Convento de São Francisco / Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos / Hospital de Santa Maria Maior de Barcelos

IPA.00017272
Portugal, Braga, Barcelos, União das freguesias de Barcelos, Vila Boa e Vila Frescainha (São Martinho e São Pedro)
 
Arquitectura religiosa / Arquitectura civil, barroca, rococó e neoclássica. Convento de planta alongada, composta por igreja, de planta longitudinal, com endonártex, nave única e capela-mor, mais estreita, a que se adossa a N., corpo rectangular da capela mortuária, e corpos laterais adossados, correspondendo às antigas dependências conventuais, do lado S., compostas por vários corpos rectangulares, formando pátio interior e claustro quadrangular no extremo do edifício, e do lado N., formando um L, na fachada posterior, junto à igreja, correspondendo ao aumento feito ao edifício no final do séc. 19, para asilo. Igreja com fachada principal, enquadrada por pilastras nos cunhais, rematada por frontão contracurvado com edícula ao centro. Três vãos de arco de volta perfeita abrem-se no primeiro registo, com a pedra de armas da Ordem Franciscana sobre o intradorso do arco central, e três edículas, no segundo. A fachada segue o mesmo modelo arquitectónico das igrejas franciscanas. Interior coberto por abóbada de lunetas, com retábulos e trabalhos de talha rococós, já de transição para o neoclássico, visíveis nomeadamente através do emprego da cor branca na talha e da decoração de grinaldas. Dependências conventuais neoclássicas, com fachadas rasgadas regularmente por fenestração, com fachada principal, composta por panos simétricos das alas N. e S., apenas com algumas variações decorativas. Interior das alas simétrico, com acesso por vestíbulo comunicante com escadaria monumental.
Número IPA Antigo: PT010302140070
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Francisco - Franciscanos Capuchos (Província da Soledade)

