Palácio dos Condes de Tomar

IPA.00020220
Portugal, Lisboa, Lisboa, Misericórdia
 
Arquitectura residencial, romântica. Palácio urbano, dominado por uma organização e compartimentação interna definida por espaços de diferentes dimensões e morfologias articulados de modo labiríntico, com zonas de circulação irregulares, em termos de implantação e distribuição.Esta situação generalizada é apenas contrariada na zona envolvente da escadaria monumental (vestíbulo), e dos principais compartimentos do andar nobre, dispostos ao longo do alçado principal.do edifício - espaços de grande aparato, amplitude e ordem.
Número IPA Antigo: PT031106150625
 
Registo visualizado 1553 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta em L

Descrição

De planta em L, volumetria paralelepipédica, cobertura efectuada por telhado a 4 águas. Composto por 4 pisos (um deles parcialmente enterrado e outro ao nível da cobertura) cunhais e soco de cantaria articulados com alçados animados pela abertura de vãos predominantemente de verga recta destacada, a ritmo regular. Alçado principal a E., organizado em função de 2 registos horizontais separados por cornija, o inferior rasgado pela sobreposição de fenestrações de peito, (com gradeamento e varandim em ferro fundido) correspondentes ao piso térreo e a um andar intermédio e pela abertura, a eixo, de portal de verga recta destacada e bandeira, cujo pé-direito coincide com a altura total do registo inferior. Andar nobre assinalado pela presença, acima da cornija, de 7 janelas de sacada de verga recta destacada - individualmente guarnecidas por varandins de ferro fundido com pinhas nos extremos - ritmadas lateral e superiormente por emolduramentos de estuque. O edifício é superiormente rematado por cornija articulada com platibanda em balaustrada ritmado por plintos. O alçado posterior , articula-se com pátio arborizado. INTERIOR: escadaria monumental, sobrelevada relativamente ao vestíbulo rectangular (com tecto animado por painéis em estuque), que a precede. Desenvolvendo-se ao longo de todos os pisos, esta, articula-se com caixa murária animada por marmoreados e aplicação de estuques, e com remate em clarabóia, precedida de painéis em estuque e vitrais. É em função desta escadaria e de uma outra secundária (que se desenvolve contiguamente à principal do seu lado esquerdo) que se estabelece a distribuição da compartimentação interna, irregular morfologica e dimensionalmente, e que se apresenta organizada em redor das mesmas e de modo intercomunicante entre si. No piso nobre concentram-se, ao longo do alçado principal, os principais espaços interiores, como a antiga sala de estar, de jantar e da música, esta última comunicante com a antiga capela do palácio - de planta rectangular e cobertura em tecto plano vazado, ao centro, por clarabóia octogonal animada por vidros pintados, apresenta no muro a O., um retábulo em talha dourada e com pintura de marmoreados articulado com espaço vasado ao centro destinado a receber composição pictórica (*1) superiormente rematado por frontão curvo interrompido com a figuração de Agnus Dei.

Acessos

Rua de São Pedro de Alcântara, n.º 1 - 3; Rua do Grémio Lusitano, n.º 1 - 3

Protecção

Incluído na classificação do Bairro Alto (v. IPA.00005019) / Incluído na Zona de Proteção do Aqueduto das Águas Livres (v. IPA.00006811) / Incluído na Zona Especial de Proteção Conjunta dos imóveis classificados da Avenida da Liberdade e área envolvente

Enquadramento

Urbano. Integrando a malha urbana regular do Bairro Alto, fazendo gaveto. Na proximidade do Largo Trindade Coelho, da Igreja de São Roque (v. PT031106150012) e do antigo palácio dos Marqueses de Nisa/ Misericórdia de Lisboa (v. PT031106150334).

Descrição Complementar

No interior do edifício destaca-se a aplicação de estuques oitocentistas, de grande variedade temática, especialmente localizados ao nível do andar nobre - nos tectos das principais salas e na caixa da escadaria, onde se faz notar a presença de 4 grandes medalhões circulares com representação figurativa alusiva às 4 estações do ano. É ainda de salientar o compartimento anteriormente utilizado como biblioteca (localizado no extremo NO do imóvel) integralmente revestido com couro repuxado, dourado e pintado, apresentando figuras animais e vegetais. No topo uma faixa de couro percorrendo toda a sala, provavelmente colocada em data posterior apresenta gravadas as armas da casa de Tomar. Alçado posterior, ao nível do piso parcialmente enterrado, regista-se a presença de espólio azulejar de diferentes momentos cronológicos, alguns ainda aplicados segundo esquemas compositivos de carácter padronado - como azulejos do período pombalino - e outros aleatoriamente e datáveis do século 17.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Cultural e recreativa

