Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Caminha

IPA.00008912
Portugal, Viana do Castelo, Caminha, União das freguesias de Caminha (Matriz) e Vilarelho
 
Igreja de misericórdia renascentista, de planta retangular composta por nave e capela-mor, mais estreita, com frontispício terminado em frontão, rasgado por portal ricamente esculpido em alfiz, redecorada interiormente no séc. 18 com talha dourada em estilo barroco e rococó, possuindo tectos de madeira em caixotões, coro-alto de planta em U, várias capelas confrontantes e púlpito no lado do Evangelho. Anexa Consistório barroco de planta em L e de 2 pisos, com frontaria rasgada por portal de verga recta encimada por janela de sacada, de vão rectangular e cornija recta, enquadrada por brasão real e insígnia da Misericórdia, e "loggia" desenvolvida na fachada lateral NO. Igreja da Misericórdia com nave e capela-mor volumetricamente pouco distintas em altura, com portal axial renascentista com os bustos de São Cosme e São Damião e edícula superior também ricamente lavrada albergando uma Mater Omnium. No interior predomina o estilo barroco, com retábulos colaterais e o mor de estilo nacional, tendo este último belíssimo frontal de altar esculpido, representando ao centro "Visitação", e tecto da capela-mor com caixotões pintados, com decoração simbólica de iconografia mariana, emoldurados a talha policroma. O coro-alto apresenta-se como um conjunto de grande qualidade estética pelo trabalho de talha, demonstrando grande riqueza e detalhe, e ainda pelo cadeiral dos Mesários e o "grande órgão" de 3 castelos sobre mísulas com carrancas. A "loggia" desenvolvida lateralmente, também renascentista, apresenta arcada no 1º piso e varanda alpendrada no 2º, possuindo no pavimento tampas sepulcrais epigrafadas. Na sacristia, forrada a azulejos barrocos de padrão tipo tapete, encontram-se peças de arte sacra de alguma qualidade artística, particularmente as imagens de Santa Margarida de Antioquia e da Senhora da Agonia. Salão do piso superior do Consistório com tecto em masseira, de madeira, com decoração central em motivo fitomórfico, pintado de branco, tal como os restantes travejamentos, entalhados, transversais e da orla. Fachada principal apresenta brasão real e pedras de armas da Misericórdia. A porta que estabelecia a ligação da sacristia com as instalações do antigo Hospital encontra-se entaipada. A Bandeira de 1583, com a representação da Mater Omnium, já desaparecida, foi feita seguindo o modelo estabelecido pela de Ponte de Lima.
Número IPA Antigo: PT011602070013
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja de Confraria / Irmandade  Misericórdia

