Os Castelos da Ordem do Templo em Portugal – Um Percurso

Portugal continental
 

O presente Inventário Temático sobre os Castelos da Ordem do Templo procura traçar brevemente a evolução da Ordem em Portugal, desde o seu estabelecimento até à sua extinção, e as principais características apresentadas por vinte oito castelos construídos, dois deles transformados em paço dos comendadores muito cedo, e quatro deles já desaparecidos. Não pretende descrever, como um todo, os castelos que, em determinado momento, estiveram na posse da Ordem, mas destaca a construção templária primordial, ainda assim tão falível dadas as constantes reconstruções de que foram alvo.

De facto, os castelos serão a tipologia arquitetónica que mais obras de adaptação e reformas teve ao longo do tempo e, simultaneamente, a que sofreu maior índice de destruição. A maioria dos castelos teve reformas posteriores, para adaptação à evolução das técnicas de guerra e à pirobalística, ou para melhorar as suas condições de defesa e de habitabilidade. Destacam-se, por exemplo, a construção de cercas urbanas associadas, as barbacãs da porta ou extensas, a abertura de troneiras ou a construção de paços à volta da torre de menagem, no interior do recinto. A descrição dos castelos nos tombos da Ordem de Cristo da primeira década do século XVI e a sua representação por Duarte de Armas documentam essa mesma evolução e, por vezes, constituem os mais antigos testemunhos conhecidos dos mesmos.

Nos séculos XVII e XVIII, muitos castelos templários voltaram a ter importância estratégica, dada a sua proximidade com Espanha ou a sua implantação numa zona de fácil penetração inimiga. Tais factos, levarão a novas alterações no castelo medieval, ou à sua destruição, ou ainda à construção de uma fortificação de tipo “moderno” a envolver o castelo e / ou a cerca urbana medieval, durante a Guerra da Restauração (1640-1668), aquando da Guerra da Sucessão de Espanha (1704) ou até no decurso das Invasões Francesas (1807-1814). No entanto, nenhuma destas transformações operadas nos castelos da Ordem do Templo será considerada neste inventário temático, remetendo-se para o registo de inventário SIPA o conhecimento da evolução posterior e total de cada castelo.

 
 

Descrição

A Ordem do Templo foi fundada em Jerusalém, em 1118 ou 1119, por um grupo de nove cavaleiros franceses, para a defesa e proteção dos peregrinos que visitavam a Terra Santa. Designados inicialmente Pauperi Equites Christi ou Militia Christi, passam a denominar-se Milites Templo, após o rei Balduíno II lhes ter doado uma parte da sua residência, identificada com o antigo Templo de Salomão.

Em Portugal, o processo da Reconquista facilitará o estabelecimento das ordens militares, já que o ideal e o objetivo da Cruzada coincidiam no combate aos infiéis. A presença da Ordem do Templo está documentada no território nacional desde 1128, correspondendo à data da aprovação da sua regra e da expansão para ocidente da Europa, assumindo um papel de grande importância na evolução da arquitetura militar e na defesa do reino, especialmente nos séculos XII e XIII.

No início do século XIV surge uma campanha de difamação e de perseguição contra a Ordem do Templo, fomentada pelo rei de França, D. Filipe IV, o que leva o papa Clemente V a ordenar uma inquirição geral em todos os países para avaliação dos bens e comportamentos dos freires.

D. Dinis inicia uma série de medidas políticas centralizadoras, procurando evitar a possível apropriação dos bens dos Templários, por estranhos ou pela Ordem do Hospital e, paralelamente, alia-se aos reis ibéricos, comprometendo-se a auxiliarem-se mutuamente, caso o papa pretendesse apoderar-se dos bens dos Templários.

A Ordem do Templo seria extinta, em 1312, pela bula Vox clamantis, datada de 22 de março, e, pela bula Ad providam, de 2 de maio. O papa Clemente V transfere todos os seus bens para a Ordem do Hospital, exceto os de Portugal, de Castela, de Aragão e de Maiorca, os quais ficariam na posse interina dos monarcas, até o conselho decidir qual o seu destino. A pedido de D. Dinis, o papa João XXII, pela bula Ad ea ex quibus, de 14 de março de 1319, institui a Ordem dos Cavaleiros de Cristo, ou a Ordem de Cristo, como sucedânea da Ordem do Templo, para quem passam os seus bens.

