Solar dos Sá Vargas / Palacete dos Sá Vargas / Museu Graça Morais / Centro de Arte Contemporânea de Bragança

IPA.00008783
Portugal, Bragança, Bragança, União das freguesias de Sé, Santa Maria e Meixedo
 
Arquitectura residencial, setecentista. Casa nobre urbana de planta rectangular, evoluindo em dois pisos, o térreo e o andar nobre, de acentuado desenvolvimento horizontal. Apresenta fachada principal terminada em friso e cornija, cunhais apilastrados e pisos separados por friso e cornija, rasgada regularmente por vãos rectilíneos, correspondendo no piso térreo a portas de moldura simples ladeando o portal central de moldura almofada e, no andar nobre, a janelas de sacada, molduradas e encimadas por cornija recta. Interior com organização espacial do piso térreo muito alterado pelas sucessivas funções e o andar nobre mais poupado, conservando alguns tectos de apainelados.
Número IPA Antigo: PT010402450049
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Palacete  

Descrição

Planta rectangular sensivelmente irregular, com ala perpendicular na metade posterior E., desenvolvida para N., enquadrando logradouro e corpo prismático a N.. Coberturas diferenciadas em telhado de duas águas no corpo principal e em terraço na ala perpendicular e corpo posterior. Fachadas de dois pisos rebocadas e pintadas de branco. Fachada principal, virada a S., de dois pisos separados por cornija, com embasamento de cantaria a acompanhar o declive do terreno, duas ordens de pilastras toscanas nos cunhais e remate em friso e cornija, sobreposta nos cunhais por duas gárgulas de canhão espiraladas. É rasgada por nove eixos de vãos rectilíneos, sobrepostos; no piso térreo rasga-se ao centro o portal, envolvido por moldura decorada por almofadas rectangulares, possuindo a porta, de duas folhas, puxadores em forma de cão; é ladeado por oito janelas de peitoril, quatro de cada lado, de molduras simples, cornija inferior e friso interligado ao embasamento, apresentando caixilharia de guilhotina e gradeamento exterior de ferro fundido, terminado superiormente em volutas estilizadas. No andar nobre abrem-se nove janelas de sacada, com moldura simples de cantaria encimada por cornijas rectas, com portas envidraçadas de duas folhas que abrem para a sacada corrida, em cantaria, individualizadas por gradeamentos independentes, rematados nos ângulos por bolas rendilhadas. A fachada lateral esquerda, maioritariamente adossada, é rasgada por porta de verga recta, moldurada, e a oposta é cega. Fachada posterior virada a N. com corpo principal percorrido por alto embasamento em placas de cantaria, terminado em friso e cornija e rasgada no piso térreo por grande vão rectilíneo envidraçado e, à esquerda, por porta; ao nível do segundo piso abrem-se, a ritmo irregular, cinco janelas de peitoril, de molduras simples. Adossado à metade NE. da fachada desenvolve-se corpo rectangular, mais baixo, que se interliga, no final do logradouro, a um outro prismático, mais alto e de construção recente, o primeiro rasgado por portas envidraçadas nos ângulos e o último por janela jacente virada a S.. INTERIOR com organização espacial semelhante em cada um dos pisos, onde existem oito salas inter-comunicantes, quatro viradas à frontaria e outras quatro ao logradouro. Apresentam paredes rebocadas e pintadas de branco, o piso térreo com pavimento em cantaria e o andar nobre em soalho. No piso térreo, o portal acede a vestíbulo, sensivelmente descentrado, comunicando à direita com a livraria, e à esquerda com o vestiário, o bar/cafetaria, instalações sanitárias e a explanada exterior; frontalmente, vão rectilíneo conduz, à direita às escadas de ligação ao andar nobre, em ferro, e, em frente, ao corpo adossado, com gabinetes de trabalho, sala de reuniões, galeria de exposições temporárias, balneários, oficinas, zona de recepção de obras, reserva de colecção, e a grande nave de exposições temporárias. No andar nobre, as salas, dedicadas à exposição da obra da pintora Graça Morais, possuem rodapés e os vãos com molduras e portadas de madeira, pintadas de bege; os tectos do mesmo material e pintados da mesma cor, são planos e decorados por caixotões relevados, apainelados, com diferentes tipos de molduras, ou do tipo macho e fémea.

