Hospital Miguel Bombarda / Hospital Central de Maputo

IPA.00031367
Moçambique, Cidade Maputo, Maputo (M), Maputo (M)
 
Arquitetura de saúde, do séc. 20. Complexo hospitalar constituído por mais de dezena e meia de edifícios com plantas e configurações distintas entre si, que se dispõem num terreno com cerca de 16ha.
Número IPA Antigo: MZ910201000010
 
Registo visualizado 1479 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Saúde  Hospital    

Descrição

O complexo hospital é constituído por mais de uma dezena e meia de pavilhões, implantando-se sem ordem aparente e apresentando diversas configurações de planta. No topo norte do terreno localizam-se os principais edifícios, à direita o edifício da antiga maternidade, ao centro o bloco principal e à esquerda um pavilhão, originalmente destinado ao "isolamento para europeus" (edifício de quatro pisos, em estilo art deco, galerias exteriores em todos os andares que, percorrendo a quase totalidade do comprimento do edifício e contornando as esquinas arredondadas, fazem ligação com a fachada lateral). O bloco principal, seguindo uma linguagem modernista, apresenta uma planta "em pente", com um corpo maior retangular - formado por um bloco central de quatro pisos ladeado por dois laterais de dois pisos, num total de quase 200 metros de comprimento - ao qual se encontram adossados ritmadamente cinco blocos de quatro pisos e menor dimensão. A marca dominante deste conjunto é a grande rampa em forma de meia-lua, que providencia o acesso à entrada principal situada ao nível do primeiro andar do bloco principal e ao mesmo tempo apresenta um caráter cenográfico, típico das grandes construções do Estado Novo. O corpo principal recebe as entradas públicas, urgências e bloco cirúrgico, sendo os corpos laterais maioritariamente compostos por corredores de circulação. Os cinco blocos de menores dimensões albergam nos pisos inferiores especialidades médicas e nos superiores os laboratórios de análises clínicas e maternidade. *1 Numa posição central do terreno hospitalar implanta-se um outro edifício de grandes dimensões, apresentando uma planta em forma de H.

Acessos

Avenida Eduardo Mondlane, Avenida Agostinho Neto, Avenida Tomás Nduda, Avenida Salvador Allende

Protecção

Enquadramento

Urbano, isolado, insere-se num quarteirão de grandes dimensões (ocupado maioritariamente pelo hospital), localizado entre a Avenida Eduardo Mondlane, Avenida Tomás Nduda, Avenida Agostinho Neto e Avenida Salvador Allende. Nas imediações localizam-se o Restaurante 1908 (v. MZ910201000085), o edifício dos Velhos Colonos (v. MZ910201000078), o Edifício do Ministério da Saúde (antigo edifício da Direcção Provincial de Saúde - v. MZ910201000083) e o Edifício do Instituto Nacional de Meteorologia (v. MZ910201000070) e Vila Algarve (v. MZ910201000050)

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Saúde: hospital

Utilização Actual

Saúde: hospital

Propriedade

Afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: António Rosas (1936); Francisco de Assis (1958, 1959), Luiz de Vasconcelos (1958, 1959)

