Tapada da Ajuda / Tapada Real de Alcântara / Tapada de Alcântara

IPA.00023337
Portugal, Lisboa, Lisboa, Alcântara
 
Arquitectura recreativa. Tapada / Parque Botânico limitada por muro, construída para criação de caça e/ou gado e aproveitamento de mato e lenha. Maioritariamente florestada contendo campos agrícolas, horta e jardim. Compreende vegetação ornamental disposta com um sentido determinado e acompanhada de elementos construídos, como banco, canteiros, estátuas ou peças de água, sem percepção dos limites exteriores em grande parte da sua extensão. Aqui se estabeleceram colecções de plantas vivas originárias de várias regiões do mundo para estudo e adaptação sendo identificadas as plantas com o nome científico e/ou outras características, através de etiquetagem. No Jardim da Parada existem lagos semelhantes aos do Palácio de Queluz. Como entre 1755 e 1796 a Corte esteve instalada na Ajuda, não era de estranhar que se tivesse feito um ajardinamento na Tapada e que, durante a construção dos Jardins do Palácio de Queluz (1706-1786), se tenham mandado fazer alguns lagos para o Jardim da Parada (MARQUES, 1995); Os mesmos lagos são também semelhantes aos existentes na entrada do Jardim Botânico da Ajuda; Na tapada não é possível definir um estilo único, contudo as várias construções apresentam uma caracterização estilística neo-clássica, pós-moderna ou indefinida. Espaço único na densa malha urbana de Lisboa devido ao excelente nível da vegetação que resulta numa multiplicidade de biótopos, estrato arbóreo e arbustivo abundantes e à presença de vários espaços de recreio e pedagógicos. A notória alternância de "cheios" e "vazios" confere uma enorme riqueza à composição visual, um carácter intimista e de privacidade alternado com uma sensação de continuidade, amplitude e liberdade espacial. "Passou o portão do Monsanto da Tapada da Ajuda, com destino ao Instituto Superior de Agronomia. Surpreendia-se, de cada vez que ali ia, com a beleza do sítio, a fazê-lo sentir-se de modo diferente consoante a época do ano; como de cada vez o espantava deixar de repente Lisboa e ali mesmo, em Lisboa, ver-se nessa bela paisagem rural como se uma máquina do tempo, e de espaço, o houvesse transportado..." (Campos, 1994). Neste sentido a Tapada da Ajuda é um local de encontro da Paisagem Global.
Número IPA Antigo: PT031106021118
 
Registo visualizado 4107 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Espaço verde  Espaço de cultivo  Tapada      

