Igreja Paroquial de Vila Franca do Campo / Igreja de São Miguel Arcanjo

IPA.00009538
Portugal, Ilha de São Miguel (Açores), Vila Franca do Campo, Vila Franca do Campo (São Miguel)
 
Igreja paroquial construída no séc. 16, com planta de três naves, integrada no programa nacional de construção de igrejas paroquiais pelas Ordens Militares, administradas diretamente pela Coroa, constituindo uma das mais antigas da ilha de São Miguel, tendo sido reformada no séc. 17 e 18. Tem planta composta por três naves, separadas por arcos apontados biselados sobre pilares, e cabeceira tripla escalonada, interiormente com iluminação axial e bilateral e coberturas em falsas abóbadas de berço, em estuque. Quer a fenestração lateral, com amplas janelas, quer as coberturas são posteriores, visto estar documentado a re-edificação e alteamento da igreja em 1631, em seis palmos, talvez no séc. 18, visto ter-se ordenado, em 1747 e depois em 1768, levantar o corpo da igreja para ficar mais alta que a capela-mor, e saber-se que, efetivamente, ela foi alteada em 1927. A fachada principal, em cantaria, termina em empena e conserva o portal manuelino, em arco apontado sobre colunelos de capitel vegetalista, e rosácea. Nas fachadas laterais tem portas travessas de perfil contracurvo entre pilastras suportando falsos frontões com elementos de cantaria, de possível feitura setecentista. A fachada posterior da capela-mor termina em empena reta. A torre sineira, de aspeto bastante robusto, foi construída durante o domínio filipino, sobre uma outra quinhentista, e reformada na 2.ª metade do séc. 18. O corpo do batistério e arquivo, adossado à esquerda e de dois pisos, foi construído na década de 1920, em estilo revivalista, neogótico, com vãos de arco apontado. No interior, na nave central, tem, no lado do Evangelho, púlpito de talha em branco e dourado, com guarda em balaustrada, semelhante ao da Igreja Paroquial de Santa Cruz (v. IPA.00008096). O órgão positivo do coro-alto data do séc. 19 e ali foi colocado em 1900. O batistério alberga retábulo barroco, de talha em branco, de corpo reto e três eixos, e pia batismal quinhentista, de grande qualidade, com taça octogonal decorada com carrancas em cada uma das faces. Os retábulos laterais são essencialmente do séc. 19 / 20, em talha pintada a marmoreados fingidos, de linguagem revivalista e linhas barroquizantes, integrando elementos mais antigos dos anteriores retábulos, como o painel relevado das Almas, parte do corpo do retábulo de Nossa Senhora de Fátima, as colunas e arquivolta torsa no retábulo de São José, e as colunas no da Senhora das Dores. O retábulo da capela profunda do Evangelho é rococó, com corpo côncavo e três eixos e integra painel relevado com Adoração dos Pastores. O arco triunfal é em arco apontado e a capela-mor apresenta as paredes revestidas a painéis de azulejos alusivos ao orago, feitos em Lisboa e pintados por Bemvindo Ceia, em 1911, com características revivalistas neogóticas. Conserva o retábulo-mor em barroco nacional, de corpo côncavo e um eixo, devendo o antigo sacrário ser o que está depositado na capela profunda do Evangelho. A capela do Santíssimo fica no absidíolo do Evangelho, com porta dourada na década de 90 do séc. 19, por Gil Pavão, mas a estrutura retabular e as pinturas das paredes e da cobertura são novecentistas. O mesmo acontece no absidíolo da Epístola, mas cujo retábulo poderá datar de finais do séc. 18, ainda que se encontre reformado e repintado.
Número IPA Antigo: PT072106030004
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta poligonal, composta de três naves e cabeceira tripartida, tendo adossado à fachada lateral esquerda dois corpos separados e à direita torre sineira quadrangular e corpo retangular. Volumes articulados com coberturas escalonadas em telhados de duas águas na nave, três na capela-mor, uma nos corpos adossados à capela-mor e de quatro no corpo do batistério e arquivo, rematadas em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por soco, à exceção da frontaria da igreja, da torre e da posterior da capela-mor, que são em cantaria aparente. A fachada principal surge virada a oeste, terminada em empena, com cornija, coroada por cruz latina, de braços trevados, sobre acrotério e pináculos piramidais com bola no alinhamento dos cunhais. É rasgada por portal de arco apontado, de cinco arquivoltas, a exterior formando canoupo coroado por pináculo vegetalista, sobre colunelos de capitéis vegetalistas; superiormente abre-se rosácea. À esquerda dispõe-se o corpo do batistério e arquivo, de dois pisos, rasgado por vão longilíneo, de arco apontado, integrando inferiormente duas frestas maineladas, e gradeadas, encimadas por frisos de concheados e, superiormente, uma janela com pano de peito ornado de flores quadrilobadas. À direita dispõe-se torre sineira possante, de dois registos, marcados por cornija, o inferior rasgado por fresta e o superior por ventana de arco peraltado, sobre pilastras, albergando sino; a estrutura remata em cornija e platibanda em balaustrada e acrotérios nos cunhais sobrepostos por pináculos piramidais com bola. Fachadas laterais com a nave rasgada por amplas janelas retilíneas e porta travessa, de verga contracurva, enquadrada