Vivenda Quadros / Internato Infantil de Carcavelos / Lar de São Francisco de Assis

IPA.00025435
Portugal, Lisboa, Cascais, União das freguesias de Carcavelos e Parede
 
Arquitectura residencial, novecentista. Chalet da linha de Cascais, construída como residência particular da elite burguesa portuguesa, de início do século 20, com alguns traços e elementos decorativos arte nova. Possui planta quadrangular irregular, integrando corpo pentagonal numa fachada lateral, uma bow window facetada na outra e corpo rectangular na fachada posterior, formando duas ordens de varandas alpendradas, apoiadas em colunas e pilastras, de forma a aproveitar a exposição ao mar e ao sol. As fachadas, com o piso térreo revestido a cantaria rusticada, são rasgadas regularmente por janelas com peitoril e friso superior de cantaria, predominantemente rectilíneas, abrindo-se na principal átrio em arco abatido, ao nível do piso intermédio, apresentando frisos de azulejo policromos, com elementos vegetalistas arte nova. No interior, as salas do piso principal têm tectos decorados com trabalhos de estuque e pinturas, da segunda década do século 20, que lembram os trabalhos de arte gráfica da época utilizados em caixas de alimentos e outros.
Número IPA Antigo: PT031105020182
 
Registo visualizado 2348 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Moradia / Vivenda  

Descrição

Planta quadrada, irregular, integrando corpo pentagonal na fachada lateral direita e um rectangular na fachada posterior, o qual se prolonga em duas ordens de alpendres, actualmente fechados, formando varandas. Volumes articulados, de disposição vertical, com coberturas diferenciadas, em telhados de quatro águas sobre o corpo central, cinco sobre o corpo saliente da fachada lateral e de uma água sobre o da fachada posterior. Fachadas rebocadas e pintadas de rosa, de quatro pisos, o primeiro revestido a cantaria rusticada, e separado do superior por friso e o último correspondendo a águas furtadas, rasgadas por vãos rectilíneos, a ritmo regular, de molduras simples, em cantaria, com peitoril e encimados por friso, possuindo caixilharia de duas folhas e bandeira, alguns com gradeamento em ferro; as fachadas terminam em aba corrida, pintada de branco, sobreposta por beirada simples. Fachada principal voltada a N., rasgada no piso térreo por duas janelas rectangulares, com moldura encimada por falsas aduelas; ao nível do segundo piso, abre-se, ao centro, átrio com arco de volta abatida, de chave saliente, antecedido por escadas de um lance, em cantaria com guarda em ferro, no interior do qual tem porta de verga recta moldurada, ladeada, à direita, por um registo de azulejos representando Santo António; ladeiam o átrio duas janelas de peitoril; o terceiro piso é rasgado por três janelas de peitoril iguais e, ao nível do telhado, surge água-furtada, terminada em empena, com grade em ferro, e chaminé, pintada de rosa, superiormente com friso decorado. Fachada lateral esquerda, voltada a E., de três pisos, com um corpo octogonal saliente, correspondente a uma bow window rasgada ao nível do segundo piso, mas que arranca do piso térreo; neste piso, rasgam-se cinco janelas, três das quais no corpo saliente, e porta de verga recta, protegida por telheiro, sustentado por colunelos de ferro apoiados na guarda em ferro das escadas, de um lanço, colocadas perpendicularmente à fachada; no segundo e terceiro piso rasgam-se janelas de peitoril iguais às da fachada principal, mas uma delas mais estreita, e entre os pisos, uma outra janela que denuncia a existência de uma escada interior. Sobre a cobertura, surge água furtada, terminada em empena. Fachada lateral direita, voltada a O., com dois panos, o da direita, rasgado, ao nível do piso térreo, por duas janelas, uma rectilínea e outra terminada em arco de volta perfeita, e o da esquerda, correspondente ao corpo octogonal, rasgado por um portal de verga abatida e uma janela em arco de volta perfeita, ao nível do piso térreo, e cinco janelas de peitoril nos pisos superiores; entre os dois panos, rasga-se porta. Fachada posterior, voltada a S., de dois panos, o da esquerda, avançado, com quatro pisos, o térreo separado do segundo por friso de azulejos policromos com elementos vegetalistas e rasgado por duas janelas, de verga abatida e falsas aduelas; o segundo piso é rasgado por janela mainelada, com dois arcos de volta perfeita, assentes sobre colunelo, integrados num arco abatido, de acesso a alpendre, apoiado em duas pilastras e em duas colunas, toscanas, sobre plintos de almofadas côncavas, actualmente fechada com vidros formando varanda; o terceiro piso é idêntico ao inferior, mas a janela tem um único arco e o quarto piso, mais recuado, é rasgado por duas janelas de peitoril, de verga curva, sublinhada por moldura com o mesmo perfil, e com gradeamento em ferro. Este pano é rematado por cornija e friso de azulejos policromos, com motivos florais, que se prolonga para o pano da fachada lateral direita. O pano da direira, tem três pisos, rasgados por janela de peitoril e porta de verga recta, acedida por escada de lances divergentes, em ferro, pintada a branco, com seis lances de degraus, intercalados por patamares. INTERIOR: com os vários pisos de planta idêntica, estruturada em torno de corredor longitudinal que atravessa o espaço no sentido N. / S., formando um eixo central, interligando a entrada principal com uma outra aberta na fachada posterior, em torno do qual se distribuem as dependências; a O., dispõe-se ao centro um outro corredor, de menor dimensão, perpendicular ao primeiro, de acesso ao corpo adossado à fachada lateral direita; a E., desenvolve-se uma escada de dois lanços, com patamares intermédios, em madeira, de circulação entre os pisos, com ligação ao exterior através de porta rasgada na fachada lateral esquerda. Dependências com as paredes rebocadas e pintadas, por vezes com silhares de azulejos recentes, pavimentos em mosaico cerâmico e em soalho de madeira, na generalidade revestidos por materiais vinílicos e tectos planos, em estuque pintado. No piso térreo fica a cozinha e respectivos anexos (a copa e lavagem), estes com ligação ao exterior através da porta da fachada lateral direita, refeitório e instalações sanitárias. No segundo piso, dispõem-se o vestíbulo, rectangular com silhar de azulejos de padrão fitomórfico, policromo, os gabinetes da direcção, salas de visitas e de actividades, duas delas com tecto de estuques decorativos, com motivos geométricos e vegetalistas e cartelas inserindo telas pintadas, e as instalações sanitárias. No terceiro e quarto pisos, ficam os quartos das crianças e do pessoal educativo e instalações sanitárias.

