Escola Primária de Albergaria-a-Velha / Escola Primária do Pinheiro / Agrupamento 838 do Corpo Nacional de Escutas

IPA.00023876
Portugal, Aveiro, Albergaria-a-Velha, Albergaria-a-Velha e Valmaior
 
Arquitectura educativa, novecentista. Escola do projecto-tipo Adães Bermudes, de uma sala, do sexo masculino, e uma residência, de planta rectangular composta por dois volumes escalonados, o da esquerda mais alto e de dois pisos, destinado à residência do professor, e o lateral com sala de aula antecedida por vestíbulo, e o alpendre e instalações sanitárias desenvolvidos na fachada posterior. O edifício é rasgado, na fachada principal, por vãos em arco abatido, todos com moldura na verga e parte superior da ombreira em cantaria, com pedra de fecho fingida, surgindo, à direita, pano de muro saliente rasgado por portal e rematado por frontão entrecortado por sineira. O corpo situado à esquerda possui, no piso térreo, porta central ladeada por janelas, para individualizar a dependência do professor, a que corresponde, no piso superior, uma janela; na fachada posterior surge também uma janela; este corpo possui, ainda, numa das fachadas laterais, três janelas escalonadas com moldura comum. Corpo situado à direita possui duas salas de aula, a da esquerda com amplas janelas em arco abatido que permitem a iluminação dominante unilateral daquele espaço de estudo, e a da direita com uma única janela, com o interior em tecto plano pintado e pavimento em soalho. No interior da sala da esquerda surge espaço demarcado por pequeno degrau e pela existência de tijolos na parede, que se destina a assegurar o aquecimento, através de salamandra. O edifício encontra-se envolvido, na fachada posterior, por pátio amplo, murado, que constituí a zona de recreio.
Número IPA Antigo: PT020102010023
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Escola   Escola primária  Tipo Adães Bermudes

Descrição

Planta rectangular, composta por dois corpos, o da esquerda mais elevado, de dois pisos, em disposição simétrica, de volumes articulados em justaposição de massa disposta na horizontal, contrastando com o verticalismo do elemento da esquerda, com coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas no corpo da esquerda, encimado por chaminé, e de três águas no volume da enfermaria, adossado à fachada posterior deste, no corpo da direita (salas de aula) prolongando-se sobre o alpendre desenvolvido na fachada posterior e nos sanitários, no prolongamento deste último. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento pintado de cinzento na fachada principal e fachada posterior, no alpendre e remates em cornija e beiral. Fachada principal, virada a E., desenvolve-se simetricamente em dois panos escalonados, o da esquerda levemente saliente, rasgada regularmente por vãos em arco abatido, com molduras em tijolo nas vergas, tendo pedra de fecho saliente e, em cantaria, na parte superior das jambas; janelas assentes em pequena cornija, as de maior dimensão com bandeira e caixilharia de madeira formando quadrícula. Pano da esquerda com dois pisos divididos por friso de cantaria, é rasgado, ao nível do piso térreo, por porta central a que se acede por um degrau, ladeada por janelas rectangulares; no piso superior, abre-se janela rectangular de grandes dimensões. Corpo da direita possui quatro janelas, de igual dimensão, apresentando, à direita, pano de muro levemente saliente e alteado, rasgado por portal, a que se acede por três degraus encimado por placa epigráfica e remate em frontão entrecortado por sineira com cobertura em telhado de quatro águas, revestido a telha. Fachadas laterais cegas, sendo visível, na lateral esquerda, o volume da enfermaria, também cego; visível, na face direita do corpo da esquerda, a existência de três janelas rectangulares, escalonadas, com molduras comuns. Fachada posterior, com volume dos sanitários, à esquerda, no prolongamento do alpendre, rasgado por três janelas jacentes, surgindo janela semelhante na face direita; alpendre, com cobertura aparente de vigas de madeira suportando telha e pavimento em lajeado de betão, rasgado por quatro janelas jacentes e duas portas de verga recta, com bandeira, de acesso às salas de aula, surgindo, à direita, porta semelhante dando acesso à cozinha. À direita, corpo com dois pisos, divididos por cornija, com pequeno anexo, adossado ao piso inferior, rasgado por ampla janela jacente e pequena janela rectangular, correspondentes à enfermaria; no piso superior surge janela rectangular de grandes dimensões, em arco abatido, com moldura semelhante às da fachada principal. INTERIOR: do corpo da esquerda com pequeno vestíbulo com as paredes rebocadas e pintadas de branco, com rodapé e pavimento em lajeado de mosaico e tecto pintado de branco precedido de pequeno corredor que liga ao piso superior, através de escadas estreitas de três lanços, com guarda em ferro; piso superior com pequeno patamar dando acesso, lateralmente, a quartos. Em frente ao acesso principal, abre-se porta para a cozinha e, lateralmente, vão entaipado *1. Na ala lateral, salas de aula com paredes rebocadas e pintadas de amarelo, com pequeno filete de madeira, sendo, acima deste, pintadas de branco, com rodapé de madeira, pavimento em soalho e tecto plano, pintado de branco. Nas paredes testeiras, ao centro, e na parede lateral, dispõe-se quadro de lousa. Sala de aula situada no lado direito com acesso pelo exterior, protegido por guarda-vento; em frente a este abre-se porta de acesso ao alpendre e, lateralmente, porta de comunicação com a sala de aula, situada à esquerda. Sala de aula situada no lado esquerdo com acesso pelo alpendre surgindo, na parede lateral, zona revestida a tijolos vermelhos marcando a altura da sala e salamandra em ferro assente em pequeno degrau de tijolo com guarda-fogo em ferro. Possui mobiliário moderno.

