Casa da Quinta de Santo Inácio de Fiães

IPA.00008791
Portugal, Porto, Vila Nova de Gaia, Avintes
 
Casa nobre construída no início do séc. 18 e acrescentada no séc. 19 com uma capela maior. Apresenta planta irregular, formada por vários corpos articulados, tendo o núcleo principal planta retangular delimitado por ala de anexos agrícolas e muro integrando fonte, criando amplo pátio retangular. A fachada principal possui dois pisos, separados por friso, com a típica divisão social, reservando o piso térreo para as dependências agrícolas e o segundo para residência. Possui três panos, regularmente rasgados por vãos retilíneos, o central com janelas de peitoril e duas portas de acesso direto ao andar nobre, por escada de dois braços, com guarda plena e em balaustrada. Os panos laterais terminam em empena e são rasgados por portal de verga reta e janela de sacada, encimada por frontão interrompido, correspondendo o pano esquerdo à antiga capela. Fora deste pátio possui adossado, a uma cota superior, corpo intermédio e capela oitocentista, a capela com iluminação interior axial e unilateral, terminada em frontão triangular e rasgada por portal encimado por frontão semicircular e grande vão oval. No interior possui retábulo de talha policroma neoclássica, de um eixo.
Número IPA Antigo: PT011317020030
 
Registo visualizado 2107 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo casa comprida

Descrição

Complexo de planta irregular composto por vários núcleos de corpos articulados, com pátios intermédios. O núcleo principal é formado por ala residencial retangular, com topos diferenciados, delimitado à esquerda por corpo em L, de um único piso, e à direita por muro, criando amplo pátio, retangular, acedido frontalmente por portão em ferro; a sul, adossa-se, à ala residencial, capela e corpo intermédio, dispostos fora do muro que delimita o pátio e numa cota mais alta; a oeste, adossam-se ao muro vários corpos articulados e, à ala do L outros corpos originando núcleo de planta quadrangular com pátio central, e formando alameda de acesso ao núcleo principal e ao portão do pátio. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de duas, três e quatro águas, rematadas em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com cunhais apilastrados, coroados por pináculos com bola sobre acrotério, rasgadas por vãos retilíneos de molduras simples e remates em cornija. A fachada principal do núcleo principal surge virada a oeste, com dois pisos separados por friso, e de três panos; o pano central é maior, rasgado, no piso térreo, por duas portas ladeando a escada de acesso ao andar nobre, de dois braços e patamar central, onde tem guarda em balaustrada de cantaria, enquanto na restante é plena; sob o patamar abrem-se vãos em arco abatido sobre pilastras, antecedendo portas de verga reta. Ao nível do andar nobre abrem-se seis janelas de peitoril, com portadas de madeira, enquadrando dois portais, no meio dos quais existe brasão de família. Os panos laterais, semelhantes e o da esquerda correspondendo à antiga capela setecentista, termina em empena, coroada por pináculo, sendo rasgada inferiormente por portal de verga reta encimada por cornija, e superiormente, por janela de sacada, com guarda em ferro, de verga reta, encimada por friso e frontão interrompido por bola, tendo igualmente portadas de madeira. À esquerda dispõe-se um outro corpo, de dois pisos, o segundo rasgado por duas janelas de peitoril, sendo parcialmente oculto pelo corpo em L, de um piso, rasgado por portas de verga reta e janelas de peitoril, gradeadas. A sul, o muro do pátio, em cantaria, integra a meio fonte de espaldar, seccionado por pilastras que sustentam entablamento e o remate em espaldar recortado, tendo frontalmente tanque retangular, com zonas centrais côncavas. A fachada posterior é rasgada, no piso térreo, por janelas de peitoril e portas, algumas transformadas em janelas, e, ao nível do andar nobre, por janelas de peitoril com portadas de madeira. A capela a sul do pátio possui fachada com pilastras nos cunhais e remate em frontão triangular, coroada por cruz latina sobre acrotério. É rasgada por portal de verga reta, encimado por friso, que se prolonga inferiormente em pingentes, e frontão semicircular, e por amplo janelão oval. À esquerda, o corpo intermédio, sensivelmente recuado, termina em empena, encimada por sineira, albergando sino, e é rasgado no topo por dois vãos em arco de volta perfeita sobre pilar, sobreposto por cartela circular de cantaria. A fachada lateral direita da capela é rasgada por janela jacente, entaipada. INTERIOR da capela com retábulo-mor em talha policroma e dourada, de um eixo definido por quatro colunas torsas, com capitéis de inspiração jónica, tendo ao centro pintura a óleo representando a Aparição da Virgem a Santo Inácio.