por pilastras sustentando entablamento, sobreposto por volutados de cantaria e motivos vegetalistas a criar falso frontão e pináculos laterais. Na fachada lateral esquerda o corpo do batistério é rasgado por três eixos de vãos de arco apontado, sobre colunelos, correspondendo no primeiro piso a porta entre duas janelas de peitoril, gradeadas, e no segundo a janelas; a nascente, abre-se porta e janela de igual modinatura. O outro corpo adossado é rasgado por duas janelas de capialço. Na lateral direita a torre é rasgada por fresta e o corpo adossado por porta de verga reta, de moldura terminada em cornija, a oeste, e por quatro janelas de peitoril, duas de igual modinatura e duas de molduras simples, viradas a sul. Fachada posterior da cabeceira terminada em cornija reta, alteada, a da capela-mor coroada por pináculos, com gárgula e rasgado por fresta. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento em soalho ou lajes de cantaria e cobertura em falsas abóbadas de berço abatidas, de estuque, sobre cornijas de cantaria. As naves separam-se por seis arcos apontados e biselados sobre colunas, abrindo-se entre os arcos frestas. Coro-alto sobre as três naves com guarda em balaustrada, acedido pelo lado da Epístola, tendo na nave central órgão positivo. No sub-coro o portal axial possui guarda-vento de madeira envidraçada, ladeado por pias de água benta sobre pés, e na nave da Epístola abre-se porta de acesso à torre sineira, com arco apontado, encimado por janela com o mesmo perfil. Na nave central existe, do lado do Evangelho, púlpito de talha em branco e dourado, de bacia sobre pé com anel central de acantos, e guarda em balaustrada de talha, acedido por escada de madeira contornando o pilar. Na nave do Evangelho, no sub-coro, possui batistério, acedido por arco, de volta perfeita sobre pilastras, com portão em ferro. No interior, possui pavimento de cantaria e cobertura plana, de estuque, com uma re-entrância, sobre cornija, tendo frontalmente retábulo de talha em branco albergando no nicho grupo escultórico representando o Batismo de Cristo. No meio existe pia batismal, de cantaria, de taça octogonal, sobre pé cilíndrico, tendo cada uma das faces decoradas por carrancas relevadas. Nas naves laterais existem retábulos em talha pintada a marmoreados fingidos e dourado, três no lado do Evangelho, dedicados às Almas, a Nossa Senhora de Fátima e a Nossa Senhora da Piedade, e dois no lado da Epístola, dedicados a Santa Teresinha e a São José; no topo de cada uma das naves existe capela profunda, confrontante, acedida por arco apontado, de duas arquivoltas, sobre colunelos. No interior possui ligação a dependências anexas por portal de verga reta entre pilastras sustentando frisos e cornijas, e retábulo de talha pintada a marmoreados fingidos e dourado, o do lado do Evangelho com painel relevado com Adoração dos Pastores e o da Epístola a Nossa Senhora das Dores. Sensivelmente a meio da nave da Epístola existe amplo vão, em arco apontado, de duas arquivoltas, a interior sobre colunelos de capitéis vegetalistas, interiormente revestido a cantaria e albergando imagem do Crucificado. Arco triunfal de arco apontado, de três arquivoltas sobre colunelos, com parede envolvente em cantaria aparente. A capela-mor possui as paredes revestidas a painéis de azulejos, azuis e brancos, com representação de cenas alusivas ao orago entre anjos. De cada lado, dispõe-se cadeiral, de talha em branco, com alto espaldar, seccionado por colunas, de assentos individualizados e remate em entablamento, com friso almofadado, coroado por pináculos no alinhamento das colunas e motivos lanceolados vazados. Sobre friso e cornija em talha pintada de branco e dourado, desenvolve-se a cobertura, em falsa abóbada de berço, pintada com quadraturas e painel central com representação de São Miguel. Sobre supedâneo, com acesso central, dispõe-se o retábulo-mor, de talha pintada a azul e dourado, de corpo côncavo e um eixo, definido por quatro colunas de fuste torso e espira fitomórfica, e quatro pilastras, ornadas de acantos, assentes em dupla ordem de mísulas e de capitéis coríntios, as quais se prolongam no remate da estrutura em igual número de arquivoltas, unidas por aduelas no sentido do raio e tendo no fecho cartela recortada e volutada com balança relevada. Ao centro abre-se nicho, em arco de volta perfeita sobre pilastras, ornadas de acantos e de boca rendilhada, interiormente de perfil curvo e decorado com apainelados de acantos, albergando trono facetado igualmente com acantos e imaginária. Sotobanco com apainelados de acantos integrando ao centro sacrário, com colunas torsas nos ângulos, remate em cornija contracurva, cobertura em cúpula sobreposta por volutas, acantos e anjos de vulto, tendo custódia na porta. Altar paralelepipédico, com frontal marcando sanefa e apainelados de acantos. Os absidíolos possuem arco de volta perfeita sobre pilastras revestidos a talha pintada a marmoreados fingidos, sendo o do Evangelho, do Santíssimo Sacramento, e o da Epístola dedicado a Nossa Senhora da Conceição, o primeiro com porta de talha. Interiormente têm as paredes pintadas e com estuques decorativos e albergam retábulos de talha pintada a marmoreados fingidos.

