, Viseu, Mangualde, União das freguesias de Mangualde, Mesquitela e Cunha Alta
 
Santuário barroco e neoclássico com escadório de granito decorada por pináculos, com vários patamares e capelas de planta quadrada e cobertura piramidal, decoradas com azulejo rococó, que levam à igreja de planta longitudinal com nave única, coro-alto e capela-mor mais estreita, com sacristia e dependências adossadas à fachada posterior. Fachada-torre com pequena galilé, portal de arco de volta perfeita rematado por frontão semicircular, que se repete no coroamento da mesma, acentuando-se um eixo central formado pelo janelão e pela torre. A torre sobre os vãos centrais filia-se num tipo difundido nos séc. 17 e 18 em Viseu, com exemplares em Castro Daire, como as Igrejas Matrizes de Mezio (v. PT021803110038), Moura Morta (v. PT021803150045) e Parada de Ester (v. PT021803160014), e ainda a Igreja Matriz de Cinfães (v. PT011804030014). Fachadas com cunhais apilastrados, firmados por urnas e remates em cornija, rasgados por janelas e portas confrontantes, algumas decoradas por frontão. Coberturas em falsas abóbadas de berço decoradas com estuques neoclássicos. Retábulos-mor, laterais e púlpito, no lado do Evangelho, de talha pintada de branco e dourado, neoclássicos. Torre ameada, de desmesurada altura, erecta a prumo sobre a fachada principal, dando origem a endonártex. Os vãos das fachadas laterais ostentam alguma decoração, com frontões e remates em cornija, sendo em capialço no interior. Coro-alto apresenta balaustrada marmoreada de castanho. Na capela-mor, tribunas para assistência da família Anadia, administradores do imóvel. Como coroamento do retábulo e envolvendo a padroeira, abre-se um pavilhão rematado por um chapéu dourado e um manto aberto de púrpura, forrado de arminho, repuxado lateralmente por cordões de borlas de ouro, atributos iconográficos da Mater Omnium. Na Sala das Sessões mantém-se um rodapé de azulejos padrão seiscentistas, reaproveitamento dos exemplares que revestiam a primitiva capela. Parte da estrutura desta foi aproveitada, encontrando-se integrada na Casa do Ermitão. Quatro capelas implantam-se no escadório, narrando, em azulejo, os passos mais significativos da vida da Virgem, terminando na sua glorificação no interior da ermida.
Número IPA Antigo: PT021806100020
 
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Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Religioso  Templo  Santuário  

