Fonte de Ferro na Avenida Carvalho Araújo

IPA.00024879
Portugal, Vila Real, Vila Real, Vila Real
 
Arquitectura infraestrutural, revivalista neobarroca. Chafariz urbano, implantado num pequeno largo, do tipo centralizado, composto por tanque octogonal, de perfil convexo e côncavo, no centro do qual surge um plinto recortado, encimado por coluna facetada tendo frontalmente tritões, e duas taças abertas, a inferior facetada e decorada com frisos vegetalistas, e a superior contracurvada ornada de folhas, esta sobre coluna facetada e com arranque sustentado aves, coroada por figura feminina.
Número IPA Antigo: PT011714230190
 
Registo visualizado 334 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Estrutura  Hidráulica de elevação, extração e distribuição  Chafariz / Fonte  Chafariz / Fonte  Tipo centralizado

Descrição

Tanque em cantaria de granito de planta centralizada, octogonal, constituído por lajes de perfil rectilíneo, convexo e côncavo, num jogo alternado, e de bordo avançado, possuindo os ângulos canelados na zona em que o perfil é convexo e interiormente avançando em perfil curvo também. No interior do tanque, eleva-se a meio pedestal facetado com os ângulos curvos, de onde evolui coluna em ferro, composta por base lisa e fuste facetado, decorado por friso inferior de folhas e almofadas côncavas rectangulares, de topos curvos, contendo elementos fitomórficos diferentes e concheados; em frente da coluna e apoiado no pedestal que ai avança, surgem quatro tritões meninos, dispostos geometricamente, com coroa de louros e colar com concha no peito; sobre a coluna desenvolve-se taça, igualmente facetada, exteriormente ornada com três frisos de folhas sobrepostos, o inferior enroladas, possuindo nos ângulos do último as bicas inseridas em florões e sob as quais surgem pingentes. Do centro da taça eleva-se uma outra coluna, também facetada, e decorada por palmetas relevadas e florões, com arranque bastante saliente para sustentação de quatro aves, colocadas geometricamente, mas num ritmo alternado aos tritões, e rematada por friso canelado; sobre este assenta a segunda taça de planta contracurvada e extradorso ornado de folhas. Coroa o conjunto figura feminina com veste presa na cintura e com peito desnudo, segurando à cabeça cornocópia com vaso, e na mão direita um pequeno tronco.

Acessos

São Dinis, Praça Luís de Camões; Avenida Carvalho Araújo. WGS84 (graus decimais): lat.: 41.297584º, long.: -7.74560º

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, no centro da cidade, no topo N. da Avenida Carvalho de Araújo, inserido em praça sensivelmente circular, e de declive suave, em posição destacada e circundada por vias públicas. A praça possui zona central pavimentada a calçada à portuguesa e com lajes de cantaria delimitando a fonte, que se ergue ao centro, acedida a N. por escadaria de vários degraus; o restante perímetro, em plano inclinado para vencer o declive, forma placa arelvada com canteiros de herbáceas anuais, nomeadamente da espécie Viola cornuta (amor perfeito), bem como alguns buxos e árvores. A O. possui estrutura de cantaria de planta rectangular e corpo em cantaria, tendo ao centro busto em bronze de Luís de Camões e a inscrição IV CENTENÁRIO DE "OS LUSÍADAS"; lateralmente tem ainda as inscrições NO VII CENTENÁRIO DO 1º FORAL DE VILA REAL e, PARA SERVIR-VOS, BRAÇO ÀS ARMAS FEIRO; PARA CANTAR-VOS, MENTE ÀS MUSAS DADA. "OS LUSÍADAS" CANTO X. 155. Em frente, disposto a N., ergue-se o Tribunal da Comarca de Vila Real (v. PT011714240148) e nas imediações o Edifício da Caixa Geral de Depósitos (v. PT011714230149) e Edifício dos Correios, Telégrafos e Telefones (v. PT011714230150).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Hidráulica: chafariz

Utilização Actual

Cultural e recreativa: fonte ornamental

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

FÁBRICAS DE METALÚRGICA: Fábrica do Bolhão (1891); Sociedade de Estruturas Metálicas do Norte (1957).

