Igreja da Senhora da Agonia / Santuário de Nossa Senhora da Agonia

IPA.00003530
Portugal, Viana do Castelo, Viana do Castelo, União das freguesias de Viana do Castelo (Santa Maria Maior e Monserrate) e Meadela
 
Arquitetura religiosa, rococó. Igreja de nave centralizada, oitavada, formando um eixo longitudinal através do retângulo da capela-mor, iluminada interiormente por amplas janelas de modinaturas polilobadas e com coberturas internas diferenciadas, em falsa abóbada facetada na nave e em abóbada de berço na capela-mor. Fachada principal com empena recortada, rasgada por vãos em eixo, composto por portal de verga reta e por óculo polilobado, encimado por nicho, ajudando a verticalizar a estrutura. Fachadas circunscritas por cunhais apilastrados, rematadas em friso e cornija, tendo adossados a casa da Confraria e sacristia, rasgadas por vãos retilíneos. Torre sineira isolada, de dois registos, o superior com quatro ventanas em arco de volta perfeita e remate em coruchéu bolboso, neobarroco. Interior com coro-alto, púlpito no lado do Evangelho e órgão no oposto, possuindo sete retábulos de talha dourada rococó. Casa do consistório de dois pisos e sacristia com arcaz encimado por oratório.
Número IPA Antigo: PT011609190060
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta composta por igreja de nave em octógono irregular, com dois dos ângulos curvos, capela-mor poligonal, edifícios da sacristia e da confraria adossados aos dois lados da capela-mor e casa do órgão no lado direito da nave. Volumes articulados, com cobertura homogénea na igreja, em telhado de cinco águas, e diferenciados nos demais corpos a uma e duas águas, rematadas em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento em cantaria, flanqueadas por cunhais apilastrados, coroados, no corpo da nave, por pináculos fusiformes e torsos, e rematadas por friso e cornija. Fachada principal virada a S., em empena recortada, encimada por cruz sobre plinto galbado; é rasgada por portal de verga reta, com dupla moldura retilínea, flanqueada por duas pilastras toscanas, sublinhadas por uma terceira moldura exterior, as quais se unem no ângulo, em chanfro; remate composto por dois fragmentos de frontão, em asa de morcego, sobre uma vieira, sobreposto por cartela oval, com moldura de concheado e motivos florais, contendo inscrição; é encimado por óculo polilobado com cornija, onde assenta um nicho recortado, envolvido por moldura formada por enrolamentos, concheados e fragmentos de cornija, integrando a imagem, em granito, de Nossa Senhora da Agonia; sobre este, surge ainda pequena cartela com acantos estilizados. As fachadas laterais são semelhantes, rasgadas por janelões polilobados com molduras de granito; à lateral esquerda, adossa-se a Casa da Confraria, de dois pisos, tendo os vãos da face voltada a S. rasgados simetricamente, todos retilíneos, com molduras de cantaria e rematados por pequena cornija, correspondendo, no piso inferior, a duas portas e, ao centro, janela jacente, surgindo, no superior, três janelas de peitoril, com caixilharia em guilhotina; a face O. é rasgada por vãos com as mesmas características, porta central e duas janelas de peitoril no primeiro piso, encimadas por janela centralizada, também de peitoril; as restantes fachadas são cegas. A este corpo, adossam-se escadas de dois lanços, protegidas por grade de ferro, que acedem à torre sineira, isolada, de dois registos, o inferior rasgado, em três das faces, por óculos quadrilobados, surgindo, na face S., porta de acesso, em arco abatido e moldura de cantaria recortada, e relógio circular, envolvido por moldura de cantaria com motivos fitomórficos e cornija; o registo superior, dividido por friso e cornija, sobre o qual surge varanda em todo o perímetro, com guarda de ferro forjado, de decoração volutada, possui quatro sineiras em arco de volta perfeita, assente em impostas salientes e com pedra de fecho destacada; remata em friso e cornija, encimados por balaustrada e pináculos nos ângulos, tendo cobertura em coruchéu bolboso, revestido com azulejos, de motivos fitomórficos. À fachada oposta, adossa-se a sacristia e casa dos foles, ambas articuladas. A primeira evolui em dois pisos, sendo rasgada, na face S., por vãos retilíneos com molduras de cantaria, rematadas por pequena cornija, tendo, no primeiro piso, uma porta no extremo direito e duas janelas jacentes, surgindo, no segundo, quatro janelas de peitoril, com caixilharia de guilhotina. A casa dos foles do órgão, de um único piso, possui duas portas de verga reta, uma delas com remate em frontão triangular. A fachada posterior encontra-se adossada. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco e com faixa de cor cinza, pavimento em madeira e cobertura em falsa abóbada facetada, assente em friso e cornija entalhados e dourados, com profusa decoração pictórica, tendo friso inferior percorrido por acantos, concheados e enrolamentos, sendo dividida em falsos panos pontuados por estrelas douradas e, ao centro, medalhão recortado com glória de querubins, tendo, no fecho, resplendor e figura de Cristo redentor, de vulto; é rodeado por motivos "grisaille", com a representação de símbolos do martírio de Cristo e eucarísticos. Coro-alto de madeira, formando arco em asa de cesto, com guarda balaustrada e acesso por escadas laterais, de um lanço em perfil curvilíneo, adaptando-se ao polígono da parede fundeira, protegidas, inferiormente, por portadas de madeira torneada. A ladear o portal, com guarda-vento de madeira, surgem duas pias de água-benta concheadas, em cantaria. Todos os vãos têm vidros policromos e são encimados por sanefas de talha dourada, profusamente decorada com concheados. Confrontantes, existem quatro retábulos laterais, dedicados a quatro Passos da Via Sacra, correspondentes a "Verónica" e "Calvário", no lado do Evangelho, e "Flagelação" e "Ecce Homo", no oposto; ainda, confrontantes, existem ainda dois confessionários de pau preto. No lado do Evangelho, surge o púlpito quadrangular, assente em mísula de cantaria, profusamente decorada, com guarda plena de talha dourada, com marmoreados fingidos e decoração de concheados, tendo escada de acesso, no lado esquerdo, com guarda de talha vazada, e, no muro, a primitiva porta de acesso, envolvida por moldura entalhada e encimada por baldaquino com decoração de concheados vazados, rematado por anjo músico. No lado oposto, sobre vão em arco de asa de cesto, de acesso à casa dos foles, o órgão. O presbitério é marcado por um degrau e teia de madeira de balaústres, de planta em U invertido, que resguarda os segundos retábulos laterais e os colaterais, com dois momentos da Paixão, "Descimento da Cruz", no Evangelho, e "Beijo de Judas", no oposto. O arco triunfal, de volta perteita, com moldura de talha dourada, com "ferronerie" e acantos, acede à capela-mor, através de dois degraus. Esta tem as paredes revestidas a apainelados de talha pintada de branco e apontamentos dourados, enquadrando quatro telas com os Evangelistas, pavimento em cantaria, revestido por alcatifa vermelha, e cobertura em abóbada de berço, dividida em caixotões pintados de cinzento e assente em friso e cornija de cantaria. Sobre supedâneo de três degraus centrais, surge o retábulo-mor de talha dourada, de planta côncava e um eixo, definido por duas colunas de fuste liso, com marmoreados fingidos verdes, e capitéis coríntios, e por duas pilastras toscanas, com o fuste percorrido por elementos vegetalistas, que assentam diretamente no sotobanco. Ao centro, abre-se tribuna com a boca revestida a elemento de talha dourada e o fundo pintado de azul, onde se integra a imagem do orago; a estrutura é rematada por arquivolta côncava com elementos fitomórficos, encimada por cornija, alteada na zona central, em perfil contracurvo, de inspiração borromínica. Altar em forma de urna, com o frontal decorado por acantos e concheados, encimado por sacrário sublinhado por cornija e tendo, na porta, uma cruz envolvida pelo sudário. Em frente a este, surge a atual mesa de altar incaracterística. Confrontantes, abrem-se portas de verga reta de acesso aos anexos e duas janelas quadrangulares, sob as quais se situam dois armários embutidos. A casa da confraria, é ampla, com paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimentos em soalho e tetos planos, tendo dois pisos acedidos por escada de madeira com guarda torneada. No lado oposto, a sacristia tem paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por azulejos de padrão azul sobre fundo branco, formando silhar, pavimento em lajeado de granito e teto plano; possui arcaz de madeira com 18 gavetões, encimado por oratório de talha em branco e dois espelhos.