Acessos

Avintes, Rua da Quinta de Fiães; travessa da Quinta de Fiães; Rua Souto de Fiães

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Peri-urbano, isolado, no interior da antiga quinta, com inúmeras espécies exóticas, eucaliptos, pinhos e carvalhos com mais de 20 anos, sendo atualmente aproveitada parcialmente para jardim zoológico. O corpo desenvolvido a norte e a oeste, bem como o muro do pátio, estão cobertos de trepadeiras. A este, desenvolvem-se amplos jardins de buxos, vedados por muros e a sul possui parque de estacionamento.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada: pessoa coletiva

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 18, início - época provável da construção da casa e capela dedicada a Santo Inácio, pela família Van Zeller, uma família burguesa de raízes holandesas estabelecida no Porto, e dedicada ao comércio do vinho do Porto; os terrenos da quinta são emprazados à Câmara com a obrigação de os deixar sempre para serviço público; 1747 - segundo o Dicionário Geográfico de Cardoso, a Quinta de Fiães pertence então a Jorge Maynart, cavaleiro professo da Ordem de Cristo e cidadão do Porto; refere a capela dedicada a Santo Inácio, pegada à casa, da fonte do pátio e do souto da entrada, plantado "com tal indústria e arte, que de qualquer parte se mostram mais quartorze ruas, todas feitas maravilhosamente"; 1758, 03 abril - o abade João Jacome (...) Rego nas Memórias Paroquiais da freguesia faz referência à capela de Santo Inácio na quinta de Ana Maria, no lugar de Além do Ribeiro, tendo sido ereta e fabricada pelos senhores da quinta; 1789 - a casa, pertencente a Pedro Van Zeller, cavaleiro professo da Ordem de Cristo, rico e acreditado comerciante na praça, é descrita por Rebelo da Costa na "Descrição da Cidade do Porto" *1; séc. 19 - época provável da construção da capela e corpo intermédio a sul do núcleo principal da casa; séc. 20, final - a quinta encontra-se nas mãos de uma empresa familiar pertencente aos descendentes dos Van Zeller - a Quinta da Aveleda, cujos sócios decidem criar o Zoo de Avintes; Cristiano Van Zeller veda a propriedade, levando a Junta da Paróquia a intervir e oficiar a Câmara, questionando o direito dos proprietários vedarem aquele maninho que era público, mas não obtém resposta.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; frisos, cornijas, pináculos, cruz, molduras dos vãos, sineira e outros elementos em cantaria de granito; vidros simples; portas e portadas de madeira; retábulo de talha policroma; portões em ferro; cobertura de telha cerâmica.

Bibliografia

AMARAL, Ana Filomena Leite - Avintes na margem esquerda do Douro. Junta de Freguesia de Avintes, 1993; CAPELA, José Viriato, MATOS, Henrique, BORRALHEIRO, Rogério - As freguesias do Distrito do Porto nas Memórias Paroquiais de 1758. Braga: edição de José Viriato Capela, 2009; GODIM, Inocêncio Osório Lopes - Avintes e suas antiguidades. Porto: Junta de Freguesia de Avintes, s.d..

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO. *1 - Rebelo da Costa descreve a casa do seguinte modo: "As casas desta quinta, têm cento e setenta e oito palmos de frente, aberta em múltiplas janelas envidraçadas, que formam o superior andar; e no inferior estão as portas, que dão entrada para os armazéns de frutos, quartos dos criados, e outros cómodos preciosos. Esta longa fachada remata-se em dois quartões correspondentes em altura, e em formalidade igual, que realçam a beleza de todo o edifício. No quartão da parte esquerda está a capela dedicada a Santo Inácio, muito decente e própria, para celebrar-se o incruento Sacrifício do Altar. Duas formosas escadas de pedra, uma da parte norte, outra do sul, rematam-se em um asseado pátio, que franqueia a passagem, para todas as salas, e por baixo dele estão as cavalariças, e cocheiras. Tem na frente um terreiro, ou praça que ocupa em quadra os ditos 178 palmos, e em um dos lados, um grande tanque com três bicas, lançando perenes borbulhões de bem gostosa água. Todo este prospecto que fica ao poente, é precedido de um copado bosque de carvalhos plantados em agradável simetria. A fachada que fica a nascente aparece mais graciosa com a vista dum florido, e pomposo jardim, que segue em perfeita quadratura o comprimento das casas, e no meio tem uma espaçosa bacia de pedra fina com um repuxo de água que se eleva a diferentes alturas, conforme os registos, que se lhe introduzem".

Autor e Data

Paula Noé 2015

Actualização

 
 
 
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