Descrição

1.1. CARACTERIZAÇÃO BIOFÍSICA - 1.1 - ELEMENTOS GEOMORFOLÓGICOS: Relevo: mais acidentado na parte N. A cota inferior é 20m, no portão da "rampa da asneira", subindo até à zona N., com 140m no Miradouro Salazar. A Tapada é atravessada longitudinalmente por uma linha de festo com pequenas ramificações que definem as linhas de água. Apresenta três depressões resultantes em lagoas: a Lagoa Branca ou Pateira, a Lagoa Negra e outra junto ao Pinhal de Junot. Declives: muito variados com predomínio dos suaves (0 a 8%) e moderados (8 a 16%). A "rampa da asneira" apresenta declive elevado com limitações moderadas para os peões, apesar pertencer à mesma classe de declive que a rampa do portão da Rua Jau, mais suave. Salienta-se também a Reserva Botânica com acentuados declives. Exposição de Vertentes: predomina a exposição a S. porém também são significativas as exposições a E. e O. Rede hidrográfica: reduzida sendo o Rio Seco a principal linha de água, com orientação N. - S. Com exposição a N. considera-se apenas a Terra do Moinho. Esta apresenta de regime torrencial e passa pela Terra das Minas, pela do Malho e pela Geradora. Outra linha significativa termina canalizada junto ao portão da "rampa da asneira". Geologia: Formações datadas das Eras Mesozóica (período Cretácico - andar Turoneano, há mais de 65 minlhões de anos) e Cenozóica (período terciário - do andar Cretácico ao Eocénico, entre 65 e 38 milhões de anos). Ao Cretácico pertencem os calcários que ocupam a faixa central da Tapada, uns brandos e outros mais duros e compactos conhecidos por "calcários de alcântara". À Era Cenozóica pertencem os basaltos, basatinóides e formações piroclásticas que fazem parte do "Complexo Vulcânico de Lisboa". A Tapada é atravessada por uma falha sensivelmente a meio, na direcção SO. NE.; Solos: de origem basáltica e calcária com espessura entre os 45 e os 60 cm. Os solos de origem basáltica apresentam aspecto superficial uniforme, textura argilosa e cor acastanhada. Os solos de origem calcária são significativamente mais pobres e geralmente apresentam rocha dura abaixo dos 40 cm de profundidade. Há ainda os solos significativamente transformados pelo homem nomeadamente pela introdução de matéria orgânica. 1.2. CLIMATOLOGIA : A Tapada apresenta um clima sub-húmido chuvoso e temperado. Segundo dados registados pelo ponto meteorológico da Ajuda/Lisboa, na Tapada, (entre 1941 - 1970), a insolação anual é de 2965h, sendo Julho o mês com maiores valores de insolação que atingem as 374h e Dezembro e Janeiro, os meses com menores horas de sol, com média de 153h. A temperatura média anual é de 16.9 ºC. A temperatura média mensal máxima (22.8 ºC) regista-se em Agosto mas a máxima absoluta ocorre em Julho (40.0 ºC). O mês mais frio é Janeiro com 11.2ºC de temperatura média mensal mas a temperatura mínima absoluta ocorre em Fevereiro (-2.8 ºC). O número médio anual de dias com geada é 3.6 com ocorrência em Janeiro (1.1), Fevereiro (1.5) e Dezembro (1.0). As geadas têm um valor médio anual de dias de 0.8, sendo Março o mês com maior probabilidade. A humidade relativa média anual é de 77% com um máximo em Janeiro (87%) e o mínimo em Julho (68%). A direcção predominante dos ventos é NE. no período frio e N. no quente sendo a velocidade média anual de 9.3Km/h, com máximo de 9.9Km/h. A evapotranspiração média anual calculada pelo método de Penman é de 1013.2mm. Regista-se um semestre seco com 21.2% de precipitação total anual e um semestre húmido de chuvas regulares com 78.8%. O total médio anual é de 731.1mm sendo Janeiro o mês com maior precipitação (116.5mm) e Julho, o mês com menor precipitação (2.7mm). 1.3. VALORES BIÓTICOS: Flora: a paisagem primitiva era aqui constituída por densos matagais e zambujais que se mantiveram após o século 17, com a criação da Real Tapada da Ajuda. Esta mata climácica permaneceu até ao início do séc. 20 nas áreas de menor aptidão agrícola, nomeadamente nos afloramentos rochosos, restringindo-se hoje à Reserva Botânica Natural D. António Xavier Pereira Coutinho representando, "um vestígio de formação própria local, possivelmente dum "clímax", isto é, o estádio final duma série de associações vegetais relacionada com o meio no seu aspecto de máximo biológico estável, supondo que o zambujeiro possa ser considerado autóctone, e que o critério da Protecção da Natureza aconselha a conservar." (VASCONCELOS, 1956). "Como formação climática dominante da área onde se situa a Tapada da Ajuda, considera-se a Quercion fagineae associada a Olea europea var. silvestris; nas áreas de cotas mais elevadas considera-se provável ter existido a Quercion pyrenaceae. É de notar a existência de alguns Quercus pyrenaica na mata do carrascal." (MEDINA, 1973). O coberto vegetal é muito variado contando-se: quatro espécies diferentes de Eucalyptus: Eucalyptus camaldulensis, Eucalyptus diversicolor, Eucalyptus botryoides nas parcelas a N.e Eucalyptus globulus NE. (Mata do Chafariz), tendo tosos eles associado um extracto arbustivo e/ou herbáceo com Oxalis pes-caprea, Orobanche sp., Viburnum tinus, etc. Cupressus, com predominio do Cupressus lusitanica. Pinus Pinea na Terra dos Pinheiros, a oeste do Observatório Astronómico e no Pinhal de Junot e Pinus