Tribunal Judicial do Couto de Refojos de Basto / Casa do Barão de Basto / Casa Municipal da Cultura de Cabeceiras de Basto

IPA.00020744
Portugal, Braga, Cabeceiras de Basto, União das freguesias de Refojos de Basto, Outeiro e Painzela
 
Arquitectura judicial e civil residencial, rococó, ecléctica, revivalista, art deco. Casa de antigo Tribunal de Couto, de planta rectangular, da qual já só existe a estrutura, os cunhais com as armas com molduras de concheados rococós e o entablamento que seria o remate das fachadas. No séc. 19 foi profundamente remodelada e adaptada a residência, conjugando o gosto oitocentista pela decoração de estuques, com motivos fitomórficos e rendilhados, os vãos em arco quebrado neogóticos e os motivos fitomórficos neo-barrocos, patentes nas portas e guarda da escadaria. O revestimento das fachadas a azulejo, com padrão intenso de riscas e a varanda corrida, aberta à paisagem do último piso, poderá associá-la a "Casa de Brasileiro", um pouco à semelhança do que se passa com a maioria das casas da praça. Tal como se verifica em muitas destas casas, existe um vestíbulo que daria acesso aos pisos superiores, usados como residência, separando as lojas do piso térreo. Os corredores apresentam pintura mural com motivos geométricos art deco. Junto à fachada posterior existe um corpo de construção recente, depurado de decoração, com vãos simples, rectangulares, sem moldura, que procura conjugar os materiais tradicionais de revestimento de fachadas, como o granito e as placas de ardósia em forma de escama.
Número IPA Antigo: PT010304140080
 
Registo visualizado 531 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Judicial  Tribunal  Tribunal de comarca  

Descrição

Planta composta por dois corpos regulares, o principal rectangular, correspondendo à casa primitiva, e outro recente, em L invertido, adossado à fachada posterior, junto do qual se desenvolve pátio rectangular. Volumetria de dominante horizontal com coberturas diferenciadas em telhado de quatro águas, com clarabóia de vidro, circular com coruchéu, no corpo principal e em chapa de zinco no corpo recente. Fachada principal a S., de três registos, sendo o último recuado, separado por entablamento e percorrido por varanda alpendrada, que se prolonga para as fachadas laterais. Possui embasamento fingido, pintado de azul escuro, sendo enquadrada ao nível dos dois primeiros registos por cunhais de cantaria, apilastrados toscanos, com pedras de armas dispostas em ângulo, com molduras de concheados. A do cunhal O. representa as armas reais, sem coroa, e do cunhal oposto, as armas da ordem beneditina coroadas por mitra. O pano dos dois primeiros registos é revestido a azulejo industrial monócromo, com riscas azuis e brancas, com moldura em losangulos a delimitar o pano de fachada. Possui ao nível do registo inferior, cinco portas molduradas em cantaria, em arco abatido e ao nível do segundo, quatro janelas em arco de volta perfeita com molduras também em cantaria, tendo ao centro, janela de sacada com guarda de ferro. Último registo, correspondendo à varanda, com pintural mural fingindo o padrão de riscas dos azulejos. Apresenta vãos em arco quebrado, moldurados a madeira pintada de verde água. Ao centro par de portas ladeadas por par de janelas. A varanda corrida é suportada por colunelos de ferro, com guarda vazada também em ferro e revestimento interior da cobertura em madeira pintada de verde-água. Fachadas laterais do corpo principal com pintura mural fingindo o padrão de riscas dos azulejos, possuindo ao nível da varanda, porta ladeada por janelas. Ao extremo da fachada lateral O., foi adossado corpo recente, de dois registos, rebocado e pintado de branco, aberto por janela rectangular, ao nível do segundo. A fachada lateral E. é rasgada por janela de sacada à face, ao nível do segundo registo do corpo principal. O pano do corpo recente apresenta dois registos. O primeiro é revestido a cantaria rusticada, aberto por sequência de portas envidraçados. Junto, possui muro aberto nos extremos por portões de ferro. O segundo, mais avançado, é suportado por coluna de pedra, parcialmente revestido a placas de ardósia e rebocado e pintado de branco no extremo. Possui janela de sacada à face do lado esquerdo. Na fachada posterior, o corpo principal, é apenas visível ao nível do último registo, sendo revestido a placas de ardósia e aberto por três janelas rectangulares. Corpo recente com fachadas rebocadas e pintadas de branco, aberto regularmente por vãos rectangulares sem moldura. No pano virado a N. possui ao nível do segundo registo porta com balcão suportado por pilar de pedra, com acesso por escadaria de pedra, de dois lanços com patamar intermédio. Pano E. do braço do L, com primeiro registo avançado, possuindo superiormente varanda, com guarda de ferro. O topo do braço possui inferiomente túnel de passagem para o logradouro e superiormente é rasgado por portas envidraçadas. INTERIOR com acesso principal por pequeno vestíbulo com escadaria de madeira de acesso aos pisos superiores, com arranque decorado por acantos. A iluminação da escadaria é feita por clarabóia, com decoração de estuque. O vestíblulo comunica com amplo salão com pavimento lageado de granito, correspondendo às antigas lojas, que comunica com salas de leitura da biblioteca, existentes no corpo recente. A distribuição nos pisos superiores é feita por corredor central que percorre todo o corpo principal, com pinturas murais, com decoração de marmoreados e motivos geométricos. As portas apresentam bandeira, com motivo floral. Algumas salas são intercomunicantes. Salão nobre no segundo piso, com tecto em estuque com composições de motivos fitomórficos. Neste piso existe ligação com diversas salas do corpo recente, nomeadamente com a ampla sala de leitura. No último piso encontra-se uma sala com tecto em estuque pintado imitando pavimento em grés. Todas as divisões do corpo principal apresentam pavimento em soalho, com alguns tectos com trabalhos de estuque e tectos falsos. Corpo recente com pavimento em soalho flutuante e tectos falsos.