Desde o início, a Ordem do Templo teve o apoio da Coroa, destacando-se o número de doações recebidas durante o reinado de D. Afonso Henriques, tendo alcançado o seu período áureo durante o mestrado de D. Gualdim Pais (1157-1195), grande impulsionador e empreendedor da milícia. A expansão da ordem no território nacional esteve intimamente ligada ao avanço da Reconquista para o Sul, o que se refletirá nas terras recebidas, em zonas de fronteira, ou que permitiam dominar importantes vias de comunicação, e na linha de castelos que (re)construiriam, interligadas por atalaias, podendo identificar-se quatro grandes zonas ocupadas pelos Templários:

1) região a sul de Coimbra, formando uma zona tampão e permitindo controlar os acessos meridionais à cidade, elevada a capital do reino até 1131 (castelos de Soure, de Ega, de Redinha e de Pombal);

2) vale do Tejo, constituindo primeiramente uma linha de penetração e depois, durante a segunda metade do século XII, uma linha estável de ocupação (castelos de Ceras, de Tomar, de Almourol, da Cardiga, do Zêzere e de Ródão e, a sul do Tejo, o de Nisa e o de Alpalhão);

3) fronteira leste, confinando com o Reino de Leão e Castela (castelos de Mogadouro e de Penas Róias, em Trás-os-Montes, os de Longroiva, de Vila de Touro, de Penha Garcia, de Monsanto, de Salvaterra do Extremo, de Segura, de Rosmaninhal, na região da Beira Baixa, e o de Montalvão, a sul do Tejo);

4) Beira, constituindo uma zona de grande instabilidade e pouco povoada (cidade de Idanha-a-Velha, castelos de Penamacor, de Castelo Novo, de Bemposta, de Proença-a-Velha, de Castelo Branco e de Idanha-a-Nova).

Verifica-se uma maior concentração de castelos templários no vale do Tejo, na fronteira leste e na região da Beira, sendo estes últimos de construção mais tardia, visto a prioridade da ordem ter incidido compreensivelmente na defesa das regiões de fronteira. Por outro lado, é quase inexistente a sul do Tejo, já que aí a Reconquista esteve especialmente a cargo da Ordem de Avis e da Ordem de Santiago.

Vários destes castelos já existiam anteriormente, tendo a Ordem do Templo procedido à sua reforma e/ou reconstrução, conservando ainda atualmente estruturas primitivas mais ou menos significativas, como os castelos de Soure, de Longroiva e de Idanha-a-Velha. Mas a maioria seria construída de raiz, ainda que, por vezes, sobre estruturas fortificadas anteriores, como Tomar e Monsanto.

Implantam-se em locais estratégicos, com grande domínio visual sobre a zona envolvente, em outeiros ou locais sobrelevados, sobre constituições rochosas, das quais se consegue tirar o maior partido defensivo. O Castelo de Soure e a vila fortificada de Idanha-a-Velha seriam os únicos a surgir em planícies e locais planos, contudo ambos constituem fortificações mais antigas, de que se preservou grande parte da estrutura. De um modo geral, esses castelos seguem o modelo típico do Norte, com uma pequena estrutura muralhada e pátio de dimensões exíguas, à exceção do Castelo de Tomar, que segue o modelo das fortificações típicas do Sul, composto por almedina, pátio e alcáçova.

Tipologicamente, identificam-se três tipos de castelos:

1) Castelo formado por recinto muralhado simples (Ega, Vila do Touro e, eventualmente, Redinha);

2) Castelo formado por recinto muralhado reforçado por torres e/ou cubelos e possuindo torre de menagem (a grande maioria dos castelos templários);

3) Castelo tipo “mota”, formado por uma torre disposta em plano sobrelevado, com piso superior em madeira, edificada no cimo de um monte artificial, criado com a acumulação de materiais, resultante da escavação da área envolvente, de planta circular, que era cercada por paliçada. Esta tipologia até agora não estava identificada em Portugal (Bemposta).

Dada a ausência de descrições ou representações gráficas antigas, ou do grau de destruição, alguns castelos não podem ser definidos tipologicamente, como por exemplo os de Rosmaninhal, de Ozêzere, e até de Montalvão, dado que, por este não ter sido concluído, não se sabe se uma das torres corresponderia à de menagem, o que parece improvável.

Detentores de profundos conhecimentos das táticas de guerra e da arquitetura militar, fruto do contacto com as fortificações do Próximo Oriente, nomeadamente por parte do mestre Gualdim Pais, os Templários manifestarão nos castelos construídos toda a sua mestria, sendo responsáveis, segundo Mário Barroca, pelos castelos mais sofisticados ao longo do século XII. Serão também responsáveis pela introdução de alguns aspetos inovadores na arquitetura militar, os quais serão progressivamente adaptados e difundidos, ao longo da Idade Média.