Acessos

Rua Doutor Alexandre de Albuquerque

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, implantado junto à estrada, surgindo, a N., algumas construções de arquitectura vernácula, uma delas conservando brasão, denotando a sua antiga importância. Rodeado por prédios de rendimento, com muro rebocado e pintado de branco, pertencente a casa particular, adossado à fachada lateral direita e, à esquerda, beco com acesso ao recreio por portão de ferro. Face à fachada principal passeio estreito. Pátio desenvolvido na fachada posterior, rodeado por muro rebocado e pintado de branco.

Descrição Complementar

Placa em cantaria com inscrição: ESCOLA / PRIMÁRIA"; na fachada principal, sobre a porta do corpo da direita, na base da sineira, mastro da bandeira, de pequenas dimensões, apoiado em anel, em ferro.

Utilização Inicial

Educativa: escola primária

Utilização Actual

Cultural e recreativa: associação cultural e recreativa

Propriedade

Pública: Municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Arquitetura: Arnaldo Redondo Adães Bermudes (Projecto-tipo)

Cronologia

1897 - Congresso Pedagógico de Lisboa argumenta que perante o analfabetismo de 4,5% da população portuguesa, a inversão de tal situação deveria começar pela construção de escolas; refere a urgente dotação de edifícios apropriados a todas as povoações com escolas primárias num período de cinco anos, seguindo um plano de construção estudado por uma comissão de engenheiros, que o Governo delegou à Associação dos Engenheiros Civis Portugueses; a equipa era constituída por Augusto Simões de Carvalho, Severiano da Fonseca Monteiro, Polycarpo José da Costa Lima, António Teixeira Júdice e Joaquim Renato Baptista; 1898, 3 de Janeiro - assembleia extraordinária aprova o projecto de edifícios destinados a escola primária, elaborado pela Associação dos Engenheiros Civis Portugueses; no texto reconhecia a necessidade de difusão da instrução e a influência que a disposição adaptada nos edifícios escolares exercia no desenvolvimento físico, intelectual e moral das populações; 1898, 10 de Janeiro - entrada no Ministério das Obras Públicas dos programas do Concurso para apresentação de projectos de edifícios destinados a escolas de instrução primária e o respectivo relatório; 1898, 2 de Março - abertura oficial do concurso público por anúncio no Diário de Governo, estipulando-se um prazo de seis meses para admissão dos projectos concorrentes; os trabalhos teriam de ser entregues na 1ª Repartição da Direcção-Geral de Instrução Pública; era obrigatório o uso de pseudónimos; estipulavam-se três prémios de mérito relativo para os projectos que satisfizessem todas as condições do concurso e tivessem sido aprovados com mérito absoluto: 750$000rs, 450$000rs e 300$000rs, respectivamente *2; 1898,31 de Outubro - júri aprova projecto do Arquitecto Arnaldo Redondo Adães Bermudes, sob o pseudónimo de Fiat Lux, que fora o único candidato *3; 1898,10 de Novembro - homologação do parecer técnico, pelo Ministro do Reino e confirmação da atribuição do 1º prémio; 1898,23 de Novembro - Adães Bermudes é oficialmente nomeado delegado por Lisboa à Exposição Universal de Paris e convidado por Ressano Garcia a apresentar o projecto dos edifícios escolares como concorrente; 1898,9 de Dezembro - Direcção-Geral de Instrução Pública expediu circular aos governadores civis de todos os distritos em que se perguntava: "quantas e quaes são, as escolas primárias officiaes do distrito que não têm casa propria; quaes as escolas que, na conveniente distribuição dos edifícios escolares, devem ser preferidas, e com que auxílio poderá o governo contar da parte das corporações administrativas ou dos particulares para a diminuição dos seus encargos na construção dos edifícios"; 1900 - Adães Bermudes obtém a medalha de ouro da Secção Escolar na Exposição Universal de Paris; séc. 20, início - construção do edifício; 1902, 8 de Dezembro - assinatura de contrato de empréstimo de 245rs. para auxílio da Direcção-Geral de Instrução Pública na diminuição dos encargos na construção das escolas; 1903 - entrada em funcionamento da Escola para o sexo masculino em Albergaria-a-Velha, na R. de Cima (hoje Alexandre Herculano).

