Igreja Paroquial de Santa Cruz / Igreja de Santa Cruz

IPA.00008096
Portugal, Ilha de São Miguel (Açores), Lagoa, Lagoa (Santa Cruz)
 
Igreja paroquial construída no séc. 16, com frontaria e torre reconstruída em 1844, seguindo o esquema mais comum das igrejas da ilha, de três naves e cabeceira e frontaria tripartida. Apresenta planta composta de três naves e cabeceira escalonada, interiormente com ampla iluminação axial e bilateral, e coberturas em falsas abóbadas de berço, de estuque. A fachada principal termina em tabela, ladeada de aletas e encimada por espaldar em canopo, e tem três panos definidos por pilastras, coroadas por pináculos, cada um rasgado por vãos em eixo, composto por portal e janela retilíneos, entre pilastras sustentando múltiplos frisos e cornijas, os portais encimados por pináculos e as janelas sobre mísulas, abrindo-se ainda na tabela uma janela semelhante. Entre os vãos laterais e no remate existem vieiras de cantaria. A torre sineira, à esquerda, possui dois registos, o inferior com três janelas iguais às da igreja, e o segundo com ventana, em arco peraltado e pano de peito rebocado e pintado, rematando em platibanda de balaustrada e acrotérios com pináculos nos cunhais. Nas fachadas laterais abrem-se amplas janelas retilíneas, tendo adossado vários corpos de diferentes cronologias. No interior, as naves separam-se por arcos de volta perfeita sobre colunas, possui coro-alto sobre as três naves, contendo órgão positivo oitocentista, com um castelo e dois nichos. Na nave central, adossa-se a uma das colunas do lado do Evangelho, púlpito de finais do séc. 18, em talha, de bacia assente em pilar e guarda em balaustrada, que terá vindo do convento de São Francisco, de Ponta Delgada, encimado por baldaquino, sensivelmente posterior e em talha pintada e dourada, com a talha a prolongar-se inferiormente até ao capitel da coluna. Na nave do Evangelho possui batistério, construído em 1837, com acesso por vão retilíneo, interiormente com painéis de azulejos formando silhar, de feitura já novecentista, em revivalismo rococó, e com símbolos eucarísticos. As naves têm duas capelas laterais profundas, com arco de volta perfeita sobre pilastras, e duas à face, com retábulos do séc. 19 / 20, revivalistas e de linhas barroquizantes, sendo os das capelas à face de estrutura semelhante. O arco triunfal, de volta perfeita sobre pilastras, é revestido a talha, pintada e dourada, tal como os vãos dos absidíolos, e os seus retábulos são do séc. 19 / 20, revivalistas e de linhas barroquizantes. O absidíolo esquerdo é muito estreito, e a capela-mor e o absidíolo do Santíssimo (Epístola) são cobertos por abóbadas formando caixotões irregulares, os da capela-mor pintados com açafates, frisos vegetalistas e florões. O topo da cobertura da capela-mor tem ainda um friso pintado com pinturas vegetalistas em linguagem neo-maneirista. As paredes laterais da capela-mor e do absidíolo do Evangelho possuem pinturas murais recentes e as do absidíolo da Epístola decoração em estuques relevados.
Número IPA Antigo: PT072101040012
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta poligonal composta por três naves, cabeceira tripartida, tendo adossado à esquerda a torre sineira quadrangular e vários corpos e à direita o edifício do Centro Paroquial. Volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas no templo, de uma, duas ou quatro águas nos corpos adossados à esquerda, rematadas em beirada dupla, ou em placa de betão no edifício da direita. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, de cunhais apilastrados, percorridas por soco de cantaria e rematadas em frisos. A fachada principal surge virada a oeste, rematada em tabela retangular horizontal, flanqueada por pilastras toscanas, encimadas por pináculos tipo balaústre sobre plintos paralelepipédicos, contendo janela retilínea ladeada por pilastras sobre mísulas e suportando vários frisos. A estrutura é ladeada por aletas, percorridas por frisos, e encimada por espaldar em canopo, também percorrido por frisos, contendo brasão com as armas de Portugal e coroado por vieira e cruz latina de braços quadrangulares, ornados de símbolos da Paixão, sobre acrotério com alusão ao Monte Gólgata. A fachada divide-se em três panos, definidos por pilastras toscanas, cada um deles rasgado por duas ordens de vãos retilíneos, correspondendo inferiormente a portais, ladeados por pilastras toscanas que sustentam múltiplos frisos e cornijas, sobrepostos por pináculos. Superiormente abrem-se janelas, entre pilastras sobre mísulas e sustentando múltiplos frisos e cornijas. Entre os vãos surgem vieiras e, ao centro, cartela inscrita. À esquerda, ligeiramente recuada, dispõe-se a torre sineira, de dois registos definidos por friso e cornija, o inferior rasgado por três janelas retilíneas, entre pilastras assentes em mísulas e suportando múltiplos frisos e cornijas; superiormente corre cornija. O segundo registo é rasgado, em cada uma das faces, por ventana em arco peraltado, albergando sino, exceto na lateral direita que está entaipado, e com pano de peito rebocado e pintado. A estrutura remata em friso, cornija e platibanda em balaustrada, sobreposta em duas faces por relógio circular, e com pináculos tipo balaústre nos