Uma das principais inovações nos castelos românicos será a introdução da torre de menagem, disposta isoladamente no interior do pátio da fortificação, no local mais alto, e, quando possível, sobre afloramentos rochosos, assegurando o comando de todas as partes do castelo. Os primeiros exemplos, de meados do século XII, estão ligados ao mestrado de Gualdim Pais e são quase todos documentados por inscrições, revelando o caráter excecional da estrutura na época: a mais antiga, torre do Castelo de Tomar (1160), a de Almourol (1171), a de Pombal (1171), a de Penas Róias (1172) a de Longroiva (1174), a de Soure, introduzida na reforma da terceira fase (c. 1171-1175), a de Monsanto, atualmente inexistente, mas ainda desenhada por Duarte de Armas, a de Mogadouro, sensivelmente contemporânea da de Penas Róias, a de Vila Velha de Ródão, a de Salvaterra do Extremo, a de Castelo Novo e a de Idanha-a-Nova.

Nos castelos de construção mais tardia, ou com reformas góticas, normalmente relacionadas com as de D. Dinis, mas nem sempre percetíveis se são anteriores ou posteriores à extinção da Ordem, a torre de menagem desloca-se para o circuito de muralhas, que passa a integrar, avançando para o exterior. Primeiramente, apresenta ainda planta quadrangular ou retangular - Segura (reformada no século XVI), Alpalhão, Nisa e Penamacor (também reformada no início do século XVI)) - e, depois, passa a ter planta poligonal (Penha Garcia e Castelo Branco, esta já posterior à extinção da ordem). É notório o facto de, ainda no início de Quinhentos, se construírem torres de menagem, como acontecerá no Castelo de Proença-a-Velha, enquanto noutros castelos, como em Soure, esta passa a ser abandonada.

A torre de menagem nos castelos templários tem normalmente três pisos, sendo o piso térreo sem aberturas, aproveitado como cisterna (Longroiva), ou aljube (Segura), e porta sobrelevada, de verga reta ou, predominantemente, em arco, primitivamente acedida por escada móvel que, em caso de perigo, poderia ser removida. No interior, a divisão entre os pisos seria feita essencialmente por estruturas de madeira, sendo as coberturas abobadadas fruto de obras mais tardias (Tomar e Castelo Novo).

A ordem seria também responsável pela introdução do alambor, estrutura pétrea rampeada na zona inferior das muralhas e das torres, que, para além de aumentar a estabilidade dos muros, também dificultava os trabalhos de sapa e de minagem, impedia a aproximação dos engenhos de guerra e torres de assalto e anulava os ângulos mortos, evitando assim que os sitiantes se abrigassem junto aos muros e os escalassem. O alambor seria utilizado para reforçar partes das muralhas (Almourol), de torres (Soure, Segura), das torres de menagem (Pombal, aí conciliado com contrafortes, e Soure), ou a circundar todo o perímetro fortificado, só interrompido nas portas, como nos castelos de Montalvão e de Tomar, constituindo este o exemplo mais notável em Portugal, dada a sua extensão, dimensão e volume.

O terceiro aspeto inovador introduzido pelos Templários terá sido o cadafalso ou hurdício, uma galeria de madeira a coroar as estruturas torreadas, na face externa dos muros, permitindo tiro vertical sobre a base dos mesmos. Surgirá pela primeira vez na torre de menagem do Castelo de Longroiva, sendo atualmente apenas identificável pelos orifícios quadrangulares, dispostos regularmente, onde se fixavam os suportes da sua sustentação.

Para além destas inovações, que se generalizariam nas fortificações portuguesas, houve outros aspetos experimentados pela ordem na construção do Castelo de Almourol que, ao que parece, não se repetiriam. De facto, apesar das suas reduzidas dimensões, o espaço interior surge compartimentado, aproveitando a diferença de cotas de implantação para definir duas áreas independentes: a inferior, sobre a qual era possível fazer tiro a partir de planos superiores, e o pátio superior, de menores dimensões, e integrando a torre de menagem. O recinto inferior possui os topos delimitados por panos de muralha mais elevados que, desprendendo-se do circuito superior do adarve, avançam até às torres dos extremos, funcionando como uma couraça, onde o parapeito é ameado de ambos os lados, permitindo a defesa da guarnição em relação ao exterior e ao pátio inferior. Para além disso, o pátio superior tem, nas frentes, norte e poente, seteiras num nível inferior, com mísulas dispostas inferiormente, talvez de suporte de um outro adarve independente, o que também não é comum.