Acessos

Vila Franca do Campo (São Miguel), Rua Engenheiro Artur Canto Resende

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, inserido no Núcleo urbano da Vila Franca do Campo (v. IPA.00027988), na costa sul da ilha, numa plataforma adaptada ao declive do terreno, formando adro, precedido de vários degraus a toda a largura da fachada principal e da lateral direita; posteriormente tem muro delimitando a cabeceira. No ângulo sudoeste do adro ergue-se cruzeiro datado de 1867. Em frente, ergue-se a Igreja e Hospital da Santa Casa da Misericórdia (v. IPA.00009539) e a sul o Jardim Antero de Quental e o edifício da Câmara Municipal (v. IPA.00033414). Junto à fachada posterior, numa cota mais baixa implanta-se o mercado.

Descrição Complementar

No coro-alto o órgão tem um castelo central e dois nichos, separados por pilastras almofadadas, as exteriores coroadas por pináculos, sendo os nichos simples, em forma de harpa, com os tubos em disposição cromática, e o castelo com os tubos em disposição diatónica em teto e remata em frontão interrompido. Tubos de palheta em leque. Consola em janela, ladeada pelos botões de registo. No batistério, o retábulo, de talha em branco, possui corpo reto e três eixos, definidos por quatro colunas torsas, decoradas com flores, sobre mísulas, as exteriores assentes em quarteirões, de capitéis coríntios, que se prolongam pelo remate da estrutura em igual número de arquivoltas, unidas por aduelas no sentido do raio, e tendo no fecho cartela recortada. A estrutura é ladeada por duas pilastras decoradas por motivos vegetalistas, com acantos nos seguintes, rematando em cornija reta. No eixo central abre-se nicho, em arco de volta perfeita, de boca rendilhada, possuindo imagens com representação do Batismo de Cristo e superiormente painel relevado com o Deus Pai, pomba do Espírito Santo, anjo e querubins. Nos eixos laterais existem nichos com mísulas sustentando imaginária encimada por baldaquinos de onde pendem drapeados. Sotobanco com apainelados de acantos e altar tipo urna com frontal decorado por volutas e flor central. Na nave do Evangelho, a capela das Almas, em talha pintada a marmoreados fingidos a azul, rosa e bege, possui corpo côncavo e três eixos, definidos por duas pilastras exteriores, decoradas com motivos vegetalistas, sobre plintos paralelepipédicos, e duas interiores sobre mísulas, as quais se prolongam no remate da estrutura em igual número de arquivoltas, decoradas com elementos vegetalistas e com cartela recortada no fecho. No eixo central abre-se nicho, em arco de volta perfeita, com drapeados na boca, albergando no interior painel em alto relevo com representação das Almas e São Miguel. Nos eixos laterais surgem apainelados côncavos com friso vegetalista e cartela enrolada. Sotobanco com apainelados contendo grinaldas de flores. Altar tipo urna, ornado por friso vegetalista e concheados, ladeado de aletas. O retábulo de Nossa Senhora de Fátima, em talha pintada a marmoreados fingidos a verde, rosa e azul e dourado, de corpo côncavo e um eixo, definido por quatro pilastras e quatro colunas, de fuste torso, sobre mísulas, as quais se prolongam na estrutura do remate em igual número de arquivoltas, unidas por aduelas no sentido do raio e tendo cartela inscrita com "AVE / MARIA" no fecho. Ao centro abre-se nicho, em arco de volta perfeita, com boca rendilhada e tendo no interior painel pintado com Apresentação de Jesus no Templo e albergando imaginária. Altar tipo urna com frontal decorada por festão e cartela concheada central. Segue-se a capela de Nossa Senhora da Piedade, em talha pintada a marmoreados fingidos a verde, rosa, cinzento e dourado, com arco de volta perfeita sobre pilastras, decoradas com motivos vegetalistas, e boca com drapeados, pintados de roxo. Alberga painel pintado com a cidade de Jerusalém e cruz com sudário e alberga imagem do orago. Altar tipo urna com frontal decorado por motivos vegetalistas, formando cartela ao centro com insígnias do orago. Na capela profunda do lado do Evangelho existe retábulo, em talha pintada a marmoreados fingidos rosa, verde, bege e dourado, de corpo côncavo e três eixos, definidos por duas estípetes exteriores, duas pilastras, todas com o fuste decorado com elementos vegetalistas, sobre plintos ou mísulas, respetivamente, e duas colunas de fuste estriado e terço marcado, sobre mísulas e de capitéis jónicos. A estrutura remata em arquivolta e frontão interrompido por cartela recortada e inscrita. No eixo central abre-se nicho, de arco recortado, moldurado, albergando painel relevado com representação da Adoração dos Pastores. Nos eixos laterais surgem apainelados côncavos com motivos vegetalistas. Sotobanco com apainelados ornados com cartelas recortadas e florões. Altar tipo urna decorado com apainelado recortado e motivos vegetalistas. No lado do Evangelho dispõe-se sacrário de antigo retábulo, em talha dourada, facetado, com colunas torsas nos ângulos, coberto por cúpula e porta ornada de motivos eucarísticos. Junto à porta existe candelabro das trevas. Na nave da Epístola, o retábulo de Santa Teresinha apresenta corpo côncavo e três eixos, definidos por duas pilastras exteriores, de fuste ornado com motivos vegetalistas sobre plintos paralelepipédicos, com iguais motivos, e quatro colunas estriadas e de terço inferior marcado, sobre plintos e de capitéis vegetalistas, as quais se prolongam no remate da estrutura em igual número de arquivoltas, ornadas com motivos fitomórficos distintos e sobrepostas por cartela de acantos vazados. No eixo central abre-se