ângulos sobre acrotério. À direita, o corpo do Centro Paroquial de Santa Cruz termina em platibanda plena, capeada a cantaria, e é rasgada por dois portais de verga reta com moldura rematada em cornija. Na fachada lateral esquerda, a torre é rasgada, no primeiro registo, por pequeno vão retilíneo. O corpo adossado à nave, tem dois panos, o esquerdo cego e o direito rasgado por três janelas retilíneas, a superior com moldura rematada em cornija. No outro corpo, abre-se a oeste duas portas e janela de peitoril central, todas de verga reta e moldura rematada em cornija, e, a norte, sete janelas retilíneas, molduras e com caixilharia pivotante. Posteriormente adossa-se um outro corpo, mais alto, com duas janelas semelhantes. A fachada lateral direita do Centro Paroquial, pintada de bege, é rasgada por vários vãos retilíneos, sem moldura e gradeados. A fachada posterior da nave termina em empena coroada por cruz latina sobre acrotério. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, as naves com pavimento em soalho de madeira e cobertura em falsas abóbadas de berço, de estuque, sobre cornijas pintadas de azul e com tirantes em ferro. As naves separam-se por cinco arcos de volta perfeita sobre colunas. Tem coro-alto sobre as três naves, de perfil contracurvo na nave central, e guarda em balaústres torneados, com as naves a comunicar por vão de verga reta e sendo acedido pela torre sineira, por porta de arco abatido; na nave central dispõe-se órgão positivo e, no sub-coro, existem lateralmente arcos de volta perfeita sobre pilastras interligando as naves, tendo no intradorso pias de água benta gomeadas. O portal axial possui guarda-vento em alvenaria rebocada e pintada, e porta de madeira envidraçada. Na nave central, no lado do Evangelho, existe púlpito em talha, de bacia retangular sobre pé com anel central de acantos, guarda em balaustrada com bolas de acantos, e sendo acedido por escada de madeira contornando o pilar, com guarda em balaústres torneados. É encimado por baldaquino de talha pintada de branco, azul, vermelho e dourado, de ângulos facetados, rematado em cornija e acantos vazados, com lambrequim de borlas, tendo inferiormente resplendor com pomba do Espírito Santo; entre o baldaquino e o capitel da coluna surge apainelado de talha, pintada de azul, branco e dourado, com cartela contendo cruz, envolvido por volutados e vieira. Na nave do Evangelho possui batistério, acedido por porta de verga reta com moldura rematada em cornija, e porta de ferro, interiormente com pavimento de cantaria, paredes com painéis de azulejos formando silhar, com símbolos eucarísticos e cobertura plana de estuque; alberga pia batistal, hemisférica e gomeada; do lado do Evangelho existe armário embutido retilíneo. Cada uma das naves laterais possui uma capela profunda e uma à face, com retábulos de talha pintada e dourada, os do Evangelho dedicados a Santa Teresinha e ao Sagrado Coração de Jesus, e os da Epístola ao Senhor dos Passos e a Nossa Senhora do Rosário, respetivamente. Arco triunfal, de volta perfeita, sobre pilastras, revestido a talha pintada a marmoreados fingidos a bege e dourado. A capela-mor tem pavimento em soalho de madeira, as paredes laterais com pinturas murais representando colunas, pintadas de azul, drapeados a abrir em boca de cena, albarradas e festões, e cobertura em abóbada de berço, formando caixotões, com as molduras pintadas a marmoreados fingidos a bege, albarradas, florões, e friso vegetalista e, ao centro as armas de Portugal, invertidas. Junto ao retábulo, a cobertura possui faixa lisa, com pinturas murais de temática vegetalista. Sobre supedâneo, com acesso central, dispõe-se o retábulo-mor, em talha pintada a bege, azul, e dourado, de corpo côncavo e três eixos, definidos por quatro pilastras, as exteriores lisas e as interiores decoradas com motivos vegetalistas, assentes em quarteirões, e quatro colunas, de terço inferior marcado e decorado por flores, assentes em mísulas e de capitéis vegetalistas, que se prolongam no remate da estrutura, em igual número de arquivoltas, decoradas por motivos vegetalistas, concheados, fragmentos de cornija e cartelas recortadas, a do fecho maior e contendo cruz. No eixo central abre-se tribuna, em arco de volta perfeita, com boca de acantos rendilhados, interiormente coberta por abóbada perspetivada e decorada de acantos, albergando trono facetado também com acantos. Nos eixos laterais surgem nichos, com mísulas sustentando imaginária, encimada por baldaquino com lambrequins e drapeados a abrir em boca de cena. Sotobanco com apainelado contendo motivos vegetalistas, de perfil contracurvo ao centro, e banco com apainelados de laçarias. Altar paralelepipédico coberto por pano de altar. No lado do Evangelho tem porta de acesso a anexo e de ambos os lados dispõe-se cadeiral, com espaldar seccionado por pilastras almofadadas, coroadas por pináculos, rematado em cornija reta, e de assentos individualizados. Os absidíolos, estreitos, possuem acesso por arco de volta perfeita sobre pilastras, revestidos a talha pintada a marmoreados fingidos, ornados de motivos vegetalistas e albergam retábulos de talha pintada, sendo o do Evangelho dedicado ao Senhor Santo Cristo e o da Epístola ao Santíssimo Sacramento.

