Teatro Diogo Bernardes

IPA.00022414
Portugal, Viana do Castelo, Ponte de Lima, Arca e Ponte de Lima
 
Arquitectura cultural e recreativa, romântica. Teatro de modelo italianizante, com planta longitudinal, composta por dois corpos rectangulares, em eixo, de cinco pisos. Fachada principal, coroada por platibanda, estruturada em três panos por pilastras, tendo, centralmente, três módulos de portal em arco de volta perfeita, sobre pilastras, com cornija formando bandeira e janela de sacada encimadas de frontão. Interior com auditório de planta em ferradura, circundada por três andares de balcões, em arco abatido, boca de cena também em arco abatido e tecto em cúpula pintada. É a segunda mais antiga casa de espectáculos do Alto Minho, a seguir ao Teatro Sá de Miranda, em Viana do Castelo, e com o qual possui algumas semelhanças, ainda que, exteriormente, o de Ponte de Lima seja decorativamente mais rico. Apresenta também grandes semelhanças formais com o Teatro João Caetano, na cidade de Amparo, em São Paulo, visto que o modelo de teatro italianizado esteve muito em voga no Brasil em finais do séc. 19, onde viveu longa temporada João Rodrigues de Morais, o principal impulsionador do teatro de Ponte de Lima, que ali se poderá ter inspirado. A cúpula do auditório é plana, poligonal, e assenta num tambor muito baixo. Os portões laterais da fachada principal representam um interessante trabalho de ferro forjado. O novo corpo, de planta em L, apresenta uma estrutura contrastante, como que insinuando um jogo de tensão entre os dois momentos construtivos.
Número IPA Antigo: PT011607350050
 
Registo visualizado 388 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Cultural e recreativo  Casa de espetáculos  Teatro  

Descrição

Planta longitudinal, composta por dois corpos rectangulares, em eixo, o posterior mais alto, tendo corpo de planta em L adossado a NE. e NO.. Volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas e de três águas e placa metálica. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por cornija saliente. Fachada principal voltada a SE., coroada por platibanda decorada com motivos geométricos, relevados, e rematada por estátua representando Melpômene sobre acrotério, com a inscrição: "1893 / THEATRO DIOGO BERNARDES". A fachada apresenta três panos, estruturados por pilastras sobrepostas, tendo o central três módulos de portal em arco de volta perfeita, sobre pilastras, com cornija formando bandeira e janela de sacada, em arco pleno sobre pilastras, rematada por frontão contracurvado e com concha no tímpano; os laterais possuem porta semelhante e janela de sacada, em arco de volta perfeita sobre pilastras, rematada por cornija recta e óculo oval. Sobre as portas de entrada possui uma pala de ferro e vidro, com lambrequim metálico em decoração geométrica. Fachadas laterais, semelhantes, marcadas, na rectaguarda, pelo corpo da torre de cena, mais elevado, rasgado por vãos rectangulares, apresentando portas de arco de volta perfeita e janelas de verga abatida e brincos, no corpo principal, parcialmente tapado, no lado NE., pelo corpo anexo. Este, possui dois pisos, sendo envidraçado e rebocado e caiado, ao nível do primeiro, e revestido a placagem de granito bojardado, na cave; tem, inferiormente, porta de verga recta e portão em ferro, junto ao cunhal do alçado tardoz, de acesso ao pátio do armazém. Fachada posterior rasgada por janelo em empena e reforçada por sistema de contrafortagem, em betão e vigas metálicas. INTERIOR com dois amplos átrios, rebocados e pintados de branco, com pavimento em mosaico cerâmico formando motivo enxaquetado, o da entrada aresentando dois painéis azulejares alusivos aos momentos da construção e de recuperação do teatro. Os átrios têm grandes portais em arco de volta perfeita, envidraçados, estabelecendo ligação com zona de arrumos, no subpalco, bilheteira, plateia e cafetaria no primeiro piso, e régie, frisas, camarotes, camarins e salão nobre nos pisos superiores, através de escadas de madeiras, nos extremos, e corredores, rebocados e pintados de branco, soalhados e com tecto estucado. O auditório, de planta em ferradura, é circundado por três andares de balcões, em arco abatido, com motivo entalhado sobre o fecho, com guardas, em madeira, de perfil curvo, vazadas em motivos cruciforme e quadrifoliado; é coberta por cúpula estucada, com cartela central, circular, ornada, em rendilhado, com tema fitomórfico. Boca de cena, em vão de arco abatido, cerrada por cortina de tecido.