Descrição

Planta alongada, composta por corpo central, correspondendo à igreja, de planta longitudinal, com endonártex, nave única e capela-mor, mais estreita, a que se adossa a N., corpo rectangular da capela mortuária, e corpos laterais adossados, correspondendo às antigas dependências conventuais, do lado S., compostas por vários corpos rectangulares, formando pátio interior e claustro quadrangular no extremo do edifício, e do lado N., formando um L, na fachada posterior, junto à igreja, correspondendo a um aumento feito ao edifício no séc. 19. Volumes articulados e escalonados de dominante horizontal, com coberturas diferenciadas em telhados de uma, duas e três águas. IGREJA com fachadas rebocadas e pintadas de branco, de dois registos, com embasamento em cantaria. Fachada principal orientada, enquadrada por pilastras toscanas colossais, rematada por cornija encimada por espaldar recortado, ritmado nos ângulos por pináculos, com cruz sobre acrotério, e no tímpano nicho albergando a imagem de Nossa Senhora da Conceição. Primeiro registo com acesso ao endonártex, por tripla arcaria de volta perfeita, sobre colunas prismáticas, cerrados por grade de ferro, tendo o central, na pedra de fecho, as armas da Ordem Franciscana, em cartela decorada com motivos vegetalistas, concha e querubim. Segundo registo rasgado por três edículas, decoradas com aletas vegetalistas e encimadas por cornijas curvas. Albergam, sobre mísulas, esculturas representando, a do centro, a Visitação, e as laterais, São Francisco de Assis e São Boaventura. Interior do endonártex rebocado e pintado de branco, com cobertura em abóbada de cruzaria e pavimento em laje de granito. Possui três portas, a central, de acesso à nave, em arco abatido, com folha de acanto na pedra de fecho, ladeada por cruzes latinas em azulejo monócromo, de estação de via sacra. As portas laterais, de acesso a dois vestíbulos de comunicação com as dependências conventuais, encontram-se inscritas em arco de volta perfeita, com moldura decorada por aletas e motivos vegetalistas e encimada por edícula. Fachada posterior a E., sendo apenas visível a empena do remate da nave, com cruz sobre acrotério, e pináculos nos extremos, e o corpo da capela-mor. Lateralmente é rematado por cornija recta sob beiral e aberto, a E. por janelão de verga recta encimado por óculo oval e porta de verga recta e do lado oposto por dois óculos junto à cobertura. Parede testeira, em empena, enquadrada por cunhais rusticados, com duas pequenas janelas quadrangulares. Corpo da sacristia rematado por cornija sob beiral, enquadrado por cunhais apilastrados, rasgado do lado N. por dois óculos quadrifoliados, entre fonte de espaldar recortado, com volutas, bicas carrancas e duas pias semicirculares geminadas. Na parede testeira, virada a E., encontra-se adossada estreita sineira de três ventanas em arco de volta perfeita, a central mais elevada, rematada por beiral. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por lambril de granito. Cobertura em abóbada de lunetas, em madeira, pontuada com motivos decorativos fitomórficos dourados, assente em cornija, ritmada por mísulas decoradas por motivos concheados. Pavimento em soalho na nave e mosaico cerâmico na capela-mor. Coro-alto sobre o endonártex, protegido por guarda vazada de madeira, assente em cornija boleada, que se prolonga do lado da Epístola, formando a tribuna do órgão. Sub-coro com guarda-vento de madeira, ladeado por pias de água benta, decoradas com motivos concheados. Acesso à nave por guarda-vento de madeira, enquadrado por pilastras molduradas, rematado por cornija, com motivo fitomórfico ao centro e urnas nos extremos. A ladear o guarda-vento, nos ângulos das paredes, pias de água benta. Em posição confrontante, dois janelões, com sacada à face, protegida por guarda de ferro, dois púlpitos com base de pedra de secção semicircular, assente em mísula fitomórfica, com balcão pleno, em talha monócroma a branco, com decoração marcada a dourada, porta de acesso com sanefa em talha idêntica à da guarda, encimadas por janela com moldura recortada e dois vãos em arco de volta perfeita, onde se inscrevem porta com sanefa de talha as insígnias franciscanas, sobrepujada por janela de moldura recortada tendo na base cartela com inscrição. Acesso aos púlpitos no intradorso do arco. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras dóricas, coberto por sanefa de talha dourada rematada pelas armas reais, cerrado por grade de comunhão, em balaustrada de madeira. Retábulos colaterais em talha monócroma a branco, com decoração marcada a dourado. Capela-mor com duas portas e quatro janelões iguais aos da nave, em posição confrontante. Retábulo-mor sobrelevado, a que se acede por três degraus de granito. Em talha policroma, com predominância do branco, pontuada a dourado e castanho e azul, de planta côncava, um só eixo, rematado cornija recortada, com volutas, onde assentam anjos que seguram em grinaldas, com glória de querubins com resplendor, ao centro. Tribuna com tela representando a Mater Omnium, ladeada por par de colunas coríntias, demarcadas no terço inferior, com peanhas com imaginário, no extremo. DEPENDÊNCIAS CONVENTUAIS com fachadas rebocadas e pintadas de branco, de dois registos, percorridas por embasamento avançado, em cantaria, largos frisos a separar os registos, cunhais apilastrados e remates em cornijas sob beiral saliente. Fachada principal voltada a O., marcada centralmente pela igreja. Apresenta quatro panos delimitados por pilastras, sendo dois estreitos, a ladear a igreja, e dois alongados, com recurso à pedra fendida no cunhal e pilastra, ao nível do primeiro registo. Panos estreitos, simétricos, rasgados por portal em arco de volta perfeita, com moldura em pedra fendida, encimado por janela em arco de volta perfeita, rematada por cornija recta, com sacada protegida por guarda de ferro. Panos alongados, rasgados regularmente por janelas em arco abatido, sendo as do registo superior, na ala esquerda rematados por cornija curva, e na ala oposta por cornija recta. Fachada lateral N. rasgada por par de janelas em arco abatido, sendo as do registo superior rematadas por cornija curva. Fachada lateral S. rasgada por vãos de verga recta, com porta de acesso às urgências, protegida placa. Fachada posterior a E., com jogo de panos avançados e recuados, rasgada regularmente por janelas de verga recta, com brincos nos dois registos, e escadaria de pedra com arranque volutado. Na ala s., adossa-se, ao nível do segundo registo corpo de ligação ao bloco operatório, de construção recente. INTERIOR: Acesso através de dois vestíbulos, um na ala N. e outro na ala S., que comunicam com o endonártex, com pavimento lajeado e silhar de azulejos de padrão industriais, com estampilha, policromos a azul, amarela e branco. Possuem frontalmente, três portas, em arco de volta perfeita, molduradas, sobre pilastras, a central, maior, abrindo para escadaria nobre com guarda de ferro, pintada a verde e dourado, que conduzem ao segundo piso. Neste, sobre vestíbulos, e com comunicação através do coro-alto, situam-se o salão nobre e os aposentos da Provedoria, com pavimento e tectos de madeira e diversas salas de trabalho.

