Casais da Serra de Água

IPA.00033261
Portugal, Lisboa, Loures, União das freguesias de Santo Antão e São Julião do Tojal
 
Arquitetura agrícola, vernácula. Conjunto formado por quatro casais em alvenaria de pedra com respetivas estruturas de apoio à produção, poços de pedra, poços naturais, tanques de armazenagem e rega, valas de condução de água, abegoarias, muros de pedra e estruturas de retenção de água. Paisagem em forma de concha, muito rica em água e com solos férteis, onde se realiza agricultura de regadio.
Número IPA Antigo: PT031107140228
 
Registo visualizado 1723 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Agrícola e florestal  Casal    

Descrição

Paisagem composta por quatro casais agrícolas, respetivas parcelas de cultivo, matos florestais, abegoarias, poços de pedra, poços naturais, tanques de armazenagem e rega, valas armadas em cômoros ou motas, muros de pedra e um paredão de retenção e condução de água. O CASAL DA SERRA DE ÁGUA, propriamente dito, situa-se a NO. da paisagem à cota de 184m, não se encontra acessível devido ao crescimento da vegetação infestante, que o envolveu totalmente em resultado do abandono agrícola da propriedade. Tem planta quadrangular e cobertura em telha de canudo. Os DOIS CASAIS a O. da paisagem, cujos nomes não são conhecidos, têm ambos plantas longitudinais, sendo uma delas retangular e outra rematada em L. Destes dois, aquele que se situa mais perto do centro da paisagem, à cota 176m, apresenta maiores dimensões, é térreo, distribuindo linearmente funções de habitação e de armazenagem e terminando em L num corpo originalmente destinado a curral, rematado a E. por alpendre coberto por estrutura de madeira e telha de canudo. Todas as aberturas são voltadas a E., das quais uma é janela e 3 são portas. Todos os vãos possuem fortes molduras de cantaria de calcário, exceto uma das portas. O aparelho de construção em alvenaria de pedra ordinária, apresenta também silharia de calcário e basalto nos cunhais. O edifício era originalmente rebocado e caiado a branco. A cobertura é em telha de canudo. O CASAL A O. que se situa mais afastado do centro, à cota 185m, de menores dimensões, é igualmente térreo e possui como abertura apenas uma só porta, virada a E. É rebocado e pintado a branco. A cobertura é em telha de canudo. A E. da paisagem encontra-se, à cota 170m, o CASAL DA PORTELA constituído por um corpo habitacional central e dois corpos utilitários longitudinais. A casa possui torreão saloio de dois pisos e um corpo térreo adossado dos lados S. e E. correspondente à cozinha e forno. A cobertura é em telha de marselha. Os dois corpos utilitários que se desenvolvem a S. da casa, formando um pátio de acesso, são um deles, do lado E. de tijolo rebocado e o outro, do lado O., mais antigo na parte mais próxima da casa, de alvenaria de pedra. Possuem também cobertura em telha de marselha. Este casal é rebocado e pintado a branco, com bandas azuis nos socos e cunhais. TRÊS ABEGOARIAS em alvenaria de pedra, de uma só água. Possuem apenas um vão de porta. A abegoaria situada a Norte da concha central possui planta quadrangular e cobertura em telha de marselha. Está adossada a um socalco de pedra aparelhada e na proximidade de um poço com engenho de ferro. A abegoaria situada no centro desta paisagem, de planta retangular, está enquadrada por dois tanques de rega e dois grandes poços com engenho de ferro. Encontra-se adossada a um dos tanques. A cobertura é em telha marselha e chapa de zinco. A abegoaria situada a Sul da paisagem, de planta quadrangular, está igualmente situada na proximidade de um poço com engenho de ferro. Já não possui cobertura. TRÊS TANQUES de rega e armazenagem de água. Dois deles situam-se no centro da paisagem, junto a dois poços com engenho. São retangulares e o seu aparelho de construção é em alvenaria de pedra argamassada e rebocada. Um destes tanques, que se encontra adossado a uma abegoaria, possui remate superior concavo em todo o seu perímetro. O outro tanque que lhe faz pendant possui um remate superior em superfície lisa e rebocada. Ambos têm adossadas pequenas bacias retangulares para bebedouro de animais. O terceiro tanque, de maior dimensão, situa-se a N. desta paisagem e está adossado a um grande paredão de retenção de água. É em alvenaria de pedra aparelhada e rebocada e possui remate superior em grandes lajes de calcário. Está parcialmente danificado devido ao choque provocado pela queda de uma árvore. DOIS POÇOS DE PEDRA aparelhada na área central desta paisagem, muito próximos um do outro. Ambos possuem engenho de ferro. Encontram-se junto a tanques de rega e a uma abegoaria. Existe um terceiro poço de pedra com engenho de ferro no limite S. da paisagem, junto a uma abegoaria. Existe ainda um quarto tanque de pedra com engenho de ferro, frente ao casal agrícola de planta em L. Há uma VALA DE DRENAGEM constituída por rego protegido por cômoros ou motas com embasamento de pedra aparelhada, que atravessa toda a área central da paisagem no sentido NO. - SE. e conduz a recolha de água à ribeira da Barroca. No limite N. da concha central existe um MURO DE RETENÇÃO DE ÁGUA, de grandes dimensões e aparência monumental, em alvenaria de pedra aparelhada. Tem adossado um grande tanque também de alvenaria de pedra, cujo remate superior das paredes se faz em lajes de pedra calcária. Junto ao tanque, rasgando-se num socalco de pedra, onde predomina o basalto, está uma escada em degraus de calcário de acesso ao terraço agrícola localizado a uma cota inferior, terminando este último também em socalco, deitando para um outro patamar. Esta estrutura de armação do terreno em socalcos de pedra, apenas se encontra neste local da Serra de Água e corresponde ao aproveitamento agrícola de uma área que sendo rica em água apresentava um declive menos ligeiro do que a área da concha central. Esta armação do terreno corresponde ao maximizar do aproveitamento da área agrícola e simultaneamente ao disciplinar de um recurso em excesso neste local, a água proveniente da encosta.