Acessos

Gaveto da Rua Agostinho José Taveira com a Rua dos Terceiros.

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, flanqueado, integração harmónica numa das entradas da Vila, num gaveto de ruas calcetadas com cubo granítico, nas traseiras da Igreja de Santo António dos Capuchos (v. PT011607350045) e nas proximidades do Rio Lima e da Avenida dos Plátanos. A fachada principal é antecedida por patamar em lajedo, com acesso por três degraus pétreos, e ladeada por dois portões de ferro forjado, de duas folhas entre pilastras de granito.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Cultural e recreativa: teatro

Utilização Actual

Cultural e recreativa: teatro

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Arquitectos: António Adelino de Magalhães Coutinho; Luís Faro Viana; mestre carpinteiro: José Maria da Cunha; mestre pedreiro: António Pereira Correia; pintor: Eduardo Reis; - autor da pintura da abóbada da sala.

Cronologia

1893, 19 Fevereiro - a comissão promotora do Teatro, constituída por João Rodrigues de Morais, Francisco António da Cunha Magalhães e Dr. António Inácio Pereira de Freitas, com um capital social de 70 contos de réis, decide adquirir parcela de terreno, anteriormente ocupada pelo Convento de Santo António dos Frades Capuchos, com uma área de 1500 m2, pelo preço de 1.200$000 réis; 1894 - início das obras de construção do Teatro Diogo Bernardes, com projecto do Arq. António Adelino de Magalhães Coutinho; as obras de pedraria estiveram a cargo do mestre António Pereira Correia e as de carpintaria do mestre José Maria da Cunha; as pinturas do tecto da sala de espectáculos e do pano da boca de cena foram realizadas por Eduardo Reis; 1896, 19 Setembro - inauguração do Teatro Diogo Bernardes, durante as Feiras Novas; 1920 - estreia de espectáculos cinematográficos; 1992 - aquisição do edifício pela Câmara Municipal de Ponte de Lima por 50.000 contos; 1996 - início das obras de remodelação e ampliação do Teatro, com projecto do arq. Luís Faro Viana; a recuperação orçou, no seu conjunto, em cerca de 390.000 contos, sendo financiada em 50% pelo Ministério da Cultura.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Estrutura em cantaria e em betão, com paramentos exteriores rebocados e pintados, com vãos e cunhais em cantaria, em vidro e com placagem de granito, paredes interiores em placas de gesso cartonado e em tijolo, rebocadas e pintadas e revestidas de azulejos, cobertura em madeira telhada e em estrutura metálica, pavimentos soalhados, em mosaico cerâmico e cimentados, tectos estucados e pintados, estrutura dos balcões em madeira, balaustrada das escadarias de madeira e em ferro, portas de madeira e de vidro, janelas envidraçadas, parapeito de varandas, pala e portões de ferro forjado.

Bibliografia

S/a, O Novo Theatro de Ponte do Lima, Vida Nova, nº 69 de 18.03.1893, Viana do castelo, 1893; Velho Teatro tem cara nova, Diário de Notícias, 17 Julho 1998; Teatro Diogo Bernardes reabre como novo já no final deste Verão, O Dia, 20 Julho 1998; CÂMARA MUNICIPAL DE PONTE DE LIMA, Teatro Diogo Bernardes, Ponte de Lima, 1999.

Documentação Gráfica

CMPL; IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Câmara Municipal de Ponte de Lima: 1996 / 1997 / 1998 / 1999 - obras de remodelação e ampliação do Teatro: restabelecimento dos sistemas de iluminação, som, projecção e tela, arranjo do piso e paredes; alargamento do palco, instalação de sistema de segurança contra incêndios; construção de acessos para deficientes motores; remodelação dos camarins e alterações dos camarotes (com substituição do parede que forrava as paredes por veludo e modificação da iluminação).

Observações

Autor e Data

Paulo Amaral 2001

Actualização

 
 
 
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