Igreja Paroquial de Santa Isabel / Igreja de Santa Isabel

IPA.00010524
Portugal, Lisboa, Lisboa, Campo de Ourique
 
Igreja paroquial, rococó, pombalina, neoclássica, apresenta uma planta longitudinal, de nave única e capela-mor abobodadas com muros laterais e de topo definidos por dois registos - piso térreo rasgado por arcaria de volta perfeita a inscrever retábulos em talha dourada que integram, pintura sobre tela e nível superior marcado pela abertura de janelas iluminantes. Retábulo-mor em talha dourada com colunas de fuste canelado, vazado ao centro por camarim a albergar trono. Igreja de grandes dimensões, tendo em conta a data da sua edificação, que, apesar de apresentar afinidades com outras igrejas paroquiais mais ou menos coevas (como as da reconstrução pombalina), designadamente a nível das opções planimétricas, constitui-se como objecto excepcional precisamente pelas dimensões que possui.
Número IPA Antigo: PT031106300652
 
Registo visualizado 4210 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta pela justaposição de dois rectângulos (nave e capela-mor), volumes articulados, sendo a cobertura efectuada por telhado a duas águas e em coruchéu bulboso. Alçado principal a sudeste, composto por três corpos, dos quais se demarca o corpo axial: ligeiramente avançado relativamente aos que o ladeiam e delimitado por cunhais, apresenta pano de muro tripartido pela presença de pilastras de cantaria. O módulo central é rasgado a eixo por portal de verga recta - com ombreiras em cantaria a simular aparelho de silharia fendida e verga definida por frontão triangular interrompido por cartela recortada em cantaria, decorada com putto e legenda em latim *1 - encimado por janelão iluminante de verga semicurva, delimitado por painel de cantaria, recortado na base. Os módulos laterais, idênticos, apresentam uma organização e tratamento dos vãos análoga mas mais simplificada, portais mais estreitos e baixos e remate definido por frontão triangular, encimados, respectivamente, por uma janela quadrada e outra, ao nível da janela iluminante, de peito e verga recta destacada. O corpo é superiormente rematado por frontão triangular (perfurado por óculo ao centro) precedido pela sugestão de uma arquitrave e com base a acompanhar, ao acentro, o perfil da janela iluminante. Os corpos laterais iguais, correspondem ambos a torres, de planta quadrada, que apresentam, ao nível do remate do corpo axial quatro ventanas sineiras, superiormente rematadas por coruchéu bulboso com fogaréus nos extremos. INTERIOR: com duas entidades espaciais, nave e capela-mor, ambas de cobertura diferenciada em abóbada de berço - exibe nave única com muros laterais e de topo compostos por dois registos separados por cornija continuada em cantaria, podendo reconhecer-se nível térreo, rasgado, de cada lado, por retábulos em talha dourada e marmoreada com pintura sobre tela, inscritos em arcos de volta perfeita *2 em cantaria, e nível superior animado por janelas iluminantes de verga recta. Do lado do Evangelho, presença de púlpito de planta curva articulado com guarda voz. Adossado à face interna da fachada, presença de coro-alto, com guarda em balaustrada de cantaria, suportado por tripla arcaria em abóbada de aresta suportada por pilastras de cantaria. Precede a capela-mor, arco triunfal alteado em cantaria, superiormente rematado por frontão interrompido por cartela decorativa e delimitado por dois altares colaterais. A capela-mor, profunda, exibe cobertura perfurada por janelas iluminantes e decorada com estuques em baixo-relevo. No muro de topo, observa-se retábulo em talha dourada, definido por duplas colunas de fuste canelado e capitéis coríntios, vazado ao centro por camarim a albergar trono (ostenta figuração escultórica em madeira, de Santa Isabel) e superiormente rematado por frontão curvo interrompido por resplendor ladeado por anjos tenentes.

Acessos

Rua Saraiva de Carvalho; Rua de São Joaquim; Travessa da Arrábida. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,718609, long.: -9,158636

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano. Destacado, constituindo-se como elemento dominante no contexto do largo (alargamento da Rua Saraiva de Carvalho) em que se implanta, precedida de adro rectangular delimitado por gradeamento metálico e plintos de cantaria. Na proximidade do Palácio do Barão de Linhó (v. IPA.00010524) e Palacete do Visconde Ferreira de Lima (v. IPA.00010523).

Descrição Complementar

No que respeita aos altares laterais, estes apresentam como invocações (identificáveis pela presença de figurações escultóricas ou de pintura sobre tela) do lado da Epístola - Capela do Santíssimo, São José, São Sebastião, com pintura da autoria de Bruno José do Vale segundo cópia de Dominicheiro. Do lado do Evangelho - Sant'Ana, com pintura de Roque Vicente, São Miguel, de Domingos Rosa, Nossa Senhora do Monte do Carmo, com pintura de autor desconhecido. Nos altares colaterais ao arco triunfal reconhecem-se ainda as invocações de Nossa Senhora da Conceição, assinalada pela presença de pintura de Joaquim Manuel da Rocha e São Gonçalo, com tela de Bernardo Foix *3.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Lisboa)

Afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: António Ferreira Leal (séc. 20); Diogo Lino Pimentel (séc. 20). PINTORES: Bernardo Foix; Bruno José do Vale; Domingos Rosa; Joaquim Manuel da Rocha; Roque Vicente.