Descrição

Planta longitudinal composta por nave e capela-mor mais baixa, ladeada por dois corredores de circulação, o do lado do Evangelho liga à sacristia na fachada posterior e o da Epístola à sala de reuniões no piso superior, de volumes articulados e tendência para a verticalidade das massas dada pela torre elevada a prumo sobre a fachada. Coberturas de telhados diferenciados de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento de cantaria, com cunhais apilastrados firmados por urnas e remates em arquitrave e cornija. Fachada principal voltada a SO., de três panos divididos por pilastras toscanas. No central, pórtico de volta perfeita emoldurado por pilastras e encimado por entablamento com frontão curvo. Sobre ele, janelão com o mesmo perfil, sobrepujado por brasão oval que rasga o entablamento e ocupa a parte central do frontão semicircular do remate, com cruz sobre pedestal, estando ladeado por platibanda. Nos panos laterais, dois janelões sobrepostos, de cada lado, emoldurados e rematados por frontão contracurvado. No enfiamento das pilastras centrais que ladeiam o pórtico, desenvolve-se a torre de três registos, os dois primeiros cegos e divididos por frisos, tendo o último uma sineira em cada face, a do lado tardoz, entaipada, com coroamento em ameias. Na fachada surgem três lápides comemorativas. Fachadas NO. e SE. são semelhantes, tendo, na zona da nave, porta lateral de arco rebaixado e frontão curvo, encimada por janelão e, na capela mor, em plano mais baixo que a nave, porta de arco abatido e janelão de arco de perfil semelhante, em plano superior. A SE. possui, ainda, porta junto ao cunhal com a fachada principal, que dá acesso à torre. Alçado tardoz com fenestrações quadrangulares, no primeiro piso e, em plano superior e centralizada, janela quadrangular de maiores dimensões. INTERIOR tem, no lado da entrada, pequena galilé com cobertura em falsa abóbada de berço, que acede a portal de arco de volta perfeita, ladeado por duas portas de arco abatido. Coro-alto com balaustrada marmoreada de cinzento, assente em arco abatido e iluminado por janelão de arco de volta inteira. No lado do Evangelho, o púlpito quadrangular assente em mísula com porta com arco abatido. Guarda e baldaquino de talha pintada de branco e dourada com decoração fitomórfica. A ladear os portais, pias de água-benta concheadas. Retábulos laterais confrontantes, de talha pintada de branco e dourada, sobre supedâneo de granito, dedicados a Santa Ana e São Joaquim. Cobertura em falsa abóbada de berço de tijolo, assente em cornija, rebocada e decorada com estuques brancos sobre fundo azul celeste, com coroa imperial central e o monograma "AM". Existência de quatro confessionários junto à entrada, e dois bancos de madeira de castanho estão encostados às paredes laterais. Arco triunfal de volta inteira, em cantaria acede à capela-mor, a que se tem acesso por degrau, tendo, do lado do Evangelho, porta de acesso ao exterior e ao corredor que conduz ao púlpito e, para o outro lado, ao outro corredor que percorre toda a capela-mor até ao topo, acedendo à sacristia e à Sala das Sessões. Duas tribunas em plano superior, com acesso pela porta existente no lado da Epístola. Retábulo-mor sobre supedâneo, de talha pintada de branco e dourado, de planta recta e três eixos divididos por colunas coríntias, as interiores assentes em mísulas e as exteriores em plintos decorados; o eixo central possui tribuna comportando trono de quatro altos degraus prismáticos. Os laterais são compostos por mísulas com imaginária. Remate semicircular com espaldar decorado com emblema. Cobertura semelhante à da nave, com apontamentos dourados e emblema elíptico central com a cruz de Malta, rodeada de painéis decorados com acantos, dosséis, perlados, açafates de flores. No pavimento, as sepulturas de Miguel Pais de Meneses, José de Sá Pais e Meneses e Frei Bernardo Pais de Castelo Branco e Meneses. A sacristia é iluminada por janela gradeada e possui cobertura em falsa abóbada de tijolo, rebocado e estucado com rosetão. Possui arcaz, espelho e lavabo. Sala das Sessões com pavimento em tijolo antigo e pequeno rodapé com azulejo polícromo azul e amarelo sobre fundo branco. Nos patamares do escadório, surgem quatro CAPELAS dedicadas a passos da vida da Virgem: Conceição, Encarnação, Visitação e Assunção. Cada uma delas é de planta quadrangular, com cobertura piramidal, rematada em cruz, e pináculos sobre os cunhais; a sobrepujar a porta, o brasão da Ordem de Malta. Interior lajeado com altar em forma de urna sobre pequeno degrau de granito e revestimento a azulejo azul e branco, com rodapé de pedra torta manganês, representando, na primeira, o orago e o "Pecado Original"; na segunda, a "Apresentação da Virgem no Templo" e a "Anunciação"; na terceira, a "Visitação" e a "Fuga para o Egipto"; na última, a "Assunção" e a "Coroação". Surge, ainda, um edifício de planta rectangular, muito simples, constituindo a Casa do Ermitão.

Acessos

EN 16 ao Km 112 para a Senhora do Castelo, a 800 m

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 271/2013, DR, 2.ª série, n.º 91 de 13 maio 2013

Enquadramento

Rural, em aplanado topo de colina, isolado e separado por adro murado, em zona de interesse paisagístico (v. PT021806100023). Faz parte do conjunto uma escadaria com 314 degraus, que, do sopé do monte, conduz à ermida, formando sete patamares, protegidos por muro, com pináculos nos vértices. Em frente ao santuário, base do castelo primitivo.