Acessos

Monserrate, Campo da Senhora da Agonia; Rua de Monserrate, Rua do Assento

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, no limite N. do Campo da Senhora da Agonia, situado nas proximidades da saída da cidade em direção a Caminha. O templo situa-se num adro, limitado por muro de alvenaria, sobranceiro ao terreiro envolvente e a que se acede, frontalmente, por uma escadaria de quatro lanços com dois braços convergentes e o primeiro e último com degraus comuns. No lado esquerdo, um lanço de escadas acede ao mesmo adro e prolonga-se em vários lanços, de acesso à Capela de Nossa Senhora da Conceição da Rocha (v. PT011609190131); a O., fica a Capela de São Roque (v. PT011609190055) e, a E., a Capela de Nossa Senhora da Conceição do Monte. A N. ergue-se ainda o Farolim da Agonia (v. PT011609190251) e a S., a cerca de 350 m, o Forte de Santiago / Castelo de Santiago (v. PT011609190018).

Descrição Complementar

A cartela oval sobre o portal axial tem a inscrição "1873 / FOI ACCRESCENTADA". Os retábulos laterais e colaterais são semelhantes, de talha dourada e planta convexa, de um eixo definido por pilastras toscanas, com o fuste convexo, marcado, nos extremos, por volutas de acantos; no centro, surge painel pintado com molduras de perfil contracurvo, rematado por fragmentos de cornija e enrolamentos concheados, de onde evoluem pendentes, tendo, no centro, profusão decorativa de enrolamentos, acantos e asas de morcego; altar em forma de urna, com o frontal marmoreado de verde, com elementos fitomórficos dourados. O órgão, de talha dourada, assenta em coreto de perfil côncavo e convexo, com três falsas mísulas de acantos, tendo guarda vazada por duas filas de elementos ovalados e, nos ângulos, painéis de acantos; a caixa é retangular, com consola em janela, ao lado da qual surgem os botões dos registos, sendo o corpo marcado por um castelo em meia cana, muito saliente e assente em mísula de acantos, com as flautas em disposição diatónica em teto, protegida por gelosias escadeadas e com acantos vazados; lateralmente, dois nichos retangulares, com as flautas em disposição cromática e gelosias semelhantes às do castelo, e orelhas recortadas e concheadas. Remate em cornija e profusão de acantos, surgindo, sobre o castelo, um anjo a tocar uma trombeta francesa. À entrada da capela-mor, existem duas lápides com a inscrição: "SENDO JUÍZ DA MESA / DA DEVOÇÃO DE N. SENHORA NI / COLAU JOÃO BARBOSA DA SILVA E ES / CRIVÃO GONÇALO BARBOSA DE / ARAÚJO LIMA DESDE O / ANO DE 1752 Q. TE / VE PRINCIPIO ATÉ / O DE 1755 SE BEM / ZEO". Na do lado esquerdo: "ESTA CAPELA MOR / MANDOU FAZER POR SUA DEVO / ÇÃO BENTO JOZE ALZ NATURAL / DESTA VILLA E ASSISTENTE NA CIDA / DE DE LISBOA CONCORREN / DO PARA TODO O / MAIS ORNATO DEL / LA E CORPO DA IGREJA." No vão sob o órgão, existe a inscrição: "S(antí)S(i)MO P(adre) PIO VI / Por Breve datado em Roma em 17 de Marso d'1778 / privilegiou perpetuamente o Altar mayor desta Igre(j)a para as / Almas do Purgatório, celebrando nele qualquer Sacerdote / Secular ou Regular. / O mesmo S(antí)S(i)MO P(adre) em 18 de Fev(e)r(eir)o d'1780, concede perpe / tuamente, todos os Fieis todas e cada hua das In / dulge(n)cias Remisões de pecados esclaxações d'pe / nite(n)cias, q(ue) lucrarião se pesoalm(en)te vizita sem os 7 / Altares da Bazilica do Príncipe dos Apóstolos S(ão) / Pedro e Roma se co(n)fesados, e se feitos co(m) a sagr / Ada Eucharistia vizitare(m) os 7 altares d'esta Igr(ej)a P(rimeir)os / D(oming)os d'cada mês, e ahi orare(m) a D(eu)s pela paz e co(n)cor / dia e(n)tre os Príncipes christãos extirpasão das / Erezias e exaltasão da santa Madre Igr(ej)a / O mesmo S(antí)S(i)MO P(adre) e(m) Breve co(m) a mesma data co(n)cede / perpetuam(en)te Indulg(encia) plena e Remisão d'todos os peca / dos nos Fieis q(uai)s dispostos do sobred(i)to modo vizitare(m) esta Igr(ej)a / nos dias 18 - 19 - 20, do mes d'Ag(os)to ora(n)do ahi pelas / mesmas pias intensoens de Sua Santidade nesta / concesão / O mesmo S(antí)S(i)MO P(adre) e(m) 10 d'Mayo de / 1783 concede perpetuam(en)te a grasa / d(e) q(ue) e(m) dia 20 d'Ag(os)to e(m) q(ue) se fasa solemnia d'N(ossa) / S(e)n(ho)ra d'Agonia se podese cantar ne / sta Igr(ej)a a principal misa como / em dia d'Asumpsão e / comemorasão de S(ão) / Bernardo Ab(ad)e.".