Acessos

Lagoa (Santa Cruz), Rua da Igreja

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, adossado, no Núcleo Urbano de Lagoa (v. IPA.00027983), na costa sul, junto a uma pequena enseada. Insere-se em adro, adaptado ao declive do terreno, pavimentado a lajes de cantaria e delimitado por muro. À direita adossa-se corpo do Centro Paroquial de Santa Cruz, desenvolvendo-se junto à fachada lateral direita deste, espaço ajardinado, delimitado por muro. No adro dispõe-se paralela à fachada esquerda plinto de cantaria com busto, em bronze, do Pe. João José Tavares, integrando frontalmente no pavimento painel de azulejos, azuis e brancos, com a inscrição "PE. JOÃO JOSÉ TAVARES / 13-IX-1862 - 28-II-1933 / HISTORIADOR DO CONCELHO / DE LAGOA / HOMENAGEM / DA C. M. DE LAGOA / 07-08-1994". A cerca de 300 m a nordeste, ergue-se o Convento dos Frades ou Biblioteca Municipal Tomaz Borba Vieira (v. IPA.00008095).

Descrição Complementar

Entre os vãos centrais da fachada principal existe cartela com a data de "1507" inscrita. No coro-alto, o órgão tem castelo central e dois nichos, separados por pilastras estriadas, coroadas por urnas, sendo os nichos simples, em forma de harpa, com os tubos em disposição cromática e com gelosias vazadas, e o castelo com os tubos em disposição diatónica em teto e as gelosias em cortina. O castelo remata em dupla cornija angular, sobreposta por aletas e motivo de acantos vazado contendo cruz. Consola em janela, ladeada pelos botões de registo. Na nave do Evangelho, junto à porta de acesso ao coro-alto, existe painel de azulejos, azuis e brancos, com a seguinte inscrição "A 18 de Novembro do ano de 2007, no âmbito do / 5.º Centenário de vivência cristã, o venerando Bispo / desta Diocese, D. António de Sousa Braga sagrou / solenemente esta Igreja Matriz, dedicada a Jesus Cristo, / que por meio da sua Santa Cruz, é o único salvador do / Mundo, ontem, hoje e sempre. / O Pároco Pe João Martins Furtado". As capelas laterais profundas têm acesso por arco, de volta perfeita, sobre pilastras, protegidas por teia, e interiormente têm pavimento de lajes. A do lado do Evangelho, dedicada a Santa Terezinha, possui cobertura em falsa abóbada de berço, de estuque, e, inserido em arco de volta perfeita, tem retábulo de talha pintada a marmoreados fingidos a bege, rosa e dourado, de corpo reto e três eixos, definidos por dois quarteirões exteriores e duas colunas interiores, assente em mísulas e de capitéis coríntios, que se prolongam no remate da estrutura em igual número de arquivoltas, ornadas de acantos, sobreposto por cartela recortada com monograma "ST". Ao centro abre-se nicho, em arco de volta perfeita, interiormente pintado de bordeaux e albergando imaginária. Nos eixos laterais possui apainelados de acantos. Altar tipo urna, tendo no frontal festão e laçaria central. Superiormente, a capela é enquadrada por motivos vegetalistas em talha dourada. No lado da Epístola possui vão retilíneo albergando imaginária sobre mísula, encimada por óculo circular. A capela profunda do lado da Epístola, do Senhor dos Passos, tem cúpula piramidal facetada, com claraboia central. Alberga retábulo de talha pintada a marmoreados fingidos bege, rosa e dourado, de corpo reto e três eixos, definidos por quatro pilastras decoradas de motivos vegetalistas, que se prolongam no remate da estrutura, em igual número de arquivoltas, ornadas de acantos e motivos vegetalistas, a qual remata em espaldar contracurvo com cornija. Ao centro abre-se nicho, em arco de volta perfeita, com boca rendilhada, interiormente pintado de dourado e albergando imaginária sobre peanha. Nos eixos laterais possui apainelados com motivos vegetalistas, esquema que se prolonga pelo banco. Altar expositivo, com frontal envidraçado, albergando imagem de Cristo morto. As capelas do Sagrado Coroação de Jesus (Evangelho) e a de Nossa Senhora do Rosário (Epístola) possuem estrutura