Castelo de Castelo Bom

IPA.00001367
Portugal, Guarda, Almeida, Castelo Bom
 
Castelo medieval com perímetro muralhado de configuração irregular adaptado à topografia; torre de menagem de planta quadrada com seteiras; vãos em arco pleno e em arco quebrado. Possui cisterna no reduto do castelejo e dois poços seicentistas que fazem parte do abastecimento de água à povoação. A construção circular (paiol) é provavelmente o que subsiste da torre cilindrica da barbacã; cisterna abobadada; dois poços com expressão arquitectónica e urbanística, o de El-Rei com fachada em escadaria dupla, com certo efeito cenográfico.
Número IPA Antigo: PT020902070006
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Castelo    

Descrição

Castelejo de planta irregular, quase rectangular, envolvido por barbacã igualmente irregular, com um lado curvo, dos quais apenas subsistem alguns panos de muralha, junto à porta da Vila, na vertente E., numa sequência quase contínua, e nos flancos NE. e NO., desprovidos de merlões e com numerosas descontinuidades, existindo várias edificações adossadas *1. Porta da Vila: em arco quebrado no exterior e em arco pleno no tardoz, com paviemento desnivelado e coberta com abóbada de berço, possuindo gonzos de cantaria; na face interna da muralha, um lanço de escadas dá acesso ao adarve e a torre contígua de planta quadrada, em ruínas, e que apresenta nas fachadas O. e N. o arranque de dois arcos; num pano de muro, a S., uma pedra de armas com o brasão da antiga vila *2. Cisterna: denominada localmente por " Poço do Rei ", situada a S., constituída exteriormente por corpo de planta rectangular coberto por telhado a duas águas, o acesso, semi-enterrado, faz-se através de porta em arco recto ( única abertura ); interiormente possui um compartimento abóbadado de berço estruturado por dois arcos plenos. Paiol *3: denominado localmente por "revelim", "rebolim", "rebolinho" ou "polvorim", é uma construção de planta circular, com caixa murária de cantaria acrescentada em altura com alvenaria; possui uma porta em arco recto virada a O.. Existem ainda dois poços que serviam o recinto fortificado: o Poço de Escada e o de El-Rei, sendo o primeiro situado no Lg. do Poço da Escada, de planta quadrangular irregular, possuindo guardas compostas por três fiadas de alvenaria, e no lado SE., o vão de acesso à escada que conduz à reserva de água, constituída por nove degraus lajeados; as paredes internas aparesentam-se sem revestimento; o Poço d'El Rei, situado num Lg. com o mesmo nome, tem planta rectangular, e é constituído por reservatório de água de grandes dimensões, em cantaria aparente, coberto por terraço a que se acede através de escadaria frontal com duplo lanço, com patamar a meio; no terraço, surgem duas aberturas quadrangulares, com guardas de pedra, constituindo dois poços de luz; o interior é abobadado.

Acessos

EN l6, no cruzamento de Castelo Bom

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto, n.º 35 443, DG, 1ª série, n.º 1 de 02 janeiro 1946

Enquadramento

Urbano. Implantado em cabeço de c. 725 m de altitude, com cerca envolvendo a povoação; sobranceiro ao Rio Côa, apresentando vertentes escarpadas sem edificações, à excepção do caminho a SE. onde se concentra a expansão recente do aglomerado. Relativa proximidade aos castelos de Almeida (v. PT020902030001) e de Castelo Mendo (v. PT020902070006).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: castelo

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Câmara Municipal de Almeida, auto de cessão de 20 Outubro 1942

Época Construção

Séc. 13 / 14 (conjectural) / 16 / 17 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

MESTRE de OBRAS: João Ortega. PEDREIROS: Francisco de Anzinho (séc. 16); Garcia Fernandes (séc. 16); Pero Fernandes (séc. 16).