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: santuário

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Viana do Castelo)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: André Soares (1762-1763), Francisco Alves Nogueira (1856). CARPINTEIROS: António Álvares (1762-1763); Bernardo (1762-1763); Ricardo José do Couto (1873-1874). DOURADOR: Carolino Ramos (1950). ENTALHADOR: Domingos Alexandre (1759-1760); Francisco Álvares (1758-1759); João de Brito (1766-1767, 1776-1777); Paulo Vidal (1762-1763); Mestre Rosa (1774-1775). GRAVADOR: Raimundo Joaquim da Costa (1862). MARCENEIRO: Domingos José Vieira (1760-1761); José Victor Ferreira (1959). MESTRE de OBRAS: António Martins do Couto Viana (1853). ORGANEIRO: José António de Sousa (1776-1777); Luís Lopes (1870). OURIVES: A. Gomes, filhos e Sá (1940); João Custódio da Silva (1865); José Maria (1763-1764, 1778-1779). PEDREIROS: António Rodrigues Alves (1853); Gonçalo Pedrosa (1758-59); Manuel José da Cruz (1867); Manuel Martins Branco (1853, 1867). PINTOR: José Lenha (1917); Pascoal Parente (atr., 1765-1766). RELOJOEIRO: Casa Cardina (1955).

