Mosteiro de Santa Ana / Edifício da Congregação da Caridade

IPA.00009029
Portugal, Viana do Castelo, Viana do Castelo, União das freguesias de Viana do Castelo (Santa Maria Maior e Monserrate) e Meadela
 
Arquitectura religiosa, barroca e oitocentista. Antigo mosteiro feminino barroco da Ordem Beneditina, adaptado a asilo na transição do séc. 19 para o 20, de planta rectangular regular, desenvolvida à volta de claustro rectangular, integrando igreja longitudinal de nave única e capela-mor, interiormente mais baixa e estreita, cobertas por tectos de madeira entalhados formando caixotões pintados, com coros, antiga sala do Capítulo disposta em ângulo com a capela-mor e torre sineira quadrada ao centro de uma ala do claustro. Fachadas de grande regularidade resultantes da reforma oitocentista, de dois pisos, separadas por friso, com cunhais apilastrados e remates em friso, ritmado por argolas de ferro, e cornija sobreposta por beiral; são rasgadas por janelas de peitoril no primeiro piso e de varandim ou de sacada com guarda de ferro no segundo, todas integrando bandeira e encimadas por friso e cornija recta, excepto na fachada posterior onde as molduras são simples; na fachada lateral O. surgem duas amplas varandas fechadas com janelas de tripla guilhotina e na oposta dupla arcada. Conserva, no entanto, o pano central da fachada principal, barroco, marcando o corpo da igreja, terminado em platibanda rendilhada, e rasgado por portal de verga recta delimitada por aletas com acantos, encimado por friso vegetalista, cornija alteada com nicho albergando imagem do orago, coroado pelas armas nacionais, enquadrado por duas cartelas rectangulares, inscritas, e duas frestas polilobadas; do mesmo período, o corpo da portaria, a O., tendo ao centro portal de volta perfeita sobre pilastras toscanas, enquadrado por pilastras decoradas, ladeada de aletas, encimado por friso e frontão de volutas interrompido, nicho concheado, com imagem da Senhora da Caridade; ladeiam o portal duas frestas de topos curvos e, superiormente, duas janelas iguais às do restante segundo piso, sendo o pano coroado por platibanda plena de alvenaria rebocada, com frontão curvo e brasão. No interior, de paramentos revestidos a azulejos de padrão enxaquetado azul e branco, a igreja separa-se dos coros por vãos de arco abatido, os centrais mais largos, envoltos por elementos de talha joanina, possui púlpito joanino todo em talha dourada, acedido por porta, quatro retábulos laterais, de talha dourada, em barroco de transição, os do topo da nave de estrutura semelhante, com planta recta e três eixos, e os outros dois de apenas um, enquadrados por alfiz, e prolongando-se em apainelados de acantos pelas ilhargas e topo do arco triunfal, onde surge o crucificado em nicho. Capela-mor com decoração em barroco nacional, com tecto de caixotões entalhados e dourados, e painéis pintados com acantos simétricos e afrontados, retábulo-mor de talha dourada de planta recta e três eixos. Sacristia com tecto plano de caixotões entalhados e policromados, joaninos, e coros com elementos acharoados a preto e vermelho a imitar chinoiserie; claustro de dois pisos, o primeiro com arcada.
Número IPA Antigo: PT011609310121
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro feminino  Ordem de São Bento - Beneditinas