semelhante, revestida a talha pintada a azul, bege e dourado, com arco de volta perfeita sobre pilastras, assentes em plintos paralelepipédicos, ornados de motivos vegetalistas, encimado por espaldar com elementos vegetalistas e rematando em friso e cornija reta. Alberga retábulo de talha pintada a azul, bege e dourado de corpo reto e um eixo, definido por duas colunas torsas, de espira fitomórfica e terço inferior marcado, e duas pilastras com acantos, todos assentes em mísulas e de capitéis vegetalistas, que se prolongam na estrutura do remate, em igual número de arquivoltas, decoradas de acantos, volutas e concheados. O retábulo de Nossa Senhora do Rosário integra no fecho cartela com representação de Nossa Senhora a dar o Rosário a São Domingos, encimado por dossel com lambrequim. Ao centro abre-se nicho, em arco de volta perfeita e boca rendilhada, interiormente albergando imaginária. Lateralmente surgem apainelados de acantos. Sotobanco com apainelado de acantos e altar tipo urna, liso. O absidíolo do Evangelho possui no interior as paredes decoradas com faixa de estuques, a imitar marmoreados, e superiormente pintadas com apainelados de acantos e, ao centro, cartela ovalada com anjos segurando símbolos da Paixão. Tem cobertura em falsa abóbada de berço, de estuque, com painéis desnudos. Sobre supedâneo tem retábulo de talha pintada a bege, cinzento e marmoreados fingidos a rosa, e dourado, de corpo reto e três eixos, definidos por pilastras exteriores, decoradas de motivos vegetalistas, e duas colunas interiores com concheados, assentes em mísulas e de capitéis coríntios, que se prolongam pelo remate da estrutura, em igual número de arquivoltas, decoradas de concheados, e motivos vegetalistas, sendo sobreposta por cartela com resplendor e coração inflamado. No eixo central abre-se nicho, em arco, interiormente pintado de bordeaux e albergando imaginária, e nos eixos laterais, muito estreitos, existem apainelados de concheados. Sotobanco com apainelados de flores ou concheados. Altar tipo urna, liso. O absidíolo da Epístola, dedicado ao Santíssimo Sacramento, tem acesso revestido a talha pintada a marmoreados fingidos, a bege, rosa e dourado, por portal de verga reta, de moldura decorada com motivos vegetalistas e superiormente rendilhada, entre pilastras com elementos vegetalistas, assentes em plintos paralelepipédicos, almofadados e de igual decoração, encimado por bandeira em talha dourada, vazada, com acantos, contendo ao centro tondo com Agnus Dei. A porta é enquadrada por arco de volta perfeita, ornado de motivos vegetalistas, sobreposto por apainelado e remate em cornija. No interior tem pavimento cerâmico, as paredes decoradas com estuques relevados, formando apainelados, um deles em rosa e branco, com flores formando esquadria e tendo cartela oval com pelicano; a cobertura é em abóbada de berço formando caixotões, pintados a rosa, azul e branco, com flores relevadas. Sobre supedâneo, dispõe-se o retábulo em talha pintada de vermelho, azul e dourado, de corpo côncavo e um eixo, definido por seis pilastras, as dos extremos dispostas de ângulo, decoradas com acantos relevados, que se prolongam no remate da estrutura em igual número de arquivoltas, unidas por aduelas no sentido do raio, e com fecho contendo símbolos eucarísticos. Ao centro possui painel pintado com glória, emoldurado a acantos vazados, encimado por cálice e resplendor e tendo frontalmente urna eucarística com Agnus Dei. Integra sacrário, de perfil contracurvo, rematado em cornija, encimada de acantos, tendo na porta cruz e símbolos eucarísticos, encimada por coroa, de onde pendem drapeadas a abrir em boca de cena. Banco com plintos paralelepipédicos ornados de acantos e altar tipo urna coberto por pano de altar.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Angra)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 16 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