Cronologia

1674 - construção de uma capela vincular, dedicada ao Bom Jesus do Santo Sepulcro do Calvário, por disposições testamentárias do Padre João Jácome de Lago, no local onde terminava a Via Sacra *1; o padre doa à capela uma renda anual de dois alqueires de centeio; 1696 - a capela é designada como Bom Jesus da Via Sacra; colocação de azulejos de padrão no interior, de que subsistem alguns na ante-sacristia; séc. 18, 1.ª metade - execução da imagem de granito da fachada principal; 1706 - o Padre Carvalho da Costa refere o imóvel como sendo dedicado a Nossa Senhora da Soledade, a que chamam a Via Sacra; 1744 - a capela surge mencionada com o seu orago atual, Nossa Senhora da Agonia; ao quebrarem um rochedo existente junto à capela, fendeu-se uma das paredes, sendo a mesma reedificada, pedindo-se licença para benzerem o altar ao arcebispo de Braga, que autorizou a 7 de fevereiro; 1751, 16 julho - a administradora da capela, D. Antónia Luísa Folgueira Gajo, autoriza a reforma da capela, fazendo-se uma nave e deslocando o alpendre para o topo desta, transformando a antiga capela em cabeceira da futura igreja; 1752 / 1755 - ampliação da capela primitiva e construção do atual templo, a expensas de Bento José Alvarez, natural de Viana do Castelo, conforme lápides à entrada da capela-mor; 1753, 13 agosto - a Irmandade afirma que o corpo está concluído, mas a cabeceira resulta desproporcionada, sendo demasiado pequena, tendo o arco triunfal pouca segurança, pedindo autorização para a sua ampliação, autorizado pelo arcebispo de Braga a 11 de outubro; 1756, julho - encontra-se concluída a obra, pelo que se pede ao arcebispo para benzer a capela, o que foi concedido a 7 de agosto; 13 agosto - bênção da capela; 1758 / 1759 - primeiro livro de receitas e despesas da Confraria, onde refere a obra de pedraria por Gonçalo Pedrosa, que recebe 30$000; execução de 36 castiçais e 6 cruzes para os altares da nave por Francisco Álvares, "de pés entalhados", a quem se dá, por conta, 4$335; 1759 / 1760 - feitura de castiçais para o altar pelo mestre Domingos Alexandre, que recebe, por conta, 4$800; 1760 / 1761 - execução das mesas pelo marceneiro Domingos José Vieira, por 8$000; 1760 / 1766 - concessão de indulgências a quem orasse no templo; 1762 / 1763 - execução da planta do retábulo-mor por André Soares, por $900; execução do retábulo-mor pelo mestre Paulo Vidal, que recebe 3$670; pagamento ao carpinteiro António Álvares pelas tábuas de castanho para assentar o retábulo, por 4$000; execução de 3 mochos para os padres pelo marceneiro Domingos José Vieira, por 2$600; execução das grades da capela-mor pelo carpinteiro Bernardo, por 2$400 e compra de uma alcatifa de papagaios para a mesma, por 4$800; 1763 / 1764 - execução de um relicário pelo ourives José Maria, por 20$775; 1764 - pagamento de quatro escápulas para os painéis dos Evangelistas da capela-mor, revelando que os mesmos já se encontravam no local; 1765 / 1766 - o juiz da Irmandade, Manuel José Viana, dá os quadros dos seis altares e respetivos caixilhos dourados, nos quais a Irmandade gasta $280 em chapas de ferro para os fixar; terão sido efetuados por Pascoal Parente; 1766 - o mesmo entalhador está a preparar o retábulo-mor para o douramento, por 1$400; 1766 / 1767 - João de Brito faz o risco e executa o púlpito, por 60$000; 1769 - 1770 - execução da sanefa do arco triunfal, pelo entalhador João de Brito, paga parcialmente por Domingos Franco "capitam de navios"; 1770 / 1771 - execução de um manto "azul ferrete de matiz", com renda de ouro e forrado a tafetá para a imagem da Virgem, por 13$920; 1772, 15 julho - o rei D. José autoriza feira franca por 3 dias no campo do Castelo, por altura das festas de agosto, "para maior culto e aumento da devoção"; 1773 / 1774 - douramento da sanefa do arco triunfal e do púlpito, por 24$000; feitura da escada de acesso ao púlpito, com guarda de ferro; 1774, 24 agosto - a noviça de Santa Ana, Maria da Horta de São José Correia de Araújo, dá 200$000 à confraria para com o juro se comprar azeite para quotidianamente manter a lâmpada do Santíssimo; 1774 / 1775 - o mestre Rosa limpa o ouro do retábulo da capela-mor, frestas e seis altares; 1775 - primeiro pagamento de gravuras com a imagem da