Descrição Complementar

A ladear a porta principal, duas lápides a comemorar a visita de membros da Família Real: "No dia 4 d'Agosto / de 1882 / visitaram esta ermida / Suas Majestades / El-Rei D. Luiz I / e a Rainha D. Maria Pia / e os Principes / D. Carlos e D. Afonso."; "No dia 16 de Junho de 1896 / visitaram esta ermida / Sua Magestade / a Rainha D. Amélia / e Suas Altezas / D. Luiz Filipe e D. Manuel." Uma terceira lápide surge no cunhal direito: "Em homenagem ao benemérito / Conde de Anadia / José Maria de Sá Pais do Amaral, / que legou esta ermida com todos / os seus pertences à Misericórdia / e Hospital de Mangualde / o Povo de Mangualde reconhecido / 29-XI-1946." Retábulos laterais de planta recta, com um só eixo composto por tela pintada, enquadrada por colunas e pilastras com fuste liso decorado com elementos dourados e capitéis coríntios, as primeiras assentes em mísula. Remate em tabela, ladeada por quarteirões, aletas e urnas e, superiormente, frontão borromínico com anjos e urnas laterais. Na sacristia, existe uma pia de água-benta de granito, gomeada. Na capela-mor, no lado do Evangelho, a inscrição: "O Sumo Pontífice Gregório XVI, por breve de 15 de Junho de MDCCCXLI, concede indulgência plenária a todos os fiéis que, confessados e comungados, visitarem devotamente este templo de Nossa Senhora do Castelo, cada ano, nas cinco festividades que esta Madre Igreja manda guardar, desde a véspera até ao dia solene, rogando pela paz e concórdia entre os príncipes cristãos, extinção das heresias e exaltação da Santa Madre Igreja. Concede mais sete anos e sete quarentenas de indulgências aos que do mesmo modo se proponham visitar o mesmo templo nas festividades da Visitação e Apresentação. Concede, finalmente, duzentos dias de indulgências aos que com verdadeira contrição ou penitência visitarem em qualquer dia este templo e nele fizerem oração pelo modo sobredito, e que todas as ditas indulgências se possam aplicar pelas almas dos fiéis defuntos." Ao lado desta, outra inscrição: "O Exmo. e Reverendíssimo Senhor Bispo de Viseu, por Provisão de 20 de Junho de 1833, concede trinta dias de indulgência a todas as pessoas que devotamente e de joelhos ante a imagem de Nossa Senhora do Castelo, e na igreja, por três vezes rezarem as orações do Padre Nosso, Ave Maria e Salve Rainha." No lado da Epístola, a inscrição: "O Sumo Pontífice Gregório XVI, por Breve de 15 de Junho de MDCCCXLI, concedeu a graça de altar privilegiado ao deste templo, por efeito da qual as almas dos fiéis defuntos, de que se fizer comemoração no santo sacrifício da Missa celebrada no mesmo altar, conseguirão indulgência por intercessão dos merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Santíssima Virgem Nossa Senhora e de todos os Santos." Ao lado desta: "O Santíssimo Padre Gregório XVI concedeu, para sempre, em 12 de Março de 1833, indulgência plenária e remissão de todos os pecados, aos fiéis de um e outro sexo que se confessarem, comungarem e visitarem esta igreja de Nossa Senhora do Castelo, na véspera ou dia de sua Natividade, e rogarem e deus pela paz entre os príncipes cristãos, extirpação das heresias e exaltação da Santa Igreja." Nas sepulturas da capela-mor, as inscrições: "Aqui jaz Miguel Pais de Menezes, que nasceu na Casa de Mangualde em 22 de Dezembro de MDCCLVIII e nela faleceu no dia 7 de Abril de MDCCCXXXVII. Largando a carreira da Magistratura que primeiro seguira, foi recebido na Ordem de Malta e aí preencheu Louvavelmente os deveres religiosos e militares que esta exigia. Tornando à Pátria, viveu placidamente o resto dos seus dias, longe do bulício do mundo, na casa onde nascera. Zeloso, administrador das rendas dela, exemplar de um bom chefe de família, solícito no exercício da beneficiência e hospitalidade. Na hora extrema espalhou e deu aos pobres o pouco que possuia. O Céu terá já premiado as suas virtudes."; "José de Sá Pais e Menezes, fidalgo da Casa Real, arcediago da Sé de Viseu, cónego da de Coimbra e um dos Juízes do Tribunal da Santa Inquisição da mesma cidade, aqui jaz sepultado. Nasceu na casa de seus pais, em Mangualde, a 12 de Novembro de MDCCLXVI. Morreu na mesma casa a 27 de Março de MDCCCXXXVII. Eclesiástico perfeito e exemplar, aplicado só aos interesses da Religião e ao serviço da Igreja. Viveu sempre em louvável retiro ou na companhia de escolhidos amigos"; "Aqui jaz Frei Bernardo Pais de Castelo Branco e Menezes, Balio de Leça. Nasceu a 22 de Agosto de 1761. Deu à antiga cada de Mangualde e à Sagrada Ordem de Malta um grande e novo lustre. E que cheio de senso e rico de virtudes, faleceu a 13 de Setembro de 1840. Orai por ele. Tal é a súplica da Condessa de Anadia, D. Maria Joana, a todos os que visitarem este monumento que a sua gratidão e saudade erigiu ao melhor dos tios." Vários ex-votos ornam as paredes do templo, com inscrições alusivas aos milagres de Nossa Senhora: "Enfermando mortalmente de uma febre malina, nesta vila de Mangualde aos 7 de 7bro, de 1743, o Reverendo Simão Paes do Amaral, prior da paroquial de Treixedo, e estando com todos os sacramentos sem esperança de vida, recorreu seu Pai Simão Paes do Amaral à protecção da Senhora do Castelo com seus votos e elhe alcançou saúde livrando da dira doença. Em memória do que mandou pôr aqui este quadro"; D. Maria do Carmo da Costa Macêdo Coutinho Tavares e Ornelas, de Trancozo, / regressando dos banhos de Alcafache para sua caza, foi accometida nesta / villa de Mangualde de uma doença tão prolongada, como doloroza, que por ve / zes a levou às bordas da sepultura. Recorrendo porem com a fé mais viva ao patrocinio de Nossa Senhora do Castello, e sendo dirigido o seu curativo por quatro habilissimos Facultativos, os Médicos Pe / reira, Amaral, Rozado, e o cirurgião Victorino, pôde vencer tão arriscados trances e depois / de jazer por seis mezes em um leito de dores, aqui veio depositar este testemunho do seu / reconhecimento ao patrocinio da Virgem, dando-lhe ao mesmo tempo as graças com / uma solemne função, aos 31 de Agosto de 1846."; "Milagre que fez Nossa Senhora do Castelo a Antonio do Couto, de Cães de Cima, Concelho de Azurara, que indo na jornada da Índia, para o Convento de São Francisco Xavier, da Companhia de Jesus da Cidade de Goa, já aceite, embravecendo-se os mares na forma acima referida que quase estiveram todos perdidos; e chamandose muito devotamente, a dita Senhora acima foi servida livrá-lo de tamanha ruína. Ano de 1717."; "Milagre que fez Nossa Senhora a Leonarda, filha de António do Couto, de idade de seis anos, que sucedendo-lhe o perigo se vê, no caminho da mesma Senhora, chamou por Ela sua mãe e lhe acudiu, no ano de 1712"; "Milagre que fez Nossa Senhora do Castelo à dita menina abaixo referida; chamou sua madrinha pela dita Senhora e lhe acudiu logo da grave doença que teve e cobrou saúde, no ano de 1714."