Acessos

Rua Abílio Beça, n.º 105

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, adossado e junto a edifícios privados de habitação e comércio, implantado à face do arruamento, na sua confluência com a Praça da Sé. Ergue-se adaptado ao declive suave da via, possuindo na fachada posterior, entre os vários corpos, logradouro arelvado, pontuado por cinco árvores; no limite O., protegido por alto muro, tem rampa em cantaria e guarda metálica, que vence o desnível entre a fachada posterior e o arruamento posterior do lote; no logradouro existem ainda vários elementos escultóricos e tanque circular. Em frente da fachada principal, implanta-se o edifício do Clube de Bragança (v. PT010402450328), no centro da Praça da Sé, o denominado cruzeiro da Sé (v. PT010402420051), no seu lado S., o antigo Colégio Jesuíta e a antiga Sé (v. PT010402420031), no oposto, o Solar dos Calaínhos (v. PT010402450048) e uma casa nobre (v. PT010402450326) e no topo O. o Solar dos Matos (v. PT010402450327).

Descrição Complementar

No núcleo de exposições permanentes encontra-se a exposição de Graça Morais "Pintora e Desenho 1983 - 2005. No vestíbulo existe a inscrição, em três regras: INAUGURADO POR SUA EXCELÊNCIA O PRIMEIRO MINISTRO, ENGº JOSÉ SÓCRATES, SENDO PRESIDENTE DE CÂMARA O ENG.º ANTÓNIO JORGE NUNES, 30 DE JUNHO DE 2008 AUTOR DO PROJECTO, ARQT.º EDUARDO SOUTO MOURA.

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 20 / 21

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Eduardo Souto Moura (2004). PINTOR de AZULEJO: J. Alves de Sá (1944 / 1945). EMPRESA: Joaquim Peixoto Alves & C.ª L.ª, do Porto (1940, década).