halepensis na Terra do Moinho e na Mata do Carrascal. Quercus suber na Cova do Sobreiro, nomeadamente junto ao edifício da Geradora. Ulmus, junto ao Observatório. Vegetação arbórea e arbustiva de enquadramento de percursos e áreas ajardinadas compreendendo várias espécies, entre as quais algumas exóticas como Phoenix canariensis, Dracaena draco, etc. Também se destaca a vegetação Cultivada como a vinha e algumas árvores de fruto adaptadas aos parâmetros climáticos tendo em vista um equilíbrio sustentável. Em parcelas como a Terra Grande, a Cova do Sobreiro ou a Terra da Eira Velha faz-se rotação de culturas sendo a mais importante cultura da Tapada o trigo-de-inverno (Triticum sp.), alternando com o milho (Zea mays) ou com erva espontânea, principalmente anaphe (Melilotus sulcata, Desf.); Fauna: 2. CARACTERIZAÇÃO DOS ASPECTOS ANTRÓPICOS: 2.1. PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO: Muro rasgado por quatro portões: a S., o portão em frente à Rua Jau, que serve de entrada principal na Tapada, o portão da ponte, com entrada para a "rampa da asneira", o portão do Casalinho da Ajuda e o portão de Monsanto. Os principais edifícios da Tapada formam uma triologia notável que integra o Observatório, o Pavilhão de Exposições e o Edifício Principal (v. PT031106020320). Foram construídos mais de 25 outros edifícios. Estradas asfaltadas separam parcelas de terreno que recebem o nome da cultura preferencialmente adoptada em cada uma ao longo dos tempos. De S. para N., sucedem-se as parcelas de Vinha e Vinha-pomar, respectivamente a O. e a E. da rampa da entrada principal que encontra o edifício principal. A Terra da Mata de Baixo, de mata botânica. O Jardim do Auditório, abandonado, entre zambujeiros bem conformados e com um grande "Auditorium" ao ar livre, desenhado pelo Prof. Francisco Caldeira Cabral. A O.do Edifício Principal e a N. da Vinha desenvolve-se uma área de edifícios limitada a N. pela terra grande e a O. pela Cova do Almotivo. Na área edificada, contam-se, Cantina, Pavilhões Anexos e Campos de Ténis e Futebol, Laboratório Químico-Agrícola Rebelllo da Silva, Herbário e Biblioteca, Auditórios de Aulas, Estufas e Pavilhão de Engenharia Florestal, Pavilhão de Agro-Indústrias e Tropicais, Estação de Ensaio de Sementes e Centro Nacional de Investigação Agrária. Toda esta zona é envolvida por espaços ajardinados com locais de estadia, caminhos pavimentados e espécies ornamentais. No limite NE. da Terra Grande, localiza-se a Estação Meteorológica e o Horto de Agricultura. Entre a Terra do Almotivo (acima da Cova do Almotivo) e a Terra Grande situa-se a Terra do Observatório (Alto da Eira Velha), a 100m de altitude. Ao observatório associam-se duas miras, uma situada na Terra Grande e outra na Terra do Almotivo. Em redor do Observatório desenvolve-se jardim constituído por canteiros de vegetação maioritariamente exótica ao qual se pode aceder por escadaria alinhada com a entrada principal do edifício. Para O. segue-se a Terra dos Pinheiros, o Pinhal de Junot, de Pinheiro Manso, onde se localiza o banco de Junot, o Pomar e a Mata do Malho onde existe o chafariz de Santo António. A N. dos Pinhais, no Olival dos Coelhos, situa-se o Casal Saloio (Centro de Ecologia Aplicada Prof. Baeta Neves). A NE. do Observatório, fica o Jardim da Parada constituído por zonas de vegetação densa, dois tanques de pedra, um lago artificial. Este jardim inclui uma zona denominada Jardim da Rainha, em meio círculo onde existem três bancos, com azulejos que narram episódios histórico-religiosos, e uma estátua do Engenheiro Agrónomo João Coelho da Motta Prego. A O. da Reserva Botânica fica a Geradora e a N. do Observatório e do Jardim da Parada, no Zambujal das Pedreiras e na Terra da Eira, estende-se outra zona de edifícios: Estação de Cultura Mecânica, Abegoaria (Secção Autónoma de Arquitectura Paisagista), Pavilhão de Exposições, Bar, Chalé, Vacaria, Pátio dos Silos, Laboratório Prof. Pais de Azevedo, Anfiteatro e Lagoa Branca adjacente à qual existia uma necrópole romana, na vertente Sul. Nesta área contam-se ainda várias casas de habitação de trabalhadores da Tapada. Por trás da Abegoaria está a Reserva Botânica D. António Xavier Pereira Coutinho, onde existe um elevado número de espécies silvícolas, arborícolas quase todas da flora mediterrânea. A N. da reserva Botânica localiza-se o Miradouro de Salazar a 140m de altitude, no limite da Cova do Sobreiro. Nesta área, localiza-se para N. a zona de Rugby, com o campo, Bar e Balneários, construída sobre uma jazida da idade do Bronze / Ferro Inicial. A O. da zona de Rugby, até ao muro limite, situam-se a Mata do Carrascal o Carrascal e a Terra das Grades (Centro de Estudos de Produção e Tecnologia Agrícola). A N. do Campo de Rugby o Olival Novo alberga o Pavilhão de Horticultura e Estufas e na Terra das Minas estão as Hortas. A NE. da Reserva Botânica, a Terra do Chafariz, com Olival, é limitada por uma estrada ladeada por oliveiras ficando a N. a Mata do Chafariz com Eucaliptal. Esta alameda termina no Largo do Barbeiro. A N. deste, está o Alto da Casa Branca que deixa a NE. a Terra do Moinho, onde se insere o Posto Apícola, e a NO. a Terra da Eira Velha. Junto fica a Terra dos Pegões e a Beira do Muro.