Descrição

Planta rectangular, regular, desenvolvida à volta de um claustro central, integrando a S. igreja e coros, a O. a portaria, na ala S. do claustro torre sineira quadrangular, e possuindo nas fachadas E. e O. corpos rectangulares estreitos que nos cunhais virados a N. formam torreões quadrangulares. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas, integrando nas vertentes viradas ao claustro e na fachada posterior águas-furtadas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco possuindo embamento em alambor de cantaria rusticada, encimado por um outro mais baixo e simples, cunhais e panos definidos por pilastras colossais, e terminadas em duplo friso, o superior ritmado por argolas de ferro, nas fachadas S. e O. inseridas em florões metálicos, e cornija, sobrepujado por beiral. Apresentam dois pisos separados por friso e são regularmente fenestrados, tendo no primeiro janelas de peitoril encimada por friso e cornija recta e, no segundo, janelas de sacada na fachada S. e O., com guarda de ferro, e nas restantes de varandim, com o mesmo tipo de modinatura e com bandeira. Fachada principal, correspondente à igreja, virada a S. e organizada em três panos, os laterais com sete janelas sobrepostas; o central, sensivelmente mais alto, é coroado por platibanda vazada de elementos polilobados e pináculos laterais; ao centro, abre-se portal de verga recta delimitada por aletas com acantos, encimado por friso vegetalista sobreposto pelas insígnias da Ordem Beneditina, cornija alteada na zona central e nicho albergando imagem de Santa Ana, enquadrado por drapeados e festões pendentes de um baldaquino, coroado pelas armas nacionais entre dois anjos e uma esfera armilar (à esquerda) e cruz de Cristo (à direita). Enquadram o portal duas cartelas rectangulares, de almofada côncava inscrita, delimitada por friso de óvulos, e envolta em folhas de acanto recortadas, sobrepujadas por duas frestas polilobadas encimadas por friso e cornija superior, envoltas e sobrepostas por motivos fitomórficos. Fachada O., correspondente à portaria, de vários corpos. O corpo da portaria apresenta três panos, tendo nos laterais jogos de três janelas sobrepostas; no central, abre-se portal de volta perfeita sobre pilastras toscanas, enquadrado por pilastras sobrepostas por festões ladeada de aletas, semelhantes às da igreja, encimado por friso sobreposto por cartela com insígnias da Ordem Beneditina, e frontão de volutas interrompido por mitra; no seu enfiamento, dispõe-se ainda nicho concheado, assente em volutas, igualmente ladeado por aletas e elementos fitomórficos, albergando imagem da Senhora da Caridade; ladeiam o portal duas frestas de topos curvos e, supeiormente, duas janelas iguais às do restante segundo piso; este pano é coroado por platibanda plena de alvenaria rebocada, centrada por frontão curvo de cantaria com brasão nacional no tímpano coroado por cruz sobre globo e, lateralmente, pináculos piramidais. O corpo mais avançado disposto à esquerda, possui nos torreões janelas de sacada no segundo piso e, no pano central varandas sobrepostas fechadas com janelas de tripla guilhotina e, no segundo piso, bandeira superior. Fachada lateral S. marcada por três panos, os dois primeiros com janelas de peitoril em ambos os pisos, mas o primeiro tendo as do segundo piso encimadas por friso e cornija e integrando porta de verga recta e janela de sacada; o terceiro corpo, o mais avançado, todo em cantaria possui no primeiro arcos abatidos e no segundo varanda fechada. Fachada posterior de maior simplicidade, visto que as janelas são de peitoril ou, algumas dispostas regularmente, de varandim, mas todas de moldura simples. INTERIOR: Igreja de planta longitudinal composta por nave e capela-mor, interiormente mais estreita e baixa, revestidas a azulejos de padrão enxaquetado azul e branco (P-71), em algumas zonas com friso verde. A nave é coberta por falsa abóbada de berço, formando 45 caixotões, com molduras entalhadas e pintadas e painéis com cenas alusivas à vida de Santa Ana e da Virgem, com leitura cronológica perpendicular ao eixo da nave, do lado do Evangelho para o da Epístola, possuindo os caixotões devidamente numerados, assentando em friso de madeira igualmente entalhado. A parede fundeira da nave apresenta, em cada um dos dois registos, três vãos de arco abatido sobre pilastras, excepto os laterais do primeiro registo que são rectos, os centrais mais largos, possuindo como elemento separador dos dois coros, balaustradas de pau-preto, surgindo, no inferior do lado da Epístola, uma porta de ligação ao coro-baixo, com pavimento sensivelmente mais alto. Sobre cada um destes vãos, surgem cartelas de talha dourada envoltas em volutas recortadas e acantos, as centrais suportadas por anjos de vulto encarnados; na cartela central do coro-alto surgem as insígnias da Ordem Beneditina e de cada uma delas partem grinaldas policromadas, que as interligam, e das pilastras suspendem-se festões dourados. No início da nave, surge, de cada lado, um cadeiral, de estrutura semelhante, com policroma a vermelho, azul, verde e dourado, terminado em friso ornado e cornija, de espaldar delimitado por duplas pilastras, de fuste decorado por espiras, coroadas por pináculos, e com painéis pintados com as obras da Misericórdia; figuram no lado do Evangelho as sete Obras Corporais e no da Epístola seis Obras Espirituais, baseadas em cenas do quotidiano e cenas bíblicas, menos comuns. O cadeiral assenta em pés de madeira exótica ricamente recortados. No lado da Epístola, dispõe-se junto ao portal, protegido por guarda vento de madeira, púlpito rectangular em talha dourada, com base assenta em cinco anjos atlantes, guarda plena, com diversa decoração plana, que se prolonga pelas ilhargas da porta, de verga recta e acedida por escada rasgada no interior dos paramentos; é coroado por baldaquino, de feição mais exuberante, convexo no centro de cada uma das faces, coroado por quatro anjos esvoaçantes sustentando as insígnias da Ordem Beneditina (torre, báculo, mitra e ave), e, ao centro, por anjo guerreiro. Do outro lado do guarda-vento, pia de água benta, de perfil semicircular relevado, encimado por arca tumular de Álvaro Soares de Eça e sua esposa D. Joana de Sousa, dos Sousa Arronches, inserida em nicho de frontão curvo e tímpano concheado, sobrepujado pelo brasão de família. Lateralmente seguem-se quatro retábulos, confrontantes, de talha dourada, com as actuais invocações do Bom Jesus das Chagas e de Nossa Senhora das Dores, no lado do Evangelho, e da Santíssima Trindade e de Santa Ana, no da Epístola. Os do topo da nave apresentam estrutura semelhante, de planta recta e três eixos, definidos por colunas torsas, sobre consolas, que se prolongam no ático em duas arquivoltas, profusamente decorados com putti encarnados, pâmpanos e fénices policromados, tendo, no remate, anjos com trompas francesas; os outros dois têm apenas um eixo, definido por pilastras e colunas, duplas no da Santíssima Trindade, assentes em consolas com anjos atlantes, prolongadas no ático por igual número de arquivoltas e possuindo o mesmo tipo de decoração; os retábulos surgem enquadrados por alfiz delimitado por quarteirões, encimado por friso convexo e espaldar com cartelas alusivas aos primitivos oragos ou, no caso do dedicado à Santíssima Trindade, com as armas do seu último administrador. Possuem altares paralelepipédicos, com frontal pintado de cinzento com motivo pintado, e moldura em talha dourada. Os retábulos prolongam-se em apainelados de acantos pelas ilhargas do arco triunfal, de volta perfeita sobre pilastras toscanas, ambos almofadados, tendo lateralmente duas mísulas sobrepostas com imaginária, a superior enquadrada por arco de volta perfeita assente em pilastras; sobre o arco triunfal, surgem seis apainelados de acantos e anjos divididos por quarteirões com atlantes, com imagem do Cristo Redentor inserto em nicho central, de arco de volta perfeita sobre pilastras. Os retábulos são protegidos por teia em madeira exótica, formada por balaústres intercalados por pilastras coroadas por bolas, formando o presbitério. Capela-mor com tecto de perfil curvo, formada por 42 caixotões entalhados e dourados, com florões nos encontros, e de painéis pintados com acantos simétricos e afrontados, assente num friso de acantos e cornija, ritmada por mísulas equidistantes. Lateralmente, dispõem-se no topo quatro painéis com os quatro Doutores da Igreja Latina (Santo Ambrósio e São Jerónimo no lado do Evangelho e São Gregório e Santo Agostinho no lado oposto), pintados sobre tela, emoldurados a talha dourada. Sobre o supedâneo, acedido por três degraus centrais, assenta o retábulo-mor de talha dourada, de planta recta e três eixos delimitados por colunas torsas, decoradas por pâmpanos, anjos de vulto encarnados e fénices, bastante relevados, assentes em