Estação de Radar na Torre

IPA.00024962
Portugal, Guarda, Seia, Alvoco da Serra
 
Estação de radar construída no final da década de 50 do séc. 20, no âmbito da Nato, durante a Guerra Fria, com instalações atualmente ocupadas por outros serviços. A estação foi construída em 1957, por obrigações decorrentes da integração de Portugal na NATO, mas teve um curto período de operacionalidade, funcionado apenas até 1971. Foi implantada na serra mais elevada do território continental e a sua atividade operacional esteve a cargo da Esquadra de Deteção e Conduta de Interceção n.º 13, com aquartelamento em São Romão. A estação era composta por vários edifícios, o principal com planta em T, atualmente irregular, possuindo no topo nascente e interligado por corpo mais baixo, torre de sustentação de radar, e no poente, capela alpendrada dedicada a Nossa Senhora do Ar, ambas construídas na década de 60. A torre tem planta circular e corpo em cantaria rusticada, rematado em platibanda plena, com ameias decorativas, sendo acedida por porta em arco de volta perfeita e amplamente iluminada por eixos de três janelas retilíneas. As fachadas do edifício desenvolvem-se num ou dois pisos, (a ala central transversal), com linguagem de meados do século. Surgem rebocadas e pintadas de branco, com soco de cantaria e alhetas nos cunhais, a principal com três panos, onde se abrem vãos retilíneos moldurados. Nas restantes fachadas, as janelas têm apenas o peitoril em cantaria. A capela, de volume mais baixo, tem a fachada principal terminada em empena, coroada por cruz, de cantaria, e é rasgada por portal de verga reta, entre frestas. Possui frontal e lateralmente alpendre, apoiado, respetivamente, em pilares circulares e quadrangulares, com contrafortes em esbarro. Na torre destacam-se dois outros edifícios, de planta circular e corpo de dois registos, sobrepostos por amplas rodames, que protegiam os radares. Os diferentes edifícios da estação são interligados por túneis subterrâneos, com algumas centenas de metros, permitindo a comunicação entre eles, quando a neve impedia a deslocação no exterior.
Número IPA Antigo: PT020503070201
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Comunicações      

Descrição

Acessos

EN339, no ponto mais elevado da Serra da Estrela. WGS84 (graus decimais) lat.: 40,321791, long.: - 7,614032

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Montanha, isolado. Implanta-se no planalto da Torre, da serra da Estrela, a 1993 m de altitude, o ponto mais elevado do território continental português, zona conhecida no passado por Malhão da Estrela, devido à existência de um plinto piramidal com marco geodésico. Do planalto tem-se vista panorâmica muito abrangente sobre o território, permitindo observar, à distância, as serras do Marão e Alvão, a norte, da Boa Viagem (Figueira da Foz), a poente, Béjar e Gredos (Espanha), a nascente e de São Mamede (Alto Alentejo), a sul.

Descrição Complementar

Sobre a porta da torre, virada a nascente, existe lápide com a inscrição: "DE 1957 A 1971, NO ÂMBITO / DA DEFESA NATO, / AQUI FUNCIONOU A / ESTAÇÃO DE RADARES DA / ESQUADRA 13 DO GDACI / FORÇA AÉREA PORTUGUESA / CUJO COMANDO ERA / EM SÃO ROMÃO / No 40º Aniversário 22-06-97".

Utilização Inicial

Comunicações: estação de radar

Utilização Actual

Comercial: centro comercial / Cultural e recreativa: centro interpretativo / Segurança: posto da Guarda Nacional Republicana (GNR)

Propriedade

Privada

Afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

EMPREITEIRO: António de Amaral & Filho (1962).