Acessos

Rua Heliodoro Salgado, n.º1, Rua Eduardo Maria Rodrigues, n.º 679. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,688359, long.: -9,334366

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, na orla marítima, integrado harmoniosamente na malha urbana de Carcavelos. É rodeado de jardim, protegido por muro de alvenaria de pedra irregular, capeado a cantaria e com grades de ferro escondidas por sebes, com portões a N. e a S., que abrem, respectivamente, para a R. Heliodoro Salgado e para a R. Eduardo Maria Rodrigues. No logradouro, possui árvores, canteiros, espaços de recreio, poço e conjunto de pequenas construções, em alvenaria, de um só piso, pintadas de rosa, correspondentes a sala de actividades, espaços de arrumos, casa da bateria de garrafas de gás, rouparia, lavandaria, engomadoria e economato.

Descrição Complementar

Três salas do segundo piso possuem tectos com estuques decorativos. Na sala voltada a N., o tecto apresenta amplo medalhão central, elíptico, com fundo pintado, representando um banquete de crianças, ao ar livre, envolvidas por vegetação, composto por sete crianças em torno de mesa com toalha branca; ao centro um menino vestido de cozinheiro traz um prato com um faisão, enquanto as outras crianças aguardam a refeição, numa atitude travessa: uma brinca com o prato, outra bebe de um copo antes de começar a refeição, outra dá de comer a um cão, outra ainda, de joelhos no banco, debruça-se sobre a mesa; sobre esta, surge uma fruteira com uvas, peras e ananás e uma meloa cortada, num prato; junto à mesa, existe um frapé com duas garrafas de champanhe por abrir; a tela está assinada e datada por "M. Toste 1916". Noutra sala, fronteira à anterior, o tecto apresenta moldura em estuque natural recortado fitomórfico, com preenchimento de quadrilobados, possuindo nos cantos cartelas de concheados, com o fundo pintado com rosas, e ao centro, medalhão circular de moldura fitomórfica, um medalhão circular, com fundo pintado com um ramo de roseira, de rosas vermelhas, e um anjo com asas de morcego coloridas, envolto num pano verde transparente, segurando um trevo de quatro folhas, assinado e datado: "M. Toste, 1917". Na sala à esquerda do vestíbulo, o tecto tem medalhão rectangular, de fundo pintado com ramos de rosas, brancas e vermelhas, envolvido por grinalda suspensa dos colchetes que sobrepõem a moldura, formando quadrilóbo.