Acessos

Barcelos, Campo da República

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, delimitando o lado E. do Campo da Feira (v. PT010302140095), adossado, junto à fachada lateral N. a edifício recente, onde funciona o Lar Rainha D. Leonor e na fachada posterior a um passadiço liga o edifício principal ao bloco operatório do hospital. Junto a este erguem-se dois edifícios baixos, onde funcionam um centro de dia e uma creche. Possui fronteiro, ao longo de toda a fachada, um espaço murado e gradeado, com acesso ao centro, por portal enquadrado por pilares com pilastras toscanas em pedra fendida, coroadas por urnas. Junto à fachada posterior, em espaço ajardinado encontra-se chafariz central, de tanque circular, possuindo ao centro sobre coluna decorada, taça encimada por urna estilizada. A SE., desenvolve-se o Parque Municipal, antiga mata da cerca do convento, com frondosas árvores e passeios com bancos de pedra.

Descrição Complementar

TALHA: Retábulos colaterais idênticos, o do lado do Evangelho de invocação do Senhor da Cana Verde, e o do lado da Epístola, de invocação de Nossa Senhora da Misericórdia. De planta recta, um só eixo, rematado por espaldar recortado com decoração de grinaldas de flores e conchados. Tribuna recortada, com imagem do orago, enquadrada por moldura com decoração fitomórfica, e nos extremos, coluna coríntia, com decoração fitomórfica espiralada e demarcação no terço inferior. Altar em forma de urna; ÓRGÃO: Grande órgão em talha monócroma a branco, pontuada a dourado, de três castelos, rematados por cornija, com espaldar que se eleva no central com motivo vegetalista, ladeado por anjos músicos. Flautado em leque; INSCRIÇÕES: inscrições gravadas nas cartelas junto ao arco triunfal, com os sulcos pintados de preto; as cartelas são decoradas por motivos concheados; granito; leitura: (lado do Evangelho) O REVERENDO PROVENÇAL FRANCI SCO DO PORTO SARMENTO MANDOU FAZER; (lado da Epístola) FRANCISCE REPARA DOMVM MEA QVA LABITOR.

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja de confraria / irmandade / Saúde: hospital de confraria / irmandade / Assistencial: lar