Utilização Inicial

Religiosa: santuário

Utilização Actual

Religiosa: santuário

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

CAIADOR: Tavares (1827), Luís Ferreira (1836), Francisco Ferreira (1846). CARPINTEIRO: José Marques (séc. 19), José da Costa Saraiva (1819), Bernardo Ferreira (1827-36), António Ferreira e João Cardoso, Luís António (1829). ENGENHEIRO: Fernando (1877). ENTALHADOR: António José dos Santos (1832-46), António Lourenço Teixeira (1839). FUNDIDOR: Francisco Gomes Sorrilha (1834). OLEIRO: Bernardo Albergaria (1827). OFICIAIS de PEDREIRO: António Fernandes, António Francisco, Bernardo, Bernardo de Brito, João Manuel Vieira, José Crespo, José Joaquim, José Narciso e Manuel António (1819). PEDREIROS: Rafael Domingos Barreira (1750-1832) e dos dois filhos João e Manuel Domingos da Costa Barreira (1832-80); José Lourenço (1840-46); mestre Pernicas (1868), Bernardo Duarte (1877). PINTOR: António José Pereira (1846-54). PINTOR DE AZULEJO: Sousa Carvalho (atr., séc. 18). PINTOR - DOURADOR: José da Silva Monteiro (1836-37), António Ferreira (1846); José Joaquim Ricardo (1883). INDEFINIDO: António Lourenço Manso e filho (1831).

