Mosteiro de Vilarinho / Igreja Paroquial de Vilarinho / Igreja de São Miguel de Vilarinho

IPA.00005141
Portugal, Porto, Santo Tirso, Vilarinho
 
Convento de Agostinhos românico, composto por igreja e zona regral adossado ao lado direito, sendo a igreja formada por três volumes escalonados, formando um nártex fechado, nave e capela-mor com sacristia adossada, com coberturas interiores diferenciadas, em masseira no nártex e nave, e em falsa abóbada artesoada na capela-mor, escassamente iluminada por frestas rasgadas nas fachadas laterais, que, interiormente se ampliam em janelas de volta perfeita, flanqueadas por colunelos. Fachada do nártex e da nave em empena, a primeira truncada por sineira de feitura recente, com portais escavados e compostos por várias arquivoltas, com decoração fito e zoomórfica, o primeiro encimado por óculo. Fachadas marcadas por contrafortes exteriores, rematadas em cornijas, sustentadas por cachorradas, as laterais com portas travessas em arcos apontados, escavados e sustentados por colunas e impostas que sustentam tímpano vazado. Interior com coro-alto quinhentista, em asa de cesto, sob o qual surge o batistério. Arco triunfal de volta perfeita, de acesso à capela-mor com retábulo de talha dourada de estilo nacional, de planta côncava e um eixo. A zona regral desenvolve-se em torno de um antigo claustro, transformado em pátio, rodeado por corpos, um deles de dois pisos, rasgados por vãos em arcos de volta perfeita ou apontados. Mosteiro muito alterado na sua zona regral, sendo difícil reconstituir os compartimentos de vivência, exceto no que concerne à sacristia, que se mantém no local primitivo, com lavabo seiscentista. A igreja também se acha muito alterada por obras sucessivas, destacando-se a fachada lateral direita que documenta a sua sucessão nas diferentes espessuras e texturas do muro. O interior é, contudo, mais rico em termos de informação, revelando a existência de capitéis decorados de vários períodos medievos, com decoração zoo, fito e antropomórfica, o coro-alto, quinhentista, visível no seu perfil e decoração vegetalista das mísulas em que se apoia, bem como os retábulos, o lateral da Epístola maneirista, sendo os demais barrocos, destacando-se o da capela-mor, alvo de obras posteriores, com a introdução de novo banco e sacrário de inspiração românica. Destaca-se, ainda, o retábulo de talha do lado da Epístola, maneirista, rematado por tabela, de onde foi removido o sacrário, atualmente conservado na sacristia, apesar de ter sido alvo de uma reforma, talvez no séc. 19, que lhe introduziu nova porta e respetivo remate. A fachada lateral esquerda possui, no corpo da capela-mor, frisos geométricos, de enxaquetados, surgindo, ainda, vários arcosólios contendo sepulturas. No claustro é visível uma inscrição alusiva à construção do campanário. Sobre o arco triunfal, ladeado por colunelos adossados, nicho em arco apontado com a imagem do orago.
Número IPA Antigo: PT011314320008
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro masculino  Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho

Descrição

Conjunto arquitetónico, formando um mosteiro composto por igreja e zona monacal adossada ao lado direito, desenvolvida em torno de um claustro. IGREJA de planta retangular composta por nártex, nave e capela-mor com sacristia adossada ao lado direito, de volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, rematadas em beirada simples. Fachadas em cantaria aparente, de aparelho isódomo, rematada em cornija, sustentada por cachorrada simples. Fachada principal virada a O., com o nártex rematado em empena truncada por sineira em arco apontado, rematada por cornija angular e cruz latina. Possui vários silhares salientes, documentando a existência de uma estrutura adossada. É rasgado por portal em arco de volta perfeita, assente em impostas salientes e arquivolta saliente, com acesso por três degraus em cantaria; está encimado por óculo circular com moldura boleada e vazado por quadrifólios. Sobre esta, é visível a empena da nave, com cruz no vértice. Fachada lateral esquerda do nártex marcada por contraforte no lado esquerdo, sendo rasgada por duas frestas. O corpo da nave possui dois panos definidos por três contrafortes, o do lado esquerdo rasgado por porta travessa e duas frestas, surgindo uma terceira no pano do lado direito. O portal assenta em impostas salientes, ornadas por simbologia e figuras fitomórficas, que sustentam tímpano vazado por cruz de Malta. O corpo da capela-mor está dividido em dois panos por contraforte, percorridos por friso de enxaquetados e rasgado por duas frestas. Sobre o cunhal, pináculo piramidal com bola. Fachada lateral direita com o nártex rasgado por porta em arco abatido. No corpo da nave são visíveis dois registos de silhares, o inferior mais espesso e marcado por contrafortes, sendo o segundo seccionado por friso saliente, que se interrompe na zona das três frestas. No lado direito, a porta travessa em arco apontado de duas arquivoltas, assentes em duas colunas, as exteriores cilíndricas e as interiores facetas, com capitéis em colchete; possui tímpano vazado por cruz de Malta, inscrita em losango, assente em impostas desenvolvidas, uma delas decorada com bucrânio. Está ladeado por arcossólio de volta perfeita, contendo sepultura. Fachada posterior em empena sem retorno, rematada por cruz latina e cega; sobre esta, a empena do arco triunfal, com cruz na empena. INTERIOR com nártex em cantaria de granito aparente, em aparelho isódomo, possuindo algumas colunas embutidas com capitéis decorados por motivos delidos, tendo teto de madeira e pavimento em lajeado. A porta de acesso está protegida por guarda-vento de madeira almofadada e vidro colorido. No lado esquerdo, o púlpito, em cantaria com guarda plena e acesso por escadas e por porta de verga reta, a partir do claustro. No lado oposto, arcosólio de volta perfeita com sepultura. Possui portal de acesso à nave, em arco apontado, escavado e composto por quatro arquivoltas, as exteriores boleadas, três delas assentes em seis colunas de fuste liso, duas facetadas, com capitéis decorados por folhagem, exceto um do lado direito, com aves, tendo base ornada por figuras zoomórficas. O templo, a uma cota bastante mais alta que o nártex, possui paredes em cantaria de granito aparente, com pavimento em soalho, sendo o teto da nave de madeira em masseira; as janelas, de volta perfeita, assentam em colunas de fustes lisos e altos capitéis. Coro-alto em asa de cesto, assente em mísulas ornadas por folhagem, tendo guarda de madeira torneada. No sub-coro, protegido por teia de madeira torneada, o batistério, contendo pia de cantaria assente em plataforma de dois degraus quadrangulares, onde assenta pequeno pé facetado e taça hemisférica e facetada no topo. Confrontantes, duas capelas retabulares, assentes em altos bancos de madeira simples. A parede do arco triunfal tem silhares de várias tonalidades, rasgada pelo arco de volta perfeita, assente em impostas salientes e colunas adossadas ao muro, de fustes facetados e capitéis simples, encimado por nicho em arco de volta perfeita, assente em impostas e colunas de fuste liso e capitéis ornados por elementos fitomórficos, assentes em altos socos de cantaria. Capela-mor com cobertura em falsa abóbada de berço de madeira artesoada, em branco, com molduras salientes e assente em frisos e cornijas com mísulas equidistantes. Retábulo-mor de talha dourada, de corpo côncavo e um eixo definido por duas colunas torsas, percorridas por pâmpanos, as interiores assentes em consolas, e por duas pilastras com fustes ornados por acantos, assentes em plintos paralelepipédicos, de acantos e querubins, que se prolongam em duas arquivoltas, a interior torsa, unidas por aduelas salientes. Ao centro, ampla tribuna de volta perfeita e boca rendilhada, contendo trono expositivo de quatro degraus, com o fundo entalhado e pintado. Assenta em banco de cantaria, encimado por sacrário ladeado por colunas e encimado por baldaquino, com a porta ornada por portal românico e rosácea, ladeado por colunas. Fronteira, a mesa de altar, em cantaria de granito, paralelepipédica e decorada com acantos estilizados e registo quadrifoliado, com símbolo alusivo a Cristo. No lado do Evangelho, porta de verga reta, de acesso à sacristia, com paredes em alvenaria de granito, pavimento em soalho e teto plano, contendo lavabo em cantaria, composto por espaldar retangular, emoldurado e encimado por cornija e pináculos embebidos em silhar, possuindo torneira, envolvida por botão, cruz e enrolamento estilizado, que verte para tala ovalada. A ZONA CONVENTUAL é quadrangular, desenvolvido em torno de pátio, o antigo claustro, com paredes em cantaria de granito aparente, em aparelho isódomo. Fachada principal virada a O., rasgada por porta dintelada e com as arestas superiores curvas, grande portão em arco abatido, janela de peitoril e pequena fresta. INTERIOR com o pátio pavimentado a calçada, com canteiros quadrangulares preenchidos com gravilha e possuindo oliveiras. Em torno, três alas do antigo mosteiro, tendo, a O., a porta de verga reta, de acesso à sacristia, vão entaipado e arcosólio de perfil apontado, ladeado por colunas e enquadrado por gablete, contendo sepultura. Tem, ainda, um arco quebrado, entaipado, com impostas e padieira lavrada, contendo uma inscrição no saimel.