Cronologia

Séc. 18 - construção do edifício por Francisco Xavier da Veiga Cabral; posteriormente foi adquirido por José Sá Vargas; 1763 - segundo o inventário executado, a seguir a 1762, para pagamento da décima, a casa de Francisco António da Veiga Cabral encontrava-se fechada; 1802 - nascimento do conselheiro José Marcelino Sá Vargas; 1876 - morte do conselheiro José Marcelino Sá Vargas; 1936 - data do testamento pelo qual o imóvel é legado à Santa Casa da Misericórdia; 1940 - aquisição do edifício em hasta pública, pelo Banco de Portugal para instalação de uma delegação; 1940, década - construção do edifício que serve de dispensa, lateral ao jardim; 1944 / 1945 - execução dos painéis de azulejo que decoravam a zona do Banco, por J. Alves de Sá; 1947 - instalação do Banco de Portugal no edifício, após a conclusão da sua adaptação às novas funções, sofrendo alterações significativas no interior e na frontaria; a caixa-forte do banco foi executada pela empresa Joaquim Peixoto Alves & C.ª L.ª, do Porto, sediada na R. Sá da Bandeira, 123-133; 1993 - encerramento do Banco de Portugal; 1998 - início das negociações entre a Câmara Municipal e o Banco de Portugal para aquisição do imóvel, que se encontrava em completo estado de abandono; 1995, 04 abril - proposto como Valor Concelhio pelo PDM de Bragança, DR 80; 1999, Fevereiro - celebração de protocolo entre os municípios de Bragança e de Zamora, com vista ao estreitamento das relações culturais entre as duas cidades, de modo a implementar o conceito de Pólo Cultural Transfronteiriço, integrando-as em roteiros nacionais e internacionais; 2001 - saída do Banco de Portugal e sua transferência para Vila Real, passando o edifício a ser ocupado pela Junta de Freguesia da Sé; 26 Fevereiro - assinatura do protocolo de colaboração entre a Câmara Municipal de Bragança e a Fundação de Serralves *1; 2002, Outubro - formalização da sua candidatura ao programa INTERREG IIIA, com a designação de "Projecto Transmuseus", na qual se incluía a construção do Centro de Arte Contemporânea de Bragança, com projecto do arquitecto Eduardo Souto Moura e a construção do Museu Baltasar Lobo, em Zamora, da autoria do arquitecto José Rafael Moneo; 2004, 25 Abril - saída da Junta de Freguesia da Sé; Outubro - início das obras de recuperação e adaptação do solar dos Sá Vargas, com construção de um novo corpo - a nave de exposições temporárias, com projecto do arquitecto Souto Moura; a obra desenvolveu-se no âmbito do "Projecto Transmuseus: Rede de Museus Multifuncionais Transfronteiriços" com um investimento global de 5.194.210 euros, comparticipado por fundos comunitários, via INTERREG III - A, em 1.930.000 euros; 2005, 16 Março - apresentação do projecto do centro de Arte Contemporânea em Bragança pelo arquitecto Souto Moura; 2006, 28 Abril - visita às obras de construção do primeiro Ministro José Sócrates; 2007, 12 Fevereiro - decide-se em reunião de Câmara a atribuição do nome da pintora Graça Morais ao Museu; 27 Março - visita pela Comissária Europeia para o Desenvolvimento Regional, Danuta Húbner, e Ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, Nunes Correia; 25 Abril - assinatura do Protocolo de Cooperação e Contrato de Comodato entre a Câmara Municipal e a pintora Graça Morais; 2008, 30 Junho - inauguração oficial do Centro de Arte Contemporânea Graça Morais com a presença do primeiro Ministro José Sócrates, do Ministro da Cultura António Pinto Ribeiro, do Arquitecto Souto Moura, da pintora Graça Morais e do Director da Fundação de Serralves, João Fernandes; 2009, 21 Janeiro - atribuição ao Centro de Arte Contemporânea Graça Morais da Menção honrosa na Categoria Requalificação Projecto Público dos Prémios Turismo de Portugal 2008.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Paredes rebocadas e pintadas; placa e estruturas de betão; cornijas, pilastras, frisos, embasamento, gárgulas e molduras dos vãos em cantaria de granito; guardas e gradeamentos em ferro fundido; portas, portadas e caixilharia em madeira; caixilharia dos vãos modernos em aço; vidro simples; pavimentos em cantaria e soalho de madeira; escada em ferro e patim de madeira; molduras das portas interiores, rodapés e tectos em madeira pintada; instalações especiais; cobertura em telha.

Bibliografia

ALVES, Francisco Manuel - Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança, vol. 7, Porto, 1931; Bragança Boletim Municipal Especial, nº 22, Bragança, Fevereiro 2009; Bragança. Boletim Municipal, nº 23, Bragança, Escola Tipográfica, Junho 2009; DIONÍSIO, Santana, [Bragança] Descrição e itinerário, Guia de Portugal, vol. V, tomo II, Lisboa, 1995; FERNANDES, José Augusto de Pêra, O Sumo das Pedras de Bragança, Bragança, Freguesia de Santa Maria de Bragança, 2008; JACOB, João Manuel Neto, Bragança, Lisboa, 1997; JÚNIOR, Francisco Felgueiras, Roteiro e Escorço Histórico da Cidade de Bragança, Bragança, Amigos de Bragança, 1964; RODRIGUES, Luís Alexandre, Bragança no século XVIII. Urbanismo. Arquitectura, Bragança, Junta de Freguesia da Sé, 1997; http://www.cm-braganca.pt/PageGen.aspx?WMCM_PaginaId=10906, 31 Janeiro 2011.