CARPINTEIRO: Manuel de Sousa (1894). ESCULTOR: Celestino José de Queirós (1892). ORGANEIRO: Dinarte Machado (séc. 20); Manuel de Sousa (1894).

Cronologia

Séc. 15 - Rodrigo Afonso, que veio para São Miguel no início da colonização, acompanhando Gonçalo Vaz, institui na igreja a fábrica menor e deixa-lhe um legado de 62,5 alqueires de terra no Pico da Pedra, hoje conhecida por terras de Santa Cruz; 1450 - data em que, segundo Gaspar Frutuoso, terá começado a vida cristã em Santa Cruz; 1507 - data inscrita em cartela sobre o portal central; 25 agosto - o bispo de Tanger, D. João Lobo, vem aos Açores por ordem de D. Diogo Pinheiro, vigário de Tomar, para dar ordens sacras; 1518, 21 dezembro - data do testamento do escudeiro Álvaro Lopes e sua mulher Mecia Afonso, os quais pedem para ser enterrados junto ao altar de São Pedro, e referem que a igreja já tem cinco confrarias; 1522, 11 abril - D. João III cria o concelho da Lagoa; 22 abril - elevação de Lagoa a vila e a igreja a Matriz; 1523, 22 outubro - Mecia Afonso, no codicilo ao seu estamento de 1518, manda fazer um cálice de prata de dois marcos para Nossa Senhora do Rosário, em São Miguel; 1526 - 1527 - o capelão Sebastião Fernandes recebe 4$000 de côngrua; 1543 - a igreja tem cinco confrarias: a de Santa Cruz, dos Fiéis de Deus, de Santa Maria do Rosário, de Nossa Senhora da Conceição e de São Sebastião; 17 maio - Álvaro Lopes do Vulcão deixa em testamento $500 para a confraria de Nossa Senhora do Rosário; 1550, 23 fevereiro - Maria de Medeiros deixa, em testamento, dez cruzados para se fazer um guarda-pó na capela do Bom Jesus, fundada pelo seu pai, Ruy Vaz de Medeiros, onde ela queria ser também enterrada; deixa ainda 1$000 para despesas de Nossa Senhora da Conceição; 1551, 13 dezembro - Maria de Medeiros em adiantamento ao seu testamento, manda que se faça um vestido para Nossa Senhora da Conceição; 1555 - chega o primeiro pároco, o padre João de Évora; 1558 - 1560, março - o Dr. Gaspar Frutuoso é pároco interino na paróquia; 1568, 30 julho - carta régia aumenta a côngrua do vigário para 30$000; 1575, 12 março - Felipa Gaspar deixa em testamento 1$000 para Nossa Senhora da Conceição e 1$000 para ajudar a pagar a capela de São Pedro; 1583 - 1586 - obras de ampliação da igreja, passando o serviço religioso para a ermida do Rosário, que fica a servir de Matriz; séc. 16 - construção das abóbadas, em estilo manuelino; existem as confrarias de Nossa Senhora da Conceição, Senhor Santo Cristo, São Pedro, Nossa Senhora dos Remédios, Vera Cruz, Almas e de Nossa Senhora do Rosário; 1692, 03 julho - na correição, o vigário Salvador de Sousa explica haver necessidade de colocar um relógio na torre, devendo ser pago pela fábrica da igreja e do rendimento da Câmara; 1731 - Fazenda Real paga 112$000 com pintura e douramento; 1743, 11 março - na visita, o bispo D. Frei Valério do Sacramento refere a capela do Bom Jesus como capela do Santo Cristo e manda orná-la, pois tem rendimento próprio; 1746, 15 dezembro - o licenciado Pedro Ferreira de Medeiros visita a igreja e acha o adro muito