Palácio dos Viscondes de Lançada

IPA.00004723
Portugal, Lisboa, Lisboa, Misericórdia
 
Arquitectura residencial, setecentista e arquitectura de comunicação social, ecléctica e arquitectura do ferro. Antigo palácio setecentista. Qualidade intrínseca da fachada e interiores, nomeadamente a escadaria e espaços de escritórios. Salienta-se o seu significado histórico no campo do jornalismo.
Número IPA Antigo: PT031106280255
 
Registo visualizado 1677 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  

Descrição

Planta rectangular composta por três corpos, o principal correspondente ao antigo PALÁCIO DOS VISCONDES DE LANÇADA, desenvolvido em L irregular e evoluindo em quatro pisos, o inferior parcialmente enterrado na fachada posterior, adaptando-se ao desnível do terreno, com coberturas diferenciadas em telhados de duas e três águas, tendo, na água virada à Rua do Século, diversas trapeiras, de construção novecentista, que permitem a habitabilidade e o uso de diversos compartimentos esconsos. Fachada principal virada a E., organizada em três panos definidos por pilastras toscanas da ordem colossal e rematada por cornija que apresenta do lado inferior, pequenos paralelepípedos em cantaria a simularem mísulas. Predomina em toda a fachada, o ferro policromado e o vidro, com diversos motivos, aplicações e desenhos, que denotam a sua origem diferenciada ao longo dos anos, excepto no piso térreo que ostenta revestimento a cantaria. O piso térreo é rasgado, no corpo central, por portal principal em arco abatido, ladeado por diversos vãos, envolvidos por molduras trabalhados em cantaria. Os corpos laterais apresentam também ao nível do piso térreo, vãos de dimensões generosas, pelos quais se fazem os acessos secundários, observando-se três janelas em arco abatido. Os dois andares superiores, totalmente vazados, apresentam janelas de sacada de cantaria, três delas tripartidas pela presença de finas colunas metálicas, e com guardas em ferro forjado. Identifica-se ainda no andar intermédio sobrepujando a entrada principal, arco de volta perfeita em cantaria precedido de pequeno frontão triangular ao nível do entablamento que divide os dois primeiros pisos. No pano do lado S. apresenta um corpo muito estreito, vazado no piso térreo por porta cocheira metálica, e nos pisos superiores por janela única em cada nível, de características similares às anteriores. As fachadas posteriores, a O. e S., bem como a fachada interior, entre o edifício e o edifício anexado ao antigo Palácio dos Carvalhos, actual Palácio de Pombal, são bem menos caracterizadas do ponto de vista formal, com vãos de formas e dimensões irregulares (fachada posterior do edifício original e fachada interior), ou com repetição exaustiva de vãos regulares (fachadas do corpo mais recente). INTERIOR com os pisos servidos por escadaria principal, que se desenvolve contiguamente à fachada principal, alternando lanços únicos com lanços divergentes. Todo o interior foi transformado em salas e gabinetes, que seccionaram os amplos espaços residenciais do palácio original, o mesmo se verificando na irregularidade das comunicações horizontais que foram igualmente sofrendo adaptações variadas. É igualmente marcante a existência de alguns saguões e espaços entre os volumes de construção que, sendo originalmente exteriores foram entretanto cobertos com clarabóias de vidro transparente, dando lugar a espaços intersticiais de entrada de luz natural e funcionando como espaços de circulação e de estar. Pela sua dimensão e importância funcional destaca-se o Salão Nobre, na ponta sul do edifício, onde se salienta a aplicação contemporânea de tectos complexos de madeira, suspensos da estrutura da cobertura, com uma clarabóia de aço e vidro. A biblioteca forma um espaço amplo, de duplo pé-direito, apresenta-se ritmado por finas colunas de capitéis compósitos e segmentado por balcões em madeira, com guarda superior em vidro, emoldurado a metal. Tem adossado, ao lado direito, um EDIFÍCIO construído no séc. 20, situado na ponta S. do antigo Palácio dos Carvalho, de planta rectangular simples e cobertura homogénea em telhado de quatro águas, também ele marcado por trapeiras nas águas laterais. Fachada principal, virada a E., com quatro pisos, o inferior parcialmente desenvolvido abaixo da cota do terreno, organizado em quatro panos separados por colunas embebidas na estrutura e, nos pisos superiores, em pilastras. Predomina o aço pintado e o vidro, excepto no piso térreo que ostenta um revestimento integral de cantaria, em silharia fendida. Separado por entablamento em cantaria, destacam-se no piso térreo e a eixo, duas janelas em arco de volta perfeita acentuado por emolduramento em cantaria, a ladearem uma porta metálica em vão de verga recta. Nos corpos dos extremos, observam-se de cada lado e intercaladas por pilastras em cantaria, três janelas de sacada de verga curva com bandeira com guarda elevada em ferro forjado pintado. INTERIOR com vestíbulo de distribuição, tendo as paredes percorridas por lambris de azulejo e marcado por escadaria de ligaão aos diversos piso, estando no inferior, parcialmente abaixo do solo, a garagem e os serviços técnicos e de armazenagem e arquivo. O acesso entre pisos faz-se igualmente por outro núcleo de acessos verticais, com escada e elevador, localizado mais para o interior do edifício, na parte de construção mais recente (início do séc. 20).