Desconhece-se como seria o primitivo remate dos castelos, mas, como no início do século XVI os paramentos eram maioritariamente ameados e percorridos no interior por adarve, é possível que assim fosse desde o início. Os castelos tinham associados cisternas, poços ou fontes de água potável, dos quais dependia a capacidade de resistência da sua guarnição ou população a longos cercos. Duarte de Armas representa torres cisternas nos castelos de Idanha-a-Nova e de Segura, mas estas surgem predominantemente inseridas no pátio, por vezes no interior de dependências, como em Penha Garcia, ao nível do solo e escavadas na rocha. A cisterna do castelo de Tomar tinha planta em “V”; Pombal tinha uma cisterna no castelo e uma outra no interior da Igreja de Santa Maria, junto à barbacã; Monsanto tinha uma cisterna no recinto do castelo e outra, muito grande, na vila intramuros; existiam também cisternas nos castelos de Castelo Branco, Salvaterra do Extremo, Penha Garcia e Penamacor, sendo essa hoje denominado de poço d’El Rei.

Autorizada a construir templos nos seus territórios, a ordem irá construir igrejas bem junto aos castelos, como a Igreja de Santa Maria de Finisterra em Soure, de que subsiste apenas a marcação dos seus alicerces, a de Santa Maria e de Nossa Senhora da Conceição, que seriam posteriormente integradas na liça da barbacã de Soure e de Idanha-a-Nova, respetivamente, no interior da vila intramuros, como em Tomar e em Monsanto, ou no interior do recinto do castelo, sendo o de Castelo Branco o único caso.

A caracterização das construções arquitetónicas dos Templários não se esgota neste breve inventário temático sobre os Castelos da Ordem do Templo em Portugal. Pelo contrário, é mais uma súmula das principais características dos castelos que a ordem irá (re)construir, na estrutura mais próxima da sua “fase templária”, apontando, sempre que possível, os aspetos inovadores introduzidos pela ordem, fruto dos conhecimentos absorvidos nas fortificações do Próximo Oriente, e que contribuíram decididamente para o desenvolvimento da arquitetura militar portuguesa.

Paula Noé, 2016

Para saber mais sobre os castelos da Ordem do Templo em Portugal consulte neste site o seguinte artigo: NOÉ, Paula - Os castelos da Ordem do Templo em Portugal. Lisboa: SIPA, 2016.

Tipologia

Arquitetura militar

Imóveis Recomendados

Castelo de Soure

IPA.00002708
Portugal, Coimbra, Soure, Soure
 

Implanta-se no vale baixo do Mondego, numa pequena colina, na confluência dos rios Anços e Arunca, sendo classificado como Monumento Nacional (Decreto n.º 37 366, DG, de 05 abril 1949, n.º 70).

Construído entre 1065 e 1091, por D. Sesnando, alvazil de Coimbra, com planta retangular irregular, possivelmente sem torres nem cubelos, seria reformado pela Ordem do Templo, pouco depois de lhe ter sido doado, em 1128, e ainda no terceiro quartel do século XII. Assim, mantendo parte dos paramentos, rasgados com seteiras, ainda visíveis a sul e a nascente - onde tem ajimezes proto-românicos ou posteriores - e com a porta ao nível térreo, na reforma efetuada após a sua transformação em sede da ordem, procede-se à construção de, pelo menos, duas torres. Estas flanqueavam a frente sul, a mais desprotegida, subsistindo apenas a de sudoeste, parcialmente apoiada na espessura da muralha, com alambor nas três faces - inovação arquitetónica introduzida pela ordem - de três pisos e acesso sobrelevado, por porta reaproveitando um ajimez com decoração sacro, possivelmente reaproveitado do Mosteiro de Soure, arruinado aquando do incêndio da povoação, em 1116. Por volta de 1175, iniciar-se-ia a terceira fase, com a construção da torre norte, que Mário Barroca pensa ser a de menagem, com alambor na face nascente tal como o pano de muralha, a partir da qual se desenvolveria exteriormente outra estrutura. No último piso da face interna da torre abre-se vão em arco ultrapassado, moçárabe.

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Castelo de Pombal

IPA.00003279
Portugal, Leiria, Pombal, Pombal
 

Implanta-se numa colina sobranceira à vila de Pombal, na margem direita do rio Arunca, sendo classificado como Monumento Nacional (Decreto de 16-06-1910, DG, de 23 junho 1910, n.º 136).

