Centro de Saúde e Serviço Social Dr. José Domingos Barreiro / Centro de Acolhimento Infantil Dr. José Domingos Barreiro
| IPA.00025436 |
Portugal, Lisboa, Lisboa, Marvila |
|
Arquitectura de saúde, contemporânea, característico do Movimento Moderno do pós guerra. Edifício de planta rectangular com fachadas de três e quatro pisos, revelando a sua estrutura, firmada em pilares, rasgadas regularmente por janelas de peitoril num ritmo muito apertado e de grande densidade, sobretudo na fachada posterior, com modelação dependente das diferentes funcionalidades interiores, e com coberturas em terraços e palas. Fachada principal de três corpos, tendo ao centro alpendre encimado por pequenos vãos jacentes, organizados em grupos, de iluminação da caixa das escadas interior. |
|
Número IPA Antigo: PT031106211216 |
|
Registo visualizado 5105 vezes desde 27 Julho de 2011 |
|
|
|
Edifício e estrutura Edifício Saúde Centro de saúde
|
Descrição
|
Planta rectangular, com orientação no sentido E. / O., de massa simples, disposta na horizontal e coberturas diferenciadas, em terraço. Fachadas de cinco pisos, o inferior parcialmente abaixo do nível do solo, forrado com placas em cantaria, e os restantes rebocados e pintadas de branco, estruturadas em pilares em betão armado, no intervalo dos quais se rasgam, a ritmo regular, vãos simples, rectilíneos, com peitoril de cantaria, e terminadas em cornija. Fachada principal voltada a N., com três corpos, o central de quatro pisos, mais extenso e recuado, antecedido de alpendre, formado por pala assente sobre quatro pilares, flanqueada pelos corpos laterais, mais baixos, o da direita com três pisos e o da esquerda com um quarto piso parcialmente ao nível do solo. No corpo central, o alpendre, com pavimento em calçada à portuguesa, formando esquadria, apresenta as paredes forradas com placas de cantaria, tendo ao centro portal de verga recta, ladeado, à esquerda, por janelas rectangulares jacentes com caixilharia basculante, e, à direita, amplo painel com alto relevo, representando várias crianças. No segundo e terceiro pisos do corpo central, abrem-se pequenas frestas jacentes, de iluminação da escada principal do edifício, agrupadas em conjuntos de quatro, que se estendem para as paredes laterais dos corpos laterais; no último piso, rasgam-se janelas de peitoril agrupadas duas a duas. Nos corpos laterais, abrem-se, sobrepostas, quatro janelas por piso, as duas centrais mais estreitas. Fachada lateral esquerda, virada a E., de pano único, com quatro pisos, um parcialmente ao nível do solo, rasgado regularmente por janelas de peitoril, dispostas duas a duas e sobrepostas. Fachada posterior, voltada a S., de três corpos, os laterais mais estreitos e avançados relativamente ao central, com três entradas independentes, de acesso privado, feitas por lances de escadas paralelos à fachada, uma ao centro e duas junto aos corpos laterais, cobertos com palas em laje de betão armado e com guarda plena de alvenaria rebocada e grade de ferro. É rasgada igualmente por janelas de peitoril, sobrepostas; no extremo esquerdo da fachada, abrem-se respiradouros ao nível da cave. INTERIOR com planta dos vários pisos idêntica, à excepção da cave, de menor área, estruturada em função de corredor central, disposto no sentido E. / O., paralelamente à fachada principal, a partir do qual se acede às dependências do imóvel; estas são quadradas ou rectangulares, de dimensões reduzidas, dispostas ao longo das fachadas principal e posterior e nos topos E. e O. do corredor. A E., existe um outro corredor, menor, disposto no sentido N. / S., a partir do qual se acede às dependências dispostas ao longo da fachada lateral esquerda e outras, fronteiras a estas. A ligação entre os pisos é feita através de duas escadas; a principal, de acesso público, arranca da zona do vestíbulo (piso 0, no seguimento do átrio e do alpendre da fachada N.), tem três lanços, em mármore, e tem a bomba ocupada por elevador; a segunda, de uso privado, tem dois lanços e está implantada no extremo O. do corredor que