padroeira; 1775 / 1776 - colocação de árvores no Campo do Castelo, por 32$960; 1776, fevereiro - a Confraria solicita autorização para ter sacrário, pedido recusado pelo prior de Monserrate; perante as alegações favoráveis de Frei Gaspar de Jesus Maria, padre jubilado de Teologia do Convento de Ganfei e Frei Bartolomeu de São Bento, do Convento do Carmo, é feita a concessão, por Pio VI, em 14 de abril de 1777; 1776 / 1777 - execução do órgão pelo mestre de Braga, José António de Sousa, por 120$000; feitura da caixa e imagem do remate pelo entalhador João de Brito, por 59$770, e da guarda do coro pelo mesmo entalhador, por 3$500; 1777 / 1778 - último pagamento da obra do retábulo-mor ao entalhador, 12$800; 1778 / 1779 - compra de um relicário ao ourives José Maria, por 9$600; 1778, 17 março - bula de privilégio, do papa Pio VI, a livrar das penas do Purgatório os sacerdotes seculares e regulares que dissessem missas por defuntos no altar-mor da capela; 1780, 28 fevereiro - breve papal dando privilégio aos fiéis que visitassem a capela nos dias 18, 19 ou 20; 1783, julho - a Sagrada Congregação dos Ritos concede licença para celebração de missa solene no dia 20 de agosto, fixando-se esse dia como dia principal da festa; 10 setembro - Dr. Pedro Paulo de Barros Pereira, desembargador e provedor do arcebispo D. Gaspar, autentica "uma casula de madeira com o corpo de São Severino e um vaso do seu sangue"; 29 novembro - o mesmo autentica dois relicários com o Santo Lenho e fios do véu da Virgem; 1785 / 1786 - douramento das paredes da capela-mor, por 76$400; 1800 - primeiros estatutos da Confraria; um grupo de moradores de Viana, encabeçado pelo comerciante mais abastado da vila, envia a D. João um pedido de supressão da feira de agosto, devido, dizia, a essa atentar contra "o bem público" e a "devoção e culto de Santa Maria Santíssima", que lhe serve de pretexto, e que "nada ganha a religião com aqueles ajuntamentos nocturnos em que vivem de partido as mulheres prostitutas com os homens libertinos e desenfreados a todo o torpel de vícios"; decreto régio interdita a feira, mas um outro grupo de moradores, composto pelos membros da Câmara, a maior parte da nobreza local e oficiais dos dois regimentos do exército da praça, pede ao rei a anulação da sentença; o rei anula a sentença inicial e o comerciante autor da primeira petição foi forçado a pagar as despesas do diferendo; 1821 - instituição da Irmandade de Nossa Senhora da Agonia; a Confraria proíbe a utilização das suas casas pelos veraneantes, que vinham a banhos; 1822, 17 agosto - Joaquim dos Santos Lomba oferece um forte-piano para colocar no coro-alto; 1823, 2 abril - o escrivão refere que era indigno o povo circular dentro do santuário na altura da romaria, pelo que se devia "romper por detrás da Capela numa pedras que havia e fazer escadaria sobre as mesmas pedras, abrindo porta e caminho em roda da Capela", o que foi aprovado pelos mesários; 13 setembro - venda do forte-piano, utilizando-se o produto para a obra de encanamento de água para o santuário; 1824, 26 junho - inauguração do encanamento da água para o adro da capela; 16 novembro - a Confraria decide construir uma fonte e um bebedouro para os animais; 1825, junho - a Confraria solicita à Câmara Municipal autorização para alargar o adro, "mudando-lhe o paredão da parte do Nascente em toda a largura na distancia de quatro braças", o que foi autorizado após várias medições; 1829, 15 agosto - a Confraria resolve acolher na capela uma imagem de Nossa Senhora da Conceição da Rocha, colocada a 22 de fevereiro de 1830; séc. 19, 2.ª metade - Luís de Figueiredo Guerra refere a existência de uma sepultura à entrada da sacristia, do General Luís do Rego Barreto, falecido a 7 de setembro de 1840; 1852, novembro - a Mesa resolve igualar o lado nascente do adro ao lado poente, sendo necessário reformar o acesso à Capela de São Roque; 1853, 18 junho - contrato com os mestres pedreiros Manuel Martins Branco, de Meadela, e António Rodrigues Alves, de Anha, para a obra de ampliação do adro; 20 julho - arrematado ao mestre António Martins do Couto Viana, por 6 anos, a construção das barracas da feira, por 15$000 anuais; 1856, 12 janeiro - pedido de autorização ao Governador Civil para