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Assistencial: lar

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: M. Toste (1915 / 1917). EMPREITEIROS: Júlio Álvaro Correia (1916 / 1917); Figueira, Simões & Silva, Lda. (1966); António Graça - Construções Lda.; Fonseca & Irmão, Lda. - Construções Civis e Obras Públicas (1970); Manuel Augusto Atalaia - Construções Civis (1977); José Antunes Sereno (1978 - 1982); Gaspar Maria Barbosa, Lda. - empreiteiros de construção civil e obras públicas (1979); Jovino António Rodrigues Fidalgo (1984); António José Mortágua Loureiro (1984); José da Cruz & Filhos, Lda. (1986). ENGENHEIRO: Firmino de Brito (2001). INSTALAÇÕES ELÉCTRICAS: Aníbal de Gouveia (1984). PINTOR ARTÍSTICO: M. Toste (1915 / 1917). FORNECEDORES DE MATERIAIS: Silva & França Lda. (1960); Montoya & Amorim, Lda. (1982); Sociedade Técnica de Fomento, Lda. (1982).

Cronologia

1915, 8 Outubro - Valentim Nunes Campos apresentou à Câmara Municipal de Cascais o pedido para a construção do chalé, com projecto do arquitecto M. Toste; 1916 / 1917 - construção do imóvel, pelo construtor Júlio Álvaro Correia; data de duas telas pintadas nos tectos de duas salas, assinadas por M. Toste; 1958, 11 Janeiro - falecimento do Dr. Carlos Lopes de Quadros, tendo deixado em testamento o Chalé Quadros à SCML para a instalação de um asilo para cegos; 1958 - a SCML instala no edifício um equipamento destinado ao apoio de crianças; 1960 - aquisição de um novo fogão à firma Silva & França Lda. obrigando à demolição da chaminé existente; 1970 - a solicitação de um telheiro para o recreio, feita havia 6 anos, continuava por concretizar; 1978, 20 Junho - a Comissão Administrativa de Obras da SCML convidou o Arq.º José Fernando Teixeira para fazer um projecto de arranjo dos espaços exteriores e construção de um pequeno pavilhão; 1979, 6 Novembro - a Comissão Administrativa de Obras da SCML entregou ao Arq.º José Fernando Teixeira o programa de remodelação do imóvel, propondo a sua total reconstrução; 1980, 24 Junho - a Comissão Administrativa de Obras da SCML intimou o arquitecto a entregar o projecto sob pena de prescindir os seus serviços; 21 Julho - o Arq.º José Fernando Teixeira entregou o "estudo prévio" que previa a construção de dois pavilhões e remodelação da cozinha; 1984, 27 Setembro - mudança das educadoras e das crianças para um imóvel em Monte Estoril; 1994, 22 Novembro - o Internato de Carcavelos passou a designar-se Lar de São Francisco de Assis; 2001, 14 Março - o último piso foi interdito pelos Bombeiros por apresentar falhas na segurança; 2003, 17 Fevereiro - o DGIP autorizou a abertura do concurso para a concretização das obras de segurança, mas este nunca foi aberto.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Alvenaria rebocada; pavimento em mosaico cerâmico e madeira de soalho; caixilharias em madeira e alumínio; vidros simples; silhares, frisos e registo de azulejos; grades das janelas em ferro; cobertura de telha.

Bibliografia

Nada a assinalar.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; SCML: DGIP; CMC: AHCMC

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; SCML: DGIP

Documentação Administrativa

SCML: DGIP, proc.º 83B; Obras, proc.º 102; CMC: AHCMC, A. H. Câmara Municipal de Cascais / Urbanismo / Processos de Obras / Requerimentos e Plantas / Carcavelos / Caixa 1912-1915 / Requerimento de Valentim Nunes Campos de 8-10-1915 com anexo "Projecto de Chalet em Carcavelos"