Acessos

Portão da Rua Jau, na Calçada da Tapada / Portão de Monsanto, junto ao Parque do Alvito.

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 5/2002, DR, 1.ª série-B, n.º 42 de 19 fevereiro 2002

Enquadramento

Na encosta Sul da Serra de Monsanto, em redor do extremo sul da cumeada nascente do vale de Alcântara. Do portão mais a S. da Tapada ao extremo NO. distam 1.5Km. Envolvida a N. pelo Parque Florestal de Monsanto, a O. pelo Pólo Universitário da Ajuda e pelos bairro 1º de Maio do Rio Seco, a S. pelos bairros de Alcântara, Calvário e Alto de Santo Amaro e a E. pelo Bairro do Alvito, por uma zona desordenada de pedreiras e pelo campo desportivo "Tapadinha". Junto O portão mais a S. localiza-se um pilar da ponte 25 de Abril. A Tapada tem uma forte ligação à presença real desta zona da cidade, ligando-se directamente aos reis moradores do Paço do Calvário (ou Paço de Alcântara), na Quinta Real de Alcântara (ou Quinta d'el Rei). Outras moradas reais existem nas proximidades: o Palácio Nacional da Ajuda (v. PT031106010025) em conjunto com o Jardim Botânico da Ajuda (v. PT031106010611), o Palácio Nacional de Belém (v. PT031106320075), e o Palácio da Necessidades (v. PT031106260127 e PT031106261094). Com vasto sistema de vistas permitindo ver, em certos pontos mais elevados, a S., todo o estuário do Tejo, a estátua do Cristo-Rei, a margem S. do rio, de Cacilhas a São Julião da Barra, até Palmela e Arrábida. e nas outras direcções, o Parque de Monsanto, e uma vista geral da cidade desde o Castelo de São Jorge, à Graça e Penha de França destacando-se os vultos dos edifícios mais altos de Lisboa. A partir do exterior a Tapada é completamente visível da ponte sobre o Tejo e da encosta da margem Sul do Tejo.

