Igreja Paroquial de Cachopo / Igreja de Santo Estêvão

IPA.00016295
Portugal, Faro, Tavira, Cachopo
 
Arquitectura religiosa, modernista, popular. Igreja paroquial de planta longitudinal, de nave e capela-mor únicas, edificada de raiz no local de um primitivo templo quinhentista, conjugando elementos modernistas com outros filiados numa certa tradição construtiva regional. Elementos modernistas ao nível dos alçados laterais, com junção dos corpos centrais, e principalmente nos elementos decorativos de iluminação (janelões da capela baptismal e da capela-mor). Elementos decorrentes de uma certa tradição regional e até nacional ao nível da utilização de contrafortes (na parede E. da nave e respectiva junção com a capela-mor), na hierarquização dos espaços (Capela-mor mais baixa que a nave) e na sucessão de tramos do interior através de arcaturas cegas de volta perfeita.
Número IPA Antigo: PT050814010058
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta por nave e capela-mor, uma sacristia e uma dependência de arrumos a ladear a capela-mor, Capela baptismal e dependências de apoio ao longo da fachada N. e torre sineira adossada a S. da fachada principal. Planta regular não coincidindo o exterior, mais amplo, com o interior, que revela uma nave relativamente estreita. Volumes articulados dispostos verticalmente na fachada principal e progressivamente adquirindo maior horizontalidade à medida que se caminha para a capela-mor. Cobertura em telhado de duas águas sobre a nave (que integra a capela baptismal) e a capela-mor e a uma água sobre a sacristia, a arrecadação e as dependências a N., e em cúpula sobre a torre sineira. Fachada principal, antecedida por ampla escadaria, organiza-se a dois registos, sem marcação de corpos; primeiro registo composto integralmente pelo portal principal, de arco de volta perfeita formado por cantarias *1 com marcação de impostas e de bases; segundo registo com duas pequenas frestas dispostas verticalmente e em relação axial com o portal principal; fachada termina em empena triangular definida pela linha do beiral, encimada por uma cruz de ferro ao centro, sendo o desenvolvimento desta empena feito de forma regular para N. e interrompido pela torre sineira a S.; esta é de secção quadrangular e integra-se na secção SO. da igreja, sem marcação de linhas autónomas em relação ao prolongamento natural das fachadas O. e S. do templo; primeiro registo prolonga a fachada principal para S. sem qualquer elemento artístico ou estrutural saliente; segundo registo com um relógio que antecede um diminuto arco sineiro; empena em frontão curvo irregular, interrompendo a curva descendente da empena da fachada principal, com dois botaréus nos ângulos e um pináculo mais elaborado e de maiores proporções, ao centro da cúpula, encimado por uma rosa-dos-ventos. Fachada lateral N. compõe-se de três corpos definidos a um só registo, sendo o central mais saliente que os laterais; corpo O. mais elevado acompanhando a altura da nave central, corresponde ao alçado N. da capela baptismal e é protegido pelo ângulo NO. do adro; encontra-se integralmente preenchido por um janelão em forma de vela quinhentista, com moldura rectangular irregular interrompida e cruz de quatro braços iguais de dupla moldura ao centro. Corpo central organizado em quatro panos separados por largas pilastras adossadas ligeiramente salientes que se prolongam até ao telhado e moldam aí a linha do beiral; embasamento constante definido por uma massa de cimento saliente e pintada de cor diferente; primeiro pano, mais a O. é o único que se organiza a dois registos, beneficiando do declive do terreno, com uma porta ao centro, de arco recto com lintel e jambas em cantaria, encimada por uma janela em forma de cruz latina disposta verticalmente e composta por sucessões de quadrados sublinhados por moldura. os três inferiores e os dois dos braços cegos e os restantes com vidros aplicados, sendo as terminações do quadrado superior e dos braços em arco triangular; tipologia de janelas repete-se nas dos três panos seguintes, com a excepção do segundo pano, onde apenas o primeiro quadrado inferior e os dois dos braços são cegos; corpo termina em cornija que antecede o beiral, recto, sem acentuado declive do telhado. Corpo E. mais retraído em relação ao central, corresponde a uma dependência de arrumos e é o local onde o terreno é mais elevado, o que sublinha a horizontalidade deste corpo; compõe-se uma janela quadrangular com moldura em cantaria, antecedida pelo embasamento que acompanha o do corpo central. Fachada lateral S. apresenta uma organização semelhante à da fachada N., com três corpos distintos, mas aqui organizados a dois registos, pelo maior declive do terreno; corpo O. corresponde à torre sineira, e é protegido pelo ângulo SO. do adro murado; é esta a zona da igreja onde o declive do terreno mais se acentua, sendo o espaço inferior ao muro que delimita o adro aproveitado para a construção de sanitários públicos, duas portas de arco recto e protegidas por um pequeno corrimão de ferro; primeiro registo da torre sineira ostenta uma lápide comemorativa, a pouca altura; segundo registo, ao nível da do arranque do telhado da nave, preenchido por um arco sineiro de volta perfeita, com a curvatura sublinhada por uma pequena moldura, sobrepujado por um frontão irregular em forma de arco canopial; corpo central corresponde a dependências de apoio ao templo e à comunidade, é idêntico ao corpo central da fachada N., com quatro panos delimitados por pilastras até ao telhado; distinção apenas na linha de embasamento que aqui é dupla, com uma base mais saliente ao nível do solo e uma moldura a sugerir a cota do interior; janelas em cruz latina de quadrados, sendo todos cegos à excepção do superior; corpo E. corresponde à Sacristia é preenchido por uma porta de arco recto com moldura em cantaria pintada adossada ao ângulo O. do corpo, a que se acede por uma escada pétrea disposta paralelamente ao alçado e protegida por corrimão também de pedra, com dois níveis de embasamento. Fachada posterior voltada a E. organizada em três corpos organizados a um registo, sendo delimitados apenas pela diferente linha do telhado; embasamento escalonado de N. para S. acompanhando o declive do terreno; corpo central corresponde à capela-mor e compõe-se de um amplo janelão de arco em volta perfeita, disposto verticalmente, com intradorso profundo contendo quatro arquivoltas e parapeito oblíquo; corpo termina em empena triangular antecedida por beiral; corpo N. com uma porta de arco recto a que se acede por um pequeno degrau, terminando em telhado disposto obliquamente de S. para N.; corpo S. com uma pequena jenal quadrangular com moldura em cantaria, sendo o telhado idêntico ao do corpo anterior, mas agora desenvolvendo-se de N. para S.; sendo a capela-mor mais baixa que a nave, é visível o segundo registo da fachada posterior da nave, com um óculo circular ao centro ladeado por quatro contrafortes, dois na intersecção da nave com a capela-mor e outros dois nos ângulos do alçado. INTERIOR: Portal principal protegido por guarda-vento de madeira; nave única delimitada lateralmente por tramos inscritos nas paredes, com cinco arcos cegos separados entre si por pilastras que se elevam até ao tecto e que repousam nos pés direitos dos arcos, estruturas quadrangulares com impostas bem marcadas por sucessão de molduras; tecto de madeira em três panos definidos longitudinalmente ao longo da nave; iluminação efectuada a partir de dois focos: as frestas verticais do segundo registo da fachada principal e o óculo na parede E. da nave. Capela baptismal a N. da nave, com acesso através de uma porta de madeira protegida com gradeamento de ferro, com dupla bandeira do arco, uma mais baixa rectangular com moldura de madeira e preenchimento férreo e outra superior, em forma de meia laranja acompanhando a volta perfeita perfeita do arco em que a porta se inscreve e com uma decoração férrea radial; interior com a pia baptismal ao centro, um recipiente circular assente em fuste circular apoiado numa base quadrangular, e revestimento azulejar a 3/4 de altura com padrão vegetalista-geométrico azul e branco; iluminação quadrangular através do grande janelão em forma de vela latina, na parede N.; Arco triunfal de volta perfeita sem pormenores decorativos ou marcação dos ângulos. Capela-mor quadrangular, mais baixa e mais estreita que a nave, a que se acede por de dois degraus, com o altar em plano mais elevado; tecto de madeira acompanhando o da nave; iluminação abundante através do amplo janelão a E.; a partir da capela-mor acede-se à Sacristia e à dependência de arrumos a N., ambas divisões quadrangulares irregulares; corredores laterais de apoio à comunidade com acesso a partir da capela-mor.

