Palácio Penafiel / Palácio do Correio-Mor

IPA.00004003
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior
 
Arquitectura residencial, pombalina. Palácio senhorial urbano.
Número IPA Antigo: PT031106190336
 
Registo visualizado 2974 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta em L

Descrição

De planta em L, o edifício apresenta volumetria composta por 2 paralelipípedos, - ala N. e ala E.-, sendo a cobertura diferenciada efectuada por telhados a 3 águas, articuladas. O alçado principal, a N., apresenta-se caracterizado pela sucessão de pano de muro, portões de ferro fundido, com acesso ao pátio, e topo da ala N., delimitado lateralmente por cunhais de cantaria e superiormente por platibanda, em 2 pisos separados por friso de cantaria, animado pelo rasgamento de 5 janelas de peito gradeadas no piso térreo e outras tantas de sacada, de verga curva e guarda de ferro forjado, no andar nobre. Entre os portões e sobre porção de muro gradeado, 2 anjos tenentes apoiados nos pilares apresentam a pedra de armas dos condes de Penafiel, encimada por coroa. O pátio, rectangular, definido pela casa e pelo pequeno jardim formal, no ângulo NE., onde é visível o lambril de painéis de azulejos monócromos historiados, antecede o alçado N. da ala E., em cujo piso térreo se rasgam 3 arcos em asa de cesto, através dos quais se processa o acesso ao interior. O alçado S. compõe-se de piso térreo - integralmente revestido de cantaria - e 4 andares, desenvolvendo-se em 3 corpos, destacando-se o central em planta e em tratamento (revestimento com placagem pétrea até ao último piso). Apresenta 12 vãos por piso, portas e janelas no piso térreo, janelas de sacada e falsa sacada no 1º andar, janelas de peito no 2º e 3º, e janelas de sacada com grades de ferro forjado no 4º. Os alçados laterais E. e O. denotam a pendente das ruas pela variação do número de pisos que apresentam. Os principais compartimentos ocupam o andar nobre da ala N. *1.

Acessos

Rua de São Mamede, n.º 21; Largo do Correio Mor; Travessa do Almada, n.º 32 - 32A; Calçada do Correio Velho, n.º 17 - 19; Rua das Pedras Negras, n.º 10 - 20

Protecção

Incluído na classificação da Lisboa Pombalina (v. IPA.00005966) / Incluído na Zona Especial de Proteção da Sé de Lisboa (v.IPA.00002196), Portal Principal da Igreja da Madalena (v. IPA.00003034), Lápides das Pedras Negras (v. IPA.00006474), Igreja da Conceição Velha (v. IPA.00006470), Casa dos Bicos (v. IPA.00002489) e Igreja de Santo António de Lisboa (v. IPA.00003143), na Zona de Proteção do Castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa (v. IPA.00003128) e na Zona Especial de Proteção das Ruínas do Teatro Romano (v. IPA.00003110)

Enquadramento

Urbano, destacado, isolado, ocupando a totalidade do quarteirão, em implantação de pendente muito acentuada.

Descrição Complementar

A pedra de armas tem a seguinte leitura heráldica: escudo esquartelado, ao 1º de Matas (de ouro, 3 matas de verde floridas de sua cor), ao 2º e ao 3º de Sousas de Arronches (esquartelado, ao 1º e ao 4º de Portugal, com filete negro em banda, ao 2º e ao 3º de vermelho com caderna de crescentes de prata) e ao 4º de Coutinhos (de ouro, 5 estrelas de 5 pontas de vermelho).

Utilização Inicial

Residencial: palácio senhorial

Utilização Actual

Política e administrativa: ministério

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: António Tomás da Fonseca (séc. 19).