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1958 - reparações e caiação nos muros e portões do edifício; 1960 -várias obras de beneficiação, entre as quais a demolição da chaminé e reconstrução da mesma em betão armado; 1961 - calcetamento das ruas do jardim; adaptação de uma casa de banho; 1963 - alteamento do corpo saliente do lado O., com o acrescento de um piso para construção de uma casa-de-banho; 1966, 19 Agosto - concurso para a adjudicação da empreitada de reparações e limpezas gerais exteriores; 22 Outubro - adjudicação das reparações e limpezas gerais exteriores à firma Figueira, Simões & Silva, Lda.; 1970, 12 Maio - abertura do concurso da empreitada de obras de conservação e beneficiação: reparação das coberturas, fachada e muro de recreio; 27 Maio - adjudicação pela Mesa da empreitada à firma Fonseca & Irmão, Lda. - Construções Civis e Obras Públicas; 1970, 14 Dezembro - por solicitação da educadora-chefe foram incluídos mais trabalhos adjudicados à mesma empresa; 1977, 28 Setembro - abertura do concurso para obras gerais de conservação e beneficiação: revisão da cobertura, remodelação da cozinha; 2 Novembro - a Mesa deliberou adjudicar esta empreitada à firma Manuel Augusto Atalaia; 1978, 25 Janeiro - início dos trabalhos, anteriormente impossível devido ao mau tempo; 12 Julho - conclusão das obras gerais de conservação e beneficiação; 22 Agosto - realização do concurso da 2ª fase das obras gerais de conservação e beneficiação; 12 Setembro - adjudicação da empreitada à firma José Antunes Sereno; 1979, 2 Janeiro - recepção da obra; 11 Setembro - abertura do concurso das obras de conservação e beneficiação da cobertura; 26 Setembro - adjudicação da empreitada à firma Gaspar Maria Barbosa, Lda.; 1980, 26 Maio - conclusão dos trabalhos de conservação e beneficiação da cobertura; 1981, 20 de Outubro - abertura do concurso para a construção de um pavilhão para actividades múltiplas, reestruturação da lavandaria e da cozinha; 10 Novembro - adjudicação da empreitada à firma José Antunes Sereno; 1982, 13 de Julho - abertura de concurso para a aquisição de um termoacumulador, adjudicado à firma Montoya & Amorim, Lda.; 1982, 18 Agosto - abertura do concurso para o fornecimento do equipamento de cozinha; 9 Setembro - adjudicação desta empreitada à Sociedade Técnica de Fomento, Lda.; 26 Novembro - abertura do concurso para o fornecimento de equipamento de lavandaria; 30 Novembro - adjudicação à firma José Antunes Sereno da primeira fase das obras de conservação geral; 1983 - reparação geral das coberturas, com demolição de parte da estrutura por se encontrar totalmente apodrecida, reconstituição da mansarda, pinturas gerais com tinta plástica; 12 Abril - adjudicação à firma José Antunes Sereno da instalação de águas frias e quentes; 20 Abril - o Ministro dos Assuntos Sociais deliberou adjudicar a empreitada do fornecimento do equipamento de lavandaria à empresa Sociedade Técnica de Fomento, Lda.; 1984, 30 Março - Despacho ministerial adjudicando à firma José Antunes Sereno a construção de um pavilhão para actividades múltiplas, reestruturação da lavandaria e cozinha; 21 Abril - Despacho ministerial adjudicando à firma José Antunes Sereno as obras de remodelação geral do imóvel cumprindo o programa de Novembro de 1979; 1 Julho - Despacho ministerial a adjudicar a Aníbal de Gouveia a empreitada das instalações eléctricas; 20 Setembro - abertura do concurso para obras gerais de reparação e beneficiação; 10 Novembro - Despacho ministerial adjudicando a empreitada à firma Jovino António Rodrigues Fidalgo; 1985, 10 Setembro - abertura do concurso da construção da marquise; 20 Novembro - Despacho ministerial adjudicando a empreitada a António José Mortágua Loureiro; 16 Dezembro - assinatura do contrato da empreitada; 1986, 26 Maio - concurso público da empreitada de obras gerais de reparação e beneficiação; 8 Julho - Despacho ministerial adjudicando a obra à firma José da Cruz & Filhos, Lda.; 14 Agosto - assinatura do contrato de empreitada; Dezembro - construção das marquises pelo empreiteiro José da Cruz & Filhos, Lda. desrespeitando a empreitada adjudicada a António José Mortágua Loureiro; 1986 / 1990 - conflitos entre a SCML e a firma Jovino António Rodrigues Fidalgo devido à atribuição de obras adjudicadas a esta firma a outro empreiteiro e ao atraso de pagamentos dos trabalhos realizados; 1997 - obras de conservação; 2001, 5 de Julho - a Mesa adjudicou ao Engenheiro Firmino de Brito a prestação de serviços de consultadoria no domínio de segurança; 2002, 10 Dezembro - preparação da abertura do concurso para as obras necessárias cumprindo o estudo do engenheiro Firmino de Brito; 2003, 2 Janeiro - faltava concluir o caderno de encargos da empreitada de implementação do estudo de segurança; obras de segurança contra incêndios e obras complementares de construção civil.

Observações

Autor e Data

Helena Mantas e João Simões 2006

Actualização

 
 
 
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