Igreja Paroquial de Oliveira de Azeméis / Igreja de São Miguel

IPA.00000866
Portugal, Aveiro, Oliveira de Azeméis, União das freguesias de Oliveira de Azeméis, Santiago da Riba-Ul, Ul, Macinhata da Seixa e Madail
 
Igreja de expressão maneirista, visível na estrutura dos remates dos vãos e nas cantarias das capelas do interior, solução anacrónica, uma vez que data do início do séc. 18. É de planta rectangular composta por nave, capela-mor, sacristias e torres sineiras adossadas, com coberturas interiores diferenciadas em falsas abóbadas, formando caixotões de estuque, iluminada uniformemente por janelas rasgadas nas fachadas laterais e na principal. Fachada principal harmónica, ladeada por duas torres de três registos e cobertura em cúpula, com quatro ventanas de volta perfeita. A fachada, revestida a azulejo, possui portal de verga recta, encimado por janelão, este ladeado por duas janelas, todos rematados por frontões interrompidos, alternadamente de volta perfeita e triangulares, numa clara invocação dos ritmos maneiriistas. Fachadas eruditas, com cunhais apilastrados firmados por pináculos e rematadas em cornija. Interior com coro-alto, onde surge Grande Órgão oitocentista, de talha em branco, formado por dois castelos e dois nichos laterais. Tem baptistérios na base das torres, púlpitos confrontantes e retábulos laterais, do estilo barroco nacional (Evangelho) e barroco joanino (Epístola). Arco triunfal de volta perfeita, rodeado por estrutura de cantaria, maneirista, ladeado por retábulos de talha dourada, de estrutura maneirista, de estilos diferentes, os colaterais com estrutura maneirista, mas com decoração a anunciar o estilo barroco, revelando uma feitura no final do séc. 17, possuindo uma zona expositiva na base. Na nave e na capela-mor dois retábulos joaninos, mas de estruturas e talhe distintos, revelando diferentes artífices. O primeiro possui vários quarteirões e profusão de acantos, concheados e atlantes, sendo o mor pautado por colunas torsas, com espiras curvas e concheados, dosséis e lambrequins. Capela-mor com supedâneo de degraus centrais, possuindo retábulo-mor de talha do estilo barroco joanino. A fachada principal ostenta azulejo de padrão com cruzes de Cristo.
Número IPA Antigo: PT010113090007
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta rectangular composta por nave flanqueada por duas torres sineiras e capela-mor a que se adossam duas sacristias, de volumes articulados e coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, rematados por beiradas simples e em cúpula cega nas torres sineiras. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, excepto a principal, revestida a azulejo, flanqueadas por cunhais apilastrados firmados por pináculos e rematadas em cornija. Fachada principal revestida a azulejo de padrão bícromo, azul e branco, formando cruzes de Cristo, com o corpo central rasgado por portal de verga recta flanqueado por pilastras toscanas que sustentam friso geométrico e cornija encimada por pináculos; sobre esta, nicho em abóbada de concha, flanqueado por pilastras toscanas e rematado em frontão triangular interrompido por cruz latina, contendo a imagem do orago. É ladeado por dois janelões rectilíneos de molduras simples e remates em frontões semicirculares interrompidos. As torres dividem-se em três registos, definidos por friso e cornija, os inferiores com dois níveis de janelas rectilíneas, as inferiores rematadas por frontão semicircular interrompido por pináculo de bola, tendo as superiores frontões triangulares interrompidos por cruz. No pano intermédio, surgem cartelas enroladas, contendo os mostradores dos relógios. O terceiro registo é marcado por quatro ventanas em arcos de volta perfeita, assentes em impostas salientes, rematados por frisos e cornijas. As fachadas laterais são semelhantes, rasgadas por portas travessas de verga recta e remates em frisos e frontões semicirculares, e por três janelas em capialço na nave e duas na capela-mor. Possuem corpos adosados, dispostos perpendicularmente, com os topos em alta empena, rasgados por janelas rectilíneas. Numa das faces, portas de verga recta. Fachada posterior em empena com três janelas quadrangulares e cruz latina na empena. INTERIOR rebocado e pintado de branco, percorrido por azulejos de padrão bicromo, azul e branco, formando silhar, com cobertura em falsa abóbada de berço, dividida em caixotões de estuque, decorados com florões, símbolos eucarísticos e da Paixão de Cristo, assente em friso e cornija de cantaria. Coro-alto assente em arco abatido, com guarda de madeira pintada, contendo um grande órgão, flanqueado pelos volumes das sineiras, que irrompem pelo interior. Na base, dois baptistérios. Confrontantes, os púlpitos, quadrangulares e com bacias de cantaria, assentes em mísulas, com guardas torneadas de madeira pintada e acessos por portas de verga recta e moldura simples, encimadas por sanefa de enrolamentos e lambrequins. As capelas da nave estão envolvidas por estrutura em cantaria, formando arco de volta perfeita sustentado por duas ordens de pilastras toscanas de fustes almofadados e seguintes almofadados, rematadas por friso e frontões semicirculares, rematados por pináculos de bola. As capelas laterais são dedicadas ao Crucificado (Evangelho) e Nossa Senhora do Rosário (Epístola) e as colaterais ao Sagrado Coração de Jesus e São Miguel. Arco triunfal de volta perfeita, assente em duplas pilastras toscanas de fustes almofadados, as exteriores maiores e a sustentar frisos, pináculos e frontão triangular interrompido por cruz. Capela-mor com pavimento em soalho, seccionada por supedâneo de cantaria, com os lados revestidos a talha pintada de marmoreados, branco e dourado, formando genuflexórios, com escadas centrais. Retábulo-mor de talha pintada de branco, de marmoreados pretos, nas colunas, e dourado, de planta ligeiramente côncava e três eixos definidos por quatro colunas torsas, envolvidas por espira fitomórfica e assentes em consolas sustentadas por anjos atlantes e por uma ordem de pilastras, decoradas por acantos. Ao centro, tribuna com trono de cinco degraus, com o interior apainelado e decorado por florões e acantos, protegida por uma tela a representar a Ressurreição de Cristo. Os eixos laterais possuem mísulas, sustentadas por atlantes, cobertas por baldaquinos decorados por concheados e acantos. O remate adapta-se à estrutura da cobertura, facetado e profusamente decorado por acantos e conchas, contendo um dossel de lambrequins, que marca o eixo central. O sotobanco e banco formam apainelados de acantos e, na base da tribuna, surge o sacrário embutido, decorado por acantos e conchas, com a porta a representar Cristo Redentor. Mesa de altar paralelepipédica, integrando duas antigas credencias de atlantes, palmas, acantos e enrolamentos vazados. As portas para os anexos estão flanqueadas por pilastras toscanas e rematam em frontão triangular interrompido por pináculo de bola.