consolas, igualmente com anjos de vulto, e com capitéis coríntios; nos eixos laterais possui painéis de acantos relevados e imagens em mísulas, e, no central, tribuna, com boca ornada de folhas recortadas, e interiormente também decorada com painéis de acantos, o tecto formando caixotões, albergando trono de vários degraus encimado por resplendor entre glória de anjos, envolvido por anjos de vulto, dois deles de maiores dimensões e ajoelhados. O ático possui três arquivoltas, unidas no sentido do raio, possuindo, entre as duas exteriores, painéis com folhas de acanto relevadas, e tendo, ao centro, mitra encimada por querubim e folha de acanto. Banco formado por painéis de acantos relevados; ao centro, sacrário em forma de templete, com remate em espaldar de acantos recortados, com a pomba do Espírito Santo em cartela, fénices laterais e cruz, e porta ornada com Agnus Dei. Altar paralelepipédico, em talha dourada e policroma, com frontal ornado de acantos relevados e, ao centro, o sudário de Verónica. Sotobanco composto por painel ornado de acantos e com anjo atlante ao centro. Sobre o supedânio assentam dois anjos tocheiros, de madeira estofada, e duas cadeiras, de talha policroma a vermelho, azul, verde e dourado, de espaldar tripartido e delimitado por pilastras, de fuste decorado por espiras, coroados por pináculos, e com painéis pintados; nestes figuram cenas campestres e, nos centrais, anjo entre flores. Na parede do lado do Evangelho, abre-se porta acedendo a corredor, tendo fronteiro pia de água benta de perfil semircular, exteriormente decorada com caras e encimada por concha e cruz, e, à esquerda, protegido por porta, arca tumular de Martim Vaz de Sousa (possuindo também as ossadas dos pais do fundador Fernão de Sousa, o da Botelha, e D. Mécia de Brito), inserida em nicho com frontão curvo concheado; o corredor liga à sacristia, a antiga casa do Capítulo, com tecto plano, em castanho, formando 15 caixotões entalhados e policromados, decorados com motivos circulares concêntricos à volta de florão central e com folhas de acanto nos ângulos, sendo o florão central mais relevado e formando pingente, envolto por moldura recortada. No topo N., sobre arcaz recente, e ladeando Cristo na cruz, encimado por sanefa, conserva dois nichos de talha, com pilastras ladeadas por orelhas recortadas, suportando arquitrave, encimada por sanefas de talha, e albergando imaginária. Na parede E. possui retábulo de talha dourada, de planta recta e um eixo, enquadrado por duas arcas tumulares, com almofada inscrita, encimada por concha e envolvida por moldura em toro; na parede S. existe ainda lavabo com duas bicas carrancas, encimadas por reservatório concheado envolto em ampla moldura com elementos recortados, possuindo bacia rectangular. O coro-baixo, onde os internos assistem ao culto, e acedido pela igreja ou por corredor a partir da portaria, apresenta os paramentos revestidos a azulejos de padrão igual ao da igreja, e tecto de madeira formando 32 caixotões, de talha em branco. Nas paredes, no intervalo dos vãos, dispõem-se 36 cadeiras do antigo cadeiral, acharoadas a preto, com motivos decorativos dourados, de temática vegetalista, arquitectónica, zoomórfica e antropomórfica; as suas misericórdias apresentam maioritariamente faces humanas, sobretudo masculinas, algumas com ar bastante exótico. Sobre as cadeiras corre um espaldar, acharoado de vermelho, com elementos decorativos a dourado, possuindo plintos e friso inferior ornado de acantos, consolas laterais e friso superior de acantos com querubim central, enquadrando telas pintadas com cenas da vida de Cristo, sendo coroados por espaldar recortado de acantos entre pináculos estilizados. O coro-alto é igualmente revestido a azulejos, mas disposto em dois andares, o superior de maior amplitude, e com tecto de madeira, formando 20 caixotões, de talha em branco, com frisos, cornijas e mísulas de folhagem relevada, proveniente do antigo refeitório, assente sobre cornija moldurada de estuque que parte de mísulas vegetalistas em cada um dos ângulos. Conserva apenas 12 cadeiras do cadeiral, com a mesma estrutura e decoração das do coro inferior, cinco delas formando ângulo, não possuindo já o antigo espaldar com painéis pintados que o encimava. À parede fundeira, encosta-se o retábulo de São Martinho, proveniente da nave, de planta recta e um eixo, e, no lado do Evangelho, dispõe-se órgão positivo de armário. A portaria apresenta azulejos semelhantes aos da nave formando silhar e tecto plano de talha em branco, formando caixotões de perfil recortado. À direita abre-se porta de acesso a corredor de ligação à igreja, ao coro-baixo e secretaria, e à esquerda uma outra para o Lar; ao fundo, desenvolve-se escada de dois braços curvos acedendo ao segundo piso, com tecto de estuque formando caixotões acompanhando o seu perfil. O claustro apresenta actualmente dois pisos, com arcada de 15 x 16 arcos de volta perfeita, sobre colunas de capitel decorado com elementos fitomórficos, carrancas ou lisos, no primeiro, sendo o segundo todo em cantaria, com galeria envidraçada e janelas de peitoril com caixilharia de guilhotina; as alas do primeiro piso possuem azulejos enxaquetados formando silhar, reproduzindo o padrão da igreja, sobre embasamento de cantaria, e portas de verga recta, moldurados e com bandeira. A meio da ala S. insere-se a antiga torre sineira, toda em cantaria, de dois registos, com contrafortes escalonados nos cunhais; no primeiro registo tem, na face frontal, vão em arco de volta perfeita sobreposta por vão de igual perfil com adufa, dois escudos, um com as armas nacionais e outro com esfera armilar, relógio, um outro escudo nacional e óculo com adufa, que se repete nas outras faces da torre; no registo superior, abre-se em cada uma das faces, sineira também com adufa, sendo rematado por cornija encimada por platibanda rendilhada, com gárgulas e pináculos nos cunhais, e coruchéu piramidal com cogulhos vegetalistas ao longo dos ângulos. Toda a sua estrutura interior com as antigas escadas, desapareceu, encontrando-se actualmente completamente "oca" e com novo acesso. Nas alas do segundo piso, inserem-se, nas paredes, seis oratórios de talha dourada de diferente perfil. No centro da quadra, ajardinada, existe fonte com tanque circular, assente em soco de três degraus, formado por coluna galbada, taça também circular com quatro bicas com motivos antropomórficos, coroado por esfera armilar e cogulho fitomórfico. À volta do claustro dispõem-se as várias dependências do Lar, incaracterísticos.

Acessos

Rua dos Bombeiros. WGS84: 41º41'43.63''N., 8º49'46.41''O.

Protecção

Incluído na Zona Especial de Protecção do Palácio dos Viscondes da Carreira (v. PT011609310004)

Enquadramento

Urbano, isolado. Ergue-se no limite N. do centro histórico de Viana, delimitado a N. e a E. pela linha do caminho de ferro, construida em terrenos pertencentes à antiga cerca, no supé do monte de Santa Luzia. É vedado por muro, alto nas fachadas O. e N. e mais baixo, de remate boleado e encimado por gradeamento de ferro, intercalado por pilaretes, a S. e E.; na fachada S. integra três portais, ladeados por pilares quadrangulares coroados por candeeiros de ferro, dois laterais e um ao centro, fronteiro à igreja, de onde parte caminho em calçada à portuguesa, ondulado e com estrela central, até à escadaria de acesso à mesma. Nesta fachada e entre o Palácio Werneck (v. PT011609310042), existe portal monumental do antigo Recolhimento das Ursulinas, fechando o antigo caminho de Passamano. À volta do edifício desenvolve-se espaço ajardinado, com palmeiras e outras árvores e canteiros de flores, circundados por caminhos pavimentados a lajes irregulares; junto ao muro a O. surge fonte circular. Aos corpos mais salientes das fachadas laterais adossam-se muros com gradeamento vedando as restantes fachadas. Na fachada posterior erguem-se vários corpos de serviços mais baixos e a E. desenvolve-se, numa cota mais alta, parte da antiga cerca, acedida por pano de muro integradando o portal manuelino da igreja, de arco canopial sobre três arquivoltas, ormando cogulhos de vegetação, e exteriormente trilobado, possuindo nos seguintes filacteras com a inscrição "DE ERA / 1530"; o pano de muro, rematado por friso torso e cornija, com duas gárgulas laterais, e cruz central florenciada, integra vários bocetes decorados por elementos geométricos, carrancas, querubim, cruz de Cristo, anjos músicos e outros elementos antigos do Mosteiro; na face posterior, possui brasão com as insígnias da Ordem Beneditina. Na cerca, erguem-se ainda algumas construções de apoio ao lar, correspondentes a galinheiros, pocilgas, tanque onde se fazem a repartição das águas da mina e outras. Fronteiro, ergue-se o Palácio dos Viscondes da Carreira (v. PT011609310004) e nas proximidades o Teatro Sá de Miranda (v. PT011609310109).