A sua construção terá início em 1156, apesar de o território de Soure, onde se insere, ter sido doado à ordem em 1128, constituindo uma das primeiras iniciativas do mestre D. Gualdim Pais à frente da milícia. Apresenta planta ovalada irregular, composta por muralha e dez torres, retangulares ou quadrangulares, a reforçar as suas inflexões ou a longa frente retilínea, a nascente, numa distância média de cerca de 10 metros, aspetos que, segundo Mário Barroca, revelam notável conceção e é invulgar para a época e panorama nacional, fazendo recordar algumas fortalezas almorávidas. Tem paramentos aprumados, com pequeno alambor nos dois panos de muralha que ladeiam a porta, apenas visível após as obras de restauro. Inicialmente teria, pelo menos, uma porta de acesso, rasgada num apertado pano de muralha, flanqueado por torres, à semelhança do que acontece no Castelo de Tomar, tendo sido transferido, no século XVI, o acesso principal para a frente noroeste, um pano de muralha mais desafogado e virado à vila. A torre de menagem só seria construída em 1171, isoladamente e quase em frente da porta, com planta quadrada e paramentos aprumados com alambor pétreo, inspirado nos castelos do Próximo Oriente, sendo menos saliente na face principal, por esta possuir também contrafortes laterais, de modo a conferir maior estabilidade à torre, o que a faz parecer mais larga e menos alta do que realmente é. Tem acesso sobrelevado, na face oposta à entrada do castelo, e possui interiormente três pisos, iluminados por seteiras retilíneas.

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Castelo de Tomar

IPA.00003390
Portugal, Santarém, Tomar, União das freguesias de Tomar (São João Baptista) e Santa Maria dos Olivais
 

Implanta-se numa colina com boas condições estratégicas, sobranceira à atual cidade de Tomar e ao rio Nabão, sendo classificado como Monumento Nacional (Decreto de 16-06-1910, DG, 1.ª série, de 23 junho 1910, n.º 136).

Concebido para albergar a sede da Ordem dos Templários, a sua construção decorre entre 1160 e 1169. A sua estrutura denota particular cuidado, seguindo o modelo das fortificações típicas do sul, compostas por almedina, pátio e alcáçova, esta disposta na zona mais alta da colina, e desenvolvida entre dois polos: o militar, com o castelo, que constitui o último reduto, e o religioso, com a charola, que servia simultaneamente de torre de defesa. As estruturas estão magistralmente adaptadas aos contornos irregulares do terreno, formando esporão, e apresentam, ao longo de todo o perímetro exterior, tal como na face do castelo virada ao pátio e à alcáçova, que foi desbastada nos restauros do século XX, possante e volumoso alambor pétreo, inspirado na arquitetura militar dos Cruzados, no Próximo Oriente, apenas interrompido nas portas. As muralhas são reforçadas por torres ou cubelos, quadrangulares e semicirculares, de paramentos aprumados - revelando sucessivas reformas ao longo do tempo - os do castelo reaproveitando silhares romanos, visigóticos e moçárabes, refletindo o ritmo acelerado da construção. O castelo, acedido a partir da alcáçova, possui planta poligonal, de pequenas dimensões, e é composto por duas torres mais altas que as muralhas, uma quadrangular e outra pentagonal, permitindo cobrir as portas do pátio e do castelo, e, no interior, torre de menagem retangular, a mais antiga que se conhece em Portugal e datada por inscrição. A alcáçova desenvolve-se entre o castelo e a charola, devia ter uma pequena porta da traição, aberta na muralha nascente, e viria a ser parcialmente ocupada com a construção do Convento de Cristo. A charola, evocando a tipologia do Santo Sepulcro e do Templo de Salomão, integrava a frente noroeste da muralha e a sua construção deverá ser ligeiramente posterior à fortificação, substituindo possivelmente uma outra torre mais simples. O pátio, bastante amplo, desenvolve-se entre a alcáçova e a almedina, separando-se de ambos por muralha ameada com porta. A almedina desenvolve-se no limite sul da fortificação, na zona mais baixa e acompanhando o declive da colina, tendo sido abandonada pela população, no início do século XVI. A zona entre a torre da Rainha e a porta do sangue tem cubelos com seteiras rasgadas em função do alambor, permitindo não só tiro flanqueado sobre a muralha, mas também tiro direito sobre a base do alambor. As portas da fortificação, quer a do pátio (porta do sol), a nascente, quer a da almedina (porta do sangue), a sul, rasgam-se em panos de muralha bastante reentrantes e protegidas pelo próprio alambor e por torres, sendo a torre do pátio coberta por um cubelo semicircular e pela torre poligonal do castelo, e a torre da almedina flanqueada por torres quadrangulares, que permitiam tiro flanqueado.

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Castelo de Almourol

IPA.00003404
Portugal, Santarém, Vila Nova da Barquinha, Praia do Ribatejo
 

Implanta-se a norte da povoação de Tancos, num pequeno ilhéu de afloramentos graníticos, no curso médio do rio Tejo, um pouco abaixo da confluência deste com o rio Zêzere, sendo classificado como Monumento Nacional (Decreto de 16-06-1910, DG, 1.ª série, de 23 junho 1910, n.º 136).