atravessa longitudinalmente o imóvel. Do piso térreo partem, ainda, outras três escadas de acesso às caves: a E., uma escada de um lanço, de acesso ao arquivo da secretaria e outra, com dois lanços, a dependências de apoio ao pessoal, tais como rouparia, sala de lavagem da roupa e esterilização; a S. uma escada de dois lanços dá acesso a uma sala de reuniões, casa das bombas, vestiários e instalações sanitárias. Corredor definido por paredes mestras e gabinetes em tabiques, tectos em laje de betão e tectos falsos e pavimentos em mármore, na escada principal e vestíbulo, cerâmicos, nos corredores e instalações sanitárias e tacos de madeira, nas salas. No terceiro piso, embora apresente a mesma configuração que os restantes, as divisões a S. são em terraço aberto, protegido por uma rede, que funciona como recreio ao ar livre para as crianças do infantário. As divisões a E. e O. foram também convertidas em recreio coberto e em terraço, permanecendo apenas cobertas as divisões a N., o dormitório do Jardim infantil e o vestiário do pessoal. |
Acessos
|
Rua Capitão Leitão, n.º 2 a 8; Rua do Açúcar, n.º 66 a 74; Travessa da Mitra, n.º 1 a 15; Largo da Mitra, n.º 2; Beco da Mitra, n.º 1 a 15 |
Protecção
|
Incluído na Zona Especial de Proteção do Palácio da Mitra (v. IPA.00010671) |
Enquadramento
|
Urbano, integrado em zona de aluvião consolidada. Insere-se em bairro industrial, do início do século 20, da zona oriental de Lisboa, construído nos terrenos adjacentes ao Palácio da Mitra (v. PT031106210670), adaptando-se ao declive suave do terreno. Colocado de gaveto, tem a fachada lateral direita adossada a edifícios do bairro operário da Rua Capitão Leitão; a N., abre para o beco da Mitra e confronta com o Albergue da Mitra, a E., vira-se à Rua do Açúcar e confronta com a Doca do Poço do Bispo do Porto de Lisboa, e a S., abre para a Rua Capitão Leitão. O portal da fachada principal é precedido por escada de quatro degraus. |
Descrição Complementar
|
Sob o alpendre da fachada principal, alto-relevo alusivo à actividade desenvolvida no centro, formado por um conjunto de seis figuras em bronze, sobre um painel negro, relevado, em massa a imitar cantaria, representando do lado esquerdo quatro crianças acompanhadas de uma figura feminina, e do lado oposto, uma criança sozinha; o painel tem ainda a inscrição SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA. CENTRO DE SAÚDE E ASSISTÊNCIA DR. JOSÉ DOMINGOS BARREIRO, e, à direita, em friso, as iniciais M. C.. |
Utilização Inicial
|
Saúde: centro de saúde |
Utilização Actual
|
Saúde: hospital / Assistencial: centro de acolhimento infantil |
Propriedade
|
Privada: Misericórdia |
Afectação
|
Sem afectação |
Época Construção
|
Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
AR CONDICIONADO: Vaporel - Sociedade Industrial metalo-Macânica, Lda. (1987); Tepclima - Cooperativa de Técnica e Projectos Industriais Térmicas (1989). ARQUITECTOS: Artur Bentes (1959 / 1981); José Fernando Teixeira (1971). DEMOLIÇÕES: António M. da Rocha Bacelar. ELECTRICIDADE: Manuel José Antunes Ferreira. EMPREITEIROS: Martins & Guedes, Lda. (1961); José Antunes Sereno (1982); Figueira, Simões & Silva (1967), Sengipal - Sociedade de Engenharia de Instalações, Lda. (1982); Jotobra - Sociedade de Projectos e Construções, Lda. (1987); 5C - Engenharia e gestão de obras, Lda. (1989). ENGENHEIROS: Celestino Luís de Matos (1985). EQUIPAMENTOS HOTELEIROS: Triunvari, equipamentos de restauração, Lda (1989). ESCULTOR: Joaquim Martins Correia (1962). CRL. ISOLAMENTOS: Isolfrei - Estudos e Empreitadas de Isolamentos e Revestimentos, Lda (1986). MATERIAIS: Luzarpuro (alumínios anodizados); Alfredo Nunes (estores); Inel - insústras Eléctricas Associadas (ascensores); Dine, Lda. (estruturas metálicas); J. Emílio Mateus (pára-raios). PROJECTISTAS: Gepelme (1982). |
Cronologia
|