nicho, em arco de volta perfeita, com boca enquadrada por drapeados com borlas, interiormente contendo imaginária; nos eixos laterais existem apainelados sobrepostos por mísulas sustentando imaginária, tendo nos topos florões e frisos de acantos. Sotobanco com apainelados contendo florões e acantos. Altar tipo urna com festões e livro no frontal. O retábulo de São José, em talha pintada a mamoreados fingidos, a tijolo, vermelho, rosa, azul, bege e dourado, tem corpo côncavo e um eixo, definido por quatro pilastras, decoradas com concheados ou motivos vegetalistas, sobre plintos paralelepipédicos, e duas colunas torsas intermédias, com rosas, sobre mísulas e de capitéis coríntios, as quais se prolongam no remate da estrutura em igual número de arquivoltas, a torsa com aduelas no sentido do raio e com cartela pintada de flores. Ao centro abre-se nicho, em arco recortado, envolvido por moldura encimada de acantos, albergando imaginária. Sotobanco com apainelados de acantos. Altar tipo urna com coroa de espinhos e palma central e friso superior de lanceolados. A capela profunda da Epístola alberga retábulo em talha pintada a marmoreados fingidos a azul, rosa e bege e dourado, de corpo reto e três eixos, definidos por duas pilastras exteriores e quatro colunas de fuste estriado e terço inferior torso, assentes em plintos paralelepipédicos e de capitéis coríntios, as quais se prolongam no remate da estrutura em igual número de arquivoltas, ornadas de distintos motivos vegetalistas e sobreposta por cartela recortada inscrita. No eixo central abre-se nicho, em arco de volta perfeita, de boca rendilhada, interiormente com imaginária; nos eixos laterais surgem apainelados com motivos vegetalistas que surgem igualmente no sotobanco. Altar tipo urna. No revestimento azulejar da capela-mor, os painéis alusivos ao orago têm molduras polilobadas, sobre colunelos, envolvidos por cogulhos de acantos, e os anjos surgem em nichos de arco canopoial sobre colunelos, encimados por baldaquinos rendilhados, sendo separados por apainelados com figuras, motivos vegetalistas, cartelas etc. Inferiormente existe barra de acantos. No painel da Epístola existe a inscrição "Bemvindo Ceia 1911, Fábrica de Constância". O absidíolo do Santíssimo possui as paredes com estuques decorativos, inferiormente com marmoreados fingidos a rosa e verde, encimados por apainelados com cartelas contendo representações alusivas ao orago, separadas por frisos verticais de volutas estilizadas. Na cobertura, em falsa abóbada de berço, de estuque, tem pinturas murais com apainelados de acantos e cartela central com Adoração da Custódia. Alberga retábulo de talha pintada e dourada de corpo convexo e cinco eixos definidos por seis pilastras estriadas, de capitéis vegetalistas. A estrutura remata em frontão tendo ao centro cartela concheada com coração inflamado sobre resplendor. No eixo central, surge apainelado tendo frontalmente banqueta sustentando Crucificado e nos eixos laterais, côncavos, surgem motivos vegetalistas pintados a dourado. Altar paralelepipédico coberto com pano de altar. O absidíolo de Nossa Senhora da Conceição possui as paredes com pinturas murais formando apainelados de topos recortados e molduras sobrepostas por colchetes de acantos, representando cenas da vida da Virgem: Anunciação, Visitação e Adoração dos Pastores, no lado do Evangelho, e Apresentação de Jesus no Templo e Jesus entre os Doutores, no lado da Epístola. Alberga retábulo em talha pintada a marmoreados fingidos a bege, rosa e azul de corpo convexo e três eixos, definidos por seis estípetes, decoradas de grinaldas, sobre plintos paralelepipédicos com motivos vegetalistas. A estrutura remata em espaldar adaptado ao perfil da cobertura com fragmentos de cornija, elementos vegetalistas e cartela recortada. No eixo central abre-se nicho de perfil recortado, encimado de acantos, interiormente pintado com glória de querubins e albergando imaginária. Nos eixos laterais surgem apainelados sobrepostos por mísulas com imaginária, encimada por baldaquinos, de onde pendem drapeados. Sotobanco com motivos vegetalistas. Altar tipo urna de frontal definido por volutas e friso superior. Na cobertura, em falsa abóbada de berço, de estuque, tem pinturas murais com representação de Nossa Senhora do Rosário a aparecer a São Domingos, envolvido por acantos, concheados, rosas e outros.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Angra)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ALFAIATE: Manuel Zambiga (1850). CARPINTEIROS: Francisco Soares (1785-1786); João Soares (1785-1786); José Soares (1785-1786); Joaquim Soares (1850). ENGENHEIRO: António Damião de Medeiros Melo (1946-1948, 1951-1952). ENTALHADORES: Augusto de Araújo Lima (1886); Ezequiel Anselmo Lourenço (1865). ESCULTOR: José Soares de Oliveira (séc. 19, fim; 1905). DOURADOR: António Machado Pavão (1933). FERREIRO: Francisco Manuel Estrela (1850). MARCENEIROS: António Damião de Medeiros (1903); Manuel Francisco Bento (1903). MESTRE: Artur Casimiro (1946-1948, 1951-1952); Manuel Luís (1785-1786); Pedro de Pimentel (1785-1786); Manuel Jacinto Ferreira (1886-1896). PEDREIROS: António Nicolau (1889); António de Mello (1786); Virgínio Pacheco (1912). PINTORES: Joaquim José Pirralho (1903); José Marcelino (1854). PINTOR-DOURADOR: António Damião de Medeiros (1899-1900); Jorge Pedro Ribeiro Alves (1899-1900); Florindo de Almeida (1867); Gil Pavão (1895-1896); Manuel Gomes (1820); Pedro Nolasco da Silva (1826). RESTAURADORES: António Sineiro (1840); José Soares de Oliveira (1903).