Descrição Complementar

O Paço de Alcântara prolongava-se com a "Quinta da Ninfa", que se confrontava a Sudoeste com a Tapada. Assim, "(... passava a constituir-se, do Paço para Norte, um extenso logradouro, que atinge agora cerca de quilómetro e meio entre os portões extremos (...), completando-se o gozo das hortas, jardins e pomares, com o do exercício de caça (...)" (RAMALHO, 1935); A tapada de Alcântara era constituída por "(...) espessas matas de zambujo e carrascais, tudo cortado, ao uso das coutadas do tempo, por atalhos e estações de espera de caça (...) (RAMALHO, 1935); bem como por "olivais, pomares, fontes, aquedutos, tanques, estradas marginadas de árvores silvestres, etc." (Coutinho, 1939); Quem a percorre, sobretudo em certas épocas do ano, admirando a vegetação, tem a impressão de estar em pleno campo, com todos os seus atractivos e incomparável ambiente e por outro lado, olhando mais longe, goza um panorama surpreendente sobre Lisboa e arredores, principalmente se subir ao "Miradouro de Salazar". (Vasconcelos, 1956); Quando se iniciaram os trabalhos de preparação da Tapada para a exposição, a caça estava praticamente extinta e a agricultura, intensificada na primeira metade do século, constitui a forma principal de exploração e uso da terra. Fizeram-se alguns melhoramentos na parte agrícola, a caça foi retomada (embora com restrições: ficou limitada à zona mais alta da propriedade) e as condições de recreio incrementadas. (Marques, 1995).

Utilização Inicial

Desportiva: couto de caça

Utilização Actual

Produtiva: tapada

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Arnaldo Redondo Adães Bermudes (1917); Jean François Gille Colson (1861-1865); José da Costa Sequeira (1861-1865); José Toscano (1983); Luís Caetano Pedro de Ávila (1884); Luís Chaves (1983). ARQUITECTO PAISAGISTA: Francisco Caldeira Cabral (1950-1984); Jorge Ferreira (1983); Rebelo de Andrade (1984). ENGENHEIRO: Frederico Augusto Oom (1861-1865). ENGENHEIRO AGRÓNOMO: João Caldeira Cabral (1983).

Cronologia

1603 - D. Filipe II nome a D. Teodósio de Frias como arquitecto real do Paço de Alcântara (ou do Calvário); 1645 - é criada por D. João IV, a Real Tapada de Alcântara *2 como parque de caça logradouro privado da família real, entre a Quinta da Ninfa e o Casal do Rio Seco, indemnizando o senhorio directo, o Conde de Basto e o enfiteuta André Jorge com a cedência do Casal do Alvito; 1662 - D. Afonso VI muda a residência, do Paço da Ribeira para o Paço de Alcântara; 1669 - desenho de Baldi revelando uma mancha de arvoredo por trás do palácio; 1755, (c.) - o nome da propriedade é alterado para Real Tapada da Ajuda com a mudança de residência real, na sequência do terramoto, para os altos da Ajuda; início da acentuação do carácter agrícola surgindo várias parcelas de cultivo, algumas das quais muradas *4; 1762 - O Palácio Real de Alcântara encontrava-se situado no lado direito da rua que sai do Arco para Sto. Amaro (actual R. 1º de Maio), seguindo-se à R. Direita do Ferrador (actual R. Direita de Alcântara). Em frente ao Paço, encontravam-se as grandes cocheiras reais. A E. ficava a Quinta Real (ou Quinta d'el Rei), limitada por um muro alto que se estendia até à esquina da R. da Creche de Vítor Manuel - Asilo, a actual R. José Dias Coelho. A Quinta Real do Calvário eram constituída pelo Calvarinho, pela Quinta do Teixeira, pela Quinta do Cemitério, pela Quinta da Ninfa, pela fazenda dos Quartos de El-Rei e, anexos, os demais terrenos da Tapada.; 1830 - D. Miguel cria, por decreto, a Escola Veterinária; 1841 - reparações gerais dos muros e aquedutos e plantio de 600 a 700 pés de oliveira; 1844 - A Quinta d'el Rei tinha uma entrada para o lado da Real Tapada da Ajuda 1846 / 1847 - a Tapada tem um rendimento líquido anual de 3.240$195 reis; 1849 - a propriedade é avaliada em 50.000$000 reis; 1852 - É criado o Instituto Agrícola e Escola Regional de Lisboa; 1855 - são fundidos os ensinamentos de Veterinária e Agronomia; 1861 a 1865 - instalação do observatório astronómico no "Alto da Eira Velha" por autorização de D. Pedro V, projectado pelo Arq. Colson; 1862 - D. Luís valoriza a propriedade para servir de parque de passeio e logradouro público; 1884 - inauguração do Pavilhão de Exposições, projecto do Arq. Luís Pedro de Ávila, com a 3ª Exposição Agrícola de Lisboa; arranjo do jardim da Parada e melhorias gerais da arborização; Séc. 19, final - extinção do Real Paço de Alcântara; 1876 - a Casa Real vende o palácio (já arruinado), e a Quinta Real de Alcântara dando origem ao Bairro do Calvário. 1910 - O Instituto Superior de Agronomia é dissociado da Escola de Medicina Veterinária; 1911 - A Tapada é cedida ao Instituto Superior de Agronomia por determinação do Ministro do Fomento; ano de elaboração do projecto do Instituto, assinado por Adães Bermudes; 1917 - concluída a construção do edifício principal do Instituto Superior de Agronomia, projecto do Arq. Adães Bermudes; 1940 - ordenamento paisagístico pelo Prof. Caldeira Cabral; 1950 - construção de anfiteatro ao ar livre (junto do edifício principal) segundo projecto de Francisco Caldeira Cabral; 1956 - constituição da reserva botânica natural D. António Xavier Pereira Coutinho; c. 1966 - destruição parcial do muro e denominada Porta Real devido às obras de construção da ponte 25 de Abril; 1968, Julho - Proposta, pelo Prof. Caldeira Cabral, para a recuperação da estrutura do auditório e da vegetação circundante de modo a funcionar como barreira acustica; 1982 - descoberta de jazida do período final da Idade do Bronze, num ponto alto, junto do Rio Seco, durante a escavação para construir um campo de rugby com destruição do núcleo arqueológico; 1984, Outubro - Plano geral pelo Prof. Caldeira Cabral do projecto "Reformulação de edifícios visando o seu ajustamento a novos conceitos e novas necessidades de ensino e investigação" onde, depois de uma análise física e biológica, diagnóstico do estado de conservação e utilização dos diferentes espaços, da circulação, dos problemas ambientais actuais, dos meios humanos e das necessidades pedagógicas de utilização dos espaços exteriores, realizou-se um plano de reordenamento da tapada em: zona agrícola de produção, zona agrícola de investigação e zona de ensino; 1990 - confirmação da existência de uma necrópole romana no interior da Tapada; 1986 - conclusão das obras do campo de rugby; 1993 - o Instituto Superior de Agronomia elabora proposta de recuperação da Tapada e Jardim Botânico, no âmbito do Projecto Piloto de Conservação do Património Arquitectónico Europeu; 1994 - construção de novos edifícios: herbário, bloco de aulas, auditório, biblioteca e pavilhão de agro-industrias.