1890 / 1891 - Construção de um imóvel para o Sr. José Domingos Barreiro na R. Capitão Leitão, R. do Açúcar e Tv. da Mitra; 1934, 21 Dezembro - a Sociedade Propulsora Lda. arrendou a loja do n.º 2 da R. Capitão Leitão e os nº 72 e 74 da R. do Açúcar; 1955, 18 Novembro - a firma Fonseca & Ferreira, Lda. arrendou a loja dos n.º 66 a 70 da R. do Açúcar; 1958, 11 Fevereiro - o Dr. Acácio Domingos Barreiro, a sua mulher e filha doam à Santa Casa da Misericórdia o imóvel para aí ser instalado um jardim-de-infância; 1959, Abril - o Ministro das Obras Públicas autorizou que a Comissão de Construções Hospitalares prestasse assistência técnica à elaboração do programa para a construção do imóvel; 1959, 26 Dezembro - pagamento ao Arquitecto Artur Bentes do projecto do imóvel; 1959, 2º semestre - a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa intimou os inquilinos a sair das lojas e das habitações; 1961, 24 Junho - adjudicação da empreitada de demolição do conjunto de edifícios existentes à firma António M. da Rocha Bacelar; 4 Julho - início dos trabalhos de demolição; 5 Julho - o Ministro das Obras Públicas suspendeu um primeiro concurso para a empreitada da construção do imóvel; 6 Julho - o presidente da Comissão Administrativa de Obras da SCML, Eng.º José Ferreira da Cunha, publicou novo anúncio do concurso público para a arrematação da empreitada da construção do imóvel; 21 Outubro - Decreto n.º 43.878 dos Ministérios das Obras Públicas e da Saúde e da Assistência adjudicando à empresa Martins & Guedes, Lda. a construção do imóvel; 31 Outubro - anulação do concurso pela segunda vez; 10 Novembro - o Conselho de Ministros suspendeu a anulação e autorizou a empreitada; 1962, 3 Janeiro - assinatura do contrato da empreitada; 5 Abril - os trabalhos estavam parados por falta de mão-de-obra e por o terreno ser rochoso, obrigando à sua fragmentação por ar comprimido; Agosto - escolha do escultor Joaquim Martins Correia para a elaboração do motivo decorativo na entrada do imóvel; 1963, 2 Outubro - por despacho do Ministro das Obras Públicas, o prazo para a conclusão da obra foi alargado a 31 de Dezembro desse ano; 1964, 16 Abril - Decreto n.º 45.667 dos Ministérios das Obras Públicas e da Saúde e da Assistência prolongando o prazo até ao final de 1964; 17 Novembro - o Conselho de Ministros autorizou a adjudicação de trabalhos extraordinários à firma Martins & Guedes com dispensa de concurso; 1965, 12 Maio - recepção da obra; Julho - recepção da escultura da autoria de Joaquim Martins Correia para a entrada do imóvel; 2 Julho - inauguração do imóvel com a presença do Presidente da República; a fuligem proveniente da Fábrica Nacional de Fósforos acumulava-se no terraço; 1966, 12 Março - o Ministro da Saúde e Assistência autorizou a adjudicação da empreitada de trabalhos complementares à firma Martins & Guedes, Lda.; 30 Março - incêndio no edifício provocado pela fuligem da chaminé sem provocar danos pessoais ou materiais; 24 Agosto - recepção da obra; 1967, 23 Fevereiro - adjudicação à firma Figueira, Simões & Silva, Lda. de trabalhos complementares de construção civil; 25 Abril - recepção da obra; 1971, 7 Outubro - contrato com o Arquitecto José Fernando Teixeira para proceder ao projecto de remodelação do imóvel; 1979 - tentativa de instalação de marquises no recreio da creche vetada pela CML; 1980, 2 Outubro - abertura de concurso para proceder a obras de conservação e beneficiação, não concretizado; 1981, 12 Outubro - o arquitecto Artur Bentes foi convidado a elaborar o projecto de adaptação do edifício; 1985, Dezembro - as obras no edifício provocaram estragos nos edifícios vizinhos; 1987, 7 de Janeiro - a Mesa deliberou impermeabilizar a pala por cima da entrada principal; 2001, 11 Abril - o edifício passou a denominar-se Centro de Acolhimento Infantil Dr. Domingos Barreiro com novo regulamento interno; 2005, 24 de Fevereiro - derrame de gasóleo provocado pelo mau estado do depósito subterrâneo; 2005, Maio - introdução do gás natural no edifício. |
Dados Técnicos
|
Paredes autoportantes. |
Materiais
|
Estrutura de betão; alvenaria rebocada; pavimento em mármore, cerâmica e madeira; lajes de cantaria a forrar parcialmente as paredes exteriores; portas exteriores e caixilharia de alumínio; vidro simples; cobertura de telha. |