Cronologia

1900 - expropriação dos terrenos onde seria construído o Hospital; elaboração do primeiro plano geral, que compreendia a construção de seis enfermarias duplas (duas para clínica geral, duas para doenças contagiosas e duas para sifilíticos *1), farmácia, lavandaria, cozinha, residência das Irmãs Hospitaleiras, Residência do Diretor, Casa de médicos e necrotério; 1936, 19 maio - abertura de concurso público para adjudicação de obras de construção da Sala de Operações (Repartição Técnica de Obras Públicas da Colónia de Moçambique); 1906 - construção de um pavilhão enfermaria, projetado em Lisboa; 1907-1908 - construção de uma casa de primeiro andar para o Diretor dos Serviços; 1909-1910 - construção de um pavilhão destinado aos quartos particulares de 1ª classe; 1910, maio - aberto concurso para a conclusão do Hospital; 1910-1912 - execução das obras; 1912 - conclusão das obras, compreendendo o hospital nessa data um edifício de primeiro andar (destinado principalmente aos serviços administrativos), um edifício para laboratório (adaptação do primitivo projeto de residência para dois médicos), lavandaria, sala de operações, casa mortuária, edifício de primeiro andar para residência de médicos e enfermeiros (adaptação do edifício primitivamente destinado à casa das Irmãs Hospitaleiras), cozinha, edifício de primeiro andar para residência do chefe de serviço, edifício com 21 quartos e 18 camas para doentes, edifício de internamento (com 30 camas) e de cirurgia, edifício de internamento com 30 camas para doentes de medicina, edifício de internamento com 29 camas (enfermaria geral feminina), edifício de enfermaria e maternidade, edifício de internamento de pediatria (24 camas), dois edifícios para internamento de doentes com doenças infetocontagiosas, edifício de internamento para militares 2*; 1914 - vedação do recinto hospitalar; 1917 - construção de um grupo de três enfermarias duplas, destinadas a "hospital de sangue" *3; adaptação a armazém da cave da primeira enfermaria; 1917-1922, entre - construção de edifícios destinados aos "serviços auxiliares"; 1922 - construção do edifício do laboratório central; 1932 - a Direcção dos Serviços de Saúde pretendeu "contratar na Metrópole um arquitecto especializado em construções hospitalares no intuito de se fazer um novo plano."; 1936 - projeto de arquitetura da Maternidade e Dispensário para Indígenas da autoria do arquitecto António Rosas; modernização do edifício da 7ª enfermaria e sua adaptação a enfermaria pediátrica; 1936, 13 outubro - abertura de concurso público para adjudicação de obras de construção da Maternidade e Dispensário para Indígenas (Repartição Técnica de Obras Públicas da Colónia de Moçambique); 1937 - entrada em serviço do edifício da maternidade; construção do edifício da sala de operações e raios-x; 1937, agosto - abertura de concurso público para adjudicação de obras de construção da Cozinha (Repartição Técnica de Obras Públicas da Colónia de Moçambique); 1938 - entrada em serviço do edifício do dispensário; intervenção no pavilhão do laboratório, tendo sido adaptado a pavilhão de agentes físicos mecanoterapia; intervenção no edifício das consultas externas 1938, 3 março - abertura de concurso público para adjudicação de obras de construção da Enfermaria de Crianças, a partir da adaptação e reparação das 7ª e 15ª enfermarias (Repartição Técnica de Obras Públicas da Colónia de Moçambique); 1939 - construção da casa das caldeiras; remodelação da cozinha; um dos edifícios inicialmente destinado para residência para dois funcionários é adaptado a casa das Irmãs Hospitaleiras; 1940 - remodelação do edifício da sala de operações e sua adaptação a residência do médico de serviços, sala da junta e biblioteca; 1941-1942 - construção de um bloco de 12 enfermarias (com lotação total de 600 camas), em três grupos, dois dos quais foram construídos; 1942 - obras de remodelação dos dois pavilhões de isolamento, com construção de uma ligação entre ambos por meio de uma galeria; 1943, 30 Outubro - abertura de concurso público para adjudicação de obras de construção do Edifício para Isolamento para Europeus, por parte da Direcção dos Serviços de Obras Públicas; 1944, 14 outubro - relatório de Mário José Ferreira Mendes, engenheiro-diretor, no qual chama a atenção para a necessidade de se "concluir o hospital indígena [e] adaptar-se, ou construir-se o hospital europeu", estando o primeiro caso "em vias de resolução"; 1946, 19 setembro - abertura de concurso público para adjudicação de obras de construção do Edifício para Consultas Externas, por parte da Direcção dos Serviços de Obras Públicas; 1958 - construção do corpo principal do hospital, da autoria dos arquitetos Francisco Assis e Luiz de Vasconcelos; 1959 - construção das instalações para Consultas Externas de Estomatologia e Oftalmologia, da autoria dos arquitetos Francisco Assis e Luiz de Vasconcelos; 1960, década - construção do Centro de Reabilitação, Serviço de Urgências de Pediatria e o Dispensário de Psiquiatria, todos da autoria do arquiteto Francisco Assis; 1966 - obras de ampliação no pavilhão de isolamento para europeus (da autoria do arquiteto Fernando Mesquita) - adaptação dos espaços existentes, prolongamento das galerias exteriores a todo o comprimento da fachada e construção de dois novos pisos de modo que pudesse albergar a função de hospital escolar.

Dados Técnicos

Materiais

Bibliografia

FERREIRA, André Ferreira, Obras Públicas em Moçambique - Inventário da produção arquitectónica executada entre 1933 e 1961, Lisboa: Edições Universitárias Lusófonas, 2008, p.187-192; 195-201; 206-213.

Documentação Gráfica

IHRU: SIPA; Arquivo Histórico Ultramarino: Agência Geral do Ultramar

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA; Arquivo Histórico Ultramarino: Agência Geral do Ultramar

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

*1 - no projeto de 1958 estava igualmente contemplada a construção de um outro bloco para internamento com cerca de 240 metros de comprimento e 9 pisos de altura; este edifício providenciaria uma ligação entre o bloco principal e o bloco central, em forma de H. *2 -cada enfermaria deveria ter capacidade para 16 camas; ter-se-á construído apenas duas enfermarias, em madeira e zinco. *3 - todos os edifícios construídos no período compreendido entre 1910 e 1912 eram de alvenaria; *4 - uma dessas enfermarias foi demolida em 1942.

Autor e Data

Tiago Lourenço 2011 (projeto FCT PTDC/AURAQI/104964/2008 "Gabinetes Coloniais de Urbanização: Cultura e Prática Arquitectónica")

Actualização

 
 
 
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