execução de duas torres a ladear o santuário, conforme risco do irmão zelador Francisco Alves Nogueira, o que foi deferido; 24 janeiro - verificando-se que só existia verba para uma torre, resolve-se construir apenas a do lado poente; 1858, 6 abril - pedido ao rei para concessão de um terreno para o adro, com 60 palmos na frente e 138 de largura; 4 agosto - o rei autoriza a Câmara Municipal a ceder uns terrenos à Confraria para construção do adro; 1859, 10 setembro - decide-se iniciar as obras do adro e feitura de nova escadaria, demolindo-se a primitiva para reaproveitamento de materiais; 1860, 3 novembro - em reunião, decide-se solicitar árvores à Câmara de Lisboa, do viveiro do Campo Grande, para colocar no adro; 1861, 10 abril - conclusão da obra no lado nascente; 1862 - feitura de gravuras da padroeira por Raimundo Joaquim da Costa, do Porto; 1864, 22 junho - decide-se cortar 4 choupos, cujas raízes provocavam estragos nos encanamentos da fonte; 1865, 13 junho - entrega do antigo manto da Virgem às freiras Ursulinas, para que estas adaptassem os bordados daquele ao novo; 25 setembro - feitura da vara do juiz pelos ourives João Custódio da Silva, de Viana, por 14$800; 1866, 13 dezembro - resolve-se demolir a torre, por não estar segura e não servir para mais que sinos pequenos; 1867, junho - execução da planta da nova torre por Manuel José da Cruz, pedreiro da freguesia de Lanhelas; a obra foi executada por Manuel Martins Branco, por 800$000; 1868, 4 janeiro - abertura de uma subscrição pública para a aquisição de nove sinos em Lisboa; 29 julho - os sinos já se encontram colocados *2; 1868, 29 agosto - é referido em reunião de mesa, que foi indigitado para tocar o carrilhão José Alves da Silva, que teve aulas, durante 15 dias, com o mestre carrilhonista do Porto, João da Costa; 1869, 5 dezembro - proposta a feitura de uma escadaria frontal à fachada principal e a substituição do carrilhão por outro, de 1800 a 1900 quilos; 1870, 30 janeiro - decide-se o alargamento da escadaria em redor do templo; 4 dezembro - acorda-se comprar um cilindro para tocar o carrilhão, a executar por Luís Lopes e a aquisição de um relógio para a torre, por 90$000; 1871, 10 setembro - resolve-se aumentar a capela sete metros, "apeando-se e levantando-se outra vez a fachada"; 1872, 18 fevereiro - alguns irmãos consideram vandalismo a proposta de aumento do templo, optando-se por não a concretizar; Manuel Bento Pires Bacelar, do Porto, oferece a Nossa Senhora dois castiçais de prata, em cumprimento de um voto; 1873 - data sobre o portal axial indicando a última grande reforma do templo; 1874, 6 maio - o mestre Ricardo José do Couto arremata os abarracamentos; 5 agosto - resolve-se colocar a imagem de Nossa Senhora da Agonia no altar lateral do Evangelho, para se expor o Santíssimo na capela-mor; 1875, 23 março - venda do cilindro da torre, por ser inútil para tocar os sinos; 23 outubro - vários pescadores solicitam autorização para colocar um lampião de petróleo na torre da igreja, para que lhes servisse de guia; 1890, 10 maio - no Diário do Governo n.º 105, a Irmandade recebe o título de "Real Irmandade", sendo seus juízes perpétuos os monarcas D. Carlos e D. Amélia; 1917 - pintura de um ex-voto pelo pintor José Lenha, natural da freguesia de Areosa; 1940 - a partir desta data, a Irmandade adquire à A. Gomes, filhos e Sá, de Póvoa de Varzim, vários objetos de prata, como lanternins, tocheiros, cruz processional e cálice, com elementos de ouro e marfim; 1948, 18 abril - a imagem da Virgem esteve na cerimónia da bênção dos navios bacalhoeiros, em Lisboa; 1950, março - a Mesa encarrega o artista local José Victor Ferreira, para executar a atual guarda de madeira, inspirada na do órgão; foi dourada por Carolino Ramos, importando em 2.072$80; 1955 - compra de um relógio à Casa Cardina, da Nazaré, por 14.450$00; 2019, 16 maio - Câmara Municipal de Viana do Castelo aprova, por unanimidade, intervenções no valor de 90 mil euros na recuperação de três igrejas nas freguesias de Serreleis, São Lourenço da Montaria e Subportela, no âmbito do programa Valorizar o Património, e no qual incluirá ainda a recuperação da Igreja de Nossa Senhora da Agonia.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portante.

