Quinta das Torres

IPA.00009439
Portugal, Lisboa, Amadora, Alfragide
 
Arquitectura residencial, setecentista e oitocentista. Quinta.
Número IPA Antigo: PT031115030005
 
Registo visualizado 4212 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Residencial unifamiliar  Quinta  Casa abastada  

Descrição

A casa principal tem planta em L e volumetria paralelepipédica, sendo a cobertura efectuada por telhado a 2 águas. Em reboco pintado e com abertura de vãos de verga recta com emolduramento simples de cantaria - janelas de peito -, o edifício compõe-se de 2 pisos, que, pela sua implantação em declive se limita a um piso no alçado N. Destaca-se o alçado lateral O., que, alinhado pela alameda de acesso à propriedade, apresenta ao nível do 1º andar, pano de muro animado pela abertura de porta e janelas articuladas com bancos dispostos contíguamente à fachada e integralmente revestidos por azulejos policromos de figura avulsa e embrechados; precedem a porta, 2 figuras escultóricas de vulto em pedra, assentes em plintos que, demarcam não só o acesso ao interior mas também o início de uma escada de lanço recto conducente ao piso térreo do alçado posterior - cuja guarda, em muro, é igualmente revestida com decoração em embrechados de temática zoomórfica. Como principais acessos ao interior, além daquele localizado no alçado descrito, reconhece-se um outro no alçado N. INTERIOR: regista-se, no 1º andar, organização da compartimentação interna ao longo dos alçados, genericamente comunicante entre si e articulada com corredor de distribuição, a partir do qual se acede ao piso inferior através de escadaria, localizada no lado E., próxima da zona de serviços (cozinha); no extremo O., destaca-se uma ampla sala animada no seu sentido transversal por arco abatido, bem como a presença, neste e noutros compartimentos, de lambris azulejares monócromos e policromos de estampilha. No jardim distinguem-se, várias espécies botânicas exóticas, os antigos tanques, e um caramanchão que, delimitado por árvores estabelece uma zona de fresco - de planta semicircular e cobertura em abóbada de concha exibe tratamento plástico de teor neomanuelino, identificável ao nível do arco de remate da estrutura arquitectónica, com colunas de fuste em torçal encimadas por pedras de armas de Portugal e da superfície murária, animada por embrechados e apontamentos escultóricos associados ao mar - barcos, faróis, peixes, âncoras - e dispostos segundo uma malha reticular definida por cabos.

Acessos

Estrada da Portela, Quinta das Torres

Protecção

Enquadramento

Situada nas proximidades do Bairro do Moinho do Alto, e apesar de se integrar numa malha urbana recente, definida por redes viárias e caracterizada sobretudo por prédios de habitação, a quinta é intrinsecamente um objecto rural, apresentando um núcleo principal murado contendo a casa, o jardim e o assento de lavoura. Na área agrícola, organizada em socalcos e terraços limitados por muros de suporte onde se apoiam as estufas (no extremo S.), reconhece-se uma zona de regadio dividida em 2 parcelas separadas por uma azinhaga.

Descrição Complementar

Jardim, no qual existem numerosas espécies vegetais de interesse, algumas exóticas (destacando-se a presença de um dragoeiro e de bambu), árvores de fruto e arbustos ornamentais.

Utilização Inicial

Residencial: quinta

Utilização Actual

Assistencial: lar / Educativa: escola básica

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: João Garrido (1994).