Acessos

Rua António Pinto de Carvalho; Rua da Igreja Matriz

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 45/93, DR,1ª Série-B, nº 280, de 30 novembro 1993 *1

Enquadramento

Urbano, isolado, situado em zona de forte declive, aligeirado por uma plataforma artificial, que forma um adro a envolver a igreja, precedido por alta escadaria de feição trapezoidal, com dois patamares e guardas plenas com esferas como único motivo decorativo e cruz central assente em plinto no segundo lanço e no enfiamento do eixo central da igreja. Surge alteado relativamente à via pública fronteira, onde se ergue o Mercado e um Chafariz em cantaria. Nas traseiras, existem pequenos canteiros ajardinados e escadas de acesso ao adro.

Descrição Complementar

No coro-alto, o órgão com caixa de madeira em branco, formando dois castelos laterais e dois nichos intermédios, ligados entre si, possuindo pequenas gelosias vazadas, formando flores. Os castelos rematam em festões de flores. Coreto quadrangular, elevado e com acesso por duas escadas laterais com guardas metálicas. Retábulo do Crucificado de talha dourada, planta recta e corpo côncavo, de um eixo, definido por quatro colunas torsas, decoradas por pâmpanos, assentes em consolas de atlantes e em plintos paralelepipédicos, ornados por acantos, prolongando-se em duas arquivoltas torsas, unidas por três aduelas, formando o ático. Ao centro, painel representando Jerusalém. Altar paralelepipédico, do tipo expositivo. Retábulo de Nossa Senhora do Rosário de talha pintada de branco e dourado, de planta recta e corpo côncavo, de três eixos definidos por quatro quarteirões, os exteriores assentes em consolas com anjos atlantes. Ao centro, nicho de volta perfeita, contendo a imagem do orago e uma peanha, ladeado por duas mísulas com imaginária e encimadas por baldaquinos de lambrequins. A estrutura remata em anjos, fragmentos de frontão, acantos, conchas e, ao centro, sanefa de lambrequins, encimada por decoração vazada. Na base do nicho, sacrário embutido, flanqueado por quarteirões e decorado por custódia. Altar em forma de urna. Os retábulos colaterais são semelhantes, de planta recta e um eixo definido por quatro colunas torsas, decoradas por pâmpanos, assentes em duas bases paralelepipédicas. Ao centro, nicho rectilíneo, contendo mísula. A estrutura remata em friso de acantos, encimada por tabela flanqueada por quarteirões e ladeada por acantos recortados, rematando em friso, acantos e querubim. Na base, alto banco, o do lado do Evangelho, dividido em apainelado central e nichos, sendo o oposto formado por uma zona ampla expositiva. A tabela do lado do Evangelho possui a tabela preenchida com painel pintado a representar uma Santíssima Trindade horizontal, surgindo, no lado oposto, as Santas Mães (Santa Ana, Virgem e o Menino).