Cronologia

Séc. 14 - provável construção do templo primitivo, situado mais abaixo e a NO., onde surge a actual Casa do Ermitão, no local do desaparecido castelo de Azurara *1; séc. 15 - execução da imagem do orago; 1436 - pedido de autorização dos moradores de Viseu para irem em romaria à Senhora do Castelo; séc. 17 - revestimento da capela com azulejo padrão; execução do cruzeiro, actualmente existente no local; 1650, 6 Novembro - o visitador Francisco Amaral Pessoa ordena a reconstrução do imóvel; 1660, 7 Fevereiro - visitador António Gomes da Costa, vigário de Castelões, proíbe que se vista a imagem da Virgem, fazendo-se, com as opas, um frontal; 1693, Julho - visitação do Dr. Pedro Vivas de Carvalho, abade de Santiago de Cepões, informa que o retábulo se encontrava dourado e pede a pintura do tecto com frisos dourados; séc. 18 - a capela serviu de sede à Irmandade da Misericórdia; 1712 - data de ex-voto; 1714 - data de ex-voto; 1717 - data de ex-voto; 1743, 7 Setembro - data de um ex-voto; 1750 - construção da primeira fase do escadório, da responsabilidade do mestre Rafael Domingos Barreira, natural de Sopo, Vila Nova de Cerveira; 1758 - referência a uma nascente de água com poderes milagrosos; a escadaria tinha duas pirâmides no início, sete pátios e 140 degraus, recentemente mandada edificar por Frei Bernardo Pais, da Comenda de Chavão; 1774, 28 Agosto - o visitador Dr. António Lourenço Pereira, de Castelo de Penalva, ordena a reforma do lado da Epístola; séc. 18, final - execução dos azulejos das capelas do escadório, nas oficinas de Coimbra, talvez por Sousa Carvalho; séc. 19 - a capela primitiva era composta por nave e capela-mor, com dois portais, axial e lateral, e um campanário com sino; tecto com caixotões pintados e revestimento com azulejo seiscentista; possuía três altares, o mor, o de Santa Ana e o de Santo António *2; trabalha na igreja o carpinteiro José Marques; 1805 - feitura de sacras de prata, por 3$300; 1810 - saqueada pelas Invasões Francesas; 1811 - data de ex-voto de Virgínia de Meneses, de Castendo; 1816 - execução de frontal de altar de damasco branco e ramos amarelos, por 28$817; 1816, 5 Dezembro - visitador Dr. João Cipriano de Assis e Morais, abade de Silva Escura, reconhece a necessidade de reconstrução do imóvel; 1818 - execução de confessionários e púlpito para a primitiva capela; 1819 - obra de carpintaria por José da Costa Saraiva; 11 Janeiro - início das obras de construção a expensas de Miguel Pais de Sá Menezes *3, pelo mestre Rafael Domingos Barreira, de Sopo, Vila Nova de Cerveira, acompanhado pelos dois filhos, João e Manuel, o qual ganahava $400 réis por dia; era auxiliado por nove oficiais de pedraria: João Manuel Vieira, José Narciso, José Crespo, Bernardo de Brito, Manuel António, José Joaquim, António Francisco, António Fernandes e Bernardo; 1823 - construção dos gradeamentos das janelas; 1827, Fevereiro - construção das portas pelo carpinteiro Bernardo Ferreira; o templo foi caiado por um mestre de apelido Tavares; 23 Julho - pagamento de 14$400 réis a Bernardo Albergaria, para a telha da abóbada da capela-mor; 5 Agosto - pagamento ao mesmo de 9$600; 25 Agosto - pagamento ao mesmo de 28$000; 20 Setembro - pagamento de 47$200 réis, prestação final do custo da telha, na quantidade de dez milheiros a 10$000 cada; 1828 - é caiada a Capela de Nossa Senhora da Encarnação; 1829 - construção da abóbada da nave; os carpinteiros António Ferreira e João Cardoso executam o retábulo-mor; 18 Junho - começa a trabalhar na tribuna o carpinteiro Luís António 1831, Março - renovação do cruzeiro, pela quantia de 17$075; feitura dos telhados, com telha da Malcata, por 16$900; reboco das abóbadas e colocação de vidros nas janelas; Agosto - pagamento de 61$280 a António Lourenço Manso e filho, por obra desconhecida; 1832 - entalhador António José dos Santos faz os tocheiros para a banqueta do altar-mor; faltava acabar a torre, dourar o retábulo, estucar os tectos e ladrilhar os pavimentos; 6 Setembro - benção do templo; 7 Setembro - trasladação da imagem da primitiva capela, em procissão solene, acompanhada pelas Irmandades das Almas e da Misericórdia; 16 Setembro - por impedimento do pedreiro Rafael Domingos Barreira, passa a dirigir a obra o seu filho, Manuel Domingos da Costa Barreira; 1833, 12 Março - Papa Gregório XVI concede a remissão dos pecados