Descrição

Igreja de planta longitudinal, composta por nave única e capela-mor rectangulares, com sineira e "loggia" percorrendo a fachada a NO. rectangulares, e corpo rectangular a SE.. Volumes articulados, com coberturas da nave e capela-mor à mesma altura, em telhados de 2 águas, 1 no alpendre, mais baixo, e 3 no Consistório. Fachadas rebocadas e caiadas, percorridas por cornija saliente, e embasamento no consistório, com pilastras nos cunhais, sobrepujados na igreja por pináculos, e cruz sobre acrotério no remate das empenas. Fachada principal da igreja orientada, com frontão triangular rasgado no tímpano por edícula, ricamente lavrada, enquadrada por pilastras com capitéis toscanos suportando arco moldurado de volta inteira e remate interior concheado, albergando a imagem de Nossa Senhora da Misericórdia. Portal de arco pleno, decorado com grotescos e arabescos, sobre pilastras com idêntica decoração nos plintos e capitéis; enquadrado em alfiz, apresenta nos seguintes medalhões com os bustos de São Cosme e São Damião. Encimam-no janelão rectangular. Sineira com três registos, tendo no 1º vão de volta inteira, cerrado por grade de ferro, no 2º janela rectangular, e no último, marcado por cornija, ventana de volta inteira, sobrepujada por frontão contracurvado, ladeado por pináculos e rematado por esfera e cata-vento em ferro. Fachada SE. rasgada na nave por três janelões rectangulares e portal de verga recta, com frontão interrompido, ladeado por janelo parcialmente encoberto pelo corpo do altar da nave, e janelão rectangular na capela-mor. Consistório de 2 pisos separados por duplo friso de pedra, rasgado no 1º piso por portal de verga recta entre 2 janelas rectangulares, e no 2º por 3 janelas de sacada, de vão rectangular e cornija recta, sendo a central ladeada por brasão real e insígnia da Misericórdia. Fachada NO. porticada no 1º piso e com "loggia" no 2º onde se rasga porta de vão rectangular de acesso ao Consistório; fachada SO., com paramento em cantaria de pedra, rasgada no 1º piso por porta de vão rectangular, para a sacristia, e outra, de arco pleno, para os arrumos e, no 2º por porta rectangular, com a data 1712A na padieira, ladeada por óculo recortado com moldura definindo motivo flordelisado, com acesso por escadaria de dois lanços, cerrada por grade de ferro. INTERIOR da igreja com lambril de azulejos estampilhados azuis, amarelos e brancos, coro-alto em U assente em trave de madeira, decorada e pintada, com balaústres de madeira entalhada, cadeiral dos Mesários, decorado a talha, disposto ao longo das paredes, e órgão de tubos. Sub-coro com guarda-vento de madeira, ladeado por pias de água benta e porta de verga recta, à esquerda, de comunicação com a galeria. No lado do Evangelho, púlpito de talha dourada e colateralmente dois confessionários, de vão rectangular encastrados nas paredes, e dois retábulos de talha dourada confrontantes. Pavimento lajeado no sub-coro e soalhado no restante espaço, tendo tecto de perfil anguloso, em caixotões de madeira. Arco triunfal pleno, com o intradorso relevado, ladeado por retábulos de talha dourada postos de ângulo. Capela-mor com lambril de azulejos estampilhados azuis, amarelos e brancos, e porta de verga recta à esquerda, de acesso à galeria. Altar-mor, sobrelevado, com acesso por 3 degraus de pedra, cerrado por teia de madeira, com retábulo de talha dourada, apresentando, na base, inscrição "ANNO DE 1723", e trono central, onde assenta a imagem de Nossa Senhora da Misericórdia. Pavimento lajeado e tecto anguloso, em caixotões de madeira, profusamente entalhado e com decoração fitomórfica entalhada. Nas dependências destacam-se no 1º piso duas salas *1, comunicando entre si por porta de vão rectangular, com acesso exterior pela fachada SE. e sacristia forrada a azulejos de padrão azul, amarelo e branco, com arcaz em castanho e tecto em caixotões de madeira; no 2º piso distribuem-se a secretaria da Misericórdia, com acesso exterior a SO. e um grande salão *2, também com acesso exterior mas a NO., com tecto de masseira, de madeira, servindo de arrumo a um conjunto de interessantes telas retratando os benfeitores e provedores da Misericórdia e diversas peças de arte sacra, com comunicação com dois pequenos compartimentos servindo de arquivo e arrumos.

Acessos

Caminha, Rua de São João; Largo Calouste Gulbenkian

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 209/2019, DR, 2.ª série, n.º 54/2019 de 18 março 2019 / Incluído no Núcleo Urbano da Vila de Caminha (v. IPA.00006175)

Enquadramento

Urbano, com integração harmónica, implantada junto ao arruamento principal de Caminha ao qual dá a fachada lateral direita, definindo parte do limite sul do Núcleo Urbano da Vila de Caminha / Centro Histórico de Caminha (v. IPA.00006175), com frontaria virada para o largo lajeado e ajardinado onde se localizam o edifício da Câmara Municipal (v. IPA.00008996), a Torre do Relógio, parte integrante das Fortificações de Caminha (v. IPA.00002169), o Edifício da CGD (v. IPA.00021104), a Casa dos Torres (v. IPA.00008995), o Chafariz da Praça Municipal (v. IPA.00002161), a Casa Pita (v. IPA.00000440) entre outros imóveis de interesse.