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectacção

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

Séc. 19, 2ª metade - edificação do palácio (sobre um edifício pré-existente, datável do séc. 18), por António Bernardo da Costa Cabral (1835 - 1903), 2º conde de Tomar (1851); 1894 - é proprietário do edifício através do seu casamento com Sofia Adelaide Dias e Sousa, filha de Bartolomeu dos Mártires Dias e Sousa; 1925 - 1949 - é proprietário António Maria da Costa de Macedo; 1927 - 1950 - encontra-se instalado no edifício o Royal British Club; 1948 - 1966 - são proprietários Agostinho Maria da Costa Cabral de Macedo, Sofia Maria da Costa Cabral de Macedo, Maria José da Costa Cabral de Macedo, António Bernardo da Costa Cabral de Macedo e João Maria da Costa Cabral de Macedo; 1925 - instalação do Instituto de Orientação Profissional; 1970 - a Câmara Municipal de Lisboa adquire o imóvel; 1973 - instalação no imóvel da Hemeroteca Municipal; 1994 - conclusão da informatização do catálogo da Hemeroteca (cerca de 35.000 registos bibliográficos); 2001 - campanha de obras (orçada em 30.000.000$00) responsável pela integral remodelação dos interiores do edifício (espaços de leitura e arquivo), determina o encerramento temporário da Hemeroteca, que reabre em Março do mesmo ano, com 4 Salas de Leitura, dispondo de um total de 70 lugares sentados, um Serviço de Reprografia e outro especializado no Atendimento de Publicações Oficiais; 2013 - encerramento da Hemeroteca, tendo esta mudado para o Bairro do Rego; instalação da Comunidade Brotéria da Companhia de Jesus com a gestão da responsabilidade da Direção de Cultura da Santa Casa da Misericórdia.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira, vidro pintado e colorido, azulejos.

Bibliografia

Archivo Pittoresco, tomo 7, n.º 39, 1864; AAVV, Il Palazzo del Marchese di Tomar. Bairro Alto di Lisbona, Lisboa, s.d.; A propriedade urbana, 3.ª série, ano LVI, n.º n.º 185, Lisboa, Associação Lisbonense de Proprietários, Julho - Agosto 1970; LUÍS, Sara Belo, A Babel do Efémero, in Visão, 15.03.2001; projeto a Casa Senhorial, Portugal, Brasil e Goa, https://acasasenhorial.org/acs/index.php/en/casos-de-estudo-en/casosdeestudo-en/573-escadaria-nobre-do-palacio-dos-condes-de-tomar

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CML; Archivo Pittoresco, Tomo 7, Nº 39, 1864, p. 305 ; AAVV, Il Palazzo del Marchese di Tomar. Bairro Alto di Lisbona, Lisboa, s.d.

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CML: Arquivo de Obras, Procº nº 552

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1894, Junho - alterações interiores; 1926, Junho - transformação de uma janela da fachada em porta e pequenas modificações interiores; 1926, Dezembro - reparação do telhado; 1927, Abril - demolição de paredes divisórias e sua substituição por vigas de ferro, reparações interiores de estuques e pinturas; 1927, Junho - reparações em duas janelas trapeiras; 1927, Julho - alteração de uma janela trapeira; INQUILINO: 1930, Agosto - alterações interiores da responsabilidade do construtor civil René Touzet, construção de duas retretes, alteração do pavimento e cobertura; PROPRIETÁRIO: 1932, Agosto - limpezas e reparações interiores; 1938, Fevereiro - reparação do telhado; INQUILINO: 1938, Junho - reparação e melhoramento das instalações sanitárias, abertura de portas, substituição do pavimento, colocação de azulejos, reparação do tecto, pinturas e beneficiações interiores, substituição das canalizações e caixilharias; 1939, Julho - limpezas e reparações interiores; PROPRIETÁRIO: 1940, Setembro - limpezas, pinturas e reparação das coberturas e canalizações; INQUILINO: 1946, Setembro - pintura e substituição das decorações de portas e janelas do edifício anexo existente no jardim; PROPRIETÁRIO: 1947, Janeiro - reparações e pinturas interiores de tectos, paredes e pavimentos; 1948, Agosto - obras de limpeza e beneficiação geral; 1950, Novembro - obras de limpeza, reparação e beneficiação geral; 1951, Junho - obras de pintura e limpeza; INQUILINO: 1959, Maio - alterações na fachada posterior do edifício e construção de uma varanda destinada ao serviço de bar do clube; PROPRIETÁRIO: 1963, Dezembro - obras de beneficiação geral; 1964, Junho - obras de limpeza e beneficiação geral; 1966 - adaptação da construção existente para fins comerciais; CML: 1969, Maio - reparação da chaminé; PROPRIETÁRIO: 1966, Fevereiro - obras simples de conservação; 2001 - obras de remodelação dos interiores (espaços destinados ao público e área de arquivo), restauro da escada nobre (escaiola e pintura decorativa); 2002 - campanha de obras de beneficiação de coberturas interiores e exterior.

Observações

*1 - integrava uma pintura sobre tela, que foi entretanto retirada e integrada no espólio do Museu da Cidade de Lisboa.

Autor e Data

Teresa Vale, Maria Ferreira e Sandra Costa 2001

Actualização

 
 
 
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