Dados Técnicos

Complexo sistema de minas subterrâneas desactivadas, de direcção principal do Rio Seco.

Materiais

Material Vegetal: Eucalipto (Eucalytus camaldulensis, Eucalytus diversicolor, Eucalytus botryoides); Cipreste (Cupressus Lusitânica); Olaia (Cercis siliquastrum), Jacarandá (Jacarandá mimosifolia), Pimenteira bastarda (Schinus molle), Ameixoeira-de-Jardim (Prunus cerasifera var. pissardi); Pinheiro Manso (Pinus Pinea); Pinheiro do Alepo (Pinus halepensis); Sobreiro (Quercus suber); Ulmeiro (Ulmus sp.); Acacia sp., Árvore-do-Incenso (Pittosporum undulatum); Pitospóro (Pittosporum Tobira); Rosmarinus officinalis; Lonicera etrusca, Cistus sp; Prunus sp. Phyllirea sp; Viburnum Tinus; Videira (Vinus vinicula); etc. Reserva Botânica: zambujeiros (Olea europaea L. var. silvestris), adernos (Phillyrea latifolia), sanguinhos das sebes (Rhamnus alaternus); piornos amarelos (Retama sphaerocarpa), espinheiros pretos (Rhamnus oleoides For. latifolia), madressilvas caprinas (Lonicera etrusca), açafate de prata (Lobularia marítima), joina dos matos (Ononis natrix);