Descrição Complementar

A fachada noroeste tem no primeiro piso portas retangulares de acesso à nave e à capela-mor, pavimento lajeado incorporando tampas sepulcrais, algumas das quais numeradas. No segundo piso, de pavimento soalhado, rasgam-se janelas e portas retangulares, de acesso ao coro-alto, ao púlpito e, no topo nascente ao Hospital contíguo (v. IPA.00008932), evidenciando-se, ainda, o corpo do altar da nave. O corpo adjacente à igreja apresenta duas salas de arrumos no primeiro piso, com acesso por porta de arco de volta perfeita, cerrada por gradeamento em ferro, e no segundo piso sala da secretaria da Santa Casa de Misericórdia e sanitários. Através da sala de arrumos do salão do piso superior do Consistório acede-se à parte anterior do retábulo-mor da Igreja. A sacristia tem porta de ligação às salas do Consistório, entaipada, que permitia estabelecer a ligação às antigas instalações do Hospital da Misericórdia.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

CANTEIRO: Gil Franco. CARPINTEIROS: Gonçalo Rodrigues, Duarte Álvares, Pedro Gonçalves. ENTALHADOR: Manuel Coelho. FERRERO: João Gonçalves, Pedro Álvares. IMAGINÁRIO: Manuel da Silva, António Rodrigues Fontes. MESTRES PEDREIROS: Cristóvão Gomes, Gonçalo Anes da Gândara. ORGANEIRO: José António de Sousa. PEDREIROS: Álvaro Mendes, Pedro Fernandes, Sebastião Afonso. PINTORES: Francisco de Padilha, Filipe de Cerveira, José Cunha. SINEIRO: Francisco Fernandes.

