Câmara Municipal de Angra do Heroísmo

IPA.00008166
Portugal, Ilha Terceira (Açores), Angra do Heroísmo, Angra (Sé)
 
Paços do concelho construído no séc. 19, de raiz para a sua função, ocupando o local onde se erguiam os antigos paços do concelho quatrocentistas. Tem planta retangular simples e linhas bastante sóbrias e regulares, com esquema de fenestração semelhante em todas as fachadas. As fachadas evoluem em dois pisos, com o primeiro revestido a cantaria, de silharia fendida, seccionado por pilastras com a mesma modinatura, e terminado em platibanda plena. A fachada principal tem cinco panos, o central rematado em frontão triangular com as armas e a representação escultórica da cidade, e é rasgado por três portais em arco de volta perfeita, intercalados por janelas de peitoril e bandeira abatida, e, no andar nobre, por janelas de varandim, terminadas em friso e cornija. As fachadas laterais são semelhantes e têm o mesmo tipo de fenestração. Interior com vestíbulo central de distribuição espacial, a partir do qual se desenvolvem as escadas para o andar nobre, de braços convergentes e lanço inferior comum. As salas são revestidas a tecido com motivos vegetalistas. O edifício reconstruído para paços de concelho no início do séc. 17, com torre central, tinha estrutura semelhante aos paços do concelho de Ponta Delgada (v. PT072103120081), Praia da Vitória (v. PT071905080001), Ribeira Grande (v. PT072105090004) e Vila Franca do Campo (v. PT072106030015). A estátua feminina em mármore que coroa o frontão, representando a cidade de Angra, teve como modelo uma campainha de ouro, oferecida ao município pelo Rei D. João VI.
Número IPA Antigo: PT071901160037
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Político e administrativo regional e local  Câmara municipal  Casa da câmara  

Descrição

Planta retangular de massa simples e cobertura homogénea em telhados de quatro águas. Fachadas de dois pisos, o primeiro com embasamento e revestido a cantaria, em silharia fendida, e o segundo percorrido por embasamento de cantaria, com pilastras de silharia fendida nos cunhais e a definir panos, e terminadas em friso e cornija sobreposta por platibanda plena, rebocada e pintada de branco, decorada por almofadas retangulares de cantaria. Fachada principal virada a O., de cinco panos, o central terminado em frontão triangular, com as cornijas denticuladas, coroado por estátua feminina em mármore, representando a cidade de Angra, e tendo o tímpano decorado pelas armas da cidade, envolvidas por motivos fitomórficos relevados, em cantaria. No piso térreo, rasgam-se três eixos de vãos, separados por pilastras, correspondendo a portal central em arco de volta perfeita, com aduelas em cunha, e a duas janelas de peitoril retilíneas encimadas por bandeira de verga abatida, e no segundo a janelas de varandim, retilíenas, com molduras formando recorte lateral, encimadas por friso, cornija reta e friso e com guarda em ferro. Os panos intermédios, coroados por vasos cerâmicos, são rasgados por um eixo de vãos, com janelas iguais às do central, e os panos extremos por três eixos, correspondendo a portal de verga reta com bandeira em arco de volta perfeita, entre janelas iguais às centrais e, no segundo piso, a janelas de varandim iguais. Fachadas laterais semelhantes, rasgadas por sete eixos de vãos, de igual modinatura às da frontaria, sendo os do piso térreo separados por pilastras em silharia fendida, correspondendo o vão central a portal em arco de volta pefeita. INTERIOR: a entrada principal acede a amplo vestíbulo, tendo frontalmente galeria com arcada de três arcos de volta perfeita, sobre pilastras toscanas e pilares centrais, coberta por falsas abóbadas de cruzaria, em estuque; lateralmente, por meio de arcos de volta perfeita nos topos da galeria procede-se a distribuição espacial e em frente, inseridos nos arcos, existem portas de verga reta, de moldura recortada; a partir do arco central desenvolve-se a escada de ligação ao andar nobre, de dois braços convergentes e o primeiro lanço comum. No patamar intermédio, onde se dispõe um busto do Infante D. Henrique, rasgam-se três amplas janelas retangulares com vitrais representando a heráldica da cidade de Angra e, ao centro, as armas nacionais. Ao nível do segundo piso, as salas são revestidas a tecido com motivos fitomórficos. O vestíbulo, com colunas num dos lados, tem amplo tapete de Arraiolos, uma mesa de bufete, em madeira de pau-santo, de finais do séc. 18, um candelabro de prata lavrada e, lateralmente, dispõem-se as cadeiras do antigo mobiliário da sala das sessões. Destaca-se a sala de sessões, com mobiliário do hemiciclo em madeira de jacarandá, ostentando em talha os três brasões usados pelo município ao longo dos séculos, e o salão nobre com teto de esmalte com a insígnia do concelho.

