Núcleo de Arte Rupestre da Ribeira de Piscos e Quinta dos Poios

IPA.00001592
Portugal, Guarda, Vila Nova de Foz Côa, Muxagata
 
Sítio pré e proto-histórico. Arte rupestre paleolítica ar ar livre. Gravuras incisas, picotadas, abradidas, ou combinando as várias técnicas, motivos zoomórficos e um antropomorfo naturalistas e alguns raros motivos geométricos e abstractos, escalonando-se entre o Solutrense e o Magdalenense. Arte rupestre calcolítica. Pintura e gravação obtida por picotagem de motivos antropomórficos esquemáticos. Único antropomorfo conhecido em Portugal datável do período Paleolítico com características que obedecem aos cânones das representações humanas atribuíveis a este período ( designadamente em placas da gruta de La Marche, França ) com traços caricaturais e menos naturalistas do que as representações zoomórficas. Destacam-se também neste núcleo os dois cavalos da Rocha 1 que constituem uma cena original no contexto do Paleolítico, de grande mestria artística. Ao Paleolítico Superior corresponde a gravação de c. de 99% dos motivos deste conjunto.
Número IPA Antigo: PT010914100032
 
Registo visualizado 353 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Sítio  Sítio pré e proto-histórico  Arte rupestre      

Descrição

Núcleo formado por cerca de 20 rochas em xisto que se desenvolvem ao longo da margem esq. da ribeira e algumas ao longo do próprio rio Côa, um pouco para jusante da confluência dos cursos de água. Estes painéis verticais serviram de suporte à gravação de várias dezenas de motivos zoomórficos, antropomóficos e alguns sinais, na sua maioria filiformes. Registando-se a presença de um motivo antropomórfico pintado para montante da área de maior concentração das gravuras, e de uma gravura de um antropomorfo esquemático picotado junto à Rocha 1, destacam-se neste núcleo as Rochas 1, 2 e 3. A Rocha 1 apresenta dois equídeos picotados com as cabeças enlaçadas, formando uma cena. A Rocha 2 constitui um grande painel sobre o qual se gravou um importante conjunto de motivos filiformes alguns dos quais sobrepostos. Ao centro figuram três auroques sucessivamente sobrepostos sobre os quais se gravou um pequeno equídeo associado a um sinal em zigue-zague. Sobre este conjunto foi gravado um antropomorfo masculino virado para a direita, com figuração do olho, orelha e queixo pronunciado, e com um desenvolvido falo erecto. Ainda na mesma rocha mas no sector direito, foram gravados duas corças, um cervídeo e um capríneo filiformes, assim como o que parece ser a parte dianteira de um outro cervídeo. A Rocha 3 é um pequeno painel com a representação de quatro equídeos gravados a traço filiforme, com olho, boca e narina representados. Um dos equídeos olha para trás e dois deles apresentam-se em associação sugerindo uma cena de pré-acasalamento ( BAPTISTA, 1998 ) *2.

Acessos

A partir de Muxagata, caminho em terra batida *1

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto nº 32/97, DR, 1ª série - B, n.º 150 de 02 julho 1997 / Incluído no Conjunto dos Núcleos de Arte Rupestre do Vale do Côa (v. PT01091417042)

Enquadramento

Rural e harmonioso, foz da Ribeira de Piscos que corre no sentido O. - E. e é afluente do rio Côa na sua margem esq. sofrendo ainda a influência da albufeira do Pocinho, forma-se junto à embocadura um espelho de água. O relevo é suave, constrastanto com os grandes painéis de xisto, de arestas verticais e vivas. A vegetação rasteira e ribeirinha, envolve as rochas que se desenvolvem desde o nível actual das águas até meia encosta.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Privada: pessoa singular *3

Afectação

Época Construção

Paleolítico

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

c. 20 000 BP a 18 000 BP, Solutrense - período de gravação de parte dos motivos zoomórficos designadamente os cavalos da Rocha 1; c. 16 000 BP a 10 000 BP, Magdalenense - período de gravação de grande parte dos motivos zoomórficos, de um antropomorfo e de sinais, a traço geralmente filiforme ( ex. o antropomorfo da Rocha 2 e os cavalos da Rocha 3 ); Calcolítico - período em que é pintado o motivo antropomórfico e gravado o motivo também antropomórfico esquemático junto à Rocha 1; 1990, década - O núcleo foi parcialmente estudado pelo centro Nacional de Arte Rupestre ( BAPTISTA, 1999 ) e sinalizado; 2010, 15 novembro - Proposta da DRCNorte para redefinição de alguns núcleos classificados, clarificação dos limites de outros e ampliação da classificação, passando a abranger os oito núcleos em vias de classificação; 2012, 26 setembro - publicação do projeto de decisão relativo à alteração da classificação do conjunto dos Sítios Arqueológicos em Anúncio n.º 1347/2012, DR, 2.ª série, n.º 187; 2017, abril - acto de vandalismo ocorrido sobre a "Rocha 2 de Piscos" em Foz Côa.

Dados Técnicos

Gravuras obtidas por incisão, picotagem e abrasão ou por combinação das várias técnicas.

Materiais

Xisto

Bibliografia

REBANDA, Nelson, Os trabalhos arqueológicos e o complexo de arte rupestre do Côa, Lisboa, [ 1995 ]; CARVALHO, António Faustino de, ZILHÃO, João e AUBRY, Thierry, Vale do Côa. Arte Rupestre e Pré-História, Lisboa, 1996; ZILHÃO João ( Coord. ), Arte rupestre e pré-história do vale do Côa. Trabalhos de 1995-1996, Lisboa, 1997; BAPTISTA, António Martinho, Arte rupestre do vale do Côa. Ribeira de Piscos ( Fichas interpretativas ), Lisboa, [ 1998 ]; BAPTISTA, António Martinho, A Arte dos caçadores paleolíticos do vale do Côa, Vila Nova de Foz Côa, 1999 ( no prelo ); CNART ( Centro Nacional de Arte Rupestre ), Inventário da arte rupestre do Vale do Côa, 1999 ( informatizado, não publicado ); http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/16004552 [consultado em 2 janeiro 2017].

Documentação Gráfica

CNART

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CNART; Imagens gentilmente cedidas pelo Centro Nacional de Arte Rupestre

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1990, década - estabelecida guardaria pelo Parque Arqueológico.

Observações

*1 - O acesso é apenas permitido em viaturas do Parque Arqueológico Vale do Côa que organiza visitas guiadas com partida do Centro de Recepçao de Muxagata; *2 - O conjunto não se encontra ainda integralmente estudado, tendo sido desenhadas e interpretadas cinco rochas e tendo sido dado por totalmente concluído o estudo de quatro rochas; *3 - Terrenos pertença de diversos proprietários, encontrando-se o Parque Arqueológico em processo negocial em ordem à sua aquisição.

Autor e Data

Alexandra Cerveira 1999

Actualização

 
 
 
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