degradado, cheio de entulho, o que prejudica a capela do Santo Cristo; 1758 - a Fazenda Real paga gastos da igreja, no valor de 42$000; 1764, 29 outubro - o bispo D. Frei Lourenço de Castro visita a igreja e refere que os administradores da capela do Bom Jesus já não respeitam as suas funções; ordena que se forme uma irmandade e com as suas esmolas se fizessem consertos e ornasse a capela; 1782, 09 outubro - vem de São Francisco, em Ponta Delgada, um púlpito; 1794 - feitura do púlpito e dossel, em madeira preta e cedro, com pintura e douramento; séc. 18 - fundação do altar do Anjo São Miguel; 1812 - compra de uma nova imagem de Santo António, com resplendor, cruz e coroa do Menino, no valor de 132$270; 1829 - data inscrita no interior do andor do Senhor dos Passos, feito na Ribeira Grande; a atual imagem do Senhor dos Passos, feita no Porto, é oferecida pelo capitão José Afonso de Medeiros; 1832, 17 maio - os serviços religiosos passam a depender do vigário; 1836, 31 dezembro - decreto transfere os bens da igreja para a Junta de Paróquia; 1837, 18 setembro - a Junta de Paróquia dá ao administrador do Concelho o orçamento para consertos dentro e fora da igreja e para se fazer um batistério; 1844 - construção da frontaria e torre; remoção do altar do Bom Jesus e sua substituição pelo de São José; 1854, 20 agosto - a esposa do morgado Ildefonso Clímaco Raposo Bicudo Correia doa 200$000 para se fazer o guião do Senhor dos Passos, quantia que foi para o cofre da Junta de Paróquia; 1855, 17 junho - a Junta de Paróquia dá autorização para o pagamento do guião (286$300); 1873, maio - chega de Paris a imagem de Nossa Senhora do Rosário (280$478); 1876, 12 março - António Jacinto Botelho Âmbar oferece uma túnica roxa; 1885 - instituição da Irmandade do Sagrado Coração de Jesus; 1892 - chega do Porto a imagem do Sagrado Coração de Jesus, feita pelo escultor Celestino José de Queirós; 1894 - aquisição de novo órgão, executado em Ponta Delgada, por Manuel de Sousa, sob a direção do padre Serrão, por 850$000; 1895, 27 novembro - elevação da igreja à categoria de Capela Real; séc. 19 - substituição do altar de Nossa Senhora da Conceição pelo altar de Nossa Senhora de Lurdes, oferecido pelo padre João José Tavares; existem apenas as confrarias de Nossa Senhora do Rosário e dos Fiéis de Deus; 1901 - compra de cruz processional em prata pela Junta de Paróquia, pois a antiga havia sido roubada, e de uma caldeirinha, também em prata, custando as duas 230$440; 1909, 24 outubro - o relógio da torre sineira, feito em França, com feitio e colocação por 487$180, começa a trabalhar; 1910 - com a Implantação da República, a igreja perde o privilégio de Capela Real; 1917 - emigrantes da América do Norte oferecem uma túnica roxa de veludo; 2007, 18 novembro - sagração da igreja pelo bispo da Diocese, D. António de Sousa Braga, dedicando-a a Jesus Cristo; 2017, 18 maio - inauguração do núcleo museológico na igreja; 2018 - o núcleo museológico é distinguido pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM), com uma menção honrosa na categoria "coleção visitável".