Cronologia

1741, 14 maio - instituição da paróquia de Santa Isabel, ocupando o sítio então denominado Campolide, com áreas desanexadas das freguesias de São José, Santa Catarina, São Sebastião da Pedreira e Santos-o-Velho, procedendo-se à sua instalação na ermida de Santo Ambrósio, de construção recente, situada na proximidade do convento das Trinas do Rato, na calçadinha que posteriormente foi designada Rua do Visconde de Santo Ambrósio e actualmente Rua de D. Dinis; 1742, julho - fundação e início da construção da igreja paroquial de Santa Isabel, pelo 1º cardeal Patriarca de Lisboa, D. Tomás de Almeida, que apoia as obras com fundos próprios; 1755, 1 novembro - o terramoto não causa danos significativos no edifício, ainda em construção; 1758, 26 março - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Felisberto Leitão de Carvalho, é referido que a paróquia funciona na Ermida de Santo Ambrósio, com três altares, o mor, o de Nossa Senhora da Conceição e o do Senhor Jesus, onde está a imagem de São Miguel e Almas; o pároco é cura anual, apresentado pelo patriarca de Lisboa; 1763 - a paróquia de Santa Isabel continua a funcionar na ermida de Santo Ambrósio; 08 Setembro - falecimento de Carlos Mardel, sepultado no carneiro da igreja; 1770 - são destacados territórios da freguesia de Santa Isabel com vista à criação das paróquias da Lapa e de São Mamede; 1875 - campanha de restauro e obras de beneficiação; séc. 20 - reforma da igreja, conforme projecto dos arquitectos António Ferreira Leal e Diogo Lino Pimentel; 1934 - são destacados territórios da freguesia de Santa Isabel com vista à criação da paróquia do Santo Condestável; 2013 - projecto de reabilitação do tecto do templo da autoria de Michael Biberstein, elaborado por convite do prior José Manuel Pereira de Almeida; com o falecimento do artista nesse mesmo ano, a equipa do é alargada, passando a contar com a participação de Julião Sarmento, do curador Delfim Sardo, da Galeria Jeanne Bucher-Jaeger de Paris, e da Factum Art Foundation, a quem coube a execução da pintura; 2015, junho - é assinado um protocolo para a reabilitação do teto entre a paróquia, representada pelo prior José Manuel Pereira de Almeida e a Santa casa da Misericórdia de Lisboa, representada pelo provedor, Pedro Santana Lopes; 2016, 19 julho - inauguração do novo teto realizado no âmbito do projeto "Um Céu para Santa Isabel", orçado em 222 000 euros.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira, vidro, azulejos

Bibliografia

ARAÚJO, Norberto de - Peregrinações em Lisboa. Lisboa, s.d., vol. III, livro 3; ARAÚJO, Norberto de, LIMA, Durval Pires de - Inventário de Lisboa. Lisboa, 1956, fasc. XII; ATAÍDE, M. Maia (dir. de) - Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa. Lisboa, 1988, tomo 3, vol. V; CONSIGLIERI, Carlos, RIBEIRO, Filomena, VARGAS, José M., ABEL, Marília - Pelas Freguesias de Lisboa. Santo Condestável, Santa Isabel, São Mamede, Coração de Jesus. Lisboa, 1995; MATOS, Alfredo, PORTUGAL, Fernando - Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais de Lisboa. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, 1974; PEDREIRINHO, José Manuel - Dicionário de arquitectos activos em Portugal do Séc. I à atualidade. Porto: Edições Afrontamento, 1994; SANTANA, Francisco - Lisboa na Segunda Metade do Séc. XVIII (Plantas e Descrições das Suas Freguesias). Lisboa, s.d.; SEQUEIRA, Gustavo Matos - Igrejas e Mosteiros de Lisboa. Lisboa, s.d.; SILVA, Manuel Ferreira da - Freguesia de Santa Isabel. Monografia Histórica da Paróquia nos 250 Anos da Sua Fundação. Lisboa, 1994; SILVA, Manuel Ferreira da - "Santa Isabel (Igreja de)". In SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo - Dicionário da História de Lisboa. Lisboa: CML, 1994; VITERBO, Sousa - Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal. Lisboa: Imprensa Nacional, 1904, vol. III.

Documentação Gráfica

CML

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território (Direcção Geral das Autarquias Locais) : 2001, Agosto - substituição da cobertura e reparações exteriores; Santa Casa da Misericórdia de Lisboa / Paróquia de santa Isabel: 2015 - 2016 - recuperação da pintura do tecto.

Observações

*1 - Beatae Elisabeth Lusiteniae Reginae Feb. XXIV era DCCC LXXV). *2 - excepto o 1º arco do lado da Epístola, que integrava a antiga capela do Santíssimo. * 3 - a identificação das autorias deve-se a Norberto de Araújo.

Autor e Data

Teresa Vale, Maria Ferreira e Sandra Costa 2001

Actualização

 
 
 
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