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ENTALHADOR: Luís Pereira Costa (1731). FUNDIDORES: Joaquim Amaral da Fonseca (1882); Joaquim Dias Sorrilha de Campos (1835). PINTORES: José de Brito; Marques da Silva Oliveira. (séc. 19 - 20) PINTOR DE AZULEJO: E. Trindade (1927).

Cronologia

1520 - redução da abadia a reitoria da Comenda da Ordem de Cristo, por ordem do Papa Leão X; 1574 - a igreja pertence ao padroado real e integra a Diocese de Coimbra; 1621 - construção de um cruzeiro templete no exterior, por ordem de Domingos Gomes; séc. 17, final - construção dos retábulos colaterais; 1708 - segundo o Padre Carvalho da Costa a povoação é uma Comenda da Ordem de Cristo, sendo a paróquia uma reitoria da mesma Comenda; a povoação tem 300 vizinhos; 1719 - 1729 - edificação do actual templo e feitura dos retábulos laterais; 1731, 27 Agosto - contrato com Luís Pereira Costa para a execução do retábulo-mor, trono e casa da tribuna e as imagens de São Miguel e São Pedro, por 580$000; 1742 - instituição da Confraria de Nossa Senhora da Boa Morte, com muitas indulgências concedidas por Benedito XIV; 1744 - benção dos dois sinos grandes, pelo reitor Manuel de Oliveira Ferreira; 1745 - agregação da Confraria do Senhor dos Passos à da Irmandade das Almas; 1755, 1 Novembro - com o terramoto, algumas paredes abriram fendas e caíram alguns pináculos; 1758, 26 Abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Manuel de Oliveira Ferreira, é referido que a igreja fica na povoação, no lugar denominado "Padrão", junto à estrada pública; no altar-mor, o Santíssimo e as imagens de São Miguel e São Pedro; tem os altares colaterais dedicados a Santa Catarina, ladeado por São Miguel e Santa Apolónia, e a São José, com as imagens de Nossa Senhora da Boa Morte e São Rosendo; na nave, a Capela do Santo Nome de Jesus, com as pinturas de Nossa Senhora da Soledade e São João Evangelista; no lado oposto, a Capela de Nossa Senhora do Rosário, ladeada pelas imagens de São Sebastião e São Francisco; o adro, com escadaria, é pontuado por flores e duas oliveiras; a igreja tem duas confrarias leigas, sob a protecção real, a do Santíssimo, Nossa Senhora do Rosário e Santo Nome de Jesus, surgindo duas eclesiásticas, a das Almas e a da Senhora da Boa Morte; é uma reitoria, sendo o pároco da apresentação da abadessa do Mosteiro de São Bento do Porto, rendendo 200$000 e 7000$000 de dízimos; tem um cura coadjutor, apresentado pelo reitor da igreja; 1835 - data de um dos sinos assinado por Joaquim Dias Sorrilha de Campos, das oficinas de Cantanhede; 1866 - construção do coro-alto, onde se inscreve: "O. P. 1866 JCSPB"; 1882 - data de um dos sinos realizado por Joaquim Amaral da Fonseca, das oficinas de Cantanhede; séc. 19-20 - pintura da tela da tribuna por Marques da Silva Oliveira, a representar a Ressurreição; 1927 - colocação dos azulejos na fachada, pintados por E. Trindade, em Fonte Nova, Aveiro.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria, rebocada e pintada; modinaturas, cornijas, frontões, frisos, pilastras, supedâneo, base do púlpito, pia baptismal em cantaria de granito; pavimentos, guardas, retábulos, órgão e portas de madeira; coberturas em telha.

Bibliografia

BRANDÃO, Domingos de Pinho - Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na Diocese do Porto - Documentação. Porto: Diocese do Porto, 1986, vol. III; COSTA, António Carvalho da (Padre) - Corografia Portugueza... Lisboa: Valentim da Costa Deslandes, 1708, tomo II; GONÇALVES, António Nogueira - Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Aveiro, Zona Norte. Lisboa: Academia Nacional de Belas-Artes, 1981, vol. X, pp. 123 - 125; SERRÃO, Joaquim Veríssimo - Livro das Igrejas e Capelas do Padroado dos Reis de Portugal - 1574. Paris: Fundação Calouste Gulbenkian Centro Cultural Português, 1971; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/72372 [consultado em 28 dezembro 2016].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; DGARQ/TT: Memórias Paroquiais (vol. 26, n.º 22, fl. 187-196)

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1863 - obras de conservação; 1865 - obras de conservação várias; 1880 - obras várias.

Observações

*1 - DOF: Igreja Matriz e sua escadaria / Igreja de São Miguel.

Autor e Data

Carlos Ruão 1996 / Paula Figueiredo (IHRU) 2011 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese do Porto)

Actualização

 
 
 
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