A sua construção terá início em 1171, conforme se encontra documentado por duas lápides, apresentando planta irregular, de pequenas dimensões, composta por dois recintos independentes, seccionados por uma muralha intermédia, revelando uma conceção moderna de espaço, visto permitir que, uma vez ultrapassada a primeira porta, as forças inimigas não acedessem a todo o castelo, mas apenas à parte inferior, sobre a qual era possível fazer tiro a partir de adarves superiores. Adapta-se à topografia do terreno procurando, no entanto, regularizar o seu perímetro, com as inflexões reforçadas por cubelos semicirculares ou ultra-semicirculares avançados, favorecendo o tiro flanqueado, tendo talude, especialmente na frente norte. O recinto inferior apresenta os topos delimitados por panos de muralha mais elevados e que, desprendendo-se do circuito superior do adarve, avançam até às torres dos extremos, funcionando como uma couraça, com parapeito ameado de ambos os lados, permitindo a defesa eficaz da guarnição em relação ao exterior e ao pátio inferior, constituindo, segundo Mário Barroca, uma solução muito original e, ao que parece, inexistente em nenhum outro castelo português. É sob uma destas couraças que se acede ao interior, por porta em arco, abrindo-se a da traição em local de difícil acesso e, no topo da muralha intermédia, que subdivide os dois recintos, a porta para o pátio superior. Este tem nas frentes norte e poente seteiras num nível inferior, com mísulas dispostas inferiormente, talvez de suporte de um outro adarve independente, o que também não é comum. A torre de menagem, datada, tem paramentos aprumados, rasgados por seteiras, interiormente com três pisos e porta sobrelevada. O reaproveitamento de materiais mais antigos, como uma inscrição funerária romana na face interna da porta, pequenos fragmentos de frisos, talvez visigóticos, no alto da muralha interna, o que denota certa velocidade na construção do castelo pelos Templários.

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Castelo de Penas Róias

IPA.00001073
Portugal, Bragança, Mogadouro, Penas Roias
 

Implanta-se num esporão rochoso granítico, sobranceiro à povoação e a norte da mesma, adaptado ao declive acentuado do afloramento, sendo classificado como Monumento Nacional (Decreto n.º 34 452, DG, 1.ª série, de 20 março 1945, n.º 59).

Apesar da Ordem do Templo ter tomado posse do território em 1145, só depois da conclusão do Castelo de Tomar teria iniciado a construção do Castelo de Penas Róias, em 1172, possivelmente sobre uma fortificação mais antiga. Não obstante o seu estado de ruína, revela ter sido um bom exemplo de castelo roqueiro românico. Da antiga planimetria subtrapezoidal conserva pequenos troços de muralha, parte de duas torres semicirculares, a nascente, e a torre de menagem, isolada no interior do recinto, sobre o afloramento mais inacessível, constituindo a quarta torre de menagem mais antiga e datada por inscrição. Tem planta quadrangular, adaptada ao afloramento, o que confere uma certa inclinação aos paramentos, que são aprumados e de três pisos, com acesso sobrelevado por porta de verga reta, contendo inscrição alusiva à construção, com letra de má qualidade gráfica e com características similares às da inscrição do Castelo de Longroiva. Em cada uma das faces surgem seteiras. No início do século XVI tinha duas portas, a principal, a oeste, e a porta falsa ou da traição, a nascente, na encosta mais íngreme.

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Castelo de Mogadouro

IPA.00001075
Portugal, Bragança, Mogadouro, União das freguesias de Mogadouro, Valverde, Vale de Porco e Vilar de Rei
 

Implanta-se num cabeço, de afloramentos graníticos relativamente destacados, dominando um amplo espaço entre o rio Douro e o Sabor, sobranceira à povoação, sendo classificado como Monumento Nacional (Decreto nº 35 443, DG, 1.ª série, de 02 janeiro 1946, n.º 1).