Descrição Complementar

As cartelas da fachada principal da igreja têm as seguintes inscrições: "ESTE EDIFÍCIO, ANTIGO CONVENTO DE Santa ANNA, / FOI MANDADO ADAPTAR PELA CONGREGAÇÃO E / HOSPITAL DE VELHOS E ENTREVADOS DE NOSSA / SENHORA DA CARIDADE PARA INSTALLAÇÃO DO SEU / AZVLO, TENDO COMEÇADO AS OBRAS EM 26 DE DEZEM- / BRO DE 1898 E TERMINADAS EM 3 DE SETEMBRO DE 1905". A outra reza: "NESTE LOGAR EXISTIU O CONVENTO DE SantA ANNA / CONCEDIDO À CONGREGAÇÃO E HOSPITAL DE / VELHOS E ENTREVADOS DE NOSSA SENHORA DA / CARIDADE POR DECRETO DE 20 DE AGOSTO DE / 1887, E SECULARISADO EM 12 DE JULHO DE / 1895 POR FALLECIMENTO DA ULTIMA FREIRA". No cadeiral disposto no início da nave, surge representado no lado do Evangelho dar de comer a quem tem fome, dar de beber aos que têm sede, vestir os nus, visitar os enfermos e encarcerados, dar pousada aos peregrinos, remir os cativos, enterrar os mortos, dar bom conselho e ensinar os ignorantes; no lado da Epístola figuram rogar a Deus pelos vivos e pelos defuntos, sofrer com paciência as fraquezas de nossos próximos, perdoar as injúrias e castigar os que erram. O púlpito tem a inscrição "MINISTERIUM. TVVM IMPOR" e no topo "VENI SANCTE SPIRITVS". A arca tumular junto ao portal da igreja tem a seguinte inscrição em cinco regras: "AQV ESTÃO OS O/SOS DE DONA IOANA / DE SOVSA. M(ulher) QVE / FOI DE ALVARO S/OARES DE SASEVRDO". O primeiro retábulo do lado da Epístola, da Santíssima Trindade, possui no remate as armas dos Pereiras de Bertiandos, os últimos administradores da capela. Os frontais dos altares têm as seguintes inscrições: o primeiro do Evangelho "CONSVMA/C TVM/ EST" e o segundo "FACTUS EST PRIN/CIPATUS SUPER HUME/NUMEIUS. ISAIAS 9:6"; o primeiro do lado da Epístola tem "QUANDO EXALTUS / FUERO A TERRA, / OMNIA TRAHAM AD ME / IPTUM. JOAN. 12,32" e o seguinte "PATER NI SINON / POTEN HIC CALIX / TRANSIRE, FIAT VOLUN / TAS TUA. MATH. CAP. 42". No corredor de acesso à sacristia, existe arca tumular com a inscrição "AQ(u)I IAZ MARTI VAZ / DE SOVSA ALCAIDE M(o)R / DE BRAGANÇA . E SE/V PAI F(e)R(nan)DO DE S(ou)S(a) . E S/VA MAI DONA MECIA / DE BRITO. / MANO DAS PREIMEIRAS TRES ABADESAS Q(u)E ESTE M(o)ST(ei)RO FVNDARAM / COM SVA AIVDA. 1569". As arcas tumulares da sacristia, antiga sala do Capítulo, têm as seguintes inscrições: a pertencente ao Dr. António Correia, o grande promotor da construção do Mosteiro: "OSSA(rio) D(e) IO...."; o das primeiras três abadessas, as irmãs Margarida, Isabel e Brites de Sousa: "OSSA(rio) D(e) IO..." e "S(epultura) DAS PR(imeir)AS TRES ABADESAS / E. FVMDADORAS DES(te) / MOST(ei)RO IRMAS DONA / M(ar)G(ari)DA DE SOVSA E DO/NA ISABEL DE SOVSA / E DONA BRITIS DE / SOVSA". Na parede E. possui retábulo de talha dourada, de planta recta e um eixo, definido por duas colunas torsas, prolongadas em igual número de arquivoltas, unidas no sentido do raio, ambas intercaladas por apainelados de acantos com símbolos marianos inseridos em cartelas. Ao centro, encerra tela com representação da Glorificação da Senhora do Rosário, que surge entronizada, em glória, a atribuir os rosários a Santa Catarina de Siena e São Domingos, envolvida por auréola de rosas e, na base, surgem dois anjos, um deles músico; altar paralelepipédico, pintado com molduras e possuindo ao centro o monograma "AM". Os espaldares do coro-baixo possuem painéis com as seguintes figurações: São João Evangelista, Bodas de Canã e Cristo com a cruz a caminho do Calvário, na parede fundeira; Lamentação do Cristo Morto, Descida da Cruz, Cristo atado à coluna, Cristo perante Caifás, Flagelação, Prisão de Cristo e Última Ceia, no lado do Evangelho; Adoração dos Reis Magos, Lava-pés, Jesus orando no horto, e Nossa Senhora com o Menino, no lado da Epístola. No coro-alto, o vão central tem inscrita "ANNO 1737". O retábulo de São Martinho possui planta recta e um eixo, definido por pilastras e colunas torsas, estas assentes em consolas e prolongando-se numa arquivolta, superiormente enquadrada por alfiz, ornado de acantos e delimitado por quarteirões, todo profusamente decorado com anjos encarnados e fénices; integra no banco, sob o nicho com pintura fitomórfica e imagem do orago, uma maquineta com a representação da Adoração dos Pastores, onde surgem cinco figuras de vulto e os quadrúpedes e anjos em alto-relevo, estofados. O órgão tem caixa de planta rectangular acharoada de vermelho com apontamentos dourados, com cenas de paisagem, pontuadas por elementos arquitectónicos, aves exóticas e esculturas clássicas, as primeiras com nítida aproximação à chinoiserie, possuindo três castelos, e, num esquema bastante invulgar, dois nichos rectilíneos sobrepostos; tem 32 teclas ou 4 oitavas, 1 fole manual no interior e com 8 registos, identificados nos respectivos botões, em francês, e divididos da seguinte forma: mão direita: Cymbale, Doublette 2, Prestant 4, Bordon 8; mão esquerda: Cymbale, Doublette 2, Flute 4 e Flute 8.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro feminino

Utilização Actual

Assistencial: lar

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Domingos Gonçalves do Rego (1696 - 1699); António Adelino Magalhães Moutinho (1895-1904); CARPINTEIROS: Manuel Rodrigues (1620); António João (1645, 1646); Alexandre Ferreira, António Martins, Francisco Álvares, Lucas Gonçalves e Salvador Gonçalves (1651); Gonçalo Mendes (1651, 1654, 1658); Alexandre Francisco Sebastião Lourenço, Domingos Freixes e filho, Gaspar Lourenço, Gregório Domingues, João Martins Lourenço, Pedro Coelho e Pedro Domingues (1654); Manuel Velho (1654, 1686); João Correia e António de Araújo Machado (1666); Estêvão Martins (1673, 1677, 1678, 1681, 1683, 1685); José Lopes e Marcos Alves (1674); Marcos Álvares (1675); Manuel Fernandes (1675, 1690); Manuel Gomes (1677, 1686, 1689, 1690, 1691, 1692, 1693, 1694, 1699); Francisco Coelho, João Afonso e João Martins (1677); Domingos Coutinho (1678); Carapina (1683); António Bernardes (1684, 1685, 1696 - 1699); Domingos Meira, Domingos António, José Gonçalves e Lourenço da Costa (1697-99); Francisco Fernandes Cerdal (1697, 1699); José Meira (1697-99, 1703, 1709, 1721, 1723); Veríssimo Gonçalves (1697-99, 1700, 1703); João de Meira (1697-99, 1707); António Pereira, António Fernandes e Francisco Soares (1697); Bartolomeu Gonçalves (1697, 1698); Francisco Ferreira, Francisco Soares, Manuel Esteves, Manuel Fernandes (1698); Alexandre, António Fernandes Moroussos, Domingos Dias (1698, 1699); António Peixoto, Francisco Fernandes, José Rodrigues (1699); Francisco Fernandes (1694, 1699, 1703, 1704); Alexandre da Rocha e seu discípulo Manuel, Domingos da Costa, Domingos Ribeiro, Francisco de Oliveira João Alves, João Domingues e Pascoal (1706); Domingos Pinto (1706, 1709); Álvaro Francisco, Álvaro Pires, Amaro Francisco, Amaro Lopes, André Francisco, António Pereira, Costa, Domingos Casado, Fragoso, Francisco Pires, Geraldo Francisco, João, Lourenço da Costa, Manuel Esteves, Manuel Francisco e Manuel Ribeiro (1709); Domingos Lourenço (1709, 1717); João Antunes (1717, 1721, 1723, 1725-26, 1726-27, 1732, 1738); Domingos Lourenço (1723, 1724, 1725-26, 1726-27); Manuel Martins (1737, 1741); Domingos Meira, Manuel João Antunes e Ventura Álvares Lima (1738); Manuel Barbosa da Silva (1788); Manuel Francisco Couto (1794); ENGENHEIRO: Manuel Pinto Vilalobos (atrib.); José de Macedo de Araújo Júnior (1895); EMPRESA CONSTRUÇÃO: (Vieira e Viana - António José Barbosa Vieira e José Gonçalves do Rego Viana); ENTALHADOR: António de Araújo (1671); António Francisco de Oliveira de Braga (1738); Miguel Coelho (1738, 1741); ESTUCADOR: Francisco Fernandes (1732); FERREIRO: Domingos Ferreira (1696-1699); João Afonso (1706); Pedro Pires (1732); FISCAL: Sebastião José da Silva (1897-1904); IMAGINÁRIO: Manuel Martins (1696, 1697); ORGANEIRO: Manuel Pinto (1676); "Madris" (1690); João Borges (1751, 1752); Joaquim Claro, de Braga (1905); PEDREIRO: Pêro Galego (1530); Bento Lima (1620); João Lopes (1674); Domingos Anes (1677, 1683, 1684); Ambrósio de Matos, Baltazar de Araújo, José Rodrigues, João Rodrigues da Portela, João Rodrigues de Sopo, Luís Álvares de Afife, Manuel Afonso Tabouco, Manuel Álvares, Mateus Barbosa, Miguel Neto, Pascoal Rodrigues, Pitta e Salvador Gonçalves (1696-99); Álvaro Pires e filho (1696-99, 1707); Coelho (1696-99, 1700, 1706); Domingos Martins, Pedro Fernandes e Seixas, da Areosa (1703); Domingos Francisco e Pedro Francisco (1704); Amaro Francisco, Domingos Afonso, João Álvares, João pequeno, João de Vis, Manuel Gonçalves, Manuel pequeno, Martinho Rodrigues (1706); Manuel Álvares Martins (1738, 1741); António Lopes Trindade (1732, 1738, 1741); Bento Lourenço, de Lanheses (1741, 1753-54, 1756-57); João de Amorim (1785); PINTOR: António Luís (1675); João Soares (1696); António Barbosa e Manuel Cardoso (1696-99); Santiago Gonçalves (1738); Brás Soares, Francisco Álvares Oliveira, Francisco Mendes Lima Costa e Vitório Soares (1741); TORNEIRO: Luís Barbosa (1738).