Materiais

Estrutura em alvenaria rebocada e pintada; embasamentos, cunhais, cornijas, modinaturas, pináculos, cruzes, pias de água benta e bacia do púlpito em cantaria de granito; retábulos, púlpito, órgão e sanefas em talha dourada; apainelados de talha pintada e dourada; guarda-vento, coro-alto e respetivas escadas, teia do presbitério, confessionários, arcaz, mísulas e balaustradas em madeira; telas pintadas; pavimento em madeira ou lajes de cantaria; coberturas de estuque; janelas com vidro simples e policromo; cobertura exterior em telha.

Bibliografia

ARAÚJO, José Rosa - Memória da Capela de Nossa Senhora da Agonia. Viana do Castelo: Confraria de Nossa Senhora da Agonia, 1963; ALMEIDA, José António Ferreira de (coordenador) - Tesouros Artísticos de Portugal. Lisboa: Selecções do Reader's Digest, 1976; CALDAS, João Vieira e GOMES, Paulo Varela - Viana do Castelo. Lisboa: Presença, 1990; «Câmara investe 90 mil euros na reabilitação de três igreja. In Correio do Minho. 17 maio 2019; GIL, Júlio, CALVET, Nuno - Nª Senhora de Portugal. Santuários Marianos. Lisboa: Intermezzo, 2003; GOMES, Comandante Carlos - «EX-VOTOS». Cadernos Vianenses. Viana do Castelo: Pelouro da Cultura da Câmara Municipal, 1984, vol. VIII; OLIVEIRA, Eduardo Pires - «As artes no Minho no terceiro quartel do século XVIII, entre o Tardobarroco e o Rococó». Penafiel: 9 março 2012. Comunicação; VASCONCELOS, João - Romarias. Um Inventário dos Santuários de Portugal. Lisboa: OLHAPIM, 1998, vol. 2.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID; Associação de Reitores dos Santuários de Portugal / Paulinas