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1500 - Fundação da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos; 1591 - por alvará de D. Teodósio II, Duque de Bragança, é concedida aos Administradores da Confraria da Misericórdia de Barcelos, a isenção de todos os cargos do concelho; séc. 17, inícios - por solicitação dos barcelenses é dado início à construção de um convento de freiras sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, no Campo da Feira, próximo da Igreja do Terço (v. PT010302140016); 1641 - D. João IV faz mercê do edifício, cujas obras haviam sido interrompidas, aos monges de São Bernardo para que fosse para aí mudado o Mosteiro de Santa Maria de Fiães, por este se encontrar muito arruinado; 1642 - Frei Lourenço Botelho, Abade de Fiães, e Frei João da Silveira, Abade de Bouro, tomam posse da concessão; 1648 - em virtude dos padres de Fiães não se terem mudado para Barcelos, D. João IV, por proposta dos barcelenses, concede o edifício que já estava começado, aos padres capuchos do convento do Bom Jesus do Monte da Franqueira para que se mudassem para aí; 1649, Março- Frei Manuel da Bemposta, guardião da Franqueira, em nome do superior provinvial dos Capuchos, deram conhecimento à Câmara da mercê que o rei lhes fizera; Agosto - como o local onde se achava iniciado o edifício foi considerado inadequado para prosseguir com as obras, é demarcado novo local e iniciada a construção do Convento dos religiosos reformados da Ordem de São Francisco de Assis, do Instituto dos Descalços da Província da Soledade, no Campo do Salvador; 1652 - estando a obra ainda inacabada foi rezada a primeira missa; 1736 - Uma provisão de D. João V manda que a Câmara Municipal de Barcelos concedesse à Santa Casa da Misericórdia, todas as semanas e gratuitamente, carne de vaca para alimentação dos seus doentes; 1754 - os frades receberam do povo 70.000 réis do real de água para o encanamento do seu "anel de água"; séc. 18, meados - a igreja sofre alterações; 1758 - refere-se o magnífico convento do Campo do Salvador, de que é padroeira a Sereníssima Casa de Bragança, com um excelente dormitório e uma igreja cujo frontispício é obra moderna, com três imagens de pedra primorosamente lavradas e metidas em seus nichos, uma de São Boaventura, outra do patriarca São Francisco e no mais alto sobre a vidraça do coro a de Nossa Senhora da Conceição; 1834 - com a extinção das Ordens Religiosas, os padres da Franqueira abandonam o edifício, sendo este concedido por D. Maria II à Santa Casa da Misericórdia de Barcelos, a pedido da Câmara Municipal; 1836 - transferência da Santa Casa da Misericórdia da velha Rua de Santa Maria para o actual edifício; séc. 19, 3º quartel - um incêndio, no interior da igreja, destruiu parte do recheio barroco; 1875 - instalação do hospital de Barcelos no edifício; 1886, Janeiro - a Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição passa a apoiar e ajudar a activade do hospital; 1889 / 1890 - edificação da ala N., para instalação do Asilo de Inválidos; 1909 - alteração na ala S.; 1970 - construção do bloco hospitalar junto à fachada posterior; 1974 - o hospital é separado administrativamente da Santa Casa da Misericórdia, passando para o Ministério da Saúde, conservando esta apenas a posse do edifício.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura, elementos decorativos, cunhais, embasamento, cornijas de remate, frisos, chafariz da fachada posterior, fonte de espaldar do corpo da capela mortuária, lambril da igreja, pias de água benta, bases do púlpito, pavimentos do endonártex e dos vestíbulos e escadarias em granito; portas e janelas, pavimento da nave, guarda-vento, coberturas da igreja, guarda do coro-alto, retábulos, órgão, guardas dos púlpitos, sanefas, pavimentos e tectos do segundo piso tectos das dependências conventuais, em madeira; pavimento da capela-mor, em mosaico cerâmico; gradeamentos exteriores, guardas das sacadas e das escadarias em ferro; cobertura exterior em telha de canudo.

Bibliografia

PEREIRA, Domingos Joaquim, Abade do Louro, Memória Histórica da Villa de Barcellos, Barcellinhos e Villa Nova de Famalicão, Viana do Castelo, 1867, pp. 100, 104; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1962, 2º Vol., Lisboa, 1963; NÓBREGA, Artur Vaz Osório da, Pedras de Armas e Armas Tumulares do Distrito de Braga (cidade de Barcelos), vol. V, Braga, 1975, pp. 78 - 80; Resenha Histórica da Misericórdia de Barcelos, Barcelos, 1985; FONSECA, Teotónio da, O Concelho de Barcelos Aquém e Além- Cávado, vol. 1, Barcelos, 1987, pp. 155 - 157; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Barcelos, Lisboa, 1990, pp. 72 - 74; OLIVEIRA, Eduardo Pires de, O edifício do Convento do Salvador - De mosteiro de freiras ao Lar Conde de Agrolongo, Braga, 1994; CAPELA, José Viriato; BORRALHEIRO, Rogério, Barcelos nas Memórias Paroquiais de 1758, Barcelos, 1998, pp. 54 - 55; TRIGUEIROS, António Júlio Limpo; FREITAS, Eugénio Andrea da Cunha e; LACERDA, Maria da Conceição Cardoso Pereira de, Barcelos Histórico Monumental e Artístico, Braga, 1998, pp. 61 - 80; Realeza e nobreza na galeria dos benfeitores da Santa Casa, in Diário do Minho, 5 de Fevereiro de 2004, p. 27.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

Santa Casa da Misericórdia de Barcelos

Intervenção Realizada

SCMB: 1909 - obras de remodelação da ala S.; Comissão de Construções Hospitalares: 1962 - Conclusão do projecto de remodelação e ampliação do hospital; SCMB: 1995 - Substituição dos pavimentos e tectos da igreja.

Observações

Autor e Data

António Dinis / Ana Pereira 2000

Actualização

 
 
 
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