Cronologia

Séc. 17, 1ª metade - edificação do palácio onde; 1606 – 1755 – residem no local os correios-mores do reino e no edifício estão sediados os serviços de correio; 1776 - o palácio está concluído, após a remodelação pombalina, sendo determinante na toponímia; 1859 - falece no palácio o último correio-mor do reino, Manuel José da Maternidade da Mata de Sousa Coutinho, 1º conde de Penafiel (n. 1782), passando o palácio para a posse da sua única filha, 2ª condessa e 1ª marquesa de Penafiel, D. Maria da Assunção da Mata de Sousa Coutinho (1827 - 1892); c. 1865 - campanha de obras muito significativa no palácio, envolvendo a sua redecoração, alteração do acesso principal e arranjo do largo fronteiro, com intervenção do arquiteto António Tomás da Fonseca; 1891 - na sequência do falecimento do marquês de Penafiel, verifica-se o arrendamento parcial do palácio; 1894 - 1904 - residem no palácio (na parte com acesso autónomo pela Rua das Pedras Negras, 16) a viscondessa de Almeida e as suas 4 filhas; 1896 - c. 1910 - reside no palácio (na parte com acesso autónomo pela Rua de São Mamede, 63) o engenheiro Manuel Afonso Espregueira, ministro da Fazenda de D. Carlos e de D. Manuel II; 1904 - grande parte do palácio está ocupada como residência do embaixador espanhol; 1914 - o palácio carece de obras, sendo já inquilino (em vias de aquisição) os Caminhos de Ferro do Estado; 1919 - aquisição do palácio pelo Estado; 1941 - aqui está instalada a Direção-Geral dos Caminhos de Ferro ; posteriormente instala-se no local o Conselho Superior de Obras Públicas; 1950 – a Comissão para a Aquisição de Mobiliário, em conjunto com os arquitetos Eduardo Moreira Santos e Luís Benavente, começa a tratar do fornecimento de mobiliário para o Conselho Superior de Obras Públicas, em complemento dos trabalhos de beneficiação e ampliação que a Direção Regional dos Edifícios de Lisboa estava a terminar; o mobiliário para o Gabinete do Presidente é estudado por Luís Benavente; nesta 1.ª fase, o mobiliário é fornecido pelas fábricas Aséta (Porto) e Madeiras & Móveis (Praia da Granja); 1951-1952 – 2.ª fase do fornecimento de mobiliário pelas fábricas Alberto de Sousa Reis (Espinho) e Olaio (Lisboa).

Dados Técnicos

Paredes autoportantes, estrutura autónoma

Materiais

Alvenaria mista e de tijolo, betão armado e moldado, reboco pintado, cantaria de calcário, mármore, azulejos, ferro forjado e fundido, estuque pintado, madeira

Bibliografia

ALMEIDA, D. Fernando de, (dir. de), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa. Lisboa - Volume 1, Lisboa, 1973; ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. 1, Lisboa, 1938; CARVALHO, João Pinto de, Lisboa de Outros Tempos, Lisboa, 1898 - 99; CASTILHO, Júlio, Lisboa Antiga. Bairros Orientais, Vol. I, Lisboa, 1935; FERREIRA, Godofredo, Dos Correios-mores do Reino aos Administradores Gerais dos Correios e Telégrafos, Lisboa, 1941; FERREIRA, Godofredo, O Convento de Santo António da Convalescença Padroado dos Correios-mores do Reino, Lisboa, 1962; LEÃO, Luís Ferros Ponce de, Portas e Brasões de Lisboa, Lisboa, s.d.; MACEDO, Luís Pastor de, A Rua das Pedras Negras, Lisboa, 1931; MACEDO, Luís Pastor de, Lisboa de Lés-a-Lés, Vol. III, 3ª ed., Lisboa, 1985; MARQUES, Henrique, Memórias de um Editor, Lisboa, 1934; Monumentos, n.º 10 e n.º 11 a n.º 12, Lisboa, DGEMN, 1999-2000; PEDREIRINHO, José Manuel, Dicionário de arquitectos activos em Portugal do Séc. I à actualidade, Porto, Edições Afrontamento, 1994; ZÚQUETE, A. E. Martins, Nobreza de Portugal, Vol. III, Lisboa - Rio de Janeiro, s.d..

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH, DGEMN/DSPI/CAM, DGEMN/DSEP, DGEMN/DRELisboa/DRC/DIE/DEM/DP, DGEMN/CAM 0349/07, 0349/08, 0349/13, 0349/17 e 0349/18

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CML: Arquivo de Obras, Pº Nº 16.386

Intervenção Realizada

1913 - construção de telheiro e 2 fornalhas em parte do saguão do Nº 16 da R. das Pedras Negras, 1927 - desemparedamento de um arco de cantaria no estabelecimento comercial do Nº 18 da R. das Pedras Negras; 1928 - obras de beneficiação geral e construção de fossa para garagem instalada no Nº 20 da R. das Pedras Negras; 1937 - reparação da calha das águas pluviais do Nº 18 da R. das Pedras Negras; 1943 - obras de beneficiação geral; 1962 - obras de beneficiação geral *2; 1998 / 1999 - trabalhos de acabamento; 1999 - remodelação da cave e de um dos edifícios; 2003 - em curso empreitada de remodelação das instalações, para a instalação de gabinetes e diversas zonas de apoio para o funcionamento do Conselho Superior de Obras Públicas

Observações

*1 - a dispersão do recheio e as subsequentes obras de adaptação são responsáveis pela descaracterização e perda de interesse artístico dos interiores. *3 - obras a cargos dos inquilinos e dos proprietários, segundo Pº de Obras.

Autor e Data

Teresa Vale e Carlos Gomes 1996

Actualização

Margarida Elias (Centro de Investigação em Arquitectura, Urbanismo e Design (CIAUD-FA/UTL)) 2014
 
 
 
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