Conjunto Arqueológico das Eiras
| IPA.00001121 |
Portugal, Braga, Vila Nova de Famalicão, Pousada de Saramagos |
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Aglomerado proto-urbano. Povoado da Idade do Ferro com ocpuação romana. Povoado fortificado / castro de planta ovalada, com quatro linhas de muralha, albergando no interior um balneário com uma excepcional estela frontal ou pedra formosa. O conjunto é formado pelo Castro das Eiras, um dos maiores povoados da Idade do Ferro na região Norte do país, incluindo um balneário com profusa decoração de pedras graníticas; a Necrópole de Vermoim, composta por quatro mamoas; o Castro de Santa Cristina, com plataforma central definida por talude e muralha em pedra; o recinto muralhado do Castro de Vermoim, envolvendo a acrópole, junto do qual se situam vestígios do castelo medieval; a Atalaia de Telhado, também da época medieval, e a Bouça do Pique, povoado do séc. 3 A.C. |
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Número IPA Antigo: PT010312190018 |
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Registo visualizado 1076 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Conjunto urbano Aglomerado urbano Povoado Povoado da Época do Ferro Povoado fortificado
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Descrição
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Povoado fortificado, de planta ovalada, cuja defesa, à falta de condições naturais, é assegurada por um complexo sistema defensivo de que se vislumbram, pelo menos, três linhas de muralhas, dispostas concentricamente, alguns panos de reforço, assim como, do lado mais vulnerável, três fossos. Estruturas arquitectónicas de diferentes tipologias, afloram à superfície ou resultaram, igualmente, do trabalho de escavação. Entre elas destaca-se um balneário castrejo, composto por um forno, uma câmara, uma antecâmara e um pátio. O forno de planta semicircular, em forma de ferradura, possui uma abertura voltada para a câmara que é uma peça quadrangular, de construção extremamente cuidada e de reduzida área, com um pavimento composto por grandes lajes, de configuração irregular e superfície bem polida. De cada um dos lados e perpendicularmente à entrada do forno, dispõem-se duas grandes e espessas lajes, bem aparelhadas, em cujos topos foi talhada uma canelura longitudinal destinada a travar a cobertura, formada por grandes lajes dispostas em tecto de duas águas. A câmara possui como elemento de fecho, uma magnífica pedra formosa ou estela frontal. Trata-se de um monólito granítico de forma casiforme, com uma abertura semicircular, na parte central inferior, ornamentada por uma orla em espinha, em baixo-relevo, ladeada por dois motivos cruciformes. A parte superior, separada por uma faixa horizontal composta por três toros, representando corda, em baixo-relevo, está preenchida por um motivo decorativo de aspecto lanceolado à esquerda do qual se desenvolvem três bandas verticais de cordado duplo e simétrico entre si. A antecâmara e o pátio sofreram grandes remeximentos tendo restado, praticamente, apenas as lajes dos pavimentos, que deixam antever, no entanto, uma grande preocupação com a drenagem das águas patente nos entalhes e no caleiro, composto por pequenas lajes em granito, sem cobertura, que se inicia no pátio e alinha para S., conduzindo as águas para o exterior. |
Acessos
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Pousada de Saramagos, Monte das Eiras |
Protecção
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Categoria: CIP - Conjunto de Interesse Público, Portaria n.º 659/2022, DR, 2.ª série, n.º 169 de 01 setembro 2022 |
Enquadramento
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Rural, isolado, numa elevação que separa os vales do rio Pelhe e do rio Pele, os quais domina em grande extensão, coberto por pinhal, eucaliptal e vegetação rasteira composta por herbáceas e gramíneas. No ponto mais elevado ergue-se o marco geodésico denominado Eiras. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Não aplicável |
Utilização Actual
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Não aplicável |
Propriedade
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Pública: municipal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Idade do Ferro |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Não aplicável |
Cronologia
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Séc. 01 a.C. - provável início da ocupação do povoado; séc. 03 - provável abandono; 1880 - Francisco Martins Sarmento visita o local e chama a atenção para o seu valor arqueológico; 1989 - descoberta do balneário castrejo, na sequência de trabalhos de reconhecimento do sítio; 1990 / 1991 - realização de escavações arqueológicas dirigidas por Francisco Queiroga e António Dinis, do Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão; 1993 - a pedra formosa já se encontrava danificada; 2001, 27 Março - despacho de abertura do processo de classificação; 2006, 1 Julho - a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão adquire os terrenos onde se situa o castro; 2009, 23 outubro - caduca o processo de classificação conforme o Artigo n.º 78 do Decreto-Lei n.º 309/2009, DR, 1.ª série, n.º 206, alterado pelo Decreto-Lei n.º 265/2012, DR, 1.ª série, n.º 251 de 28 dezembro 2012, que faz caducar os procedimentos que não se encontrem em fase de consulta pública; 2017, 22 fevereiro - publicação procedimento de classificação do Conjunto Arqueológico das Eiras, em Aviso n.º 38/2017, DR, 2.ª série, n.º 38/2017. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes |
Materiais
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Granito: paredes das construções em dois paramentos. |
Bibliografia
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SARMENTO, Francisco Martins, Dispersos, Coimbra, 1933, p. 166; QUEIROGA, Francisco, War and Castros. New approaches to the northwestern Portuguese Iron Age, Dissertação de doutoramento, Oxford, 1992; DINIS, António Pereira, Ordenamento do Território do Baixo Ave no I milénio a.C., Dissertação de Mestrado, Porto, 1993; BELO, Joana Russo, Castro das Eiras e Pedra Formosa devolvidos à cidade, in Correio do Minho, 22 Junho 2006, p. 3; MARQUES, Ângelo Teixeira, Famalicão compra castro das Eiras e fica com a pedra Formosa, in Público, Porto, 3 Julho 2006, p. 55; QUEIROGA, Francisco Reimão; DINIS, António Pereira, A estrutura de banhos castreja do castro das Eiras, Santiago de Compostela, (no prelo). |
Documentação Gráfica
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Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão |
Documentação Fotográfica
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DGPC: DGEMN:DSID |
Documentação Administrativa
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Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão |
Intervenção Realizada
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1990 / 1991 - Escavações arqueológicas da responsabilidade de Francisco Queiroga e António Dinis. |
Observações
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*1 - O castro das Eiras pertence às freguesias de Pousada de Saramagos, Joane, Vermoim e Vale (São Martinho) e na União das Freguesias de Vale (São Cosme), Telhado e Portela, do concelho de Vila Nova de Famalicão. *2 - Os materiais recolhidos à superfície e nas escavações são, maioritariamente, constituídos por cerâmicas calaico-romanas, locais e de importação, assim como por inúmeros fragmentos de "tegulae e imbrices". |
Autor e Data
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João Santos e António Dinis 1998 |
Actualização
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