Cronologia

1532 - construção do chafariz do Tabulado por ordem de D. Pedro de Castro; séc. 17, meados - a arrematação dos consertos das fontes e dos respectivos tanques era feita anualmente, de modo a maximizar os caudais de todas as bicas e devido à necessidade dos tanques estarem "sempre cheios, por causa dos incêndios"; 1891, Janeiro - início da instalação do chafariz adquirido na Fábrica do Bolhão, durante o breve mandato do Presidente da Câmara Avelino Patena, sensivelmente a meio da artéria hoje designada de Avenida Carvalho Araújo, em frente da Igreja de São Domingos, para substituir o antigo chafariz do Tabulado; colocação da nova canalização em ferro fundido em substituição da antiga canalização de pedra que servia a fonte do Rossio; 1895 - procurando evitar as constantes zargatas junto às fontes, posturas municipais estabelecem multas para "quem junto das fontes públicas ralhar, altercar, brigar, ou proferir em voz alta palavras indecentes", frisando que "as pessoas que fossem buscar água às fontes públicas enchessem as vasilhas segundo a ordem das que primeiro chegassem"; 1905 - constituía a mais importante fonte de abastecimento de Vila Real, tendo no Verão a produção diária de quase 20 m3, ou seja, mais de um terço das águas públicas que os vilarealenses dispunham; 1905 - o Ministério das Obras Públicas encomenda ao engenheiro Gaudêncio Pacheco, da circunscrição Mineira do Norte, o estudo do abastecimento de água de Vila Real; 2 Outubro - o geo-hidrólogo fez a medição do caudal de todas as fontes, concluindo que se dispunha de 7,5 litros por habitante e por dia, no Verão, calculando que seriam necessários por habitante trinta litros; 1905, cerca - uma aguadeira cobrava 120 reis ao fim do mês pela tarefa de fornecer diariamente um cântaro de trinta litros; no chafariz metálico e na Fonte de São Pedro, os dois mais produtivos pontos de abastecimento da parte alta da cidade, e onde as aguadeiras se concentravam preferencialmente, a água chegava a ser colhida dia e noite, sobretudo no Verão, formando-se grandes filas de cântaros aguardando a sua vez; 1906 - costumava existir junto à fonte de São Pedro e ao chafariz metálico um polícia, para evitar escândalos ou altercações por causa da água; apresentação e publicação do estudo de Gaudêncio Pacheco; 1907 - fotografia desta data, mostra que o chafariz era protegido por pequeno murete encimado por gradeamento de ferro de planta ovalada e ângulos facetados; 1915 - sendo Augusto Rua o Presidente da Câmara Municipal, retoma-se o plano elaborado por Gaudêncio Pacheco e exploram-se algumas minas do Alvão; nesta altura, Gaudêncio Pacheco preconiza a instalação do reservatório no Arcabuzado; 1919 - a principal artéria da cidade passa a designar-se de Avenida Carvalho Araújo; 1926 - a Câmara começa a pensar transferir o chafariz metálico do centro da avenida para a praça Luís de Camões, de modo a "tirar do lugar em que ora se acham as aguadeiras, que dão uma nota tristíssima ao local"; 1927 - a Câmara decide contrair um empréstimo de 500 contos, optando pela captação das águas das nascentes do Alvão; execução de uma planta cotada da cidade com marcação de localização das condutas, dos marcos fontanários e bocas de incêndio; início dos trabalhos sob direcção do Eng. camarário Alfredo Amaral; 1928, 15 Fevereiro - assinatura do empréstimo de 500 contos pela Caixa Geral de Depósitos à Câmara; Julho - início da abertura da vala próximo da aldeia do Relva onde iria assentar o tubo adutor e da construção do depósito de distribuição do Arcabuzado, com a pedra, que constituía a antiga canalização do chafariz do Tabulado, arrancada meses antes na Avenida Carvalho Araújo; 1929, 9 Junho - lançada a água das nascentes na tubagem de aduação; 11 Junho - inauguração solene do sistema de abastecimento de águas; ainda neste mês se procedeu a ligação ao chafariz metálico, que pôs fim aos congestionamentos; 1949, 223 fevereiro - pretendendo a Câmara de Vila real proceder ao alongamento da Avenida Carvalho de Araújo até ao início da Rua do Carvalho, solicita a autorização para repôs a fonte na sua antiga posição no largo em frente da Sé (TXT.01917238); 29 abril - DGEMN responde à Câmara não ver inconveniente na transferência da fonte para o largo fronteiro à Sé, desde que o passeio circundante da fonte seja lajeado a cantaria, de modo a harmonizar convenientemente o conjunto (TXT.01917244); 1950, década - durante terraplanagens e arranjos urbanísticos desmontou-se o chafariz, que foi armazenado pelos serviços camarários; 1956 - inauguração do Palácio da Justiça construído junto à Praça de Camões; 1957, Setembro - grandes reparações do chafariz nas oficinas da Sociedade de Estruturas Metálicas do Norte, por 70 contos, pagos pela Câmara Municipal e respetiva montagem na praça de Camões; 1959 - entregue a outra firma o estudo e montagem de um sistema eléctrico de elevação de água; instalação do chafariz no local actual.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Tanque e plinto em cantaria de granito; grupos escultóricos e taças em ferro.

Bibliografia

AZEVEDO, Correia de, Vila Real, Porto, s.d.; Vítor Nogueira, Águas públicas de Vila Real do século XIII ao século XX, Vila Real, Serviços Municipalizados de Água e Saneamento e Câmara Municipal de Vila Real, 2001.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Paula Noé 2010

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login