Acessos

Praça da República

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, no extremo O. da Praça da República (v. PT010304140070), flanqueada por casas de habitação. Na proximidade, encontra-se o Cruzeiro de Refojos de Basto (v. PT010304140005), a estátua "O Basto" (v. PT010304140059), junto ao Posto de Turismo, a Fonte Municipal de Refojos de Basto (v. PT010304140085), na margem oposta da Ribeira de Penoutas. No topo E. da praça encontra-se o Mosteiro de São Miguel de Refojos de Basto (v. PT010304140002). Possui logradouro, a E., com acesso por portões de ferro junto à fachada lateral. Junto à fachada posterior possui jardim devoluto que se desenvolve em socalcos.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Judicial: tribunal de comarca

Utilização Actual

Cultural e recreativa: edifício multiusos / Cultural e recreativa: biblioteca

Propriedade

Pública: municipal / Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1755 / 1758 - O Abade Frei Francisco de São José, do Mosteiro de São Miguel de Refojos, manda construir o Tribunal do Couto de Refojos de Basto; 1834 - extinção das ordens religiosas; o mosteiro, as cercas e o antigo tribunal são vendidos em hasta pública e comprados por João António Fernandes Basto, instituíndo a Casa do Mosteiro; 1853 - a casa do antigo tribunal é destruída por um incêndio, sendo logo reconstruída; 1873, 24 Agosto - o proprietário João António Fernandes Basto morre, herdando a casa o seu sobrinho Alexandre José Fernandes Basto; 1874 - a casa é transformada em hospedaria; séc. 19, final - remodelação e redecoração da casa; séc. 20, início - a casa é habitada por Júlio José Fernandes Basto, Barão de Basto *1; 1944 - a casa, pertença da Casa do Mosteiro, é vendida pelos seus herdeiros, a José Gonçalves Ferreira, para instalação de um Pensionato Feminino; anos 70 - encontrava-se lá instalada uma escola; anos 90 - a casa é vendida pelo seu proprietário à Câmara Municipal e o logradouro vendido a Eng. Manuel Fraga; 2000 - restauro do corpo principal, demolição de um anexo antigo junto à fachada posterior e construção de um novo corpo, naquele local; 2001, 16 Julho - inauguração da Casa Municipal da Cultura pelo Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura do corpo principal, cunhais, entablamento, molduras dos vãos, pedras de armas, placa de revestimento do corpo recente, escadaria da fachada posterior, pavimento das lojas e varanda, em granito; revestimento de fachadas com placas de xisto; revestimento da fachada principal com azulejos industriais; guardas das varandas, colunelos da varanda alpendrada e portões em ferro; cobertura em chapa de zinco no corpo recente; cobertura do corpo principal em telha marselha; portas, janelas, cobertura interior da varanda alpendrada, molduras dos vãos do último registo, pavimentos interiores e escadaria interior em madeira; corpo recente com pavimento em soalho flutuante; coberturas interiores em tectos falsos e tectos de estuque; clarabóia, portas, janelas e bandeiras interiores com vidro.

Bibliografia

Descrição abreviada do concelho de Cabeceiras de Basto, Lisboa, 1874; BASTO, B. Teixeira, O Cabeceirence, 1913 - 1916; Colégio de São Miguel de Refojos, Cabeceiras de Basto - Colégio de São Miguel de Refojos, Cabeceiras de Basto, 1947; CUNHA, Vítor, Monografia de Cabeceiras de Basto, Cabeceiras de Basto, 1958; www.terravista.pt/baiagatas/1475, Forum Cabeceirence, Edição de 1 de Outubro de 2001, 23 Abril 2004.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Proprietário: 1853 - reconstrução após a destruição causada por um incêndio; séc. 19, final - remodelação total da casa; CMCB: 2000 - obras de remodelação da casa e construção de um corpo para ampliação do edifício; Fundação Ricardo Espírito Santo: recuperação das pinturas murais.

Observações

*1 - Júlio José Fernandes Basto terá recebido o título de Barão de Basto em 1908, dado pelo rei D. Carlos. Foi uma figura emblemática e influente da sociedade de Cabeceiras, estanto desde sempre ligado à Casa do Mosteiro.

Autor e Data

Joaquim Gonçalves 2004

Actualização

 
 
 
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