Documentação Gráfica

Banco de Portugal: Serviço de Obras; CMBragança

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, SIPA

Documentação Administrativa

c. 1200 m2

Intervenção Realizada

Banco de Portugal: 1940, década de - adaptação do edifício a Banco de Portugal; nestas, transformaram-se as portas do piso térreo da fachada principal em janelas e colocaram-se gradeamentos em ferro fundido na varanda e janelas do piso térreo; o interior foi também objecto de alterações significativas, quer ao nível da organização do espaço, quer dos revestimentos de paredes e pavimentos; no piso térreo, foram aplicados painéis de azulejo figurativo; nos pavimentos da entrada, vestíbulo, espaço público e de serviço foram colocados mármores brancos, pretos e cinzentos, formando desenhos geométricos; 1980, década de - obras pontuais de conservação e reestruturação; CMBragança: 2004 / 2005 / 2006 / 2007 / 2008 - obras de recuperação e adaptação do edifício a Museu com projecto do arquitecto Souto Moura, bem como a construção de um outro edifício na zona posterior do logradouro.

Observações

*1 - Antes das obras de adaptação a museu, na fachada E., abriam-se, no primeiro piso, quatro janelas e, no superior, cinco janelas de guilhotina, todas rectilíneas e exteriormente gradeadas. Na fachada N. do corpo principal, rasgavam-se três janelas de peitoril, com caixilharia de guilhotina e gradeadas, e no piso superior quatro janelas semelhantes, e porta, aberta para o passadiço elevado, desenvolvido a O. do pátio e que interligava o edifício a duas construções, que serviram de dispensa e garagem, laterais ao jardim. Sobre a cobertura do corpo principal elevavam-se duas chaminés e duas clarabóias rectangulares. Na fachada N. da ala perpendicular, rasgavam-se quatro janelas de peitoril com caixilharia de guilhotina e gradeadas, duas em cada piso, interligadas por pano de peito de cantaria, e porta de verga recta, abrindo para passadiço de acesso ao jardim sobrelevado. Na fachada O. desta mesma ala rasgam-se quatro janelas, mais largas, distribuídas simetricamente pelos dois pisos, tendo as do térreo gradeamento. No interior, o piso térreo estava profundamente alterado para adaptação às necessidades do Banco de Portugal, realçando-se nos espaços mais directamente ligados à recepção e atendimento do público o uso em larga escala de mármores, painéis de azulejo nas paredes, gradeamentos de ferro fundido nos vãos e de mármores e de madeiras exóticas nos pavimentos; o painel E. da sala dos agentes tinha a data "1944" e a assinatura do autor: "J. Alves de Sá"; os do vestíbulo e entrada deviam ser do ano seguinte, segundo a data existente no painel colocado por cima da janela do vestíbulo; estes painéis tinham decoração de grotescos e os dos silhares do corredor desenvolvido atrás do espaço público e no de serviço eram de padrão. O acesso ao piso superior era feito lateralmente, pelo exterior; o vão de entrada era largo e guarnecido a mármore, tendo porta de madeira. O piso superior tinha os espaços pouco alterados, destacando-se a organização do conjunto de quatro salas inter-comunicantes viradas à fachada posterior, servidas também por corredor interior, e, no extremo N. da ala que prolongava o corpo principal, um núcleo de três divisões com tectos de masseira com bocetes e mísulas em talha, dourada ou pintada, entre os quais o mais interessante era o que correspondera ao oratório da casa, tendo a representação de pomba ao centro. O jardim posterior apresentava composição geométrica, com canteiros delimitados por buxo, centrado por tanque circular provido de bica central, de granito, delimitado a N. por cerca de alvenaria rebocada com portão de acesso à Rua Emídio Navarro.

Autor e Data

Armando Redentor e Miguel Rodrigues 2001 / Paula Noé 2011

Actualização

 
 
 
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