Bibliografia
|
Nada a assinalar. |
Documentação Gráfica
|
IHRU: DGEMN/DSID; CML: GEO, MC 29.120, MP 3146, MP 4628 Res. |
Documentação Fotográfica
|
IHRU: DGEMN/DSID; CML, Arquivo Fotográfico, A 5985, A 5982 |
Documentação Administrativa
|
SCML: DGIP, proc.º 10, procº 63B; Obras, proc.º 10; AICML: Obras, Obra n.º 8515 |
Intervenção Realizada
|
1966 - obras complementares para a recepção de equipamento médico; 1967 - pequenas alterações para receber o mobiliário; 1971 - remodelação das instalações com a demolição de algumas paredes não estruturais; 1982 - obras de conservação e beneficiação; 1982, 12 Abril - adjudicação das obras de conservação e beneficiação á firma José Antunes Sereno; 15 Junho - Despacho do Ministro dos Assuntos Sociais adjudicando à firma Gepelme o projecto da ampliação e remodelação das instalações mecânicas; 5 Julho - adjudicação à firma Sengipal - sociedade de engenharia de instalações, Lda. a remodelação das instalações mecânicas; 1983, 31 Março - Despacho do Ministro dos Assuntos Sociais adjudicando à firma Sengipal a segunda fase da remodelações das instalações mecânicas; 1985 - obras de conservação; 18 Junho - adjudicação ao Eng.º Celestino Luís de Matos do projecto de impermeabilização das coberturas; 1986, 11 Abril - abertura do concurso para a impermeabilização das coberturas; 22 Julho - adjudicação à firma Isolfrei - Estudos e Empreitadas de Isolamentos e Revestimentos, Lda. da impermeabilização das coberturas; 1 Agosto - início dos mesmos trabalhos; 12 Outubro - Despacho ministerial que oficializou a adjudicação da empreitada; 1986, 18 Novembro - assinatura do contrato entre a SCML e a Isolfrei; 1987, 13 Março -contrato dos trabalhos adicionais à obra de impermeabilização das coberturas entre a SCML e a Isolfrei; 1988, 25 Fevereiro - abertura do concurso para a realização de obras de conservação e remodelação; 1988, 9 Maio - adjudicação das obras de conservação e remodelação à firma Jotobra - Sociedade de Projectos e Construções, Lda; 27 Maio - contrato da obra de conservação e remodelação entre a SCML e a Jotobra - Sociedade de projectos e Construções, Lda.; 1988, 14 de Novembro - Adjudicação à firma Vaporel - Sociedade Industrial metalo-Macânica, Lda. da obra de revisão e instalação de aquecimento central e central térmica; 29 Novembro - publicação do Concurso Público para a instalação do ar condicionado; 1989, Janeiro - a obra estava parada por falta de empenho da Jotobra; 30 Março - adjudicação da instalação de ar condicionado à firma Tepclima - Cooperativa de Técnica e Projectos Industriais Térmicas, CRL.; 19 Abril - assinatura do contrato entre a SCML e a Tepclima para a instalação do ar condicionado; 1990, 7 Fevereiro - apresentada a proposta de alargar as cozinhas do edifício para a um imóvel contíguo propriedade da CML; Dezembro - são provocados danos nos prédios vizinhos pela má conservação do telhado do edifício; 1991, 4 Março - recepção definitiva da empreitada de revisão de instalação do Aquecimento central e Central Térmica; 23 Julho - abertura do concurso para a execução da empreitada de obras de beneficiação; 1991, Dezembro - são provocados mais danos aos prédios vizinhos por infiltrações; 1992, 5 Maio - abertura do concurso para execução da empreitada de remodelação da cozinha; 24 Julho - abertura de um segundo concurso para a remodelação da cozinha; 31 Agosto - adjudicação à firma Triunvari, equipamentos de restauração, Lda. da empreitada de remodelação da cozinha e à firma 5C - Engenharia e gestão de obras, Lda. a componente de construção civil da mesma empreitada; 29 Setembro - assinatura de contrato entre a SCML e a Triunvari; 1993, 10 Março - recepção definitiva da obra; 5 Agosto - abertura do concurso para a empreitada de reparação da central térmica; 1996, Abril - a Companhia de Electricidade alertou para o facto de existirem infiltrações que punham em perigo o quadro eléctrico do edifício. |
Observações
|
|
Autor e Data
|
Helena Mantas e João Simões 2006 |
Actualização
|
|
|
|
|
|
| |