aos visitantes deste templo; 20 Junho - concessão de indulgências aos visitantes do santuário, pelo bispo de Viseu; 1833 / 1834 - execução dos estuques das abóbadas, por João Manuel de Cavede Rocha, por 147$260; 1834, 3 Fevereiro - conclusão dos sinos e sinetas para a torre, por Francisco Gomes Sorrilha, pela quantia de 187$420, pesando o sino grande 26 arrobas e 1 arratel; 1835, Setembro - 1836, Abril - feitura do arcaz da sacristia pelo carpinteiro Bernardo Ferreira, por 1$100; 1836, Setembro - obras do caiador Luís Ferreira; 1837, Julho - douramento do retábulo-mor, por José da Silva Monteiro, importando em 300$000; o mesmo dourou o tecto, pintou as portas e fingiu os marmoreados do coro, por 61$200; 1838, 2 Maio - contrato para o muro do adro, por pedreiros galegos, pela quantia de 16$650; Junho - pagamento de 22$000 para o bronze dos puxadores do arcaz; 1839, 17 Agosto - António Lourenço Teixeira recebe 33$960 por obra de talha, talvez o púlpito; 1839 / 1840 - construção de dois lanços da escadaria do adro para o terreiro; 1840 - 1846 - as obras passam a ser dirigidas por José Lourenço; 1840, 26 Dezembro - termina a escadaria; 1841, 15 Junho - breve de Gregório XVI a conceder indulgências aos fiéis que visitassem o santuário; pela mesma é concedida a graça de altar privilegiado; 1845 - data de ex-voto de Ana Mixós; António Ferreira e os filhos douraram os retábulos, por 21$900; 1846 - António José dos Santos executa o sacrário, dourado por António Ferreira; António José Pereira pintou ex-voto, por encomenda de Maria do Carmo da Costa Macedo Coutinho Tavares e Ornelas, de Trancoso; 31 Agosto - data do ex-voto de Maria do Carmo da Costa Macedo Coutinho Tavares e Ornelas, pintado por António José Pereia; Outubro - obra do caiador Francisco Ferreira; Novembro - conserto do órgão por António José dos Santos; 1851 - reforma da Casa do Ermitão, aproveitando parte da estrutura da primitiva capela; 1852 - execução dos retábulos laterais por mestres do Porto; venda de duas peanhas da primitiva capela a um sobrinho de Pedro Mendes, por 1$920; data de ex-voto de José da Silva e Sequeira, de Lobão; 1853 - 1854 - pintura das telas dos retábulos laterais pelo mestre de Viseu, António José Pereira; 1856 - licença para oficiar missa no altar de São Joaquim; encarnação de dois Crucificados, por 3$080; 1857, Fevereiro - execução dos tocheiros e cruzes para os retábulos laterais; feitura das grades da capela-mor; 1868 - remodelação da Casa do Ermitão; execução do paredão junto à Estrada Nova, pelo pedreiro Pernicas; 1877 - planta da estrada pelo engenheiro Fernando, por 8$000; 1878 - restauro do cruzeiro pelo pedreiro Bernardo Duarte; 1880, 3 Maio - Manuel Domingos da Costa Barreira edificou a torre do lado S., e o corpo da oposta, obra que terminou em 27 Novembro 1886; 1882, 4 Agosto - visita do rei D. Luís, da rainha D. Maria Pia e dos dois príncipes; 1883, 7 Agosto - douramento dos retábulos laterais, por 1.400$000, pelo dourador José Joaquim Ricardo, de Folques; 1865 - douramento do tecto da capela-mor, por 26$000; 1896, 16 Junho - visita da rainha D. Amélia e dos dois filhos; 1903 - aprovação do orçamento para a conclusão da torre; 1905 - conclusão da torre N.; 1946, 29 Novembro - data da lápide assinalando o legado da ermida à Santa Casa da Misericórdia de Mangualde, pelo conde de Anadia, José Maria de Sá Pais do Amaral; 1978, 15 maio - em sessão camarária desta data, foi deliberada a proposta de classificação de vários imóveis de Mangualde, entre os quais, o Santuário; 16 maio - envio de ofício ao Director Geral do Património Cultural, pedindo a classificação como Imóvel de Interesse Público; 2004, 06 junho - proposta da Associação Cultural de Azurara da Beira para classificação da Igreja; 07 setembro - Despacho de abertura do processo de classificação pelo presidente do IPPAR; 2011, 30 setembro - proposta da DRCCentro de classificação como Conjunto de Interesse Público e fixação da respetiva Zona Especial de Proteção; 23 novembro - parecer favorável do Conselho Nacional de Cultura à Zona Especial de Proteção, propondo a classificação como Monumento de Interesse Público; 2012, 14 de novembro - publicação do anúncio nº 13692/2012, no DR, 2ª série, nº 220, com o projecto de decisão relativo à classificação como Monumento de Interesse Público e fixação da respectiva zona especial de protecção.