Cronologia

1516 - fundação da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Caminha; 1537 - confirmação do Compromisso da Santa Casa de Misericórdia de Caminha por D. João III; 1551, 21 Maio - Provedor Gomes Palhares e os irmãos João da Rocha, Gastão da Rocha, Francisco Fernandes, Francisco Dias, Francisco Serpe, Domingos Gonçalves, Pantaleão Gonçalves, Fernão Martins, Diogo Dantas, Álvaro Esteves, Martim Afonso e o escrivão da Confraria Diogo Rebelo, procedem à abertura do alicerce da igreja e ao início das obras; 18 Novembro - pintor André de Padilha recebe 200 reais como parte do pagamento por ter pintado um crucifixo para a Igreja; 1551 - 1553 - Gil Franco, morador em Baltazares ( Santa Maria de Âncora ), cortou toda a pedra de cantaria, nas pedreiras de Afife, e alvenaria, nas pedreiras de Cabana ( Vilarelho ), para as obras; o pedreiro Álvaro Mendes construiu todas as fundações e paredes de alvenaria da nave e capela-mor; o mestre pedreiro Cristóvão Gomes, que viveu na vila temporariamente numa casa de Simão de Abreu, alugada pela Misericórdia por 1$200 reais / ano, executou o portal principal, o arco, a pia de água-benta e outros trabalhos de cantaria para a igreja e casa das oficinas; o ferreiro João Gonçalves, morador em Caminha, aguçou os picos e conservou todas as ferramentas que os pedreiros utilizaram nas obras; 1552 - Vasco Fernandes, carpinteiro, morador em Caminha, executou a mão de obra do madeiramento do telhado e pregadura fornecidas pela Irmandade, por 2$000 reais; 1553 - o mesmo carpinteiro executou as portas e janelas e outros trabalhos de carpintaria na igreja; 1554 / 1555 - mestre pedreiro Gonçalo Anes da Gândara construiu a casa das oficinas e uma paredee entre este edifício e a torre do muro da vila; o carpinteiro Gonçalo Rodrigues, morador em Tuy, fez o madeiramento do telhado e toda a carpintaria da casa das oficinas, fornecendo a madeira para a obra, a qual foi transportada pelo barqueiro João Álvares, morador em Caminha, desde Tuy até à vila; Pedro Álvares, ferreiro, morador em Caminha, fabricou toda a pregadura para o madeiramento e as portas grandes da igreja e para o madeiramento da casa das oficinas; 1556 - Francisco Fernandes, sineiro de Braga, fez o sino da igreja por 12$000 reais; 1556 / 1557 - Pedro Fernandes, pedreiro morador em Caminha, rematou o telhado da igreja e rebocou as paredes da nave e capela-mor com barro branco; 1558 - Duarte Álvares, carpinteiro, forrou a capela-mor e fez três retábulos (um grande e dois pequenos) por 18$000 reais; Fevereiro a Maio - Sebastião Afonso, pedreiro, morador em Caminha, lajeou e ladrilhou a igreja em esquadria, por 11$000 reais; Julho - Pedro Gonçalves, carpinteiro e morador em Tuy, fez a obra do coro, acabada à sua custa, fornecendo a madeira necessária, por 15$000 reais; 1559 - Francisco Padilha, morador em Viana do Castelo, pinta Bandeira para a Misericórdia por 5.000 reais, segundo o mesmo figurino que André de Padilha usara para a de Viana do Castelo; 27 Junho - Francisco Padilha recebe 32.000 reais em parte de pago pela pintura de três retábulos que fazia para os três altares da igreja e forneceu as tintas; 1 Julho - o pintor assina a quitação de 42.000 reais recebidos pela conclusão da pintura dos retábulos; 10 Dezembro - Misericórdia paga a Francisco Padilha 800 reais em parte de pago por pintar as telas de uma Bandeira; 1560, Janeiro - deu-se ao pintor pela mesma obra mais 1200 reais; 1 Fevereiro - recebeu mais 2000 reais pela pintura da Bandeira; 6 Maio - recebeu ainda mais 200 reais pela mesma, ficando a Misericórdia em dívida apenas com 80 reais; 1561, Maio - pagamento da pintura de decoração da capela-mor "com as Tyntas que vyeram de Sevylha e as mãos de padylha e no ouro", obra orçada em 11.730 reais; o pedreiro Sebastião Afonso fez passeio de granito defronte do portal axial por 18$5000 reais; Álvaro Anes, morador em Vilarelho, Fernão Pires, morador em Gontinhais ( Vila Praia de Âncora ), Gonçalo Afonso morador em Cristelo e muitos outros carreteiros do termo de Caminha, transportaram os materiais para as obras; 1571 / 1572 - o Provedor Vasco Lourenço e o Escrivão Miguel Álvares ajustaram com o pedreiro João Lopes ( o novo ), morador em Viana, a construção de um cruzeiro, de granito de Afife, como o que estava na entrada da vila de Viana, em São Domingos, e que ele havia feito, por 12$000 reais; 1575, 9 Fevereiro - colocação da imagem do Bom Jesus Crucificado, vinda da Flandres, no altar; Julho - o entalhador António Fernandes e o pintor Filipe de Cerveira declaram-se obrigados a fazer algumas obras no retábulo-mor; 1580 - depois da morte do Cardeal D. Henrique, o Capitão General Luís de Brito esteve em Caminha a organizar a defesa da praça contra as tropas de D. António, Prior do Crato, e mandou arrasar, entre outras obras da vila, a casa das oficinas; a Misericórdia, sendo Provedor Manuel Lobo e Escrivão Diogo de Abreu Teixeira, manda reconstruir