Cronologia

Idade do Bronze: vestígios arqueológicos atestam a existência de um castro *4; Séc. 12 - Pertencia ao reino leonês; 1282 - Conquista da povoação por D. Dinis; 1296 - o mesmo rei reforça-a e concede-lhe foral; 1297 - Incorporação definitiva de Castelo Bom no reino de Portugal na sequência do Tratado de Alcanices; séc. 13 / 14 - reedificação do castelo e cintura muralhada; 1496 - na Inquirição, é referida a existência de 234 habitantes; séc. 16 - obra no castelo por Francisco de Anzinho e Garcia Fernandes; 1509 / 1510 - os desenhos de Duarte de Armas representam o castelo inscrito no extremo S. do muro da vila, composto por castelejo e barbacã, ambos de planta irregular com panos rectos e curvos; o castelejo era coroado por merlões e percorrido por adarve, sobressaindo no vértice O. a Torre de Menagem rectangular, vazada por frestas e coberta por telhado de 4 águas, à qual se adossavam, em redor do páteo central, "aposentamentos térreos", a cisterna, uma casa "boa e sobradada" e outras dependências; a E. salienta-se um torreão igualmente rectangular que "tem no fundo dela uma aljube" e a N. uma torre quadrangular, junto da porta, ambas com o piso superior parcialmente arruinados; a barbacã, com adarve, merlões e seteiras cruciformes, tinha um torreão circular a S. e outra torre menor, quadrangular a N., a ladear a porta, havendo outra porta, falsa, a E., em arco pleno; o muro da vila era duplo e escalonado do lado O. com portas do mesmo lado, em arco recto a da barreira exterior e em arco pleno a do muro interior, esta encimada por balcão coberto, com matacães; ambas as muralhas eram percorridas por adarves e coroadas por merlões, paralelepipédicos e piramidais, do lado NE.. sobressaía uma torre rectangular rematada por merlões piramidais parcialmente arruinada na face voltada para o interior; intramuros o aglomerado urbano era composto por casas térreas sobressaindo a S. uma igreja com campanário duplo; extramuros a SO e a SE. duas capelas; a S. avistavam-se os castelos de Almeida e de Castelo Rodrigo; 1510 - D. Manuel I renovou o foral, tendo ordenado a reparação do castelo e da cerca; 1512 - Início da campanha de obras manuelina a cargo do mestre de obras biscainho João Ortega, de Penamacor, e do pedreiro biscainho Pero Fernandes, sendo vedor das obras Rui de Andrade, que recebe carta de quitação do rei; 1527 - no Numeramento, existe a referência de 396 habitantes; séc. 17 - Era alcaide-mor o Visconde de Vila Nova de Cerveira e Marquês de Ponte de Lima, possuindo o castelo duas peças de artilharia e uma torre abaluartada e abobadada onde se situava a cadeia; durante as Guerras da Restauração foi impostante núcleo de defesa fronteiriça e serviu de abrigo aos Governadores da Beira; provável construção dos Poços de El-Rei e da Escada; 1758 - É referenciado nas Memórias Paroquiais; 1762 - A vila foi cercada e derrotada *5; Séc.19, 2ª déc. - Decorrente das Invasões Francesas o castelo foi destruido; 1834 - Extinção do concelho de Castelo Bom e início do processo de desagregação e ruína das estruturas defensivas; c. 1950 - Ainda existia a torre de menagem, apeada por um indivíduo que aí pretendia construir uma corte para o burro ( F. Keil do Amaral); 1987 - O castelo está arruinada e parcialmente soterrado; 1987 / 1988 - Elaboração de um Estudo de Recuperação Urbana e Arquitectónica do Castelo, pela DGEMN.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Cantarias e alvenarias de granito de aparelho isódomo sem revestimento.

Bibliografia

COSTA, António Carvalho da, Corografia Portuguesa... tomo II, Lisboa, 1708; LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Lisboa, 1873; AZEVEDO, D. Joaquim de, História Eclesiástica da Cidade e Bispado de Lamego, Porto, 1877; VITERBO, Sousa, Dicionário Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses, vol. 2, Lisboa, 1922; ALMEIDA, João de, Reprodução Anotada do Livro das Fortalezas de Duarte d' Armas, Lisboa, 1943 e Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, Lisboa, 1945; BARROCO, Manuel Joaquim, Panoramas do Distrito da Guarda. Apontamentos referentes aos concelhos e freguesias do Distrito, Guarda, 1978; DIRECÇÃO-GERAL DO PLANEAMENTO URBANíSTICO, Plano da Área Territorial da Guarda, Património Histórico-Cultural, Concelho de Almeida, Lisboa, 1984; AMARAL, Francisco Keil e SILVA, José Antunes Silva, Plano de Salvaguarda de Castelo Bom, Lisboa, 1987; PEREIRA, Mário, dir., Castelos da Raia da Beira, Distrito da Guarda, Guarda, 1988; PEDREIRINHO, José Manuel, Dicionário de arquitectos activos em Portugal do Séc. I à actualidade, Porto, Edições Afrontamento, 1994; GONÇALVES, Luís Jorge Rodrigues, Os castelos da Beira interior na defesa de Portugal (séc. XII - XVI), [dissertação de mestrado], Lisboa, Faculdade de Letras de Lisboa, 1995; INATEL, Carta do Lazer das Aldeias Históricas, vol. 4, Lisboa, 2000.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMA

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; CMA; DGA/TT: Fragmentos, maço 1; Chancelaria de D. Manuel, Legitimações, fl. 78v e Liv. 9, fl. 17 (publ. por VITERBO), Dicionário Geográfico (22 Abril 1758)

Intervenção Realizada

Séc. 20, década de 40 - limpeza da Porta da Vila; 1966 - consolidação dos poços e cisterna e arranjo das respectivas áreas envolventes; 1999 - construção de um miradouro situado a Norte; obras de reabilitação das fachadas no centro histórico do castelo, inseridas no projecto Aldeias Preservadas, numa acção conjungada da autarquia e dos proprietários dos edifícios.

Observações

* 1 - Algumas casas apresentam muros de cantaria que poderão constituir um reaproveitamento de materais provenientes das muralhas.*2 - Este escudo terá feito parte de um dos três arcos de entrada do castelo e que, pela ruína destes foi reaproveitado na construção de uma casa. * 3 - Está prevista a recuperação do paiol. * 4 - Identificação de uma espada pistiliforme do Bronze Final encontrada no local e exposta no Museu da Guarda; * 5 - J. Almeida refere a existência de uma torre de vigia no Cabeço da Medronheira, talvez datada do séc. 18, e da qual não subsistem vestígios.

Autor e Data

Margarida Conceição 1992 / João Vilhena e Joana Vilhena 2002 / Lina Oliveira 2005

Actualização

 
 
 
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