Cronologia

Séc. 16, 1.ª metade - a Câmara adquire a orla N. do Campo da Oliveira que chegava até à Azinhaga do Sol levado, depois R. das Correias, para construir o Convento; 1510 - a Câmara e nobreza de Viana, com destaque para António Correia, Juiz de Fora e presidente do Senado, e João Martins Ricalde, ou da Rica, decidiram fundar um convento franciscano, onde pudessem recolher jovens nobres *1; Junho - inicio da construção, com lançamento das primeiras pedras *2; 2 Julho - Câmara contrata o pedreiro Pêro Galego, morador em Caminha, para as obras do convento *3; 1511, 20 Janeiro - adjudicação da obra de carpintaria a Gonçalo Afonso, por 6$500 *4; 1512 - D. Margarida, D. Isabel, D. Brites de Sousa, ainda noviça, filhas de Fernão Sousa e expulsas do convento de Vila do Conde por não se quererem sujeitar à reforma que ali se fazia, e D. Inês de Lima, filha do Visconde de Vila Nova de Cerveira, fazem petição à Câmara para ingressarem no convento; 1 Março - nomeação do Dr. António Correia como um dos padroeiros do convento; 17 Agosto - contrato entre a Câmara e a abadessa, D. Margarida Sousa, para não receberem no convento nenhum membro que a Câmara não aceitasse, devendo ser moradoras na vila e, só em caso excepcionais, pudessem ser da Comarca; 1513, 3 Dezembro - encarrega-se João Martins e Diogo Martins de mandar construir o dormitório; 1516 - construção do muro da cerca, com 15 palmos de altura, para o qual contribuiu o Marquês de Vila Real; 1521 - Dr. António Correia diligencia a anexação de alguns mosteiros em extinção para aumento de fundos; 1522, 17 Junho - a Câmara concedia ao convento água do chafariz da vila - uma quarta de água da Fonte das Povoanças e uma pena da do Espinheiro; 1528, 11 Fevereiro - provisão de anexação do Mosteiro de St.ª M.ª de Valboa (São João de Campos, Vila Nova da Cerveira), impondo D. Diogo de Sousa a adopção da regra beneditina e a submissão à sua jurisdição, perdendo assim a Câmara o padroado do antigo Convento; 1529, 2 Outubro - breve anexando o Mosteiro de Santa Marinha de Loivo; 1530, 30 Dezembro - provisão régia anexando a Igreja de Arga; 1533 - construção da nave longitudinal e portal manuelino, sendo a antiga capela transformada em abside, coroada por merlões, e da torre sineira manuelina; 1537, 10 Outubro - anexação dos padroados das Igrejas de São Salvador de Bertiandos e de São Martinho de Gandara; 1545, 8 Março - anexação do convento de Santa Eulália de Lara; 1559, 21 Outubro - tendo o chafariz da vila necessidade de água, a Câmara acordou com o Mosteiro a cedência da água da Fonte das Povoanças, ficando apenas com a pena proveniente da Fonte do Espinheiro; 1562, 30 Abril - anexação da Igreja de São Paio de Oliveira, perto de Braga; 1563 - o arcipreste Rui Fagundes instituiu, por testamento, a Capela da Santíssima Trindade, na igreja; 1574 - Martim Vaz de Sousa, alcaide-mor de Bragança e irmão das primeiras freiras, funda a capela de São Martinho, na capela-mor, e, segundo Fr. Leão de São Tomás terá mandado fazer o "melhor dormitório" e o retábulo-mor; 1620 - data de uma das sepulturas da sala do Capítulo; 1631 - o edifício abergava 105 religiosas professas; 1654 - novo forro na capela-mor pelo carpinteiro Gaspar Lourenço (10$000); 1666, 20 Dezembro - obra do coro, por João Correia e António de Araújo Machado (720$000); 1671 - pagamento de 7$000 para "tirar o azulejo da igreja" e abrir frestas, 80$000 por nova parede "para levantar as frestas e portas", e 47$330 por se voltarem a assentar os azulejos na parede nova; execução do tecto da nave pelo entalhador António de Araújo (250$000); 1673 - execução da teia da nave (5$800); 1672 - novo órgão ( 30$000) e caixa do mesmo por Marcos Alves; 1674 - ao imaginário pelo retábulo da Madalena para a nave (23$000), e 38$000 a quem o dourou; 2$840 pelo azulejo vindo do Porto para a igreja, possivelmente para a parede onde se colocou o retábulo; 4 Junho - obra de condução de água para a cerca, por João Lopes; 1677 - pintura dos caixotões por António Luís (420$000); 1690 - compra do órgão para o coro-alto (15$000), ao Padre Manuel Mádris; 1693 / 1694 - feitura de altar e arcaz para a sacristia; 1696, 3 Agosto - contrato para a construção do mirante, conforme projecto de António Bernardes; 20 Agosto - início da construção do mirante, respectiva ala de dormitório e outras dependências, sendo Abadessa D. Catarina de Jesus (5:956$231); a obra de pedraria esteve a cargo dos mestres Ambrósio de Matos e José Rodrigues e a de carpintaria de António Bernardes; 1696 / 1697 - pintura dos anjos da tribuna do retábulo-mor (2$000); execução dos cadeirais, de que hoje existem apenas algumas cadeiras, e que deveriam ser iguais em ambos os coros, pelo imaginário Manuel Martins, por 285$000; sinal de 3$000 ao pintor João Soares para a obra do retábulo de São Martinho; 1699, 3 Março - conclusão da construção do mirante, sendo Abadessa Faustina de São José *5; séc. 17 / 18 - provável execução do cadeiral da nave com representação das Obras da Misericórdia; 1674, 4 Junho - obra de condução de água para a cerca, por João Lopes; 1706, 3 Agosto - feitura das janelas, molduras, madeiramento e forro da capela-mor por Manuel de Azevedo (250$000); 1707 - trabalhava no forro de apainelados da capela-mor o ensamblador Manuel de Azevedo, de Barcelos; 1709 - novo dormitório da enfermaria (118$620), pelos carpinteiros José Meira, Álvaro Francisco e Amaro Lopes, que o retelharam; construção de nova chaminé na cozinha; 1717 - 1720 - construção da casa do lagar e colocação de grades no mirante; execução da porta dos carros; 1721 - no triénio da abadessa D. Feliciana Baptista iniciam-se reformas na igreja (669$200); vendem-se os antigos retábulos por 19$200 e fazem-se os novos, por 82$400, pagando-se pelo ouro e douramento dos quatro retábulos e entalhado do arco triunfal, que se reformulou, 437$100; deslocação do retábulo da Trindade e do Santíssimo Cristo e feitura dos remates dos altares, colocando-se uma banqueta no de Santo Cristo; 1722 - nova cobertura na igreja, coro, onde se fez também um novo forro e outros consertos (39$160); 1732 - Manuel de Oliveira e António Lopes Trindade receberam 329$740 por "conta da medição da obra pelo Coronel engenheiro", certamente Manuel Pinto Vilalobos; 1735 - 1738 - no triénio da Abadessa D. Violante do Céu as obras importaram em 3:431$299, tendo contribuído D. João V, com 8 mil cruzados; 1738 - 1741 - Abadessa Maria de São Cristóvão deu continuidade às obras da igreja e direccionou-as também para a zona da portaria, gastando-se 6:235$161; 1738 - pagamento de 40$500 pelo projecto / planta de um frade do Mosteiro de Santa Maria do Bouro, talvez Frei Luís de São José; Manuel Álvares Martins recebeu 478$198 pelas obras *6; imagem de Santa Ana para o portal da igreja (17$240) pelo entalhador de Braga, Francisco de Oliveira; transferência da sepultura de Martim Vaz de Sousa da capela-mor; execução do tecto e nichos da sala do capítulo pelo entalhador Miguel Coelho, e forro do refeitório, (130$000); execução dos oratórios do coro-alto, por Miguel Coelho (53$380); Santiago Gonçalves pinta os antigos forros dos coros, os cadeirais, órgão, atril e demais elementos decorativos, "na forma dos apontamentos" que lhe foram fornecidos (650$000); dourou o retábulo dos Magos do coro-baixo, juntamente com as rosas do forro e conchas do canto e acharoou e reformou o arco triunfal (192$000); acrescento do tecto da nave, pelos carpinteiros Domingos Meira e Ventura Álvares Lima executado as novas molduras semelhantes às primitivas: integração dos retábulos laterais em arcos de pedra; execução do presbitério pelo pedreiro Manuel Álvares Martins, que por este e outros trabalhos no interior recebeu 130$000; 1738 / 1741, entre - feitura da talha sobre os vãos da parede fundeira da nave por Miguel Coelho (48$000) e do apainelado do tecto do refeitório; feitura da grade do coro-baixo por Domingos Martins (50$000); 1741 - execução das rosas do tecto da nave por Manuel Ambrósio Coelho (4$800); pintura dos novos painéis do tecto da nave por Francisco Álvares Oliveira Costa e Vitório Soares; feitura do púlpito pelo entalhador Ambrósio Coelho, "conforme desenho que se lhe deu" (50$000); douramento e pintura da talha em branco *7 pelos pintores Francisco Álvares Oliveira Costa e Vitório Soares (350$000); painel com o "Trânsito de Santa Ana", pintado por Francisco Mendes Lima, para a boca da tribuna; execução e pintura da imagem de São Bento para o portal da portaria, do resplendor e báculo em folha-de-flandres (20$850); 1743 - data de um quadro pintado com a relação das freiras enclausuradas; 1749, 22 Setembro - Breve do Papa Benedito XIV concedido às religiosas e demais pessoas que morressem no Mosteiro; 1756, 4 Setembro - a Madre superiora manda iluminar o crucificado e relíquia de São Bento no nicho do coro; 1758 / 1759 - feitura do retábulo de São Bento para a capela do capítulo, pagando-se ao carpinteiro 14$720 e a quem o pintou e dourou 20$000; execução da cadeira da Madre Abadessa por 4$000, douramento e acharoamento (de vermelho) por igual valor; pintura e douramento dos túmulos e carneiros (6$000); 1788 - feitura de novo sacrário em Braga e conserto da banqueta, pagando-se pelas obras de pintores, ouro e prata, 43$520; pagamento de 267$700 por um novo órgão; 1794, 20 Maio - construção da casa do celeiro pelo carpinteiro Manuel Francisco Couto (520$000); séc. 19 - transferência do portal manuelino do portão do terreiro para o mirante por orientação de Luís Figueiredo Guerra; 1858, 4 Janeiro - inventário dos bens do mosteiro *8; 1887, 20 Agosto - concessão à Congregação da Caridade do edifício e alfaias de culto, cerca e respectiva água do Mosteiro de Santa Ana, assim que ocorresse a morte da última freira; 1895, 12 Junho - morte da última freira, D. Rita de Cássia de São José Carvalho Mendonça Brandão; 16 Julho - termo de posse do mosteiro, móveis, alfaias e mais objectos, a fim de dar início ao arrolamento de todos os bens; 13 Agosto - supressão do mosteiro por portaria n.º 551 - Lvº 4º *9; 24 Agosto - telegrama para o Director Geral dos Próprios Nacionais de Lisboa rogando esclarecimentos sobre o destino dos nichos de talha que o Museu deixou, bem como o órgão existente no coro de cima; 3 Setembro - documento do Secretário de Estado dos Negócios Eclesiásticos e de Justiça para se proceder à arrecadação e administração provisória dos bens e rendimentos do mosteiro; 9 Outubro - data do termo de entrega ao delegado e tesoureiro da Academia de Belas Artes, dos objectos escolhidos para o Museu da mesma; 31 Outubro - publicação no Diário de Governo n.º 251 a doação do Mosteiro à Congregação da Caridade *10; Novembro - Mesa da Congregação convida o director das Obras Públicas do Distrito, José Macedo de Araújo Júnior, e o arquitecto municipal, António Adelino Magalhães Moutinho, para executarem o projecto de adaptação do Mosteiro a Asilo e Hospital da Caridade, para velhos e entrevados de ambos os sexos *11; 1896 - data do projecto geral, no valor de 800$000 *12; 22 Maio - sabendo que a Mata Grande ia ser arrematada, o Asilo solicita a doação do terreno indispensável para os aquedutos que vinham da serra de São João de Arga, para abastecer o edifício de água; 1897, 18 Maio - aprovação do projecto, mas, como o Ministro da Fazenda deliberou a supressão dos pavilhões projectados na fachada principal, exigindo a transferência para outro ponto, a Mesa teve de pedir um segundo projecto com as alterações; 29 Julho - publicação em Diário de Governo n.º 166 da concessão da Mata Grande pela Direcção dos Próprios Nacionais; 1898, 23 Março - data do 2º projecto, assinado pelo arq. António Adelino Magalhães Moutinho; segue-se a abertura de concurso público para a obra; 1898, 30 Junho - depois do pagamento das despesas com os projectos e reparações no edifício, manutenção de culto na igreja, canalização de águas, etc., tinham de fundo permanente 76:668$623, e de capital para a construção do novo edifício 77:452$796; 10 Setembro - inicio da construção, sendo encarregado da direcção técnica António Adelino Magalhães Moutinho e a guarda dos materiais a Sebastião José da Silva, fiscal; tal implicou a imediata demolição do emaranhado construído à volta do corpo central da igreja e do claustro, formado por vários dormitórios, de dois e três pisos, adaptados ao pendor do terreno, e com diferentes designações por piso, a casa do capelão, casas agrícolas, capelas, da cerca e adossadas à casa do Capítulo, e outros corpos, interligados por alpendres; Outubro - escolheu-se a proposta de António José Barbosa Vieira, no valor de 56:579$001, mas sob sugestão da Mesa, acabou por uniu-se ao outro concorrente, José Gonçalves do Rego Viana, que criarem a firma de "Vieira e Viana"; 26 Dezembro - lançamento solene da primeira pedra, no cunhal sudeste; 1899 - decorrem as obras *13; séc. 19 / 20 - transferência do retábulo de São Martinho da nave para o coro-alto; colocação do tecto apainelado do refeitório no coro-alto; abertura de mais uma janela na fachada principal dos coros e de uma porta no coro-baixo para o claustro; substituição das grades dos vãos dos coros por balaustradas; 1900 - decide-se que as cornijas das fachadas S. e O. seriam ritmadas por argolas de ferro insertas em florões e as restantes por argolas simples; 1901 - o arquitecto António Adelino Magalhães Moutinho decide instalar banhos públicos no corpo do mirante e surgem vozes discordantes, sugerindo demolir-se o corpo que avançava da fachada S., para obter um "melhor prospecto do novo edifício"; o arquitecto M. Moutinho aproveita a deslocação do arquitecto Ventura Terra a Viana, para o convidar a visitar a obra de Santa Ana; este, aconselhou a se deixar "a ala do mirante na linha da fachada do edifício e que a fachada projectada para o mirante fosse substituída por uma outra no mesmo estilo e igual à do edifício principal, com duas ou três aberturas na parte inferior e escada na superior, suprimindo-se o último andar do mirante"; o mirante acabou sendo completamente destruído, desobstruindo toda a zona ocidental; decide-se transformar o 2º piso do claustro numa galeria envidraçada, fazer na torre um vão simples com arco de volta perfeita e colocar o portal manuelino na capela da cerca, dedicada ao Senhor dos Passos, e pensada para capela mortuária; colocação de umas escadas suaves, fronteiras à igreja; a Mesa da Congregação da Caridade impedir a abertura da porta na parede N. da igreja, fronteira à principal, para comunicação com o claustro, e de uma sacada superior para a assistência do pessoal aos serviços religiosos, que o projecto previa, bem como da transferência do órgão do coro-alto, o que resultou no corte deste pela metade, para passar a funcionar como tribuna para os funcionários do Asilo; 1902 - decide-se construir a fachada posterior igualmente com janelas de peitoril e rebaixar o nível do pavimento junto á mesma; 1904, 11 Agosto - Mesa da Congregação aprova a supressão da capela mortuária, colocando-se o portal manuelino num pano de muro à entrada da cerca, juntamente com dois medalhões removidos da parede exterior da capela-mor, até ali ocultos pelo adossamento de outras construções, bocetes, talvez da torre, e pedras de armas do mirante; 1 Setembro - deliberação para que os coros fossem mobilados com as cadeiras que ali estavam ao tempo das freiras, se forrasse as paredes do coro de cima com azulejos iguais aos da igreja e ali se colocasse o órgão; 1905, 1 Janeiro - orçamento de 370$000 para a remodelação profunda do órgão por Joaquim Claro, de Braga; 2 Setembro - trasladação processional do Santíssimo Sacramento e da imagem de Nossa Senhora da Caridade, Padroeira da Congregação, da capela onde era venerada para a igreja de Santa Ana; durante a cerimónia de inauguração, descerraram-se as duas lápides da fachada da igreja e lavrou-se um termo de inauguração; no final, procedeu-se à visita do edifício, onde foram internados 80 pobres; 1923 - transferência do portão do antigo Recolhimento das Ursulinas a fechar a viela do Passamano pelo lado da R. Emídio Navarro (actual R. dos Bombeiros); 1950, 3 Dezembro - inauguração da nova sala de jantar; 1959, 18 Outubro - visita do edifício pelo Dr. Azeredo Perdigão; 1960 - doação de 500 contos pela Gulbenkian para realização de obras.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada de branco; elementos estruturais, pilastras, molduras dos vãos, embasamentos, frisos e cornijas, colunas, pias de água-benta, degrau do presbitério, supedâneo e outros elementos de granito; retábulos, nichos e elementos decorativos em talha dourada e policroma; cadeiral da nave em madeira policroma; cadeiral dos coros, órgão, retábulos e espaldares do coro em talha acharoada e dourada; teias em pau-santo; tectos de madeira, simples, pintados, dourados, envernizados ou em estuque simples ou decorado; pavimentos de madeira, lajes de granito e cerâmico; janelas com vidro simples; portas e caixilhararia de madeira; revestimento ou silhar de azulejos; painéis com telas pintadas; cobertura exterior de telha; argolas de ferro.