as paredes do demolido edifício com a verba de 40$000 reais que receberam do Governo para tal; 1581, 1 Fevereiro - contrato com o carpinteiro Amador Pires, morador em Caminha para execução do madeiramento do telhado, soalho, portas e janelas, tudo feito de novo e pregadura, com a obrigação de acabar a obra até 15 Março seguinte, por 15$000 reais; 1583, 2 Janeiro - o pintor Filipe da Cerveira obriga-se a fazer nova Bandeira para a Misericórdia seguindo o modelo da de Ponte de Lima, pela quantia de 16.000 reais; 1593 - apeamento definitivo da velha casa das oficinas para permitir a construção da primeira sala do consistório sobre a sacristia da igreja; 1623, 27 Julho - Filipe III ordenou à Misericórdia que se regesse pelo novo Compromisso da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, no que a ela se pudesse aplicar, passando a vigorar desde o primeiro de Julho de 1624; 1650 - construção da Casa do Consistório; 1651 - levantamento da igreja em 20 palmos e rasgamento de novas janelas, por iniciativa do Provedor Rodrigo Pereira de Sotto Mayor, escrivão Sebastião Pitta Soares e tesoureiro Diogo de Abreu Teixeira; 1678 - a Mesa Administrativa obteve licença da Arquidiocese de Braga para dotar a igreja de sacrário, a fim dos capelães da Misericória poderem administrar o Santíssimo Sacramento aos doentes do hospital; o sacrário foi executado pelo imaginário Manuel da Silva, morador em Caminha, por 20$000 reais e dourado pelo pintor José Cunha; 1686 - abertura de porta no muro divisório com o Hospital; 1687 - colocação do Santíssimo Sacramento no sacrário; construção da varanda porticada; 1695 - indeferimento passado aos Irmãos da Misericórdia para derrubarem um torreão da muralha antiga para aproveitarem a pedra para a edificação da igreja, reconhecendo que o objectivo real era o lanço da varanda ficar com vista mais "franqueada"; 1712 - data inscrita em padieira de porta do Consistório; 1721 - 1723 - sendo Provedor António de Sousa Machado Alvernaz, António Rodrigues Fontes, imaginário, morador em Lanhelas, fez o retábulo-mor por 204$800 reais; 1733 - 1734 - sendo Provedor Bento de Sousa Bacelar, o entalhador Manuel Coelho, morador em Barcelos, fez os dois retábulos laterais, por 330$000 reais; 1787, 28 Novebro - contrato entre o Provedor Francisco Barbosa Lima, organeiro José António de Sousa, sem residência habitual conhecida, e com F. J. da Silva para fazer a caixa do novo órgão, sendo pago com os fundos do legado do côro; 1829 - reparação do órgão do coro-alto; 1838 - o Administrador Geral do Distrito de Viana do Castelo afirma que a maioria das Misericórdias estavam muito mal administradas, o que originava a perda de muitas dívidas e foros, em resultado do desleixo e pouco zelo das Misericórdias; 1839 - o Administrador envia um comissário contabilista para reformar todas a sua escrituração e examinar os erros de liquidação e desleixo; 1863 - a Misericórdia e hospital tinham 30 922$580 rs de fundos, sendo 7 322$140 em domínios directos, 800$000 em prédios rústicos e urbanos, 20 232$440 em capitais mutuados, 800$000 em papéis de crédito e 1 768$000 em alfaias, jóias e móveis; tinha 1 421$800 rs em receitas ordinárias, sendo 152$000 em géneros, 246$100 em dinheiro, 999$600 em juros de capitais mutuados e 24$000 em juros de papéis de crédito; e tinha ainda como despesas obrigatórias 1 493$640 rs, sendo 717$280 em encargos pios e 776$360 em encargos profanos; a Misericórdia possuía ainda a seu cargo a administração do legado do côro quotidiano, composto de sete coristas que rezavam o ofício divino, com missa cantada, dispondo para tal de um capital independente, e a administração do legado do Hospital de Nossa Senhora da Visitação, com capital independente integrado na Misericórdia em meados do séc. 16; 1850 - transferência do cruzeiro de João Lopes defronte do portal axial para junto da capela de Santo Amaro, em Vilar de Mouros; 2006 - elaboração de um projecto de recuperação pela DGEMN, das zonas da igreja, loggia, consistório, sacristia, arquivo, anexos e zona exterior; 2014, 17 abril - publicação da abertura do procedimento de classificação da Igreja da Misericórdia em Anúncio n.º 92/2014, DR, 2.ª série, n.º 76; 2018, 25 julho - publicação do projeto de decisão relativo à classificação como Monumento de Interesse Público da Igreja da Misericórdia de Caminha, em Anúncio n.º 125/2018, DR, 2.ª série, n.º 142/2018.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria, com paramentos rebocados e pintados, com vãos e cunhais em cantaria, sineira em cantaria, cobertura em madeira telhada, paramentos interiores rebocados e pintados e revestidos de azulejos, coro-alto em madeira, altares em madeira, pavimentos em lajes graníticas, soalhado e com tacos de madeira, laje de betão na arcada do 2º piso, tectos em madeira e estucados e pintados, portas de madeira e em grade de ferro, janelas gradeadas e envidraçadas, esfera e cata-vento em ferro.

