Edifícios na Rua do Alecrim, n.º 38 a 54

IPA.00024280
Portugal, Lisboa, Lisboa, Misericórdia
 
Edifício residencial multifamiliar e comercial pombalino. São dois edifícios de rendimento adossados, de planta quadrangular, com fachadas rebocadas e pintadas, com elementos definidores em cantaria, cobertura em telhados de três águas onde se rasgam águas furtadas. Fachada principal com piso de lojas e sobrelojas, marcação de um piso nobre de sacadas rematadas por cornija, e sobre a cimalha piso servido por varanda corrida. A gramática compositiva é tipicamente pombalina, desornamentada, geométrica, apostando-se em soluções de grande simetria. Interior fundamentalmente organizado em torno de escadarias centrais e corredores longitudinais, complementados por escadaria secundária no prédio N. e saguão no prédio S.
Número IPA Antigo: PT031106151165
 
Registo visualizado 686 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial multifamiliar  Edifício  Edifício residencial e comercial  

Descrição

Conjunto de dois prédios adossados, o N. com planta quadrangular simples, o S. de planta quadrangular irregular, sobrepujado por mirante de planta quadrangular. Cobertura a telhados de três águas, rasgados por águas furtadas com cobertura também a três águas, e clarabóias quadrangulares. Fachadas rebocadas e pintadas, com embasamento em cantaria ligeiramente saliente, pilastras nos cunhais, e remate por cornija em alvenaria e beiral, e fenestração a ritmo regular, emoldurada a cantaria, maioritariamente de perfil recto. Fachada principal do prédio N., voltada a O., de três registos, com seis vãos cada. O primeiro de lojas e sobrelojas, acompanhando o declive do terreno, alternando as sobrelojas de perfil abatido recortado com as de perfil recto recortado, sobre molduras de cantaria. Segundo registo, sob duplo friso de cantaria, com vãos de sacada de moldura recortada, sobrepujada por cornija recta, com balcões em cantaria e guarda em ferro forjado. Terceiro registo, sobre cimalha, com vãos de sacada de perfil recto, com guarda corrida em ferro forjado, sustentada por arcos plenos de sustentação. As águas furtadas alternam entre as de menor dimensão apenas com uma janela de peitoril voltada a O., e as de maiores dimensões com uma janela de peitoril em cada face, em que a face voltada a O. é enquadrada por pilastras volutadas de alvenaria. Fachada lateral esquerda com primeiro piso revestido a meia altura com azulejo pombalino formando arcos de volta-perfeita, com duas janelas em arco abatido, guarnecidas por gradeamento em ferro forjado. Segundo registo, sobre friso de cantaria, com três janelas de peitoril de guilhotina, de perfil recto. Terceiro registo, sobre cimalha, com janelas de sacada de perfil recto, com varanda corrida, unindo-se á da fachada principal. Fachada principal do prédio S., de quatro registos, com seis vãos cada. O primeiro de lojas, alternando as de perfil abatido recortado, com as de perfil recto recortado. O segundo registo, sob duplo friso de cantaria, de sacadas, com perfil recto recortado, sobrepujado por cornija recta, balcão de cantaria e guarda em ferro forjado. Terceiro registo de peitoris de perfil recto recortado, sobre consolas. Quarto registo, sobre cimalha, com vãos de sacada de perfil recto, com varanda corrida em ferro forjado, com arcos plenos de sustentação. Dispõe apenas de duas águas furtadas de grandes dimensões semelhantes ás do prédio N.. Fachada lateral direita com primeiro registo cego, segundo e terceiro com três janelas de peitoril de guilhotina, com perfil recto. Quarto registo, sobre cimalha, de vãos de sacada de perfil recto, com varanda corrida em ferro forjado, unindo-se á varanda da fachada principal. O mirante, na metade S. do telhado, tem quatro faces e dois registos, rebocado e pintado, com cobertura em terraço. No primeiro registo abre-se uma janela de peitoril de perfil recto em cada face. O segundo, guarnecido por varanda em cantaria sob mísulas, com guarda corrida em ferro forjado, com pilastras nos cunhais e rematado por cornija, e muro ornado por molduras de alvenaria, abrindo-se uma janela de sacada de perfil recto em cada face. INTERIOR: Prédio N. de quatro pisos, com acesso pelo nº 46 para pequeno átrio, de planta quadrangular, com cobertura em abóbada de aresta de alvenaria, com porta a E., em arco abatido, com moldura tripla de cantaria, que conduz a corredor de distribuição e caixa de escadas fechada, de lanços e patamares rectos, degraus de cantaria até ao primeiro patamar e de madeira nos restantes. O prédio dispõe de escadaria secundária no ângulo SE., de perfil rectangular, de lanços e patamares rectos, com guarda em ferro forjado, curva nos ângulos, e degraus de madeira. Prédio S. de cinco pisos, com entrada pelo nº38, átrio e escadaria semelhantes ao prédio N., dispondo no ângulo SE. de saguão de perfil quadrangular. As lojas, no primeiro piso de ambos os prédios, com entradas independentes, têm cobertura em abóbada de aresta em alvenaria, uma das quais recebendo decoração de estuque com molduras e ornamento de acantos.

