Fontanário - Obelisco do Largo de São Paulo / Chafariz do Largo de São Paulo

IPA.00020614
Portugal, Lisboa, Lisboa, Misericórdia
 
Arquitectura infraestrutural, neoclássica. Chafariz urbano, implantado no centro de uma praça, fronteiro à Igreja de São Paulo, ligado ao abastecimento de água da cidade, pelas Águas Livres, do tipo centralizado, com obelisco, composto por vários elementos que o sustentam, ostentando decoração e perfis variados, elevando um pequeno obelisco, rematado pela esfera armilar. Cada uma das faces com uma bica antropomórfica, de perfil clássico, que verte para um tanque semicircular, de perfil galbado e bordo saliente. Apresenta semelhanças com o Chafariz de Santo Amaro, em Beja (v. PT040205130075).
Número IPA Antigo: PT031106490856
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Estrutura  Hidráulica de elevação, extração e distribuição  Chafariz / Fonte  Chafariz / Fonte  Tipo marco

Descrição

Chafariz em cantaria de calcário liós, assente em plataforma circular de três degraus. É composto por amplo plinto paralelepipédico, que sustenta a base da estrutura, formada por elemento com o mesmo tipo de perfil, tendo os ângulos recortados a 90º e as quatro faces almofadadas, ornadas por botão, assentes e rematadas por friso liso e pequeno toro. Deste, evolui elemento côncavo, prolongando o recorte a 90º dos ângulos, seccionado, ao centro, por anel boleado, criando dois apainelados em cada face, orladas por molduras salientes. Nos apainelados inferiores, surgem, nas faces E., N. e O. as bicas, compostas por elemento côncavo, orlado por folhas de acanto e volutado na base, que centram a cabeça de uma figura jovem e masculina, de boca aberta, por onde saía a água. Os apainelados superiores ostentam inscrições incisas, avivadas a negro, surgindo, na face N., "CHAFARIZ Nº 28", sob a qual aparece uma abertura rectilínea, de acesso ao mecanismo do chafariz, protegido por porta de cantaria; na face S., a inscrição: "CAMARA MUNICIPAL DE LISBOA 1849.", surgindo a palavra Lisboa, em estilo caligráfico, rodeado de elementos sinuosos, aparecendo, na base da inscrição, a indicação de fim da mesma, composta por elementos afrontados, formando acantos estilizados. Esta base côncava serva para sustentar elemento gomeado e convexo, rematado por duplo friso, um liso e outro de acantos clássicos, em vulto, de onde emerge o obelisco, com a base saliente, ornada, na face N., por reserva circular, que enquadra a caravela, símbolo de Lisboa, encimada por laçarias; o obelisco apresenta as faces almofadadas e remata em triglifo e tabuleiro, que sustenta uma esfera armilar metálica. Adossados ao plinto inferior, surge, em cada uma das faces, um tanque de planta semicircular e perfil galbado, com bordo saliente, protegidos por tampas de madeira. Todos os elementos se encontram protegidos por anti-pombos.

Acessos

Largo de São Paulo

Protecção

Incluído na classificação da Lisboa Pombalina (v. IPA.00005966)

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado em zona plana, em plena Baixa Pombalina, no centro de um largo fechado por edifícios residenciais plurifamiliares, excepto no lado O., onde surge a Igreja de São Paulo (v. Pt031106490338). O largo é formado por quatro eixos viários, o do lado N. de maiores dimensões, que rodeiam uma plataforma pavimentada a calçada portuguesa, criando elementos geométricos, orlada por árvores de médio porte e candeeiros metálicos de iluminação pública, surgindo, no ângulo NE., um quiosque em ferro (v. PT031106491240) O espaço é pontuado por bancos de jardim e, no centro, o fontanário.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Hidráulica: chafariz

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Reinaldo Manuel dos Santos (1774); Malaquias Ferreira Leal (1848). CANTEIRO: António dos Santos (1849). ESTUCADOR: Manuel Rodrigues Lata.

Cronologia

Séc. 18, 2.ª metade - durante a reforma pombalina, foi pensada a colocação de um chafariz no local; 1774, 23 Novembro - ofício do Escrivão da Fazenda da Água Livre, para o arquitecto Reinaldo Manuel dos Santos, dizendo que o Secretário de Estado dos Negócios do Reino, pedia para se encanar a água que sobejava do Chafariz do Loreto, para o novo chafariz a construir na Praça de São Paulo, solicitando que se fizesse o projecto do mesmo; feitura do risco do novo chafariz, não executado; 1821 - 1823 - vários pedidos para se construir um chafariz no local; 1826 - o vigário da paróquia, em nome dos seus fregueses, enviou à princesa regente um pedido para a construção de um chafariz no local, necessário pelas muitas instituições, marítimos, Casa da Moeda e feira que se fazia no local; fez-se, então, um estudo para verificar a viabilidade da água poder vir do Chafariz da Esperança, o que não era viável, sendo a única solução a do Loreto, mas cuja condução era complicada, devido aos canos que existiam quer de chafarizes quer de particulares; 1827, 5 Março - é aprovado um orçamento para a obra dos canos, que orçaria em 3:414$000, mas a obra não foi concretizada; tentativa de abrir um poço artesiano no local; 1848 - os fregueses enviaram uma exposição à Câmara Municipal de Lisboa pedindo a construção do chafariz, com água encanada do Chafariz da Esperança; 16 Novembro - os vereadores aprovam a construção do chafariz, com a água a ser transportada do Loreto; decidiram aproveitar o projecto de Reinaldo Manuel dos Santos, mas adaptando-o ao gosto moderno, com alterações introduzidas pelo arquitecto Malaquias Ferreira Leal; 1849 - quando arrancaram a obra, acharam parte de um encanamento inacabado *1, parcialmente aproveitado; as carrancas foram modeladas em gesso por Manuel Rodrigues Lata, morador no Lg. de São Roque, n.º 13 e feitas pelo canteiro António dos Santos, morador na R. Nova da Trindade, n.º 16; a obra importou 3:204$895; 29 Outubro - inauguração do chafariz, com a presença de vários vereadores, o arquitecto e o Mestre Geral das Águas Livres, Félix José da Costa; 1850, 21 Fevereiro - o vereador Bento José Teixeira Pena propôs que a bica do lado poente fosse destinada aos homens do mar, o que foi aprovado e publicitado; 1851 - os sobejos iam, nesta data, para duas bicas, uma no lado do Forte e outra, para o lado oposto, onde surgia um padrão com a data "1849".

Dados Técnicos

Estrutura autónoma.

Materiais

Estrutura em cantaria de calcário; tampas dos tanques de madeira; esfera armilar em ferro forjado.

Bibliografia

ANDRADE, José Sérgio de, Memória sobre Chafarizes, Bicas, Fontes, e Poços Públicos de Lisboa, Belém e muitos outros logares do termo, Lisboa, 1851; CHAVES, Luís, Chafarizes de Lisboa, Lisboa, s.d..

Documentação Gráfica

CML: Museu da Cidade

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CML

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20 -colocação de protectores de madeira sobre os tanques e de sistema anti-pombos.

Observações

*1 - este encanamento era, talvez, o iniciado no séc. 18 para a condução de água ao futuro chafariz, podendo, também, constituir, um encanamento que se mandou fazer em 4 de Abril de 1499, no sítio de Catequefaraz.

Autor e Data

João Machado 2005 / Paula Figueiredo 2007

Actualização

 
 
 
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