Bibliografia

TOMÁS, Fr. Leão de São, Benedita Lvsitana, tomo II, (edição fac-similada do original de 1651), Lisboa, 1974; COSTA, Padre António Carvalho da, Corografia Portuguesa, vol. 1, (1ª edição 1706), Braga, 1869; BOAS, António Machado Vilas, Cathologo dos Varoens Illustres em Santidade, Letras e Armas da Mui Notável Villa de Vianna do Lima, Viana do Lima, 1724; GUERRA, Luís Figueiredo da, Fundação do Real Convento de Sant'Ana em Viana, in Archivo Viannense, vol. 1, Vianna, 1895, p. 135 - 140; Estatutos da Congregação de Velhos e Entrevados de Nossa Senhora da Caridade de Vianna do Castello, Vianna, 1899; FERNANDES, Francisco José Carneiro, Igreja de Nossa Senhora da Caridade, in Cadernos Vianenses, tomo III, Braga, 1979, p. 65 - 73; FELGUEIRAS, Dr. Guilherme, O Azulejo em Viana do Castelo e seu termo. Defenda-se da Ruína este valor artístico, in Cadernos Vianenses, tomo V, Viana do Castelo, 1981, p. 17 - 23; ALPUIM, Maria Augusta d', VASCONCELOS, Maria Emília de, Casas de Viana Antiga, Viana do Castelo, 1983; FERNANDES, Francisco José Carneiro, Viana Monumental e Artística. Espaço Urbano e Património de Viana do Castelo, Viana do Castelo, 1990; VALENÇA, Manuel, A Arte Organística em Portugal, vol. II, Braga, 1990; REIS, António Matos, Caminhos da História da Arte do Noroeste de Portugal no 1º quartel do séc. XVIII, Viana do Castelo, 1995; SMITH, Robert C., A Igreja do Espírito Santo, de Arcos de Val de Vez e o seu Recheio Artístico, segundo os documentos da Irmandade, (com introdução e notas de OLIVEIRA, Eduardo Pires), in Estudos sobre o século XVII e XVIII no Minho. História e Arte, Braga, 1996, p. 143 - 169; OLIVEIRA, Eduardo Pires de, Artistas Minhotos nas dioceses de Lamego e Viseu, in Os Alvores do Rococó em Guimarães e outros estudos sobre o Rococó no Minho, Braga, 2003; CARDONA, Paula Cristina Machado, A actividade mecenática das confrarias nas Matrizes do Vale do Lima nos séc. XVII a XIX, Tese de Doutoramento, vol. 3, Porto (Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Departamento de Ciências e Técnicas do Património), 2004; MACHADO, A. de Sousa, Conventos que Viana teve e já não tem, in Romaria Nossa Senhora d'Agonia, 19, 20, 21 e 22 de Agosto 2004, Viana do Castelo, 2004, pg. 95 - 98; NOÉ, Paula, Os Mestres da Sé revisitados no Mosteiro de Santa Ana, Revista Monumentos, nº 22, Lisnoa, Março 2005, pp.144-165.

Documentação Gráfica

IAN/TT: Ministério das Finanças, Conventos Extintos, Convento de Santa Ana em Viana do Castelo, Caixa 2050 e 2051; Congregação de Nossa Senhora da Caridade

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DREMN, DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Arquivo da Congregação da Caridade, Viana do Castelo: Memórias da Construção do Novo Edifício, 1898; A Congregação e Hospital da Caridade - Construção do Novo Edifício, 1898; Actas da Meza de 30 de Setembro de 1894 a 24 de Novembro de 1901 (livro 6); Actas da Meza - 24 de Novembro de 1901 a 9 de Novembro de 1906 (livro 7); Arquivo Distrital de Braga: Livros da Madre Tesoureira - Receitas e Despesas: n.º 15 (1619 - 1620) a n.º 45 (1724 - 1726); Livros de Receitas e Despesas: n.º 47 (1716 - 1720) a n.º 70 (1813 - 1814); Livro de Despesa que se fez na obra dos dormitórios e do mirante..., 20 de Agosto de 1696 a 3 de Março de 1699; Arquivo Municipal de Viana do Castelo: TOURINHO, Gonçalo Alvarez, Foral Antigo, Manuscrito, 1609, fl. 160 - 173; IAN/TT: Ministério das Finanças, Conventos Extintos, Convento de Santa Ana em Viana do Castelo, Caixa 2050 e 2051

Intervenção Realizada

1620 - o pedreiro Bento Lima alarga a janela da sacristia e coloca num dos coros uma estante; colocação de novas grades no locutório (50$000); conserto de um dos dormitórios pelo carpinteiro Manuel Rodrigues (112$500); 1642 - obras de conservação no dormitório novo e no do meio (2$740); 1645 / 1647 - conserto das cadeiras do coro pelo carpinteiro António João; 1646 - o mestre Francisco Gonçalves andou no telhado do terreiro e dos confessionários; obras no dormitório da enfermaria por Gonçalo Martins, retelhado pelo Caravela; 1651 - um frade recebeu 3$000 pelo conserto de um órgão e de um realejo; 1654 - conserto do forro da sacristia com a antiga madeira da capela-mor; colocação de telhado em ambas; 1672 - conserto das cadeiras do coro; Pero Machado consertou o relógio da torre e aplicou pesos novos (17$000); 1675 - fez-se de novo a parede do dormitório velho; 1676 - conserto dos órgãos pelo organeiro Manuel Pinto (4$400); 1677 - carpinteiros trabalharam nas coberturas e varanda do dormitório novo; 1678 - conserto do relógio da torre; 1683 / 1684 / 1685 - pagamento de 174$000 ao carpinteiro António Bernardes pela obra executada na igreja e 16$600 por fazer de novo a varanda do claustro junto à mesma, 35$000 pelo madeiramento da igreja e coro e 15$000 pelas portas dos mesmos; 106$000 ao mestre pedreiro Domingos Anes por fazer uma parede da igreja e 14$000 pela obra do claustro; obras no dormitório e varanda da Boa Vista; o carpinteiro Carapina consertou os órgãos, com foles novos e bancos; 1691 - pagou-se a quem levou o relógio da torre a Braga para consertar e pelo próprio arranjo 15$940; 1694 - afinação de um órgão (18$000), que recebeu uns foles feitos por Francisco Fernandes (5$230); 1696 - conserto dos sinos, por sineiros de Braga (5$100); 1703 - despesa de 319$730, sobretudo na reconstrução das casas ou dormitórios do Paraíso; Francisco Fernandes executou o seu forro (198$000, incluindo madeiras e pregos); 1706 - conserto do dormitório do meio, a Casa Nova e da Roda; 1707 - reforma do dormitório da cozinha, cuja varanda foi desmontada e remontada (135$635); trabalharam José Meira, João António Moço, António Pereira, Costa, Lourenço da Costa, Manuel Ribeiro, Domingos Pinto, o moço do Alexandre, Domingos Lourenço, Manuel Esteves, Amaro Francisco, o Casado e Domingos Lourenço; 1717 / 1718 / 1719 / 1720 - caiação do mosteiro por Domingos Lourenço (20$170); obras das paredes e forro do dormitório de Santa Ana (666$540); trabalhos de carpintaria no dormitório do meio (131$445); reforma da cozinha e corredores; compra de canos para o chafariz do claustro em Aveiro (3$700); 1721 - guarnição do retábulo-mor e dos dois das ilhargas e sacrário; restauro da imagem de Santa Ana (8$000); endireitaram-se as sepulturas do pavimento da igreja e limparam-se as armas da porta da mesma (20$060); 1722 - obras nas varandas do claustro, mirante e dormitórios (70$070); 1732 - Francisco Fernandes fez o estuque da cozinha e andou nos telhados do dormitório superior, enquanto outros consertaram os telhados de todo o convento, onde se despendeu 76$610; conserto do chafariz da cozinha por António Lopes Trindade (20$500); 1735 / 1736 / 1737 / 1738 / 1739 / 1740 / 1741 - remodelação da igreja, coros e mais dependências do mosteiro; obra de pedraria a cargo de António Lopes Trindade, que recebeu 319$647, mais 50$000 por restaurar a parede do coro-alto, do lado do claustro; madeiramento dos mesmos pelos carpinteiros Domingos Meira e Ventura Álvares Lima, que fizeram, ainda, três cadeiras novas com os seus remates para as preladas; abertura de oito janelas em cada coro, com vidraças feitas pelo mestre João Borges de Araújo (39$460) e grades de ferro e ferragens das vidraças e óculo do coro-alto pelo mestre Luís Gaspar Pacheco (24$670); execução de uma crista para o órgão; reforma da sacristia: acrescento da parede até ao arco triunfal, mudança da janela, assento do entablamento tirado da capela-mor, novo assoalhamento; reforma da teia do presbitério pelo torneiro Luís Barbosa, que lhes acrescentou várias pilastras (27$800); reforma dos retábulos laterais pelo entalhador Manuel Ambrósio Coelho (33$830); reforma dos vãos desta mesma parede, onde ficavam os confessionários da igreja e a roda e colocação de portas nestes e na igreja; reforma e ampliação dos corpos da portaria do mosteiro, fechada e virada ao terreiro de dentro, cujos corpos que o formavam foram reformados e aumentados, por Manuel Álvares Martins e António Lopes Trindade; 1741 - pagamento de 1:795$347 a Manuel Álvares Martins por levantar as "casas do Paraíso", elevadas sobre a parede do coro, reformar "a casa nova", as salas das madres rodeiras, onde se construiu uma papeleira e uma chaminé, reformar a parede do corredor da sacristia e porta de entrada do dormitório do meio e a do dormitório grande, etc; a este mestre e a António Lopes Trindade pagou-se ainda 330$000 pelo acrescento da parede do dormitório da porta grande para o campo do forno, com cinco janelas gradeadas e cinco portas, um arco, lajeamento do campo do forno, com feitura das escadas de pedra, a passagem dos carros, o terreiro de fora, o celeiro por fora e por dentro e o alpendre da adega, com duas colunas; a reforma das casas do forno, da roda, do sal e outras encostadas à parede do Passamano foi de 80$720; 1744 - conserto do órgão por 3$400; conserto do sino pequeno da torre ($480); 1749 / 1750 - conserto do chafariz do claustro e o da fonte de cima (32$400); 1752 / 1753 - conserto e afinação do órgão por 3$200, pelo mestre João Borges, e por 3$600, respectivamente; reedificação da casa do capelão e quarto do sacristão (278$379); 1754 / 1755 - despesa com pedreiros, carpinteiros e mineiros na obra da "nossa fonte e encanamento da água do mosteiro", que os padres Capuchos da vila haviam usurpado; 1777 - conserto do órgão do coro alto e do baixo por 52$800; 1779 - reforma e renovação do painel da tribuna por um pintor (4$270); 1782 - conserto da tribuna por um carpinteiro (2$400) e colocação de um cortinado de damasco (228$775); 1787 - conserto do relógio da torre ($800); obras de carpintaria na torre (8$020); 1789 - conserto dos anjos tocheiros (2$500); 1794 / 1795 - obras de carpintaria na torre, por 7$940 e 8$020, respectivamente; 1899 / 1900 / 1901 / 1902 / 1903 / 1904 / 1905 - restauro do tecto da antiga sala do capítulo, nichos e sanefas com colocação de nova policromia adulterante; a obra do órgão contemplava: um someiro novo; um teclado de tília folheado a marfim; uma redirecção metálica forrada para não fazer barulho; um tremulo; um fole novo metido dentro do órgão; colocação de dois pedais; conserto de todos os tubos; pintura do órgão por Domingos Gonçalo dos Santos Júnior, por 45$000; 1960 - obras de beneficiação na área de instalações higiénicas e rouparia: construção de novos balneários e remodelação da cozinha e quintal, construção de instalações para criação de animais; 1977 - conclusão da 1ª fase das obras no primeiro piso e planeamento da 2ª fase para ter o mesmo traçado, prevendo-se ainda a construção de um anexo para rouparia e lavandaria, com apoio do Instituto da Família e Acção Social; adaptação das camaratas a quartos.