Acessos

Rua do Alecrim, n.º 38 a 54

Protecção

Incluído na classificação da Lisboa Pombalina (v. IPA.00005966) / Incluído na Zona de Proteção do Castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa (v. IPA.00003128) e na Zona de Proteção do Palácio do Barão de Quintela e Conde de Farrobo (v. IPA.00005195)

Enquadramento

Urbano, a meia encosta, com declive considerável, na zona nobre do Chiado, flanqueado, com fachada principal integrando a vertente E. da Rua do Alecrim. Fachada lateral esquerda do prédio N. fechando o pátio lateral do Palácio do Barão de Quintela (v. PT031106150052), e fachada lateral direita do prédio S. confinando, com prédios recentes do arquitecto Siza Vieira, separados por saguão. Fachadas posteriores articuladas com saguão e voltadas ao jardim do palácio do Barão de Quintela. Ainda nas proximidades do Largo do Barão de Quintela, e da Igreja de Nossa Senhora da Encarnação (v. PT031106150521).

Descrição Complementar

FERRAGENS: Nas portas de entrada de ambos os prédios os puxadores representando uma cabeça feminina, cujas tranças servem de manípulo.

Utilização Inicial

Residencial: edifício residencial e comercial

Utilização Actual

Residencial: edifício residencial, comercial e serviços / Cultural e recreativa: atelier

Propriedade

Privada: Pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Reinaldo Manuel (atrr.)

Cronologia

1780 (década) - construção dos edifícos pelo Barão de Quintela; 1876 - o proprietário era Francisco Augusto Mendes Monteiro, pai do conhecido Monteiro dos Milhões, de cuja família descende o actual proprietário; 1961, Maio - Deu-se uma ruptura no tronco principal entre os segundos e terceiros andares do prédio N., danificando alguns estuques; 1965, 27 Agosto - dá entrada na Câmara Municipal de Lisboa projecto para instalação de ascensor no prédio S.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante

Materiais

Estrutura de alvenaria mista rebocada e pintada/ cantaria em embasamento, pilastras, molduras, cornijas, frisos, varandas, degraus interiores/ ferro forjado em guardas de vãos e de escadas.

Bibliografia

SILVA, Raquel Henriques da, Lisboa Romântica Urbanismo e Arquitectura, 1777-1874, (dissertação de doutoramento em História da Arte) (texto policopiado), Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, 1997

Documentação Gráfica

CML: Arquivo intermédio, Procº nº 8525 e 8526

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CML: Arquivo intermédio, Procº nº 8525 e 8526

Intervenção Realizada

1880 - transformação das janelas em portas nos nº 38, 42, 46 e 50; 1914 - construção de passagem coberta para serventia da escada de serviço particular entre a sobreloja e o sótão, abertura de trapeiras e clarabóias no sótão do prédio N.; 1911 - obras de alteração no primeiro andar do prédio S., compreendendo a construção de dois tabiques, abertura de duas portas e construção de escada de ferro ligando o primeiro ao segundo andar; reparações interiores e exteriores; 1913 - alteração do 2º andar do prédio S., compreendendo a construção de divisórias em madeira e argamassa, transformação de janela voltada ao saguão e construção de retretes; 1915 - alterações no segundo andar do prédio N., para adaptação a dois inquilinos; 1920 - alteração de janela no primeiro andar do prédio S.; 1928 - limpeza e reparações interiores e exteriores no prédio S.; 1936 - limpeza e reparação exterior e de canos de esgoto do 1º andar do prédio N.; 1938 - limpeza e beneficiação do prédio N. e limpeza e pintura das fachadas do prédio S.; 1940 - reparação dos telhados, limpeza de algerozes e tubo de descarga de águas pluviais no prédio S.; 1942 - reparações interiores, trabalhos nos canos de esgoto do prédio N.; 1945 - reparação do telhado do prédio N. e reparação das canalizações do prédio S.; 1956, Agosto - obras de limpeza gerais em ambos os prédios.; 1961, Novembro - lavagem de cantarias no prédio S.; 1966, Abril - obras de simples conservação em corredor do 4º andar do prédio N.; 1966, Novembro - obras de reparação e beneficiação geral no prédio N. e obras de simples conservação no 4º andar do prédio S.; 1967, Junho - obras de simples conservação no 4º andar do nº 46; 1968 - obras no primeiro andar do prédio S., compreendendo demolição de paredes e criação de instalações sanitárias; 1972, Julho - substituição de uma divisória em tabique por amilite n 3º andar do nº46; 1984 - obras de consolidação e reparação do prédio S.; 1985 - trabalhos de pintura do prédio S.; 1994 - medidas de segurança contra incêndios no prédio N.; 1995, Setembro - obras de pintura e pequenas reparações no prédio S.

Observações

* Atríbuido por Raquel Henriques da Silva (1997)

Autor e Data

Inês Pais 2006

Actualização

 
 
 
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