Acessos

Em Vilarinho, na Rua do Mosteiro. WGS84 (graus decimais) lat.: 41,358218; long.: -8,332462

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 39 175, DG, 1.ª série, n.º 77 de 17 abril 1953

Enquadramento

Rural, isolado, implantado a meia encosta, em zona de povoamento disperso, típico desta região. Está antecedido por uma pequeno adro, elevado relativamente à via pública, em cantaria de granito. A N., um pequeno aglomerado de casas unifamiliares, surgindo, a S., uma casa isolada. Está rodeado por vastos campos de cultivo.

Descrição Complementar

O retábulo lateral do Evangelho é de talha dourada, com corpo côncavo e de um eixo definido por seis colunas torsas com os fustes percorridos por pâmpanos, assentes em consolas, ornadas por anjos encarnados, que se prolongam em três arquivoltas torsas, unidas por aduelas salientes, formando o ático, com pequeno painel em luneta, ornado por cruz e ladeado por anjos encarnados e acantos. Ao centro, nicho de bola perfeita, flanqueado por pilastras decoradas por acantos, que se prolongam pelo arco, formando a moldura; as ilhargas internas estão ornadas por acantos. Contém mísula, sobre plinto decorado por asa de morcego. O retábulo lateral da Epístola é de talha pintada de branco e dourado, de planta reta e um eixo definido por quatro colunas espiraladas, com os terços inferiores dos fustes ornados por brutesco e querubim, assentes em plinto único, decorado por acantos enrolados. Ao centro, nicho contracurvo, com o interior facetado e cobertura em semi-cúpula. A estrutura remata em friso de acantos e querubins, encimado por tabela retangular vertical, flanqueada por quarteirões e aletas volutadas, encimada por friso e cornija.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 13 / 14 (conjectural) / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

FUNDIDOR: Narciso António (1868).