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Proprietário: 1758 / 1759 - conserto das cruzes da Via Sacra, por $220; 1789 / 1790 - douramento da imagem do portal axial, pintura do portão e janelas, por 16$390; 1844 - douramento da imagem do portal axial, por 3$600; 1834 - re-edificação dos telhados, madeiramento e porta principal; 1865 - reparação do teto do arquivo; 1866 - restauro do painel da Prisão de Cristo; 1873 / 1874 - assoalhamento da capela por Ricardo José do Couto; 1998 - limpeza e conservação da talha e cobertura; 2001, agosto - colocação de novo pavimento de madeira.

Observações

*1 - Apesar de, na vila de Viana, a celebração da Via Sacra ocorrer desde a sua fundação, no séc. 14, só em 1670, por influência de Frei António das Chagas, foram construídos os cruzeiros que definiam cada um dos Passos da Paixão, saindo do convento de Santo António e terminando junto da capela. No dia 10 de outubro de 1729, alguns destes cruzeiros apareceram derrubados, abrindo-se processo de averiguação na Inquisição de Coimbra, mas não se conseguindo apurar qualquer culpabilidade; entre 1737 e 1738, as cruzes foram substituídas por outras de maiores dimensões, quatro delas ainda subsistentes no adro da capela e uma recolhida, em 1917, no cemitério de São Francisco. *2 - Os sinos foram dedicados a Nossa Senhora da Agonia, São Severino, São Sebastião, São José, São João, Santo António, São Francisco e São Jerónimo. *3 - As festas da Senhora da Agonia tornaram-se rapidamente um grande acontecimento regional. Um dos principais atrativos foram as corridas de touros, iniciadas na década de 1770. Eram sempre os pescadores que transportavam o andor da Senhora na procissão. Alguns vinham mesmo ao santuário para talhar as velas dos seus barcos sobre o soalho do templo, de modo a que elas adquirissem proteção eficaz, por contágio com a santidade do local (Vasconcelos, p. 363). Atualmente, embora a romaria da Senhora da Agonia não seja exclusiva nem principalmente uma festa de pescadores, este grupo socio-profissional adquire grande visibilidade na procissão fluvial que faz parte do programa das festas desde 1968: na manhã de sábado, no fim da missa solene, a imagem é conduzida ao cais; aí o sacerdote profere o sermão e depois o andar segue num barco pelo rio, seguido de outros barcos de pesca. No último quartel do séc. 19, um administrador da Câmara de Viana, tendo visto nas festas de Santiago de Compostela, um desfile de cabeçudos e gigantones, resolveu copiá-lo e introduzi-lo nas fastas da Agonia. Este desfile ainda hoje se realiza na manhã de sábado. Em meados de 1880 a romaria já durava cinco dias. Em 1906, um jornal regista pela primeira vez a presença de raparigas vestidas à "lavadeira", indiciando o início da Festa do traje incluída mais tarde na romaria. Em 1908 realiza-se a primeira Parada Agrícola, antepassado do Cortejo Etnográfico, começado a realizar-se a partir de 1933, e que ainda hoje se realiza. Nos anos 20, Manuel Couto Viana e alguns membros da elite intelectual da cidade, dão início a um movimento deliberado de conversão da romaria em mostruário da cultura tradicional da região (que tem como ícone principal o traje de lavadeira tipificado na mesma época) e em atração turística. É nesta altura que se pode situar a transformação da romaria da Agonia naquilo que o Conde de Aurora chamou a Festa Nacional do Minho. Assim, "a actual romaria da senhora da Agonia surge como resultado - seguramente não premeditado - do movimentos e iniciativas tão diversos como a remota missão do interior desenvolvida pelos franciscanos, a devoção mariana dos pescadores vianenses, as disputas pelo prestígio entre comerciantes e aristocratas locais e o processo gradual de constituição e tipificação de uma identidade minhota encabeçado pelas elites regionais. A dimensão de festa concelhia ou mesmo provincial, que faz da romaria uma espécie de montra da identidade cultural de Viana e, por extensão, do (Alto) Minho, parece ser hoje a mais importante" (Vasconcelos, p. 365).

Autor e Data

Alexandra Lima e Miguel Rodrigues 1998 / Paula Noé 2004

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