Cronologia

1802 - o príncipe regente D. João, futuro D. João VI, manda construir no local alto plinto piramidal, suportando marco geodésico; 1949 - remodelação do plinto do marco geodésico, pelo Instituto Geográfico Cadastral conforme lápide inscrita afixada na face nascente e poente; 1952, 27 maio - por exigências organizacionais da NATO, de que Portugal é membro, pela Lei n.º 2055 é criada a aeronáutica militar, percussora da Força Aérea Portuguesa como ramo independente das Forças Armadas, tendo como missão principal a defesa do espaço aéreo nacional; 1953, 31 março - constituição do Comando Central do Sistema de Alerta, componente radar de comando e controlo do Sistema de Defesa Aérea (SDA); são apresentados naquele comando os oficiais destinados às três esquadras previstas do Sistema de Alerta; 1956, 28 dezembro - reorganização do Sistema de Defesa Aérea, passando a designar-se Sistema de Deteção, Alerta e Conduta de Interceção com dois grupos; a subunidade a instalar na Serra da Estrela, designar-se-á Esquadra de Deteção e Conduta de Interceção n.º 13 (EDCI n.º 13); 1957 - a Esquadra de Deteção e Conduta de Interceção n.º 13 é ativada, na Torre, Serra da Estrela, com o comando instalado em São Romão, perto de Seia; a esquadra é equipada com radares altimétrico, transportável, AN/TPS-10D, e o planimétrico, fixo, AN/FPS-8; 1962 - obra de construção da torre para o novo radar altimétrico, fixo, AN/FPS-6ª, adjudicada à firma António de Amaral & Filho; construção da Capela de Nossa Senhora do Ar pela Força Aérea; 1962, 07 setembro - introdução de retificações à empreitada, publicadas no Decreto n.º 44556, DR, 1.ª série, n.º 206/62; 1965 - data provável da construção da torre para um novo radar planimétrico; 1971, junho - por razões técnicas e operacionais, a que não são alheios o maior alcance a eficiência dos equipamentos de radar instalados no Pilar, em Paços de Ferreira (v. IPA.00036404) e Montejunto (v.), a Esquadra de Deteção e Conduta de Interceção n.º 13 é extinta; 1992, dezembro - devolução ao Ministério das Finanças das antigas instalações da Esquadra de Deteção e Conduta de Interceção n.º 13, com exceção das duas torres de radar; 1997, 22 junho - colocação de lápide sobre a porta da torre, assinalando o 40º aniversário do funcionamento da estação de radares no edifício; 2006, maio - publicação do anúncio da entrega das duas torres de radar da Força Área Portuguesa (FAP) na Torre, à Região de Turismo local, mas que não se viria a concretizar; 2007, 07 outubro - reabertura ao culto da Capela de Nossa Senhora do Ar, por iniciativa da Turistrela, ficando na dependência da Diocese da Guarda; colocação de uma cruz sobre o marco geodésico que assinala o ponto culminante da serra; 2008, 31 junho - inauguração do Centro de Interpretação do Parque Natural da Serra da Estrela pelo Secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, na zona comercial das antigas instalações da Esquadra N.º 13; 2008, 12 novembro - as instalações, designadas como "UI 312 - instalações na Serra da Estrela" integram a lista de imóveis, publicada em Diário da República, para rentabilização pelo Ministério da Defesa Nacional, no âmbito da Lei de Infraestruturas militares; 2020, 22 dezembro - a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) manifesta vontade de aproveitar a antiga torre da Força Aérea na Serra da Estrela para instalar os meios de proteção civil afetos ao maciço central, à semelhança da GNR de Montanha que tem uma base numa das torres; 2022, 14 janeiro - em reunião ordinária pública foi aprovada, pelo município de Covilhã, a minuta de Protocolo entre a Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional e os Municípios da Covilhã, Manteigas e Seia para utilização do edifício designado por "UI 312 - Instalações na Serra da Estrela", especificamente a torre noroeste e o túnel subterrâneo que interliga as torres noroeste e sudeste, utilizada pela GNR, com fins turísticos e de utilização pelos meios de proteção civil; 2022, dezembro - utilização de parte das antigas instalações da esquadra como Centro de Interpretação do Estrela Geopark.

Dados Técnicos

Materiais

Bibliografia

CARDOSO, Edgar Pereira da Costa - História da Força Aérea Portuguesa. Lisboa: Cromocolor, 1981, vols. 3, p. 468. «Antiga torre da Força Aérea na Serra da Estrela foi cedida aos municípios de Seia, Manteigas e Covilhã». Jornal A Guarda online. 15-03-2022 (https://www.jornalaguarda.com/index.php/regiao/antiga-torre-da-forca-aerea-na-serra-da-estrela-foi-cedida-aos-municipios-de-seia-manteigas-e-covilha), [consultado em 05-02-2023]; «Apontamento fotográfico sobre a colocação da cruz no marco geodésico». Jornal «A Guarda». Guarda: 11-10-2007; «Capela de Nossa Senhora do Ar reabre ao culto». Jornal «A Guarda». Guarda: 04-10-2007; http://www.portadaestrela.com/breakingnews/news.asp?Id=1322. [Consultado em 30-05-2013]; [História do SICCAP]. Blogue Batina. (https://batina.page.tl/Big-Picture.htm), [consultado em 04-12-2022]; «Humberto Rosa inaugura Centro de Interpretação do Parque Natural da Serra da Estrela». Porta da Estrela. Seia: 30-07-2008; «Memórias do Sistema de Defesa Aérea (SDA)» (https://siccapianos.wordpress.com/), [consultado em 04-12-2022]; «Ministério da Defesa põe à venda Radares da Torre da Serra da Estrela». Portugal Centro. 20-11-2008 (http://www.portugalcentro.com/noticias/ver_noticia.php?id=13414), [Consultado em 30-05-2013]; «Proteção Civil quer aproveitar antiga torre da Força Aérea na Serra da Estrela. RTP» (https://www.rtp.pt/noticias/economia/protecao-civil-quer-aproveitar-antiga-torre-da-forca-aerea-na-serra-da-estrela_n1284619), [consultado em 05-02-2023]; «Radares da Torre vão ser entregues à Região de Turismo». Porta da Estrela. 20-05-2006, (http://www.portadaestrela.com/index.asp?idEdicao=178&id=8130&idSeccao=1505&Action=noticia), [Consultado em 31 maio 2013]; «Serra da Estrela: Capela dedicada a Nossa Senhora do Ar, na Torre, abre quinzenalmente, aos domingos». Eclésia. 14-06-2022 (https://agencia.ecclesia.pt/portal/serra-da-estrela-capela-dedicada-a-nossa-senhora-do-ar-na-torre-abre-quinzenalmente-aos-domingos/), [consultado em 05-02-2023].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO.

Autor e Data

João Almeida (Contribuinte externo) e Paula Noé 30-03-2023 (Projeto European Cold War Heritage)

Actualização

 
 
 
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