Acessos

Angra (Sé), Praça Velha; Ladeira de São Francisco; Rua do Galo

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Resolução do Presidente do Governo Regional n.º 41/1980, JORAA, 1.ª série, n.º 20 de 11 junho 1980 / Incluído no Núcleo urbano da cidade de Angra do Heroísmo (v. PT071901160035)

Enquadramento

Urbano, adossado pela fachada posterior, a E.. Implanta-se no Centro Histórico de Angra do Heroísmo, adaptado ao declive do terreno, constituindo o topo de um lote, flanqueado por vias, com passeios separadores, possuindo frontalmente ampla praça, a denominada Praça Velha, pavimentada a calçada à portuguesa, formando motivos geométricos, e pontuada de árvores. À volta da praça erguem-se a Capela do Nossa Senhora da Saúde, a N., e o Edifício da Caixa Geral de Depósitos (v. PT071901160052), a O.. As frentes urbanas das imediações integram edifícios de interesse, como o Convento de São Francisco (v. PT071901040005), a Capela do Cruzeiro (v. PT071901040009) ambos a NE, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição (v. PT071901040029), o Palacete Silveira e Paulo (v. PT071901040039) ambos a SE., a Sé Catedral de Angra do Heroísmo (v. PT071901160028) a SO., o Colégio de Santo Inácio (v. PT071901160008), junto do Jardim Duque da Terceira (v. PT071901160072) a NO.

Descrição Complementar

As armas da Câmara Municipal de Angra são: de prata com um castelo de vermelho aberto e iluminado de ouro, assente num contra-chefe de quatro faixas, duas de verde e duas de prata. Em chefe um açor de sua cor, voante, tendo nas garras uma quina de Portugal. Coroa mural de prata de cinco torres. O escudo é acompanhado lateralmente e no pé pelo colar da Ordem da Torre e Espada. Listel branco com os dizeres "Cidade de Angra do Heroísmo" de negro. A bandeira é: Quarteada de quatro peças de amarelo e quatro de vermelho. Cordões e borlas de ouro e de vermelho. Haste e lança douradas.