Acessos

Largo da Igreja

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, planalto, isolado, implantado no centro da vila, no local mais alto e em declive para SO., funcionando como pólo ordenador da localidade. Em torno da igreja desenvolveu-se o núcleo antigo, em declive, em relação à cota do templo, para NO., O. e para S. Em frente da fachada principal, orientada, um amplo adro, delimitado pelo casario, define o principal Largo da vila: compõe-se por um pequeno corredor mais alto, em torno da igreja e protegido por pequeno murete, e por um espaço público mais baixo, alcatroado; a ligar estes dois espaços, uma ampla escadaria com degraus circulares, estabalece a comunicação entre a vila e o portal principal da igreja. No ângulo NO. deste adro, e praticamente adossada à fachada principal, existe uma palmeira, que se eleva à altura do arranque da empena do telhado. A partir do Largo desenvolvem-se os dois eixos viários fundamentais, uma para NO. e outro para SO. Ao longo da fachada lateral N. o espaço é delimitado por traseiras de casas de piso térreo; a fachada lateral S. abre para um pequeno Largo, de onde partem duas ruas, alternando as casas entre o piso térreo e os dois pisos. Fachada posterior desafogada de habitações, confronta com um terreno desocupado, avistando-se a estrada que liga a localidade à sede de concelho, Tavira. A NE do Núcleo Museológico de Cachopo (v. PT050814010057) ).