Cronologia

1460, 13 outubro - testamento do Infante D. Henrique diz que "ordenei e estabeleci a igreja de S. Miguel, na ilha de S. Miguel"; 1471, 12 fevereiro - Infanta D. Beatriz pede a D. Frei Pedro de Abreu, vigário da Ordem Cristo, para enviar para São Miguel o pe. Estêvão Vaz; 1474, 10 março - D. Beatriz, tutora do seu filho, o donatário, confirma a venda da capitania a Rui Gonçalves da Câmara; o novo capitão incrementa a construção da igreja, que se arrastava por algum tempo; 1493, 19 outubro - por testamento, Ruy Vaz Gago faz e dota a capela de São Vicente, que existia na igreja; 1504, 13 outubro - Nuno Gonçalves pede em testamento para ser enterrado na capela de Santo André, construída por seu pai, Gonçalo Vaz; deixa à capela de São Sebastião 1000$000 para fazer um frontal; 1507, 28 setembro - o vigário Estêvão Vaz vende propriedades, escravos e gado por 400$000 em dinheiro e uma peça de ouro, doble cruz; 1511, 08 julho - instituição testamentária da capela de Jesus na igreja, por João Afonso Columbreiro e sua mulher Ana Lopes; 26 novembro - João Afonso, das Grotas Fundas, deixa 400$000 para cera, para a Confraria de São Sebastião; 1522 - a igreja primitiva fica parcialmente soterrada, devido aos deslizamentos de terra provocados pelo terramoto que afeta a vila e mata quase 5000 pessoas; 1532 - Jácome Dias, genro de Ruy Vaz Gago, diz em testamento que a capela de São Vicente está a ser reconstruída; 1534 - início da construção da atual igreja, num local diferente da primitiva, que ficava perto do local onde hoje está a Igreja de Santo André; as funções paroquiais passam para a ermida de Santa Catarina, que não ficara danificada; 1554 - D. João III oferece um sino, que ainda hoje está na torre; 1563 - destruição parcial da igreja pela erupção do vulcão da Lagoa do Fogo; 1568, 30 julho - carta régia eleva a côngrua do vigário a 30$000, pois a freguesia tem 200 fogos; 1579, 29 abril - cardeal D. Henrique autoriza o levantamento de uma finta de 60$000 para lajeamento da igreja e adro; 1585 - Ordem de Cristo autoriza um pedestal dourado para a capela-mor; 1589 - Bento de Góis refere o toque dos sinos na torre, indicando a existência de uma torre sineira; 1598, 01 agosto - Manuel Favela da Costa deixa em testamento 20.000$000 à confraria do altar de Nossa Senhora das Candeias; 1606, 16 fevereiro - alvará concede à igreja 748$640 para adquirir alfaias e ornamentos; 1612, 25 junho - o desembargador João de Mesquita, na correição do concelho de Vila Franca do Campo, refere que o adro da igreja está por lajear, e que no inverno há muita lama; manda por 50 lajes nas fronteiras das portas da igreja e 10 degraus; 1614 - a Confraria de São Sebastião pede a D. Filipe II 10 cruzados anuais, para ajudas do sermão e da festa; 28 fevereiro - o rei manda dar anualmente 10 cruzados à Confraria de São Sebastião às custas do concelho; 1619, 20 setembro - na correição feita pelo desembargador Manuel Correia Barba, diz-se que a Câmara tem a obrigação de consertar o teto, que está arruinado, e pôr telhas que faltam no telhado, sob pena de pagarem de suas casas as perdas; 1624 - data inscrita na torre sobre a qual existe mossa provocada por um pelouro atirado para testar a resistência da torre, construída sobre a antiga, durante o domínio filipino; 1630 - a igreja é muito danificada pela erupção do vulcão da Lagoa das Furnas; 1631 - re-edificação da igreja, que "altearam o tecto seis palmos"; 1669, 26 outubro - segundo a sessão deliberativa da Câmara Municipal, a obra do batistério, arrematada há mais de dois anos, ainda está por acabar; 1674, 29 outubro - D. Frei Lourenço ordena a compra de um realejo para o coro da capela-mor, para não se tirar o órgão que estava no outro coro, por ser muito grande; 1692, 20 agosto - bispo Clemente Vieira proíbe o empréstimo do realejo, como costume, e acha a capela-mor muito danificada, precisando arranjar o teto com madeira nova e rebocar as paredes; manda fazer uma janela a norte, junto ao coro, e cadeiras no coro, para cuja obra, segundo ele, o seu antecessor D. João dos Prazeres, dera mais de 27$000; dá prazo de seis meses para se fazer o cadeiral; acha o Santíssimo Sacramento bem ornamentado e em boas condições e a capela de Nossa Senhora da Encarnação a precisar de paramentos, ser rebocada e pintada; 1696, 11 fevereiro - na visita do licenciado António Pais de Vasconcelos, o teto está em quase completa ruína, devendo ser arranjado rapidamente, e o retábulo-mor com necessidade de arranjo; a capela do Santíssimo Sacramento está "com toda a decência e ornamento", mas tem lâmpadas de latão, o que não era próprio; a lâmpada de prata que anos antes lá estava, da obrigação dos herdeiros do Capitão Leite Botelho, fora para Ponta Delgada para ser consertada ou fundida de novo, pelo ourives Henrique Francês, mas desaparecera; assim, manda que os mordomos da Confraria do Senhor, no prazo de três meses, recolham a lâmpada de quem a tiver, ou pagarão de pena de sua casa e 10 cruzados cada um; no altar de Jesus é necessário pincelar e rebocar a capela, arranjar uma casula, um frontal roxo, para a Quaresma e uma toalha; 1698, 26 julho - bispo D. António Vieira Leitão manda o vigário requerer à Fazenda Real a reforma do retábulo-mor e obras na dita capela; 1702 - a receita da fábrica da igreja é de 45$970; 1703, 30 novembro - o Dr. Francisco Berquó Delrio manda o vigário requerer da Fazenda Real a reforma do retábulo-mor e do retábulo do Santíssimo Sacramento, com reforma no seu teto e arco da capela e um sacrário novo, forrado de tafetá; 1705, 30 novembro - em visita o Dr. Francisco Borges Delrio manda fazer na capela do Santíssimo Sacramento um novo retábulo, um novo sacrário, forrado de tafetá, ordena consertos no teto, no arco da capela, fazer um frontal vermelho e arranjar três toalhas para o altar, um esteirado para a capela; tudo no ano, sob pena de 2000$000 para meirinho e despesas; manda o administrador Manuel Raposo Correia fazer um novo retábulo para a capela de São Vicente, e arranjar frontais de todas as cores, três toalhas e dois castiçais, no prazo de um ano ou pagará 40$000; diz que o retábulo da capela de Nossa Senhora da Encarnação precisa de reforma e o altar de um frontal vermelho e de duas toalhas; o seu administrador Sebastião de Freitas teria de o fazer em seis meses ou pagaria 2$000 de multa; 1707, 29 novembro - na visita José Pereira de Mendonça diz que o sacrário está no altar-mor, devido