Bibliografia

Instituto Superior de Agronomia, in O Século Agrícola. Portugal e Colónias, Ano I, Nº 3, 17.08.1912; PROENÇA, Raul, (dir. de), Guia de Portugal, Vol. I, Lisboa 1924; RAMALHO, Robélia de Sousa Lobo, (coord. de), Guia de Portugal Artístico. Lisboa, Vol. I, Lisboa, 1931; GOMES, Mário d' Azevedo, Notícia Sobre a Tapada da Ajuda, separata de Agros, Ano XVII, II Série, Nº 2 e 3, 1935; RAMALHO, Robélia de Soua Lobo e GOMES, Mário d' Azevedo, Guia de Portugal Artístico, Vol. II, 1935; CABRAL, Francisco Caldeira, Parque Nacional da Ajuda, Relatório Final de Curso de Engenheiro Agrónomo, ISA/UTL, Lisboa, 1936; COUTINHO, Miguel Pereira, A Tapada da Ajuda, de Tapada Real a Parque Botânico, Revista Agros, Boletim dos Estudantes do Instituto Superior de Agronomia, Ano XXXIX, nº 3; BARRETO, António L. F. Viana, O Parque de Monsanto e a Cidade de Lisboa, Relatório final dos cursos de Engenheiro Silvicultor e Arquitectura Paisagista, ISA/ UTL, Lisboa, 1952; VASCONCELOS, João de Carvalho e, «Reserva Botânica Natural 2D. António Xavier Pereira Coutinho», Separata da Revista. Agros nº3, ed A.E.I.S.A, Lisboa, 1956; CARDOSO, João Luís, RODRIGUES, J. Severino, MONJARDINO, J., CARREIRA, J. Roque, A Jazida da Idade do Bronze Final da Tapada da Ajuda, in Revista Municipal, Ano XLVII, 2ª Série, Nº 15, 1º Trimestre 1986; AAVV, Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa, Lisboa, 1987; CARDOSO, António Muñoz, Os Edifícios da Tapada da Ajuda, Lisboa, 1992; SCHMIDT, Luísa, Quem Ajuda a Tapada ?, in Expresso. Revista, 20.11.1993; CAMPOS, Luís S., O Jardim da Plantas, Lisboa,1994; RAMOS, Isabel, Tapada da Ajuda - Evolução da Paisagem, Relatório de Fim de Curso de Arquitectura paisagista, Instituto Superior de Agronomia, Lisboa, 1994; CASTEL-BRANCO, Cristina. Relatório Sobre o Valor Patrimonial da Tapada da Ajuda. 1999; Magalhães, Manuela Raposo e Cunha, Natália, Tapada da Ajuda, http://ww.isa.utl.pt/tapada/, 2002; BOTELHO, Ana Manta, Jardim do Observatório Astronómico de Lisboa - Reinterpretação e Projecto do espaço, Relatório de Fim de Curso de Arquitectura paisagista, Instituto Superior de Agronomia, Lisboa, 2004; COSTA, Ana Luísa Beja da. Métodos de Classificação de Património Paisagístico - Caso de Estudo da Tapada da Ajuda. Relatório do Trabalho de Fim de Curso de Arquitectura Paisagísta. Instituto Superior de Agronomia. Lisboa. 2004.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; Arquivo Pessoal Francisco Caldeira Cabral; Instituto Superior de Agronomia

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; Instituto Superior de Agronomia

Documentação Administrativa

IHRU:Arquivo Pessoal Francisco Caldeira Cabral

Intervenção Realizada

Observações

*1 - O edifício encontra-se abrangido pela classificação do Conjunto intramuros da Tapada (v. IPA.00006105). *2 - a designação de Real Tapada da Alcântara justifica-se pela adjacência às dependências do então existente Paço Real do Calvário ou Quinta Real de Alcântara. Da época da fundação restam o pombal e a denominada Porta da Água. *3 - a «Rampa da Asneira» deve o seu nome ao erro de implantação do edifício cuja entrada principal deveria estar voltada para a rampa da Rua Jau, de inclinação mais suave. São-lhes atribuidas outras asneiras como a plantação de ciprestes ao centro da rampa retirando a vista par o edifício em vez de criar uma alameda que o enalteça. *4 -ainda permanecem os nomes das parcelas de cultivo que estavam associados à cultura neles praticada (Terra das Hortas, Carrascal, Terra do Moinho, etc.). *5 - O Pinhal de Junot, segundo a história, deve o seu nome ao facto de o general francês Junot, aquando das invasões francesas, aqui se ter sentado num banco (o "banco junot").

Autor e Data

Pereira de Lima 2005

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login