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: Lápide no exterior do alçado S. da torre sineira: "LAPIDE COMEMORATIVA / DA VISITA OFICIAL, / A ESTA ALDEIA, DO / EXMO. SNR. DR. ANTERO CABRAL / ILMO. GOVERNADOR CIVIL / DESTE DISTRITO, NO DIA / 9 DE SETEMBRO DE 1945"

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Algarve)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

1535 - já existia a Igreja de Santo Estêvão de Vale Cachopo, não estando ainda acabada, resultado da construção com dinheiro exclusivo dos paroquianos; é descrita como "hua casa de hua so nave com a sua osya e as paredes de pedra e barro acafeladas e apyncaladas de dentro e de fora e madeyrada a dita osya e igreja de madeyra de carvalho e forrada de canas em calado por cyma e bem telhada (...) e tem hum altar na capella de pedra e barro acafelada de call com imagem de Santo Estêvão de volto grande e ho arquo da dita osya he de tijollo" (CAVACO, 1987); 1565 - medição da Igreja, sendo o corpo de 14 varas de comprimento e 6,5 varas de largura e a capela-mor de 4,5 varas de comprimento e 3 varas de largura; tinha uma imagem de Santo Estêvão no altar-mor, eram as paredes da nave pintadas com diversos santos *2, estava o pavimento por completar, tinha tecto de madeira e um alpendre a anteceder a entrada; a freguesia estendia-se por 120 fogos; Séc. 16, finais - freguesia compreende 200 fogos; 1755 - Terramoto abre fendas nas paredes; 1758 - Já os danos do terramoto estavam reparados; Memória paroquial esclarece que a freguesia tem 370 fogos; descrição da igreja nesta data: "se compõe de cinco altares, a saber, do altar-mor com invocação de Stº. Estêvão e neste mesmo está colocado o sacrário com o Santíssimo sacramento e ao lado direito de dois altares, um o de Nossa Senhora do Rosário e este é o mais próximo do altar mor e outro o das Santas Almas e é o mais remoto e ao lado esquerdo de outros dois altares, um o de Senhor Jesus (...) e o outro de Stº. António e mais tem duas naves e sete confrarias (...)" (Memórias Paroquiais, Cachopo, 1785); 1836, 6 de Novembro - Freguesia de Cachopo é incorporada no concelho de Tavira; 1950, década de - Demolição da antiga igreja e construção de raiz de um novo templo; 1858 - freguesia conta com 490 fogos; 1960 - freguesia tem 892 fogos; 1970 - na freguesia habitam 725 famílias; 1981 - freguesia conta com 644 fogos; 1991 - População da freguesia ascende a 1420 habitantes e 559 fogos.

Dados Técnicos

Estrutura autónoma

Materiais

Alvenaria rebocada e caiada; madeira, vidro, ferro, estuque

Bibliografia

ANICA, Arnaldo Casimiro, Tavira e seu termo. Memorando histórico, vol. 1, Tavira, Câmara Municipal de Tavira, 1993; CAVACO, Hugo, "Visitações" da Ordem de Santiago no Sotavento Algarvio, Vila Real de Santo António, Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, 1987; LAMEIRA, Francisco, A talha no Algarve durante o Antigo Regime, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Unidade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade do Algarve, Faro, Câmara Municipal de Faro, 2000.

Documentação Gráfica

CMTavira

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMTavira

Documentação Administrativa

CMTavira

Intervenção Realizada

Observações

*1 - Pelo estado de desgaste da pedra e diferentes colorações, tudo indica que estas cantarias foram reaproveitadas de uma anterior estrutura, muito possivelmente de um anterior portal da igreja de época moderna; *2 - Nos meados do séc. 16 eram muitas as igrejas algarvias em que as paredes estavam pintadas com figuras de santos; Francisco Lameira dá-nos uma lista a partir das informações constantes das Visitações da Ordem de Santiago (LAMEIRA, 2000).

Autor e Data

Paulo Fernandes 2002

Actualização

 
 
 
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