às obras da capela do Santíssimo Sacramento; 1711, 24 março - Francisco Barbosa da Silva manda fazer reparações no altar de Jesus, com reforma e repregadura nos cantos do teto, uma nova fasquia para uma das colunas do retábulo, que também devia ser dourado; a capela e altar de Nossa Senhora da Piedade necessita de novos castiçais, ou que se reparem os existentes, em dois meses ou o padre Bento de Fonseca de Arruda pagaria 10 tostões; manda requerer à Fazenda Real a reforma do retábulo-mor, a feitura de novo soalho da capela-mor e a fundição do sino pequeno, por estar quebrado; proíbe tirar a imagem de São Caetano do seu altar pelos devotos, que a levavam para as suas casas, deixando o altar vazio; 1716 - ornamentos para a igreja pela Fazenda Real (167$000); 1729 - 1738 - feitura do retábulo da capela de Jesus Crucificado, gastando-se 24$000 com o mestre e 3$000 com quem o trouxe; 1730, 10 dezembro - Manuel Martins da Costa, vigário de São Roque, diz que a imagem de Nossa Senhora da Encarnação precisa de um novo manto e o altar de reformas; 1731,10 dezembro - o visitador José Jácome da Costa queixa-se do mau estado da capela-mor e de não ter retábulo, nem cadeiras e do vigário, devido às obras do retábulo estarem arrematadas, por conta da Fazenda Real, mas ele não se ter empenhado por elas; o altar-mor não tem imagem, pelo que diz ao vigário para pedir à Fazenda Real que mande fazer uma imagem; na capela das Almas falta um taburno para ao pé do altar, um frontal branco e roxo, e pede que se forre a pedra de ara e se ponha vidraça na fresta, e duas toalhas no altar; a capela de Nossa Senhora da Piedade precisa ser retelhada e de um frontal roxo, para a Quaresma, sob pena do administrador pagar 2000$000; a capela de Nossa Senhora do Rosário deveria ser paramentada pelos seus devotos, visto não ter fábrica; recomenda que se completem as grades que estão a ser feitas para o Santíssimo, com brevidade, visto as existentes estarem indecentes; o altar de Jesus não tem fábrica e o retábulo havia sido feito com esmolas; 1732 - 1743 - a Fazenda Real despende 1.332$000 com um entalhador; 1735, 10 maio - o licenciado Manuel Martins da Costa diz que o altar necessita de toalhas e frontal e que a imagem tem um manto indecente, mandando o administrador fazer um outro e duas toalhas e um frontal branco; 1736 - o altar de São Caetano tem um foro de 2$500 de imposto; 1737 - a Fazenda Real gasta 320$000 com uma estante e cadeiras e 166$000 em ornamentos; 1743 - a Fazenda Real paga as cadeiras para o coro (320$000); na visita do bispo D. Frei Valério do Sacramento, o retábulo-mor já está restaurado, mas falta dourar; 1744, 13 agosto - bispo Frei Valério do Sacramento refere que o retábulo-mor está feito, mas falta dourar; manda pedir para a Fazenda Real pagar o seu douramento; a igreja devia ser levantada em altura e a torre sineira reparada; 1747, 31 maio - aquando da visita de Pedro Ferreira de Medeiros a imagem não está no altar-mor, mandando pedir à Fazenda Real uma imagem grande e perfeita; apresentando a igreja indícios de ruína, manda levantar o corpo da mesma com mais dois ou três côvados, para ficar mais alta que a capela-mor; a torre sineira precisa de consertos; a capela de Nossa Senhora da Encarnação precisa de tudo o que era preciso para se poder celebrar, de um teto novo e que se dourasse ou pintasse as molduras do painel, re-edificar e ornar o retábulo e fazer quatro frontais de todas as cores; manda paramentar a capela da Piedade com frontais de todas as quatro cores e fazer vidraças para as frestas; o altar do Ecce Homo precisa de um frontal vermelho e verde; 1749, 27 setembro - o visitador Dr. Caetano Álvares Coelho acha o Santíssimo Sacramento com decência; 1753 - o Dr. Caetano Álvares Coelho pede para se fazerem reformas no corpo da igreja, por ser muito antigo e as naves disformes, na torre sineira e pedir à Fazenda Real o douramento do retábulo-mor; 23 julho - na visitação, João de Sousa de Sá Bettencourt manda dourar o retábulo da capela do Bom Jesus; 1768 - o bispo D. António Caetano da Rocha manda reformar a torre e aumentar a altura da igreja e pedir à Fazenda Real o douramento do retábulo-mor; 1753, 23 julho - João de Sousa Sá Bettencourt refere que as reformas na capela da Encarnação já haviam começado; 1768 - o retábulo-mor já está dourado; 1769 - acréscimo do retábulo da capela do Bom Jesus (4$230); 1777 - gasta-se 11$760 em madeira, pregos, carpinteiros e pedreiros na capela do Bom Jesus, 8$000 com o pintor de pintar o arco e 3$000 para encarnar a imagem do Santo Cristo; 1780 - douramento do altar da capela do Bom Jesus (36$540); 1781 - doura-se o arco da capela do Bom Jesus (16$600); 1785 - 1786 - obras na capela do Bom Jesus, pelos mestres Manuel Luís e Pedro de Pimentel, pelos carpinteiros Francisco Soares, João Soares e José Soares; 1785 - gasta-se com a obra 53$510; 1786 - gasta-se 19$720 com obra de pintar o teto, retalho, pintura e douramento da grade da capela, com o mestre Pedro de Pimentel e com o pedreiro António de Melo; 1788 - feitura de um frontal de damasco de seda branca para a capela do Bom Jesus (13$420); 1791 - despesas com madeira para assoalhar a capela do Bom Jesus, com pedreiro e servente e pintor (que fugiu com o dinheiro), por 26$800; a capela da Encarnação já é chamada de Nossa Senhora das Candeias; 1792 - pintura do altar da capela do Bom Jesus e faz-se uma lâmpada para a mesma (53$820); 1798, 07 dezembro - o visitador João Bento Botelho de Arruda acha o retábulo-mor de novo dourado e as quatro capelas colaterais, com os seus altares perfeitos e bem dourados; manda não se mudar os altares de Nossa Senhora do Rosário e de Nossa Senhora das Candeias, por se puderem arruinar; o órgão está muito danificado, devido à humidade; 1799 - lâmpada para a capela do Bom Jesus (30$000); séc. 19, início - colocação do retábulo ou painel do Nascimento de Jesus na capela de São Sebastião, que passa a chamar-se altar do Nascimento; 1803 - feitura da coroa de espinhos de prata para o Bom Jesus (7$500); 1805 - a receita da igreja é de 79$207; 1808 - início do desmanchar da capela do Bom Jesus para fazer o altar de Jesus, gastando-se 7$260 com pedreiros e 15$845 com carpinteiros; 1809 - gasta-se mais 13$380 com pedreiros, carpinteiros, cal e madeira nesta capela; 1816 - despesa em materiais e douramento do altar de Jesus (128$000); 1817 - compram-se seis castiçais vindos de Lisboa (85$800); 1822 - obras na