Apesar da Ordem do Templo ter tomado posse do território em 1145, só depois da conclusão do Castelo de Tomar, teria iniciado a construção do Castelo de Mogadouro, possivelmente sobre uma fortificação mais antiga e elementar, revelando ter sido um bom exemplo de castelo roqueiro românico. Teria planta ovalada, de que conserva alguns troços de muralha, por vezes fruto de reconstrução moderna, mas os primitivos com aparelho em escama, conservando um cubelo prismático, a poente, e a torre de menagem, no interior do recinto, sobre afloramentos rochosos, que sofreram cortes artificiais para a sua implantação, melhorando assim as condições de defesa do local. Os paramentos do castelo são aprumados e rasgados por seteiras. Segundo Mário Barroca, a torre de menagem, pelas suas características tipológicas, pode ter sido construída em c. de 1172-1174, incluindo-se dentro dos primeiros exemplares portugueses deste tipo de construções, não devendo estar muito desfasada da torre de menagem do Castelo de Penas Róias, datada de 1172. Junto à torre subsiste um pano de muro com porta em arco e, nas suas imediações o antigo poço.

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Castelo de Longroiva

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Portugal, Guarda, Mêda, Longroiva
 

Implanta-se na encosta nascente da serra da Lapa, de modo destacado, num cabeço sobranceiro à povoação, sendo classificado como Monumento Nacional (Decreto n.º 32 973, DG, 1ª série, de 18 agosto 1943, n.º 175).

O primitivo castelo teria sido construído, provavelmente, no século X, durante a Reconquista, por iniciativa condal, de que não subsistem estruturas, dada a grande instabilidade militar na região e as vicissitudes por que passou, ainda que existam desse período sepulturas antropomórficas junto à torre. Doado à Ordem do Templo em 1145, por particulares da esfera de familiares de D. Afonso Henriques, só em 1174 viriam a construir a torre de menagem, no interior do recinto, com planta retangular, paramentos aprumados em cantaria siglada, de três pisos, o primeiro correspondendo à cisterna, e os outros sobradados, rasgados por seteiras retilíneas e com acesso por portal sobrelevado, em arco. Constitui uma das torres de menagem mais antigas e datadas e a primeira a utilizar em Portugal o hurdício de madeira, permitindo tiro vertical sobre a base dos muros, solução inovadora que deve ter beneficiado dos conhecimentos que o Mestre Gualdim Pais adquirira no Próximo Oriente. Na torre existe inscrição idêntica à do Castelo de Penas Róias, feita dois anos antes. Desconhece-se a planimetria do antigo castelo templário, já que a atual planta trapezoidal, de quatro faces, resulta das obras oitocentistas de adaptação a cemitério, altura em que se amputou o recinto. Ainda assim é considerado um castelo românico, com recinto muralhado integrando ao centro a torre de menagem.

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Castelo de Ródão / Castelo do Rei Vamba

IPA.00005166
Portugal, Castelo Branco, Vila Velha de Ródão, Vila Velha de Ródão
 

Implanta-se no topo do morro norte do monumento geológico denominado por Portas do Ródão, sobranceiro ao rio Tejo, sendo classificado como Imóvel de Interesse Público (Decreto n.º 45/93, DR de 30 novembro 1993, n.º 280).

Seria construído no final do século XII ou início do século XIII, num local de grande importância estratégica, com planta trapezoidal irregular e paramentos aprumados, de que conserva atualmente dois panos de muralha e torre de menagem no interior do recinto, seguindo o esquema dos castelos românicos. A torre, disposta no local mais elevado, tem planta retangular, paramentos aprumados e teria três pisos, já que no Tombo de 1505 se refere a existência de dois pisos sobradados, com acesso sobrelevado, virado ao rio, por portal em arco apontado, de provável feitura trecentista, tendo o tímpano inscrito e siglado. No interior, o pavimento do segundo piso apoiava-se na espessura do muro, mais grosso inferiormente, criando ressalto, e era pouco iluminado, por pequenas seteiras retilíneas.

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Castelo e cerca urbana de Castelo Branco

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Portugal, Castelo Branco, Castelo Branco, Castelo Branco
 

Implanta-se em local dominante, numa colina bastante elevada e sobranceira à cidade, constituindo um esporão rochoso com cerca de 470 metros de altitude.

O castelo seria construído no século XIII, após D. Afonso II ter doado à Ordem do Templo a terra da Cardosa, em 1214, sendo referido na confirmação da doação pelo papa Inocêncio III, logo no ano seguinte, que os freires haviam construído a vila e a fortaleza e, em documento de 1230, é referida a existência da alcáçova. Desconhece-se como seria a sua estrutura primitiva, mas no início do século XVI tinha planta poligonal, sete torres, desenvolvidas para o exterior, de um ou dois pisos, integrando no circuito a de menagem, de planta poligonal e acesso por passadiço ameado a partir da muralha, possivelmente construída em 1343, já após a extinção da ordem, e possuindo duas portas, rasgadas em torres, sendo a torre principal virada à vila e a da traição, confrontante, a poente. Devido à grande destruição de que foi alvo, do castelo subsiste apenas parte das frentes norte e nascente, com panos de muralha sem remate nem adarve, a torre norte, com várias seteiras e a do ângulo nascente, que mais tarde integraria o paço dos comendadores. A cerca urbana seria construída igualmente em 1343, por ordem do rei.