Acessos

A NO. da povoação de Santo Antão do Tojal, com acesso desde a rotunda da EN 115 (designada localmente por Rua de São Roque) em Santo Antão do Tojal em direção à Manjoeira, à Rua José Dias Coelho, seguindo para N. 500m até ao acesso pela Rua da Serra de Água; lat.: 38.870844°, long.: -9.165449°

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, conjunto de quatro casais que correspondem a propriedades agrícolas distintas mas contíguas, com respetivas estruturas de apoio à produção (poços de pedra, poços naturais, tanques de armazenagem e rega, valas de condução de água, abegoarias, muros de pedra e estruturas de retenção de água). Os casais encontram-se desabitados, mas os terrenos férteis continuam a ser agricultados com culturas anuais de regadio. Confrontam com área florestal composta por matos em todo o redor com exceção da área urbana da Manjoeira que se situa a SE.. Implantam-se em encosta alta de declive suave com exposição predominante a S.. A área abrangida por estas propriedades apresenta-se sob a forma de semicírculo, dividido em "gomos" pelas linhas de água, valados e cômoros ou motas, que se reunem a S. dos quatro casais, alimentando a Ribeira da Barroca. A morfologia côncava do terreno onde se distribuem os casais e estruturas de apoio à produção, formam uma bacia de apanhamento de águas pluviais e de nascentes na encosta. A variação de cotas altimétricas situa-se entre os 166 m a S. e os 184m a N.. No seu conjunto, a morfologia do terreno, a estruturação efetuada para uso da água e do solo, e o isolamento conferido pela envolvente florestal, conferiram a esta paisagem uma configuração de concha, protegida visualmente do exterior. A designação toponímica "Serra de Água" encontra-se profundamente fundamentada pela presença marcante deste recurso e reforçada pelas estruturas naturais e construídas associadas à sua disciplina para utilização em favor do Homem. O tipo de solos presente na área agricultada é muito fértil e encontram-se classificados na Reserva Agrícola Nacional, trata-se de solos de baixas ou coluviossolos não calcários, que recebem os minerais e nutrientes que são arrastados dos solos da encosta, na sua maioria barros castanho avermelhados não calcários. O abandono de culturas arvenses de sequeiro na encosta tem vindo a potenciar o desenvolvimento de tojais que, em alguns locais se mostra a evoluir para carrascal.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Agrícola e florestal: casal

Utilização Actual

Agrícola e florestal: casal

Propriedade

Privada

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Época moderna

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Época moderna - construção dos casais.

Dados Técnicos

Sistema estrutural elementar.

Materiais

Alvenaria de pedra calcária.

Bibliografia

Documentação Gráfica

CMLoures: Arquivo da Divisão de Planeamento Municipal e Ordenamento do Território

Documentação Fotográfica

CMLoures: Arquivo da Divisão de Planeamento Municipal e Ordenamento do Território

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Nada a assinalar.

Observações

Autor e Data

Fernanda Ferreira, Frederico Pinto, Madalena Neves, Manuel Villaverde (CMLoures) 2012 (no âmbito da parceria IHRU / CMLoures)

Actualização

 
 
 
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