Utilização Inicial

Política e administrativa: câmara municipal

Utilização Actual

Política e administrativa: câmara municipal

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1474 - data do primeiro Senado de Angra, estabelecido por João Vaz Corte Real; o seu edifício situava-se sensivelmente no mesmo local do actual; 1534 - elevação de Angra do Heroísmo a cidade; 1589 - representação do edifício da câmara com uma pequena praça frontal, na carta de Jan Huygen van Linschoten; por detrás do edifício existia uma pequena travessa que ligava a Rua do Galo à Ladeira de São Francisco; 1608 - terramoto causa grandes prejuízos no casario da cidade; 1610 / 1611 - remodelação do edifício da câmara e ampliação da praça envolvente; representações do edifício mostram-no tendo dois pisos e fachada principal de três panos, os laterais semelhantes, com uma janela de peitoril no piso térreo e duas de sacada com cornija reta no segundo; o pano central tinha arcada de cinco arcos de volta perfeita encimada por varanda com colunas sustentando arquitrave, acedida por lanço de escadas laterais; ao centro erguia-se ampla torre sineira quadrangular, de dois registos, coroada por pináculos; o edifício albergava simultaneamente a cadeia e o tribunal; 1643, 1 abril - alvará de D. João IV concedendo o título de "sempre leal cidade", pelos seus notáveis feitos; 1830, 15 março - Decreto nomeando Angra a capital do reino; 1831 - a Câmara de Angra foi a primeira do país a ser eleita, após a reforma administrativa; 1837, 12 janeiro - Carta Régia conferindo o título hororífico de "mui nobre, leal e sempre constante cidade de Angra do Heroísmo" e condecoração com a Grã-Cruz da Torre e Espada; 1847 - decide-se construir um novo edifício, mandando-se executar a sua planta na cidade do Porto, talvez por infliuência de António José Rodrigues Fartura, um rico comercante daquela cidade e estabelecido em Angra; 15 junho - início das obras preliminares; 1849, 11 agosto - lançamento da primeira pedra do actual edifício da Câmara, tendo sido escolhida a data da comemoração do 20º aniversário da Batalha da Praia; 1865, 10 março - edital altera a denominação da praça do edifício para Praça da Restauração; 1866, 11 agosto - inauguração solene dos novos paços do concelho, em cujas obras se gastaram mais de 40 contos de reis; 1901 - decoração do salão nobre aquando da recepção de D. Carlos e D. Amélia de Orleans; séc. 20, 1º quartel - feitura dos vitrais do patamar da escada, com risco de risco de Abraham Davis Abbot e fabricados em Lisboa; 1950, década - execução do mobiliário do hemiciclo em madeira de jacarandá da sala de sessões, pelas oficinas da escola da Fundação Ricardo Espírito Santo Silva; 1957 - feitura dos reposteiros, sanefas e outros elementos decorativos do salão nobre, realizados aquando da visita presidencial do Marechal Craveiro Lopes; 1960 - feitura do busto do Infante D. Henrique por Numídio Bessone, aquando das celebrações do V Centenário da sua morte; 1980, 1 janeiro - sismo provoca grandes danos no imóvel, nomeadamente: fraturas e deslocamentos importantes nas paredes em elevação, suportes de estrutura da cobertura, sobretudo nos arcos das aberturas de circulação do sótão; fendilhamento de algumas zonas da platibanda; deslocamento ou derrube de elementos decorativos; mau estado de conservação da zona de apoio nas paredes exteriores das pernas, rincões e vigas do pavimento do sótão, especialmente na parede S., e deformações apreciáveis das pernas das madres da cobertura do espaço do salão nobre; 2004, 09 setembro - publicação da Resolução do Conselho do Governo n.º 126/2004, referindo consumir a classificação anterior do imóvel por inclusão na Zona Central da Cidade de Angra do Heroismo, em JORAA , 1.ª série, n.º 15.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada ou revestida a cantaria de basalto; embasamento, molduras dos vãos, frisos, cornijas, pilastras e outros elementos em cantaria de basalto; guardas em ferro; portas e caixilharias em madeira; vidros simples; estátua de mármore; pavimentos em cantaria, cerâmicos e em madeira; paredes do andar nobre revestidos a tecido; vitrais; tectos de estuque; cobertura de telha.

Bibliografia

Angra do Heroísmo: Janela do Atlântico Entre a Europa e o Novo Mundo. Horta (Faial): Direcção Regional de Turismo dos Açores, s.d.; O Angrense, n.º 3038, 18 Novembro 1905; DIAS, Pedro - Arte de Portugal no Mundo - Açores. Lisboa: Público - Comunicação Social S.A., 2008; JÚNIOR, Domingos A. Vaz - «Restauro e reestruturação (anti-sísmica) na recuperação de edifícios históricos na Região Autónoma dos Açores». In 10 Anos após o sismo dos Açores de 1 de janeiro de 1980. Lisboa: Carlos Guedes Oliveira, Arcindo R. A. Lucas e J. H. Correia Guedes, 1992, vol. 2, pp. 563-606; http://pt.wikipedia.org/wiki/Palácio_do_Concelho_de_Angra_do_Heroísmo [consultado em dezembro 2011].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1980, década - obras de recuperação na sequência do sismo, constituídas na: construção de "estrutura parede", obtida pela cintagem horizontal da parede, nas duas direcções ortogonais, ao nível dos tectos do primeiro e segundo pisos, e pela cintagem vertical dos painéis de paredes interiores; a cintagem vertical é obtida por cordões de aço pré-esforçado não aderentes alojados nas paredes interiores, em ranhuras; as cintas horizontais são constituídas por elementos de betão pré-fabricado e pré-esforçado, introduzidas nas paredes nos níveis referidos; reforço da platibanda e plinto da estátua.

Observações

EM ESTUDO *1 - A praça onde se ergue o edifício da Câmara foi conhecida por Praça, Praça dos Santos Cosme e Damião, Praça dos Cosmes, Praça Velha, Praça da Restauração e Praça Velha.

Autor e Data

Paula Noé 2012

Actualização

 
 
 
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