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Castelo de Castelo Novo

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Portugal, Castelo Branco, Fundão, Castelo Novo
 

Implanta-se no interior do aglomerado urbano, no ponto mais elevado da povoação, sobre um cabeço de afloramentos graníticos, adaptado à morfologia do terreno.

O castelo seria construído no século XIII pela Ordem do Templo, após a doação de vários bens na região e da própria vila, em 1252, conforme se depreende do foral manuelino. Inicialmente teria planta ovalada, adaptada aos grandes afloramentos rochosos, com uma só porta, em arco, rasgada a nascente, junto à qual se localizaria o pequeno pátio, com vários compartimentos, e a torre de menagem, quadrangular, no limite poente do recinto, na zona mais elevada do cabeço e onde os afloramentos foram cortados abruptamente para a sua implantação. Posteriormente, em data incerta mas ainda talvez durante o reinado de D. Dinis, seria rasgada, junto à torre de menagem, a porta virada a poente, já em arco apontado, e construídos o cubelo e o pano de muralha saliente, que o flanqueiam, mas esta porta seria pouco funcional, devido ao exíguo espaço de circulação que permitia.

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Castelo de Penha Garcia

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Portugal, Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Penha Garcia
 

Implanta-se na vertente sul da serra do Ramiro, uma ramificação da serra da Malcata, no topo de um imponente maciço rochoso, escarpado, dominando o vale encaixado do rio Pônsul.

O castelo seria construído provavelmente no início do século XIV, após D. Dinis ter doado à Ordem do Templo o território, em 1303, sobre preexistências mais antigas, revelando um magistral aproveitamento da morfologia do terreno, com as estruturas implantadas entre os afloramentos rochosos escarpados. Do castelo subsiste apenas a pequena cidadela, no topo do imponente maciço, ainda que alterada recriada pelas obras do século XX. Teria planta retangular, com paramentos aprumados, cujo aparelho mais antigo, segundo Mário Barroca, pode ser comparado com o do Castelo do Ródão, tratando-se possivelmente de obra coeva da ordem. No ângulo sudoeste integrava a torre de menagem, hexagonal, com a altura de (...) uma lança de armas (...), interiormente com dois sobrados, de que subsiste atualmente apenas o maciço do seu arranque, no interior, tendo a zona que avançava para o exterior sido desbastada, conforme denuncia a irregularidade do aparelho. Teria uma só porta de acesso, a poente, em arco, dando para o pátio exíguo, que comunicava com a torre de menagem, a cisterna, ainda existente, e as duas dependências, tendo-se aberto mais recentemente uma outra porta a nascente. A muralha receberia posteriormente melhoramentos nas condições de defesa.

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Castelo de Montalvão

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Portugal, Portalegre, Nisa, Montalvão
 

Implanta-se no cimo de um outeiro, na proximidade da confluência dos rios Tejo e Sever, na margem esquerda deste último, confrontando com a Beira Baixa e com a Estremadura espanhola, sendo classificado Monumento de Interesse Público (Portaria n.º 643/2012, DR, 2.ª série, de 02 novembro 2012, n.º 212).

O castelo seria construído na transição dos séculos XII/XIII, pela Ordem do Templo, no território da Açafa, em local de grande importância estratégica, já que permitia a ligação entre o Norte e o Sul através da barca que ali atravessava o Tejo, integrando-se na linha de defesa deste rio, ainda que a sul do mesmo, permitindo, simultaneamente, a defesa leste do reino. Teria planta ovalada, de recorte côncavo a sudoeste, com dois cubelos quadrangulares, bastante salientes, dispostos em posição confrontante, paramentos aprumados, em alvenaria de xisto, conservando alguns troços em espinha, correspondendo aos vestígios mais antigos, apresentando ao longo de todo o perímetro exterior possante alambor, só interrompida na face da porta, à semelhança do construído no Castelo de Tomar. Em 1758, apesar das muralhas já estarem (...) demolidas em muitas partes (...), são descritas nas Memórias Paroquiais como tendo 30 palmos de altura, sobre alambor ou (...) pé do castelo (...) com (...) vinte e tantos palmos de altura (...) e feito em escarpa. O alambor prolonga-se atualmente para sul, indicando a continuidade da estrutura fortificada para oeste, que teria sido mutilada pela construção do depósito. Apesar da importância estratégica do castelo durante a Idade Média, ao que parece, nunca teria sido concluído.

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