Bibliografia

SMITH, Robert C., A Talha em Portugal, Lisboa, 1963; ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976, p. 168; SANTOS, João M. F. Silva, Caminha através dos tempos, Caminiana, 2 Caminha, 1980, p. 144 - 148; ALVES, Lourenço, Do Gótico ao Manuelino. II - Monumentos religiosos, Caminiana, 10, Caminha, 1984, p. 52 - 56; idem, Caminha e o seu concelho. Monografia, Caminha, 1985, p. 61, 117 e 119 - 120; DIONÍSIO, Santana ( dir. ), Guia de Portugal. IV Entre Douro e Minho - II Minho, Lisboa, s/d, p. 1051; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Alto Minho, Lisboa, 1987, p. 151; SOROMENHO, Miguel, Manuel Pinto de Vilalobos da engenharia militar à arquitectura, Dissertação de Mestrado em História da Arte Moderna, vol. 1, U.N.L., 1991; VALENÇA, Manuel ( Padre ), A Arte Organística em Portugal depois de 1750 ( Subsídios ), Braga, 1995; SERRÃO, Vitor, Sobre a iconografia da Mater Omnium: a pintura de intuitos assistenciais nas Misericórdias durante o século XVI, in OCEANUS, nº 35, Julho / Setembro, Lisboa, 1998, pgs. 134 - 144; idem, André de Padilha e a Pintura Quinhentista entre o Minho e a Galiza, Lisboa, 1998; CORREIA, Torcato Augusto, A Igreja e as Casas do Consistório da Misericórdia de Caminha, in I Congresso das Misericórdias do Alto Minho, Viana do Castelo, 2001, p. 256 - 259; FONTE, Teodoro Afonso da, As Misericórdias do Alto Minho - perspectiva Histórica e actualidade, in I Congresso das Misericórdias do Alto Minho, Viana do Castelo, 2001, p. 96 - 117; Câmara assegura financiamento para valorização e conservação do património do Centro Histórico, in Falcão do Minho, 08 Junho 2006; Deputado do PSD congratula-se com a intervenção da Igreja da Misericórdia, O Caminhense, 5 Janeiro 2007.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA

Documentação Administrativa

Arquivo Distrital de Braga - Nota Geral, vol. 886, p. 163; Arquivo Municipal de Caminha, Livro de Receita e Despesa da Santa Caza da Mizª de Caminha

Intervenção Realizada

Santa Casa da Misericórdia: 1990 / 2000 - Limpeza e restauro da talha do retábulo-mor; 2006 - elaboração de projecto de conservação e valorização do imóvel, ao abrigo do protocolo entre a CMC e a DGEMN, compreendendo a execução de novas coberturas, vãos e madeiramentos, bem como de quartos de banho e espaço de secretaria; CMC / DGEMN: 2007 - obras de conservação na igreja, sala do despacho, sacristia, salas anexas e loggia com projecto da DGEMN, e valorização geral do espaço envolvente (previstas).

Observações

*1 - Nas salas do 1º piso funciona o secretariado da Comissão de Festas de Caminha. *2 - Neste compartimento estão temporariamente depositadas peças da Igreja, em talha e de arte Sacra, enquanto se realizam obras de conservação daquela. *3 - Esta imagem, quinhentista e vinda da Flandres, apresenta a cabeça do Senhor pendente para a direita e os pés colocados a par sobre a cruz.

Autor e Data

Paulo Amaral 1999 e 2000

Actualização

Paula Noé 2002 / João Almeida (Contribuinte externo) 2018
 
 
 
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