Cronologia

Séc. 13 - doação, pelo rei D. Dinis, dos terrenos onde se implantava a quinta às freiras do mosteiro de Odivelas; Séc. 17, inícios - a quinta, então designada como casal dos Montijos, era pertença de Cosme Dias e Joana Fernandes; Séc. 17, meados - eram proprietários da quinta Maria Dinis e seu filho, o capitão António Dinis, de Montijos; 1684 - ainda que permanecendo na posse da quinta o capitão António Dinis não residia na propriedade mas sim em Loures; 1685 - era proprietário da quinta Leonardo João (tendo a mesma estado entretanto brevemente na pose de Manuel Lopes Falcato); 1703 - residem no ainda designado casal dos Montijos, o seu proprietário, Leonardo João, sua esposa D. Margarida João, e as 2 filhas de ambos, Maria e Domingas, juntamente com 10 trabalhadores e criados (no mesmo casal mas numa outra habitação viviam António Jorge e sua mulher Antónia João, 3 filhos e um escravo); 1722 - na quinta continua a residir Leonardo João e sua família, surgindo ainda um padre Manuel Leonardo, uma irmã do proprietário Maria Leonarda e mais 4 moços; 1756 - residem no casal António Ribeiro da Silva, sua mãe Maria Teresa Xavier, o Pe. António Ribeiro da Silva , 2 familiares, 2 criados, 2 escravos e um sobrinho; 1756, 15 Ago. - é enfiteuta da propriedade o Doutor António Ribeiro da Silva, clérigo do hábito de São Pedro; 1775, 13 Nov. - oDoutor António Ribeiro da Silva, nomeia herdeira universal de seus bens sua irmã, D. Leocádia Luisa Rosa da Silva, a qual escolhe por sua vez, como herdeira D. Josefa Joaquina de Noronha e Fóios, vindo esta última a herdar o casal dos Montijos, então constituído por casa, quinta e casal, tudo foreiro ao mosteiro de Odivelas; 1812, 11 Jul. - por falecimento de D. Josefa Joaquina de Noronha e Fóios, a propriedade passa para a posse de sua filha (e de seu marido, Máximo Francisco da Fonseca e Gouveia), D. Feliciana Celestina da Fonseca Noronha e Fóios; 1818, 23 Ago. - por falecimento de D. Feliciana Celestina da Fonseca Noronha e Fóios, recebe a propriedade a sua irmã, D. Ana Gertrudes da Fonseca Noronha e Fóios, casada com Estevão Gonçalo Torres, herdando posteriormente o casal dos Montijos a filha de ambos D. Amélia Augusta da Fonseca Torres, a partir de meados do séc. a quinta vai sendo preferencialmente designada como Quinta das Torres; 1877 - campanha de obras e beneficiações, assinaladas pelo registo desta data no pavimento empedrado de acesso à casa; 1899, 9 Set. - por falecimento de D. Amélia Augusta da Fonseca Torres herda a propriedade uma sua prima afastada, D. Laura Amélia da Fonseca Noronha e Fóios de Figueiredo, casada com Albino Martins de Figueiredo, os quais ainda se encontravam na posse da quinta na década de 60 do séc. 20, passando a mesma posteriormente para a posse do Estado; 1974 - à data da Declaração de Expropriação Sistemática, praticava-se na quinta a floricultura intensiva, sendo então dotada de uma complexa rede de rega e de numerosas estruturas; 1986 - fundação da Santa Casa da Misericórdia da Amadora; 1988 - instalação de um centro de dia para idosos da Santa Casa da Misericórdia da Amadora na casa da quinta (arrendada ao Estado), nos terrenos a Junta de Freguesia de Alfragide viria a instalar alguns viveiros; 1994 - aquisição da propriedade pela Santa Casa da Misericórdia da Amadora, que promove a conservação da antiga casa da quinta (aí procedendo posteriormente à instalação dos seus serviços administrativos), e edifica nos terrenos envolventes 2 imóveis destinados a funcionar como lar de idosos e escola, da autoria do arquitecto João Garrido.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira, azulejos (séc. 19)

Bibliografia

PROENÇA, Pe. Álvaro, Benfica Através dos Tempos, Lisboa, 1964; FERNANDES, José Manuel, (coord. de), Arquitectura e Paisagem do Concelho da Amadora. Levantamento dos Edifícios e Espaços com Interesse Histórico, Urbano e Paisagístico do Concelho da Amadora, Amadora, 1982 (texto policopiado); NEVES, Vítor M. L. Pereira das, Amadora Grande e Desconhecida. Monografia, Amadora, 1991

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

IGAPH : 1986 - obras de restauro na casa da quinta; SCMA : 1994 - 95 - obras de conservação e beneficiação da cozinha (substituição de pavimentos e revestimento azulejar)

Observações

Autor e Data

Teresa Vale e Maria Ferreira 2000

Actualização

 
 
 
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