Cronologia

1070 - data possível da construção do mosteiro pelo Abade Gonçalo Anes Fafes; a igreja foi construída pela sua linhagem para sepultura em data desconhecida, possivelmente anterior; 1104, 25 janeiro - doação, por Diogo Gomes, da herdade de Arcozelo à "Aula de São Miguel", que "está fundada na vila que chamam Arcozelo - sobre o monte de Fragoso e o rio Vizela - para que dai tenham ração os clérigos que habitam nesse lugar santo"; 1120 - na Bula Oficii mei do papa Calisto II é mencionado, e pela primeira vez, como mosteiro; 1168 - data de uma pedra tumular no paramento exterior no lado norte da capela-mor que diz "era MCCVI obiit Garcia Eriz Abbas Vilarino"; neste período o mosteiro seguiria a regra de São Frutuoso, como se depreende pelo uso do título de abade; 1189 - primeira referência a um prior do Mosteiro de Vilarinho, o que indicará a sua integração na ordem canonical de Santo Agostinho; 1389 - inscrição, hoje na aduela de um arco a servir de janela na casa construída no lado sul do antigo claustro, em que se menciona a construção do campanário da Igreja "E(ra) MCCCCXVII DÕ IHÃ GLZ P(r)IOL DEST/(e) MÕN(asterio)/ FEZ/ EST(e) CANPANAIRO" (Pinho Leal dá como leitura "MCCCCXLIII", ou seja era de 1443, ano de Cristo de 1405); séc. 14 - possível construção do nártex adossada ao corpo da igreja, utilizado para a inumação de fundadores e padroeiros; 1417 - data inscrita em arcosólio situado no claustro; 1488 - documento de anexação de Vilarinho a Roriz que se conservaria no Arquivo da Universidade de Coimbra, segundo Pinho Leal; 1565, 23 abril - data do falecimento do Prior comendatário D. Luís de Almeida, filho de D. João de Almeida, segundo Conde de Abrantes, sepultado em campa rasa com brasão dos Almeidas, à entrada da capela-mor; séc. 17 - execução do retábulo da Epístola; 1604, 15 março - primeiro registo de batismo na paróquia; 02 setembro - primeiro registo de óbito na paróquia; 08 setembro - primeiro registo de casamento na paróquia; 1611 - falecimento do Prior comendatário D. Luís de Azevedo, filho de D. Manuel de Azevedo, comendador de Alpendurada, sepultado no antigo claustro; 1692 - data inscrita sobre o arco cruzeiro, possivelmente marcando uma reforma na igreja; séc. 18, início - construção do retábulo-mor e capela retabular do Evangelho; 1702 - execução de um grande armário, conservado na sacristia, pertencente à confraria da Nossa Senhora do Rosário; 1706 - o mosteiro é apenas habitado por dois cónegos, um que preside e que exercia as funções de pároco e o outro que exercia as funções de recebedor das rendas, que estavam anexas ao mosteiro de Landim; 1732 - tábua de legados de obrigações pelas almas, conservado na sacristia; 1758, 22 maio - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Joaquim Cardoso da Silva, é referido que a Igreja tem quatro altares, o mor, com o orago, o de Nossa Senhora da Rosa, o de São Brás e o das Almas; o pároco é cura anual, apresentado pelo Mosteiro de Landim e tem de renda cerca de 60$000; 1770 - por Breve de Clemente XIV, o mosteiro é reduzido a hospício, para receber as rendas e funcionando como Igreja paroquial; 1772, 22 janeiro - data da tábua de indulgências conservada na sacristia; 1834 - extinção das ordens religiosas; a Paróquia de Vilarinho passa à jurisdição diocesana; 1834, após - o Mosteiro é vendido a Manuel Neto Guimarães, passando depois a posse aos senhores da casa do burgo (segundo Pinho Leal); 1866 - é feito o altar lateral do Senhor Jesus; 1868 - data de fundição de dois sinos, fundidos por Narciso António, de Braga (conservados na residência paroquial); 1870 - execução do torreão sobre a casa do cabido, onde foram colocados os dois sinos fundidos recentemente; 1953 - restauro pela paróquia, tendo sido demolida a torre sineira, implantada a N. do corpo da fachada principal; feitura de uma estrutura em madeira para colocação dos sinos; construção da mesa de altar; 30 outubro - proposta de construção de um campanário.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria e cantaria de granito aparente; colunas, colunelos, mísulas, impostas, tímpanos, degraus, cornijas, cachorros, arcosólios, sepulturas, pia batismal, lavabo, pavimento em cantaria de granito; mísulas e coberturas de madeira; portas de madeira com lemes metálicos; janelas com vidro do tipo catedral; coberturas exteriores em telha cerâmica; retábulos de talha pintada e dourada.

Bibliografia

ALMEIDA, José António Ferreira de, dir., Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1980; CAPELA, José Viriato, MATOS, Henrique e BORRALHEIRO, Rogério, As freguesias do Distrito do Porto nas Memórias Paroquiais de 1758 - Memórias, História e Património, Braga, Universidade do Minho, 2000; DIAS, Geraldo José Coelho, Vilarinho tem História, Vilarinho, Associação de Pais da E.B. 1 de Lage, 2010; LEAL, Augusto Pinho, Portugal antigo e moderno: Diccionario geographico, estatistico, chorographico, heraldico, archeologico, historico, biographico e etymologico, Lisboa, Livraria Editora de Mattos Moreira & Companhia, 1873-1890, 12 volumes.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, SIPA; Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID-001/013-004-1979/15; DGLAB/ADPorto: Paróquia de Vilarinho

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20, meados - arranjo das coberturas interiores e exteriores; colocação de novos pavimentos em soalho; reforma do retábulo-mor; séc. 21 - arranjo das coberturas exteriores e tratamento das coberturas; conservação das estruturas retabulares; arranjo do pátio.

Observações

Autor e Data

Isabel Sereno e João Santos 1994 / Paula Figueiredo e Diocese do Porto 2012 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese do Porto)

Actualização

 
 
 
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