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Alvenaria rebocada e pintada; cantaria nas molduras e cornijas; tijolo nas molduras dos vãos e no espaço demarcado na sala de aula para receber salamandra; portas, caixilharia e pavimento das salas de aula em madeira; pavimento do alpendre e recreio em lajeado de betão; cobertura interior pintada e exterior em telha vermelha; vidro simples nas janelas; quadro de ardósia; salamandra em ferro.

Bibliografia

BEJA, Filomena, SERRA, Júlia, MACHÁS, Estella, SALDANHA, Isabel, Muitos Anos de Escolas. Edifícios para o ensino infantil e primário até 1941, vol.1, Lisboa, 1990; PINHO, António Homem de Albuquerque, Albergaria-a-Velha. Oito Séculos do Passado ao Futuro, Albergaria-a-Velha, 2001; SILVA, Carlos Miguel de Jesus Manique da Silva, Escolas Belas ou Espaços São? Uma análise histórica sobre a arquitectura escolar portuguesa (1860 - 1920), (Dissertação de Mestrado), Lisboa, 2000.

Documentação Gráfica

ME: DGRE: Procº nº 38, caixa nº2 (0102)

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

ME: DGRE: Procº nº 38, caixa nº2 (0102)

Intervenção Realizada

Séc. 20, 2ª metade - supressão do vestíbulo e nova estrutura da divisão do corpo situado à direita, agora com duas salas de aula e construção de novas instalações sanitárias na fachada posterior, no prolongamento do alpendre, à esquerda.

Observações

*1 - na planta primitiva porta de comunicação entre a sala de aula (onde ainda é visível mas encontrando-se condenada) e a residência do professor; *2 - o programa preliminar do projecto estabelecia que: deveriam ser apresentadas peças desenhadas à escala 1/100, memória descritiva e justificativa, medição e orçamentos; era apresentado um listagem de áreas que contemplava um vestiário, uma ou mais salas de aula, pátio com recreio coberto, habitação do professor e instalações sanitárias; requeria-se dimensões para o máximo de 50 alunos por sala, na razão de 1,25 m2 por aluno, sendo o pé direito de 4 m. a 4,5 m.; os pavimentos, de madeira, teriam de ser elevados de 1,5 m. acima do terreno exterior; quanto à iluminação natural, excluíram-se as entradas de luz pelo tecto e exigiam-se janelas rectangulares; considerando-se a hipótese de escolas mistas, tornaram-se obrigatoriamente independentes as salas de aulas, os sanitários e as habitações dos professores e as entradas e vestíbulos; nas condições especiais do programa determinava-se que os projectos considerassem três tipos diferentes de edifícios: escolas com uma sala, para 50 alunos, e habitação para um professor (só rapazes ou só raparigas); escolas com duas salas para 100 alunos (só para rapazes ou só raparigas) com habitação para professor e ajudante; escolas mistas, com duas salas, para 100 alunos, com duas habitações para os professores e ajudantes respectivos; como limite para a base orçamental dos edifícios indicava-se 40$000rs / aluno, especificando-se que a este projecto correspondiam alicerces de 1,50 m. de profundidade; recomendava-se, pela primeira vez, que cada tipo de edifício viesse a ser construído de acordo com as técnicas e materiais próprios de cada zona do país, considerando-se sete regiões: Minho e Douro, Trás-os-Montes, Beiras, Estremadura, Alentejo, Algarve, Ilhas Adjacentes; *3 - o seu projecto tinha as seguintes características: salas de aula térreas, abrindo três grandes janelas para a fachada principal assegurando boa entrada de luz natural e arejamento suficiente; sanitários bem articulados com a sala, sendo possível o seu acesso circulando pelo recreio coberto; o vestíbulo (nalguns casos adaptado e com utilização diferente) permitia que se organizasse uma zona para cuidados de higiene dos alunos (desparasitação, etc.); casa do professor desenvolvida em dois pisos e sótão, com entradas e janelas sempre sobre a fachada principal; nas escolas com duas salas, a habitação ocupava a parte central do conjunto; projecto não incluía desenhos de mobiliário escolar, que seria providenciado pelas Câmaras Municipais.

Autor e Data

Ana Lemos 2004

Actualização

 
 
 
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