capela e retábulo de Nossa Senhora do Rosário; gasta-se 677$485 na mão-de-obra de pedreiro, de carpina, de entalhe e no ouro para dourar; 1826 - Pedro Nolasco da Silva pinta e doura a capela de Nossa Senhora do Rosário (115$000); 1827 - Pedro Nolasco da Silva faz o Guião, por 53$000; despende-se 682$968 com paramentos, prata para lâmpada e para um ourives que faz anéis para o altar de Jesus; 31 julho - Bernardina Francisca Moreira deixa em testamento 330$000 ao altar do Nascimento, para azeite da lâmpada; 1832 - colocação do painel de Ecce Homo, vindo do Convento de Santo André, na capela de São Vicente; 1847 - feitura da vidraça sobre o altar das Almas (5$140); séc. 19, meados - Simplício Gago da Câmara oferece uma imagem de Nossa Senhora das Candeias; 1865 - Ezequiel Anselmo Lourenço faz o retábulo do altar do Nascimento; 1867 - colocação de cruzeiro em frente da porta principal do adro; colocação de um quadro da Virgem no altar de São Caetano, que chamaram de Senhora da Missão, passando o altar a ter este nome; a obra de pintura e douramento é de Florindo de Almeida; 1872 - o padre vende várias peças de prata, pertencentes a vários altares; 1865 - no jornal "Açoriano Oriental", chama-se a igreja de "monumento fúnebre", por precisar de caiação; 1886, 19 março a 6 maio - gastam-se 877$620 com as obras do coro, coreto e guarda-vento, feitos por Manuel Jacinto Ferreira; 1887, 15 dezembro - D. Ermelinda Pacheco Gago da Câmara, filha de Simplício Gago da Câmara, reconstrói o altar de Nossa Senhora das Candeias; 1889 - envernizamento dos balaústres do coro e do coreto e guarda-vento (53$980); 1899 - o altar do Ecce Homo está em ruína; 1900 - Manuel de Serpa da Silva coloca um órgão na igreja (1.500$000), fazendo-se o alargamento do coreto para o mesmo (24$255); julho - encomenda-se ao escultor José Soares de Oliveira a imagem do Coração de Jesus; 1901, 19 fevereiro - chega a imagem do Coração de Jesus (81$520); 07 abril - colocação da imagem do Coração de Jesus na capela onde antes estava o quadro do Ecce Homo; Jorge Pedro Ribeiro Alves faz a pintura do altar do Coração de Jesus e António Damião de Medeiros a pintura e douramento (96$000); 26 abril - conde do Botelho oferece um tapete para a capela do Santíssimo Sacramento; 01 setembro - o visconde da Palmeira oferece um tapete para a capela de Nossa Senhora do Rosário; 07 abril - o marceneiro António Damião de Medeiros conclui a grade de comunhão e o marceneiro Manuel Francisco Bento de tornear a balaustrada; 1904 - a receita da igreja é de 154$315; 1909, 02 maio - bênção da capela-mor; 1911 - o Prior de Vila Franca, Jorge Furtado da Ponte, encomenda azulejos em Lisboa, pintados por Benvindo Ceia (1870-1941), para revestir a capela-mor; 1912, agosto - colocação dos azulejos na capela-mor, pelo pedreiro Virgínio Pacheco (990$490 com transporte e colocação); 1926 - Francisco de Medeiros Garoupa oferece 30.000$000 para a reconstrução do teto; 1929, 03 fevereiro - celebração solene do final das obras de construção do batistério e Arquivo e de restauração do teto da Igreja; um grupo de senhoras adquire a imagem de Nossa Senhora da Missão, para colocar no seu altar; 1933 - Maria da Glória de Medeiros Borges oferece 7.250$000 a Nosso Senhor Sacramentado e com 1.243$500 desta doação, faz-se um tapete para a capela do Santíssimo; douramento de 4 tocheiros com oiro de 22 quilates, de 6 castiçais e Crucifixo (feito em 1817); pagamento de 3.660$000 ao dourador António Machado Pavão; 1936 - o Prior Jorge Furtado da Ponte oferece à igreja uma bacia e jarro de prata, feitos no Porto (1.777$00); 1942 - chega a imagem de Nossa Senhora da Soledade; 1945 - inauguração de novos quadros e cruzes da Via-Sacra; agosto - inauguração de uma bancada de 44 bancos, na nave central (13 contos); 1947 - devota oferece a imagem de São João de Brito para o altar de Nossa Senhora das Candeias; 1948, 23 junho - visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima; 1960, 19 março - colocação de imagem de São José no altar onde estava o Sagrado Coração de Jesus; março - recolocação do cruzeiro, no extremo sul do adro, que havia sido desmontado pelos Liberais em 1867; 31, dezembro - inauguração do novo sacrário, feito pela Casa Fânzeres, de Braga, e colocação na capela-mor, retirando-se o sacrário que existia da capela lateral, para dar lugar à imagem do Sagrado Coração de Jesus; 1961, maio - compra de 4 jarras de prata lavrada (17.680$00); 1962 - o bispo D. Clemente Vieira proíbe o empréstimo de paramentos, alfaias e o realejo; Luís de Medeiros Resendes Paiva oferece quatro jarras de prata, para a capela do Coração de Jesus; 1966 - Luís de Medeiros Resendes Paiva oferece quatro lanternas de metal e uma umbela; 1971, 13 outubro - bênção da imagem comprada de Nossa Senhora de Fátima; 1974, setembro - inauguração do salão paroquial; 1986, 24 março - oferta de novo rosário à imagem de Nossa senhora do Rosário; 1989, 05 junho - visita de D. Maria Barroso, esposa do Presidente da República Mário Soares; 1993, 07 março - visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima; 1994, 22 maio - visita, no dia de Pentecostes, do Primeiro Ministro Aníbal Cavaco Silva; 1995, 22 maio - oferta de relíquia de São Pedro Gonçalves à igreja, pelo bispo de Vigo, D. José Servino, para ser venerada na ermida de Santa Catarina onde se encontra a imagem de São Pedro Gonçalves; 2009 - encontrado numa arrecadação o painel de madeira representando Lamentação de Cristo Morto (c. 2m de altura x 2m de largura); 2018, março - envio à Direção Regional da Cultura dos Açores de processo de classificação, como bem móvel de interesse público, do painel quinhentista representando Lamentação de Cristo Morto, atribuído a Diogo Contreiras.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de pedra rebocada e pintada ou em cantaria de basalto aparente; soco, pilastras, frisos, cornijas, molduras dos vãos, pináculos, cruz e elementos decorativos no exterior em cantaria de basalto aparente; portas de madeira pintada; vidros simples ou policromos; pias de água benta, pia batismal, colunas e arcos em cantaria aparente; púlpito em talha em branco e dourado; revestimento em azulejos azuis e brancos; retábulos em talha em branco ou pintada e dourada; guarda coro-alto de talha em branco; pavimento lajes de cantaria e em soalho; estuques decorativos; coberturas em falsa abóbada de berço, de estuque, as da cabeceira pintadas; cobertura de telha.