Dados Técnicos

Estrutura autónoma.

Materiais

Granito, rebocos, madeiras e estuques.

Bibliografia

SANTA MARIA, Frei Agostinho de, Santuário Mariano, tomo IV, Lisboa, 1716; LEAL, Augusto Sores D'Azevedo Pinho, Portugal Antigo e Moderno, vol. V, Lisboa, 1875; SILVA, Valentim da, Concelho de Mangualde Antigo Concelho de Azurara da Beira, s.l., s.d.; ARAÚJO, Ilídio, Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal , Vol. I, Lisboa, Ministério das Obras Públicas, 1962; ALVES, Alexandre, O Santuário de Nossa Senhora do Castelo em Mangualde; Mangualde, 1989; CORREIA, Alberto, Mangualde Roteiro Turístico, Mangualde, 1997; ALVES, Alexandre, Artistas e Artífices nas Dioceses de Lamego e Viseu, 3 vols., Viseu, 2001.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; Associação de Reitores dos Santuários de Portugal / Paulinas

Documentação Administrativa

ADViseu: Notas de Mangualde ( n.º 387-41); DGA/TT: Chancelaria de D. Duarte; ASCMMangualde: Santuário de Nossa Senhora do Castelo

Intervenção Realizada

Observações

*1 - fortaleza de raiz pré-romana, já que para a sua construção e para nivelamento do terreno se destruiu um castro existente naquele local, estando na base do orago do edifício. *2 - oferecidos à Igreja das Almas, antiga igreja do Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição, pelo comendador Frei Miguel Pais de Meneses, mas que desapareceram. *3 - da família da Casa de Anadia, foi Juíz de Fora em Coimbra, Comendador da Comenda de Freixiel e, mais tarde, das de Vera Cruz e Portel da Ordem de Malta.

Autor e Data

João Carvalho 1999

Actualização

 
 
 
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