Acessos

Rua do Século, n.º 41 a 63

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 5/2002, DR, 1ª série-B. nº 42 de 19 fevereiro 2002 / ZEP, Portaria n.º 398/2010, DR, 2.º série, n.º 112 de 11 junho 2010 *1 / Incluído na Zona Especial de Proteção do Liceu de Passos Manuel (v. IPA.00006461) / Parcialmente incluído na Zona de Proteção do Aqueduto das Águas Livres (v. IPA.00006811)

Enquadramento

Urbano, destacado, flanqueado. Incluído na Zona de Protecção do Bairro Alto (v. PT031106150275), tendo como edifícios vizinhos o Palácio Pombal (v. PT031106280172) e pela parte posterior, o Convento dos Paulistas (v. PT031106280343).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Política e administrativa: ministério

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

CONSTRUTOR CIVIL: José de Passos Mesquita.

Cronologia

1913 - construção, pela Sociedade Nacional de Tipographia, de um edifício destinado a receber o jornal O Século em terrenos de que era proprietária; 1964 - elaboração de projecto de arquitectura - não aprovado pela C.M.L. -, da autoria do arquitecto Jorge Segurado, que transformaria o edifício num imóvel de 16 andares acima do pavimento (a que se juntavam 5 níveis subterrâneos); 1966 - ainda era proprietária do edifício a Sociedade Nacional de Tipografia; 1996 - instalação do Instituto de Promoção Ambiental no imóvel; 2005, 29 setembro - proposta de fixação de Zona Especial de Proteção pela DRCLVTejo; 2009 - Despacho de homologação da Zona Especial de Proteção pela Ministra da Cultura; 2010, 19 Julho - Despacho da Ministra do Ambiente e Ordenamento do Território, publicado no DR, 2.º série, n.º 166, de 26 Agosto 2010, determinando a necessidade urgente de proceder a obras de remodelação no edifício; 2011, 20 maio - Declaração de retificação ao teor do diploma de fixação de Zona Especial de Proteção, n.º 874/2011, DR, 2.ª Série, n.º 98.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado e fundido, vidro; nos interiores verifica-se a existência de materiais de revestimento mais contemporâneos.

Bibliografia

FERNANDES, José Manuel, e OUTROS, A Arquitectura do Princípio do Século em Lisboa (1900 - 1925), Lisboa, 1991; FERREIRA, Fátima, e OUTROS, Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa, Lisboa, 1987; Monumentos, n.º 9, n.º 11 e n.º 18, Lisboa, DGEMN, 1998-1999 e 2003.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DRELisboa, DGEMN/DSPI, DGEMN/DRELisboa/DIE/DRC/DP; CML: Arquivo de Obras, Pº Nº 30.798 *2

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CML: Arquivo de Obras (processo n.º 30.798)

Intervenção Realizada

1936 - obras gerais de beneficiação; 1940 - obras gerais de beneficiação; 1967 - alargamento do portão de acesso ao armazém; DGEMN: 1998 - apoio técnico e fiscalização da remodelação dos gabinetes do primeiro piso; apoio técnico aos projectos de reabilitação da Sala de Formação, Bar e logradouro; 1999 - recuperação do imóvel para instalação do Ministério do Ambiente, com remodelação das fachadas e entrada principal, com restauro dos respectivos azulejos; criação de um vão zenital na cobertura; introdução de um novo piso; feitura dos gabinetes no primeiro piso; 2003 - acompanhamento da obra de remodelação de parte do quarto piso.

Observações

*1 - a classificação dis respeito a dois edifícios contíguos: o edíficio, a Norte, construído em 1913 para o Jornal O Século e o edifício, a Sul, do Palácio dos Viscondes de Lançada com o jardim junto à fachada posterior, com a DOF: Antigas instalações do Jornal "O Século". A Zona de Protecção é definida pelo o conjunto dos dois imóveis. Zona Especial de Proteção Conjunta do Bairro Alto e Imóveis Classificados na sua Área Envolvente. *2 - o processo de obras contém documentação gráfica de interesse mas cujo estado de conservação desaconselha a sua reprodução.

Autor e Data

Teresa Vale e Maria Ferreira 1997

Actualização

Conceição Ribeiro 2011
 
 
 
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