Bibliografia

ATAÍDE, Luís Bernardo Leite de - Etnografia - Arte e vida antiga dos Açores. (s.l): Edição Facsimile, vol. 4, 2011; ATAÍDE, Luís Bernardo Leite de - «Azulejos da Capella Mor da Matriz de Vila Franca do Campo». In Revista Micaelense. Ponta Delgada: abril 1919, ano 2º, nº 2, p. 177; CANTO, E. - «Notícia sobre as Igrejas, Ermidas e Altares da Ilha de S. Miguel». In Insulana. Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta Delgada, vol. LVI, 2000; COSTA, Carreiro da - História das Igrejas e Ermidas dos Açores. Ponta Delgada: Jornal Açores, 1955; DIAS, Urbano de Mendonça - História das Igrejas, Conventos e Ermidas Micaelenses - I. Vila Franca de Campo: Tipografia "A Crença", 1949; MENDES, Hélder Fonseca (dir.) - Igrejas paroquiais dos Açores. Angra do Heroísmo: Boletim Eclesiástico dos Açores, 2011, p. 97; MOURA, Mário - Nascimento de uma Paróquia na Ribeira Grande Nossa Senhora da Conceição (Século XVII). Ribeira Grande: Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, 1ª edição, 2009; PONTE, Prior Jorge Furtado da - Vila Franca do Campo na Ilha de São Miguel. Paróquia de São Miguel Arcanjo, Igreja Matriz. Vila Franca do Campo: editorial Ilha Nova, Câmara Municipal de Vila Franca do Campo, 2000; SIMÕES, J. M. dos Santos - Azulejaria Portuguesa nos Açores e na Madeira. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1963, pp. 132, 133; V. A, Água d'Alto comemora os 150 anos da sua Igreja. Vila Franca do Campo: editorial Ilha Nova, 2005.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DRMLisboa, SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1712 - obra de carpina custa à Fazenda Real (196$000); 1802 - soalho da capela do Bom Jesus (10$050); 1812, fevereiro e março - obras na capela de Nossa Senhora do Rosário, gastando-se com pedreiros (18$170), serventes (10$430), oficiais da confraria (10$125) e com pedra, telha, madeira, pregos, cal e carretos (177$480); 1820 - o altar de Nossa Senhora das Candeias sofre reparos e douramento, gastando-se com o chapéu do altar, madeira e pregos 10$000 e com o pintor e dourador Manuel Gomes 130$000; 1840 - tratamento do altar do Nascimento, por António Sineiro (600$000); 1850 - gasta-se 1$760 com o ferreiro Francisco Manuel Estrela, 9$500 com o carpinteiro Joaquim Soares e 35$000 com o alfaiate Manuel Zambiga, no altar das Almas; 1854 - pintura da capela-mor por José Marcelino, por 18$000, mais 2$400 por gratificação; 1862 - 1863 - reconstrução do teto da capela de Nossa Senhora do Rosário, gastando-se 90$840 em madeira, pregos, pedreiro, carpinteiro, o guarnecimento e a pintura; 1881 / 1882 - obras no corredor em frente à capela de Nossa Senhora do Rosário, com 123$050 em donativos, que ajudaram a pagar os 137$020 que foi o total; 1884 / 1885 - pintura do corredor da capela de Nossa Senhora do Rosário (15$970) e consertos no altar das Almas (81$800); 1886, 04 junho - o entalhador Augusto de Araújo Lima arremata a obra de restauro do retábulo-mor (299$980) paga pela Confraria do Santíssimo Sacramento; 1889 - António Nicolau faz o lajeamento das sacadas da sacristia (45$980); 1891, 27 março - Manuel Jacinto Ferreira termina o restauro do Santíssimo Sacramento e despende-se 537$460; 1891 - 1892 - gasta-se com Manuel Jacinto Ferreira 31$295, na obra do tabernáculo do Santíssimo; 1895 - 1896 - Gil Pavão faz o douramento da grade do Santíssimo e retoca o interior da capela (146$185 para o ouro e 110$200 ao pintor); 1899 - restauro do altar do Ecce Homo, aproveitando-se muita talha do retábulo velho; séc. 19, final - imagem de São Miguel vai para o Porto, para ser encarnada pelo escultor José Soares de Oliveira; 1905 - restauro do quadro em alto-relevo do altar do Nascimento, por José Soares de Oliveira, e pintura por Joaquim José Pirralho, no Porto; 1909 - obras na capela-mor, sendo pintado o teto, reparadas as paredes, restaurado o teto do camarim e feitura de um novo trono para o Santíssimo Sacramento; 1927 - o carpinteiro João Damião de Medeiros e Virgínio Nicolau fazem o teto da igreja e levantam as paredes 1,80 m; 1932 - instalação de luz elétrica; 07 maio - inauguração de 10 lustres, 18 placas e 4 plaphonicis, de vidro lapidado, que vêm de Hamburgo por 52 contos; 1946, 16 dezembro - 1948, 24 janeiro - restauro e limpeza das cantarias exteriores da igreja, caiação, retalho e pintura, por cerca de 65 contos, e feitas pelo engenheiro António Damião de Medeiros Melo e pelo mestre canteiro Artur Casimiro, que era responsável pela direção de obras de limpeza e restauro da cantaria; 1951 / 1952 - obras de restauro do adro da Matriz, pelo engenheiro António Damião de Medeiros e pelo mestre canteiro Artur Casimiro, por 144.507$80; 1959, junho - restauro do altar das Almas, nova pintura e douramento; julho - limpeza das colunas; dezembro - inauguração da instalação sonora e do novo sacrário; 1961 - nova instalação elétrica na igreja (56.700$00); séc. 20 - restauro da imagem de São Miguel, por 3.420$00; restauro do andor pelo pintor Murilo Pavão por 2.573$20; 1961 / 1962 - restauro dos altares do Bom Jesus, Menino Jesus, São José, Santa Teresinha e de Nossa Senhora da Soledade; 1969, 13 novembro - início das obras do salão paroquial; 1983 / 1984 / 1985 - obras de restauro no valor de doze mil contos, com a construção de caixas-de-ar, limpeza de toda a cantaria, das frechas da nave central que estavam cobertas de argamassa, restauro dos arcos das capelas laterais, limpeza do arco e frontão da capela-mor, das cantarias das portas, construção em pedra lavrada do arco do batistério; restauro da pintura do teto da capela-mor e da capela de Nossa Senhora do Rosário; 2014 - conclusão do restauro do painel de madeira representando Lamentação de Cristo Morto.

Observações

*1 - A invocação da igreja deve-se ao regente Infante D. Pedro, grande devoto de São Miguel, visto ele ter pedido ao Infante D. Henrique uma das ilhas para governar no Temporal e Espiritual.

Autor e Data

João Faria 2014 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese de Angra) / Paula Noé 2016

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