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de pedra rebocada e caiada; soco, pilastras, frisos, cornijas, molduras dos vãos, pináculos, cruz e elementos decorativos no exterior em cantaria de basalto aparente; portas de madeira pintada; vidros simples; pilares e arcos no interior, pias de água benta e batismal em cantaria aparente; silhar de azulejos; guarda do coro-alto e da escada do púlpito em balaústre torneados de madeira; púlpito em talha, a branco, pintada e dourada; retábulos pintados e dourados; pavimento em soalho de madeira, lajes de cantaria e cerâmico; coberturas em falsas abóbadas de berço, de estuque ou em cantaria; decoração em estuques; pinturas murais; cobertura de telha.

Bibliografia

CANTO, E. - «Notícia sobre as igrejas, ermidas e altares da ilha de São Miguel». In Insulana. Ponta Delgada: Instituto Cultural de Pontada Delgada, 2000, n.º LVI; COSTA, Carreiro da - História das Igrejas e Ermidas dos Açores. Ponta Delgada: Jornal Açores, 1955; COSTA, Susana Goulart, Santa Cruz - Evangelização, Celebração da Fé e Fraternidade Cristã (subsídios para a história de Santa Cruz, Matriz da Vila de Lagoa). Lagoa: Paróquia de Santa Cruz, 1ª edição, 2007; MENDES, Hélder Fonseca (dir.) - Igrejas paroquiais dos Açores. Angra do Heroísmo: Boletim Eclesiástico dos Açores, 2011, p. 120; TAVARES, João José - A Vila de Lagoa e o seu Concelho, Ponta Delgada, 1979.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1813 - obras de reparação na capela-mor, sendo retelhada com telha vinda de Santa Maria; séc. 20, 2.ª metade - restauro do órgão pelo organeiro Dianrte Machado.

Observações

Autor e Data

João Faria 2014 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese de Angra) / Paula Noé 2016

Actualização

 
 
 
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