Observações

*1 - Segundo Fr. Leão de São Tomás, Cronista Beneditino, António Correia teria obtido licença para fundar um recolhimento, durante o triénio iniciado em 1502, onde se recolheram 3 ou 4 beatas, mulheres humildes. Seria então uma pequena igreja ou ermida, com coro e duas celas. Em 1512, enquanto o Dr. António Correia permanecia noutras designações, as irmãs D. Margarida, D. Isabel e D. Brites de Sousa, anteriormente expulsas do convento de Vila do Conde por não se quererem sujeitar à reforma que ali se fazia, obtiveram licença da Câmara para ingressarem no de Santa Ana. Por esta altura, regressando António Correia a Viana, como Corregedor, não se agradou da situação, mas a influência dos parentes das 3 irmãs perante o rei teria invalidado os seus esforços para reverter a situação, vendo-se obrigado a favorecê-las. Este relato parece não ter fundamento nem apoio documental, já que na reunião da Câmara de 21 Janeiro 1510 se refere a intenção de pedirem e darem esmolas para se fazer o mosteiro e, como tinham dinheiro para o principiarem, decidem pedir licença ao rei e ao bispo para tal. *2 - as pedras foram lançadas pelo Arcipreste da Colegiada, Rodrigo Annes, auxiliado por Frei João da Barreira, guardião do Convento de São Francisco do Monte, outra pelo Juiz de Fora, António Correia, auxiliado por João Martins de Ricalde, a terceira por Fernão Barbosa e Pedro Pinto e a quarta pedra por Gonçalo Pereira auxiliado por outras pessoas nobres. *3 - deveria ter 25 palmos de altura, ser de boa construção, "com seus cunhais e frestas, e arcos de porta, e a capela seria outavada"; o concelho forneceria os respectivos materiais e pagava-lhe $300 por "braça craveira de dez palmos, assim do vazio dos arcos, frestas como do cheio"; as portas e frestas do dormitório e claustro seriam de tijolo. *4 - compreendiam o madeiramento da casa do dormitório, corredor, coro e igreja, duas portas, uma do dormitório para o corredor e outra para o claustro, obrigando-se a concluir a obra até ao dia de São Lázaro (17 Dezembro). *5 - a obra de pedraria importou em 2:454$530; execução das taipas, telhados, abóbadas e reboco das paredes 167$640; mudar e reformar a porta grande que na altura servia de porta do carro e outras coisas 16$540; reforma das casas onde se fez o forno e desmonte do velho 29$900; mudança do cano que conduzia a água ao chafariz da vila, visto que o antigo estava no local onde se construiu o dormitório do mirante 17$200 (dos quais se abateu 3$000 dos mestres pedreiros nesta conta, na do forno e na da porta grande, levando a que importasse apenas 14$200); transporte de entulhos 27$020; cal 369$960, incluindo a fina vinda da Figueira da Foz e a da região; tijolo para as abóbadas do mirante e outras zonas 43$700; telha 139$788; madeiras compradas em várias partes da província 629$605; serração e fasquiamento das mesmas 199$310; jornas dos carpinteiros 622$870; madeiras vindas da Flandres e algumas do Brasil 472$239; pregaria e grades 428$790; ferragem vinda do Porto e trabalhada naquela cidade e na de Viana 63$560; dois ralos para os confessionários 2$645; chumbo para os vãos 10$441; tintas 39$670; gastos miúdos 23$400; conserto do dormitório da Bela Vista, por Francisco Fernandes; restauro da varanda do claustro sobre o capítulo por 53$280, mais 17$425 aos pedreiros pela sua reedificação, e onde trabalharam Afonso Fernandes, Domingos António, Lourenço da Costa, Alexandre e Miguel Neto. O Mirante era constituído por corpo rectangular com dormitórios, a O., perpendicular ao edifício existente, tendo um mirante no topo S. e ligando-se a meio à torre sineira por outro dormitório, o da torre dos sinos, posteriormente designado por trânsitos. Como é visível por uma fotografia de 1898, e pela planta da vila de 1759, o mirante possuía cunhais apilastrados, coroados por 4 pináculos, e com esfera no centro do telhado. Na fachada principal virada à rua, abria-se, no primeiro piso, 3 arcos de volta perfeita, por onde se entrava para o mosteiro, encimadas por 2 pisos com amplos vãos protegidos por gelosias, sobrepostas pelas armas reais. As portadas acediam a uma sala coberta a abóbada de tijolo, rasgada por porta lateral que permitia entrar no terreiro de fora, onde se lajeou um passadiço que, passando sob o dormitório da torre, conduzia ao terreiro de dentro e à portaria do mosteiro. Do mirante partia uma ala de dormitório, ao nível do 2º piso, constituído por 8 celas viradas a O., ao Passamano, designado por dormitório do Passamano, e 3 viradas a E., ao terreiro da Igreja, separadas por corredor central, existindo mais 5 celas no corpo que liga à torre, cada uma com uma janela, e outras 5 no corpo perpendicular, mas com as janelas viradas ao terreiro de dentro. Estas 21 celas, foram repartidas pelo correspondente número de religiosas que contribuíram pessoalmente para a sua construção. *6 - as obras consistiram em delimitar a igreja desde o cunhal do coro até ao da capela-mor por pilastras, coroadas por pirâmides, remate em entablamento, novo portal e duas frestas com cornija e a transferência do primitivo portal manuelino para o muro do terreiro virado à rua. *7 - o douramento era aplicado aos remendos de talha nos retábulos laterais e arco, púlpito, talha nova das grades do coro, retábulo de São Martinho, com os "altos dourados e os baixos de vermelho acharoado e o presépio e respaldo estofado", oratório de Nossa Senhora do Rosário, do coro-baixo; pintura das portas dos confessionários, sacristia e "tabuleiro dela", as grades dos altares e novos painéis do tecto. *8 - assinaram o Auto de Inventário o Arcipreste do Julgado, António Cerqueira Lima, a Abadessa, Luísa Antónia do SS. Sacramento, o Cónego Manuel Maria Delduque da Costa, e o representante da Repartição da Fazenda João Pedro Coelho; tinha 3.700 m2 e os pátios e cerca murada 9.730 m2; foi avaliado em 17:000$000; a cerca confrontava a N. com o caminho que ia para São João de Arga, a S. e O. com o mosteiro e a E. com o quintal de João Barbosa de Guimarães; tinha água vinda de uma mina, próxima de Santo André, terra lavradia, vinha, mata, pinheiros e carvalhos, bem como morada de casas e residência do capelão. *9 - estando presente no Mosteiro o Conselheiro Dinis Kophe Severim de Sousa Lobo, delegado do Tesouro, António José Nunes Júnior, delegado da Academia de Belas Artes de Lisboa, Manuel Nicolau da Costa, tesoureiro desta, e Júlio Pereira Reixa, escrivão da fazenda do concelho, procedeu-se à escolha de diversos objectos e imagens para o Museu das Belas Artes: 50 ladrilhos de azulejos antigos com figuras e outras ornamentações (avaliados em 5$000); uma cadeira abacial, pintada de encarnado e dourado (3$000), uma grade de pau-santo, com balaústres encimados por elegantes pirâmides e com aplicações metálicas (24$000), e uma imagem de São Pedro (40$000), tudo da sala do capítulo; imagem de Nossa Senhora do Rosário (10$000) da Capela de São Martinho, do claustro; o púlpito em talha do refeitório (15$000); imagem de Santa Catarina da parede do claustro (15$000); dois nichos em talha do coro-alto, um com quadro figurando Adoração de São Bento (20$000) e o outro com quadro representando Santa Ana e o Menino (42$100). *10 - no entanto, surgiam condições: submeter ao Governo o projecto de obras e fins a que se destinava; manter o culto na igreja; fazer entrega da água da nascente do Espinheiro para os serviços de Caminho de Ferro; fazer a entrega da água para o reservatório da estação; construir um fontanário público; realizar obras de benfeitoria; construir o hospital no prazo de dois anos; e todos os materiais e talhas que não fossem usadas deveriam reverter para a Fazenda Nacional, para serem vendidas. *11 - A Congregação da Caridade foi fundada em 1779 pelo beneméito José da Costa Pimenta Jarro e outros conterrâneos, com o objectivo de solicitarem esmolas para os pobres; 1780 - Pimenta Jarro comprou às suas custas uma pequena casa com quintal, na R. da Amargura, que reparou para ali recolher alguns mendigos; reuniu-se com os monges da Arrábida e entregou aos companheiros e congregados a casa e objectos que para ela comprara; 1782 - organização do 1º regulamento ou estatutos, inspirados na associação análoga existente na R. dos Remédios, em Lisboa; 1783, 14 Julho - doa todos os bens para cumprimento do seu objectivo; 1784, Junho - depois de se procederem a algumas reparações e obras na casa, realizadas por alguns benfeitores, ali se rocolheu pela primeira vez vários idosos, com sustento provido pelos congregados que para tal pediam esmolas e rezavam o terço em procissão pelas ruas da cidade; 1789 - organização dos 1ºs. estatutos; 1790 - alvará régio aprovando-os; 1792 - os Congregados da Caridade compraram um pequeno quintal contiguo ao que já possuiam e procedem a ampliação das acomodações; 1796, 17 Março - carta régia aprovando novos estatutos; 1798 - começa-se a constituir um pequeno fundo para o estabelecimento, totalizando então 150$000 rs, tendo 8 idosos; 1805, 25 Março - confirmação dos novos estatutos; 1810 - tinha de capital 650$000, incluindo 188$000 em papel moeda; 1820 - tinha de capital 2:170$000, sendo 420$000 em papel moeda, continuando a ter apenas 8 asilados; 1825 - aquisição de casas baixas e quintal, na R. de Santo António, contíguo ao já existente, onde se construiram acomodações para mais asilados; 1830 - ali se recolhiam 13 pobres, sendo o capital de 6:718000, sendo 1:273$000 em papel meda; 1850 - tinha de capital 10:200$000, sendo 452$000 em papel moeda, amentando o número de asilados para 18; 1857, 6 Maio - reconhecida a capacidade do edifício para albergar os idosos, a Mesa por iniciativa de Mateus José Barbosa e Silva, decide constituir um fundo especial para proceder a melhoramentos no edifício e para construir um outro, no mesmo local; mais tarde reconheceu-se o desejo inexequível por falta de espaço para albergar os idosos durante as obras; 1860 - albergava 23 invalidos, e o seu fundo era de 10:915$00 em metal; remodelação no asilo, transformando-se as pequenas celas em camarata, construção de um refeitório, melhoramento da cozinha, aumento das roupas, louças e utensílios domésticos, movéis etc; 1862 - possuindo 2:531$000 de fundo, reconstruiu-se e ampliou-se a casa no quintal para o lado da R. de Santo António, ficando o piso superior para camarata de invalidos masculinos e o inferior para as velhinhas "cacheticas" e para rouparia; subscrição mensal pelos amigos para aumentar número de internados para 29, o que conseguiu; 1867, 1 Julho - carta de lei concedendo parte da cerca do extinto Convento de Santo António para construção de novo edifício; 1869, 30 Março - falecimento do benfeitor José de Miranda Carvalho, legando-lhe avultado capital; 1870, 30 Março - elevou-se para 30 o número de idosos; tinha de fundo permanente 29:700$000 e para o novo edifício 12:864$000; 29 Junho - reunião dos Irmãos da Caridade decidindo-se construir no terreno obtido, um novo edifício com capacidade para albergar 70 pobres inválidos, e que para o seu projecto se abrisse concurso com prémios no valor de 450$000, 225$000 e 112$000 para os três melhores classificados, pelo juri de engenheiros que deveria ser nomeado em Lisboa; 1873 - conclusão do concurso com júri presidido pelo Marquês de Sá da Bandeira; devido ao traçado do caminho de ferro de Viana cortar o terreno destinado à construção do edifício, as obras do mesmo nunca se iniciaram e inviabilizaram os projectos; 1877 - expropriação do terreno pelo Estado da Caridade, que recebe em troca um terreno na R. da Amargura, fronteiro ao seu primitivo edificio, ficando o resto da antiga cerca e água respectivamente para indemnização das despesas feitas; 1880 - a Congregação da Caridade possuia 40:797$000 de fundo, e mais 31:225$000 para a construção do novo edifício; 1882 - na sequência da morte de Mateus José Barbosa e Silva, assume a direcção do Congregação António Alberto da Rocha Páris, até então vice-superior; vendo-se a impossibilidade de construir o novo edifício no terreno cedido elo Estado, pensa-se adquirir parte da cerca do Mosteiro de Santa Ana, contígua; o Superior decidiu obter todo o mosteiro e cerca, ao qual se acrescentaria o terreno existente; solicitação do mosteiro ao duputado do Círculo de Viana, Ernesto Júlio Goes Pinto, e outros; 1887, 20 Agosto - carta de Lei autorizando o Governo a conceder à Congregação da Caridade o Mosteiro de Santa Ana e a cerca; 1890 - a Congregação da Caridade possuía 106:729$000, sendo de capital permanente, para sustentação da casa, 50.751$000, e de capital para o novo edifício 55:978$000; 1894, 23 Junho - elaboração de novos estatutos; 1897, 4 Novembro - alvará aprovando-os. *12 - o projecto previa: 1) no Campo da Caridade (letras A, B, C, D, E, F), construção de instalações rurais, habitação para criados, arrumos de ferramentas, telheiro para veículos, cavalariça, eido, pocilga, eira, tulha, espigueiro, cano de despejo e fossa abobadada, bebedouro para o gado, tanque, pomar, horta e arruamento; 2) junto ao núcleo construído, a construção de um estendal de roupas, jardins, parques, arruamentos, tanques, escadarias e gradil; 3) obras de captação de água na mata de São João de Arga, construção de uma fonte pública, reservatório abobadado em alvenaria hidráulica e dois tanques grandes; 4) na igreja, obras no pavimento (soalho), cobertura com telha tipo Marselha, rebocos e pinturas nas paredes, socos, das portas e janelas, abrir-se-iam duas portas e duas janelas para o claustro interno, que se ajardinaria, e falava-se na possibilidade de introduzir dois novos altares, um púlpito e a antiga casa do capítulo mudar para sacristia; 5) construção de um anexo no extremo O., de dois pisos, formando o torreão ou o mirante, para alojar o administrador fiscal do asilo, capelão e sacristão; 6) a capela da cerca, do Senhor dos Passos, manter-se-ia para capela funerária, a que se anexaria a casa mortuária; 7) construção de casa hospitalar isolada, com duas enfermarias de 5 leitos cada; de uma lavandaria de 2 andares, com estufa, escoadouro e sala de costura; um armazém isolado, com colchoaria, depósito de combustível e adega; 8) construção de gradil a toda à volta, com 4 portões de 2 m. de vão cada um e 1,50 m. de altura, em alvenaria e soco e cimalha de cantaria; 9) construção de escadaria fronteira à igreja e de arruamentos do parque e jardim em alinhamentos quebrados para suavizar a subida; 10) os coros seriam destinados aos habitantes do asilo, devendo-se truncar o inferior para abrir passagem entre o pavilhão ocidental a erguer na frente e o corpo principal do convento; 11) construir 2 pavilhões na frontaria com embasamento rusticado e varanda saliente ao centro (não concretizado); 12) consolidar a torre manuelina, reformando-se as paredes, soalhos, escadas internas e gigantes dos cunhais, colocando na face O. o pórtico e os dois brasões, que tinham sido transferidos para o mirante. *13 - consistiram: ampliação do claustro, alargando-se 30 cm das alas E. e N., de modo a conservar a quadratura e a linha de eixo com a porta da igreja e da torre; introduziram-se mais 12 colunas novas, vindas, segundo se diz, de um outro convento da cidade; para a regularização das principais fachadas exteriores, a torre sineira foi transferida para a ala S. do claustro, construindo-a segundo o método antigo (corpo de alvenaria, revestida a cantaria), mas aumentando-lhe a altura (1,40 "do corpo até ao pavimento das sineiras" e mais 30 cm "no corpo das sineiras") e acrescentando-lhe os contrafortes dos cunhais; com o prolongamento do claustro, a porta para a sacristia foi ligeiramente avançada, perdendo a comunicação directa entre os dois espaços, passando a aceder a corredor intermédio entre a igreja e a casa do Capítulo; uniformização e regularização das fachadas vencendo-se a diferente largura da nave e capela-mor com o alargamento da face S. da última, alteamento destas fachadas; pequena alteração do remate do frontão do portal da igreja e das frestas, que se deslocaram um pouco para criar com o portal um eixo simétrico; abertura na face N. da igreja de duas outras janelas; colocação sob as frestas de cartelas com inscrições alusivas à cedência do Mosteiro à Congregação da Caridade e sua adaptação a Asilo; colocação de remate em platibanda; terraplanagem do terreno fronteiro até alcançar a cota da rua pública; a zona da antiga portaria foi igualmente alteado.

Autor e Data

Paula Noé 2005

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